50 anos do golpe militar: Uma análise discursiva das capas das revistas Carta Capital, Época, IstoÉ e Veja

Taiane de Oliveira Volcan

UCPel

 

 

No dia 1º de abril de 1964 o Brasil foi palco de um golpe de estado que culminou em uma ditadura militar de 21 anos. Nesse período milhares de cidadãos foram sequestrados, torturados, mortos ou exilados. Em 2014, o golpe completou 50 anos e tornou-se pauta obrigatória de praticamente toda a mídia e da sociedade brasileira, que ainda hoje revive os horrores não solucionados do período. Os veículos de comunicação, mesmo tendo sido na época, em sua maioria, grandes apoiadores do golpe, diante da atual conjuntura sócio-política optaram por dedicar as edições da primeira semana de abril deste ano aos fatos relacionados com a ditadura. Porém, dentre as quatro revistas de maior circulação do país, uma se destacou por silenciar em sua capa os cinquenta anos do golpe - a Veja. Embora essa revista, em uma edição anterior, tenha se referido aos personagens que construíram o golpe, na data oficial, enquanto IstoÉ, Carta Capital e Época dedicaram suas edições para relembrar os cinquenta anos do "dia que não terminou", a Veja optou por, mais uma vez, disparar críticas ao governo de Dilma Rousseff, silenciando o golpe. Considerando que o apagamento de um fato não é apenas um vazio, mas um discurso que significa, este texto analisa, através da perspectiva da análise de discurso pecheuxtiana, as quatro capas, destacando, no entanto, o referido silenciamento, na contramão das demais revistas. Nossa compreensão é de que tal postura aponta para um lugar de inscrição, ou seja, uma posição marcada pelo conservadorismo que, ao longo do tempo, vem fortalecendo relações com forças também conservadoras.