Ricardo Alves

Meu ateliê fica no primeiro andar da casa onde moro. Nele há duas janelas voltadas para uma rua barulhenta, na qual pessoas, ônibus, carros e motocicletas passam o tempo todo.


Estas janelas, apesar de amplas, possuem uma série de bloqueios físicos e visuais: nelas há grades; partes de suas vidraças não se abrem; os vidros são canelados e distorcem a visão de quem olha por elas; e ainda, há redes de proteção instaladas para impedir que os gatos que habitam o local saiam ou caiam por ali.


Mesmo assim, há algumas brechas nesses bloqueios que constituem as janelas que me permitiram crer na possibilidade de construir, a partir de dentro do ateliê, um trabalho para ser visto da rua. Uma pintura montada aos pedaços, que abrace tanto a oportunidade quanto a precariedade da situação.