Fernanda Andrade

Ainda não podem sequestrar meu desejo:


Pintei a paisagem de vermelho. A tela é membrana, bandeira, manto e homenagem. O tecido é como pele, sensível às oscilações do vento e da luz, que absorve água, se enche de ar. Com ele evoco e projeto essa sabedoria, essa força viva, esse ânimo, essa memória. Estendo minha vontade de contato em longas ondas cromáticas. Compartilho que o medo não domina meu vermelho. Daqui, deste apartamento, desta célula, manifesto a recusa pela morte em suas variadas formas, usadas para (tentar) nos enfraquecer. Não podemos deixar que nos adoeçam. Reverbero, pois ainda não podem sequestrar meu desejo.