O dizer do sujeito-aprendiz de língua estrangeira: marcas de memória e esquecimento

Michele Teixeira Passini

Unicentro/UFRGS

 

 

As teorias da linguagem apresentam diferentes caminhos para dar sentido aos fenômenos pelos quais se interessam. Para Michel Pêcheux (2011), as perspectivas Logicista e Sociologista representam duas áreas predominantes neste âmbito. Enquanto a primeira sustenta-se no formalismo e busca por universais que caibam nos moldes científico-positivistas enunciando leis, a segunda relaciona-se ao Historicismo e promove a análise de dados empíricos, contudo, ambas são consideradas por Pêcheux como constitutivas da “Filosofia espontânea” dos linguistas. A teoria discursiva pecheutiana delas distancia-se, sobretudo, pela forma como entende o processo de produção de sentido e sua relação com o sujeito. Se, conforme sustenta Ferreira (2000), a “espessura material do significante” só pode ser interpretada em sua relação com a exterioridade, isto é, com o histórico, o contato com uma língua outra que não a materna pode constituir-se um processo de interpretação por diferentes vias. Em um constante jogo entre a memória de uma língua cujos significantes possuem espessura material e a língua do outro, na qual podem ser dela desprovidos, o sujeito-aprendiz deixa vestígios que deflagram tal embate em seu dizer. Tais vestígios, os quais são concebidos como erros no seio das teorias linguísticas, representam na perspectiva discursiva um meio de explorar a relação do sujeito-aprendiz no imbricamento entre as duas línguas. No presente trabalho, partiremos da análise de três Sequências Discursivas (Sds) produzidas por alunos de inglês de nível intermediário de proficiência, para observar indícios na materialidade linguística que nos permitam melhor compreender a relação do sujeito-aprendiz com a língua estrangeira e a materna, à luz da Análise do Discurso. Noções teóricas como sujeito, língua e discurso serão fundamentais nesta discussão.