O deslocamento da forma-sujeito e da função discursiva nas tirinhas do quadrinista Laerte

O presente trabalho analisa charges do cartunista Laerte Coutinho referentes à personagem Hugo – personagem crossdresser que se autodenomina Muriel, nascida no ano de 2009 na Folha de São Paulo em uma série de tirinhas chamadas “Eu, travesti”-, a partir da base teórico-analítica da Análise de Discurso de linha francesa fundada por Michel Pêcheux (AD), ciência interpretativa que tem como finalidade estabelecer as relações entre linguagem e ideologia, e da base teórica das Teorias Queer, modelo de teorias originadas a partir de Estudos Culturais norte-americanos,  que pretendem desconstruir o argumento de que a sexualidade segue um curso natural. Há, durante o processo de existência de Hugo, a apropriação do gênero feminino pela personagem. Partindo-se, pois, de tal acontecimento acredita-se ser de suma importância análises de processos discursivos envolvidos em tal desnaturalização. Portanto, este trabalho restringe-se a uma análise do deslocamento de uma forma-sujeito e, consequentemente, de uma função discursiva, assumida pela personagem Hugo nas tirinhas do quadrinista Laerte. Verificar-se-á, então, se a assunção de uma nova função discursiva (FD) pela personagem dos quadrinhos, determina o deslocamento dos saberes com os quais ele está se desidentificando, fato que estaria social, histórico e ideologicamente ligado à noção de memória discursiva e de historicidade.