Subjetividade e autoria no aparelho ideológico-repressivo prisional

Luciana Iost Vinhas

UFFS/UFRGS

A relação entre autoria e subjetividade traz à tona, por um lado, um nível enunciativo-discursivo, aquele da função-autor, e, por outro, umnível discursivo por excelência, o nível do efeito-autor (GALLO, 2011). A partir dessas considerações, a presente reflexão, ancorada nateoria materialista dos sentidos, pretende estabelecer relações entre autoria, subjetividade e formação ideológica, sendo que a formaçãoideológica será aqui compreendida enquanto aparelho ideológico (e repressivo) de Estado, ao se pensar sobre a estrutura jurídico-político-ideológica da formação social atual. Mais especificamente, ao refletir sobre a estrutura prisional, o aparelho de Estado pode serconsiderado tanto ideológico quanto repressivo. A relação suprarreferida deverá ser tratada com base em uma concepção de subjetividadediferenciada, a qual considera inseparável linguagem e corpo na constituição do sujeito. Opera-se, então, uma diferença com relação àconcepção que circula na Análise do Discurso ao ser o corpo dela constitutivo. Isso significa que as modalidades de subjetivação, aoserem relacionadas à autoria, revelam não só a reprodução, o questionamento e a transformação de saberes dominantes através dalinguagem, como, também, através do corpo, visto que corpo e linguagem são interdependentes e atravessados pelo discurso. Sendoassim, questionam-se quais são os efeitos na autoria de uma subjetividade de acordo com esta concepção, a qual está enclausurada emum aparelho tanto ideológico quanto repressivo de Estado.