TRADAUTORIAS DE CIEN AÑOS DE SOLEDAD

 

Profa. Dra. Solange Mittmann 

UFRGS 

 

A partir da análise de trechos de duas traduções de Cien años de soledad, de Gabriel García Márquez – a primeira feita por Eliane Zagury, e a segunda por Eric Nepomuceno –, pretendo discutir a assunção da autoria pelo tradutor, o que estou chamando aqui de tradautoria. Com base nos pressupostos teóricos da Análise do Discurso fundamentada em Michel Pêcheux, considerarei aspectos como a) o assujeitamento, b) a determinação dos sentidos por Formações Discursivas e c) a metáfora como resultante da tensão entre Formações Discursivas. Como recorte de análise, parto das notas de tradutor (N.T.) de Zagury e da ausência de N.T. na tradução de Nepomuceno. Os diferentes recursos acionados pelos tradutores levam-me à reflexão sobre como a autoria, como forma de trabalho sobre a enunciação, que é da ordem do esquecimento número 2, apresenta-se como um modo de lidar com o que é da ordem do esquecimento número 1, ou seja, a constituição pela interpelação.