O sujeito discursivo Zezé entre a memória e o esquecimento

Rita de Cássia Verdi Fumagalli (URI/FW)

 

O estudo propõe uma leitura intertextual do filme Meu Pé de Laranja Lima (2012), de Marcos Bernstein, em relação à obra literária homônima, de José Mauro de Vasconcelos, escrita em 1968. O enfoque da pesquisa é o estudo dos processos de constituição discursiva do sujeito Zezé, personagem principal da obra, compreendido, no presente trabalho, como ser de linguagem, construído a partir de uma identificação provocada por uma interpelação, por um discurso, ou seja, um efeito de sentido entre sujeitos, em que memória e esquecimento estão presentes, e que se dá ideologicamente pela sua inscrição numa dada formação discursiva. Esta pesquisa tem a Análise do Discurso (AD) de filiação francesa como base teórica, a fim de compreendermos conceitos fundamentais como os de Sentido e Sujeito e a constituição do sujeito no interdiscurso, entre outros que se fizerem necessários. Em um segundo momento, os estudos voltar-se-ão à relação entre literatura e cinema, para que se possam entender os elementos cinematográficos que diferenciam a linguagem literária, verbal, da cinematográfica, predominantemente visual. Por fim, procuraremos compreender como a imagem em movimento (fílmica) pode ser considerada como prática discursiva, considerando-se que o fluxo das imagens no cinema provoca no espectador um fluxo psíquico, ou seja, ao entrar em contato com o discurso imagético (imagens) no filme, é necessário que o sujeito (espectador) interprete a relação entre as ações e os personagens. O estudo da constituição do sujeito, através do seu discurso, busca a compreensão sobre como o personagem da obra se constrói na relação com o outro, em um sistema de reflexos reversíveis, em que as palavras e imagens desempenham a função de organizar a narrativa, tanto na obra literária quando na fílmica, ao mesmo tempo em que é constituinte do comportamento social e da consciência de todos os personagens da narrativa.