O leitor-virtual no discurso da autoajuda: uma análise a partir de blogs

Lívia Schleder de Borba

UFRGS

O objetivo desse trabalho é apresentar o desenvolvimento da pesquisa Redes de Memória, coordenado pela professora Dra. SolangeMittmann, enfatizando a minha participação como bolsista. O projeto Redes de Memória tem como base teórica a Análise do Discurso (AD)da corrente francesa e foi desenvolvido com o objetivo de investigar as novas discursividades que se manifestam no ciberespaço. Fala-seem redes partindo do princípio de que os sentidos se organizam em redes de significantes e dependem diretamente da memóriadiscursiva, “o lugar social de onde se diz a posição assumida e a relação com outras posições como determinantes da interpretação” (MITTMANN). Para a análise das redes, formadas por fios enredados que simbolizam a heterogeneidade constitutiva do discurso, foramrecortadas sequências a partir de discursos do ciberespaço – manifesta pelo hipertexto, no qual a materialidade discursiva constitui-se poruma estrutura em rede (GRIGOLETTO, 2009). O objetivo era entender como se dá a circulação e a determinação de discursos no meiocibernético. A partir dessa motivação, fiz a análise de dois textos de autoajuda encontrados em blogs, com o objetivo de analisar como sedá a construção do leitor virtual nesse tipo de discurso. Segundo Eni Orlandi, o leitor virtual é o “leitor imaginário, aquele que o autordestina (imagina) para o seu texto” (1993,p.9). A partir do recorte dos textos em sequências discursivas, pude então perceber que aconstrução desse leitor imaginário estabelece uma relação direta com o sujeito contemporâneo, aquele característico da sociedadecapitalista. Levando em consideração o objetivo da pesquisa como um todo e dos resultados encontrados a partir da minha análise emparticular, eu e a coordenadora do projeto criamos um blog, com o objetivo de inserir nele atividades de leitura. A leitura, segundo a AD, éum gesto passível de falha, uma vez que o sujeito-leitor está inserido em uma formação discursiva e é a partir dela que ele interpreta.Assim, a atividade da leitura considera “um sujeito que anuncia não na sua individualidade, e sim afetado pelo inconsciente e pelaideologia” (CAZARIN, 2006).