A Autoria Exercida pelo Tradutor Público: deslizamentos que potencializam a legitimidade da tradução

Katia Vives

UFRGS

 

Ao olhar para a autoria exercida pelo Tradutor Público através de uma perspectiva discursiva, deve-se olhar também para o texto que faz o efeito de margem na qual se insere o documento traduzido. Esse texto tem o objetivo de informar sobre o Tradutor e de apresentá-lo como o responsável pela tradução gerada. Produz-se aí uma função-autor que resulta da heterogeneidade interna do discurso dominante, ou seja, da FD da Instituição que regulamenta o ofício e reconhece o tradutor como apto para desenvolver a atividade. A função-autor desencadeada aí busca garantir a conservação dos sentidos já que mantém o movimento interno a uma ordem do discurso. É esse movimento que traz à mostra o sujeito Tradutor Público e, por conservar o efeito de garantia no que diz respeito aos sentidos, o mantém como referência. As prerrogativas que constituem o tradutor como sendo Tradutor Público são apresentadas de forma linear legitimando o discurso, sendo que é na repetibilidade, também horizontal, que os saberes se linearizam adquirindo uma formulação própria: nome do Tradutor, considerações à sua aprovação no Concurso Público, sua nomeação, seu número de matrícula junto à Instituição que o constitui, data da expedição do Diploma. Na repetição dessas prerrogativas há deslizamentos que fazem com que se produzam outros sentidos, mas que constituem o mesmo, ou seja, constituem o sujeito Tradutor Público e o mostram, legitimando, de forma potencializada, a tradução.