O Discurso Conservador do Trabalho

Camila Dias Borges

UCPel

 

 

O escopo desse estudo foi o de buscar a materialidade linguística que comprovasse ou refutasse a presença do discurso conservador com relação ao trabalho, em sujeitos acima de 40 anos. Os dados foram obtidos através de uma entrevista realizada com quatro pessoas. Ao serem indagadas sobre o sentido de expressões como "o trabalho dignifica o homem" e "Deus ajuda a quem cedo madruga", afirmadas como parte constitutiva da memória discursiva dos sujeitos, tornou-se possível verificar a valorização do trabalho para os entrevistados que consideram o trabalho (no sentido mercantilista do termo) como potencializador do processo de enobrecimento humano.  Tivemos como aporte teórico a Análise do Discurso (AD) de origem francesa, cujo surgimento, a partir dos anos 60, associa o uso da língua ao seu contexto. Correlacionando a linguagem à historicidade e percebendo o discurso como a relação entre a linguagem e a ideologia e o sujeito como mediador, a AD trabalha com conceitos como memória discursiva, ideologia, formação discursiva, sentido, entre outros. A memória discursiva não se refere a lembranças que os sujeitos possuem do passado, e sim, constitui uma espécie de memória social que faz com que conceitos e valores sejam arraigados, ainda que o sujeito não tenha total consciência quando reproduz determinado discurso.