Imaginários sobre Tradução e Tradutor no Discurso Jornalístico

Luciana Pinto Rangel

UFRGS

              

Com este trabalho, vinculado ao Projeto de Pesquisa Autoria e Interpretação de Objetos Discursivos (PIBIC – CNPq/UFRGS), buscamos investigar o imaginário a respeito do tradutor e da tradução presente no discurso jornalístico. Tendo como base teórica a Análise do Discurso de corrente francesa, os principais conceitos abordados são os de formação discursiva, memória e função autor. Para a discussão, utilizamos como recortes discursivos duas entrevistas sobre a tradução do romance Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, realizada por Ernani Ssó. A primeira matéria foi publicada no blog Mundo Livro, e a segunda, no site do jornal Zero Hora, ambos hospedados no portal ClicRBS. Ao longo dos textos, observamos, tanto em perguntas quanto em respostas, manifestações do desejo de controle de sentidos no processo de tradução, como manifestação da memória da língua como transparente e unívoca. Desta forma, deslizamentos de sentidos são reconhecidos em traduções anteriores do romance de Cervantes, no entanto, não são aceitos, como uma espécie de transferência do equívoco constitutivo da língua para o tradutor, fazendo emergir uma suposta evidência do processo tradutório como transposição de sentidos, assim como da existência de erros de tradução e da melhor tradução.