Randolpho Lamonier, Victor Galvão
Victor e eu nos conhecemos no primeiro ano do curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da UFMG em 2012, e desde então nos tornamos melhores amigos. Fomos os principais colaboradores um do outro, juntos trabalhamos em diversos projetos que atravessavam diferentes mídias e linguagens artísticas, como fotografia, vídeo, desenho, instalação.
Até o ano passado, dividimos nossa casa e ateliê, até o momento em que me mudei para Paris e Victor para São Paulo. Este é o primeiro ano que passamos sem a companhia constante um do outro, fora do incessante fluxo de trabalho compartilhado e dos inúmeros projetos que assinamos juntos.
Desde março, com as restrições impostas pela pandemia de covid-19 e a inviabilidade de retornar ao Brasil, continuo instalado em Paris, na Cité Internationale des Arts, onde desenvolvo atualmente alguns projetos.
Victor reside há um ano no centro de São Paulo, um dos pontos mais afetados do mundo pela pandemia. Para além disso, o Brasil atravessa uma grave crise política, econômica e social, conduzida por um governo genocida comprometido em impossibilitar cada dia mais uma perspectiva de melhora.
Neste contexto, propusemos para Ao ar, Livre um jogo de correspondências, no qual enviamos um para o outro uma carta em vídeo em duas partes, nos dias 22 e 23 de agosto. As correspondências foram produzidas no decorrer dos dois dias, e são uma combinação de diferentes materialidades de vídeo, texto e som. Em cada um dos dias, num horário combinado, trocamos as correspondências e assistimos simultaneamente em nossos espaços domésticos, Victor em seu apartamento em São Paulo, Randolpho em seu estúdio em Paris.