VENDA DA FIGUEIRA


Coordenadas: -22.29371, -48.79145

Pederneiras - SP - Brasil


Endereço: Fazenda Figueira

Telefone: +55 14 99711-3205

Formas de Pagamento: Dinheiro

Horários: segunda a sexta a partir de 15h; aos sábados, a partir de 11h

Wi-fi: não

Sinal 3G e 4G: sim

Sinal de Telefone: sim

Acessibilidade para cadeirante: sim

Infos: realiza festas juninas, julinas e apresentações musicais de sertanejo

A Venda da Figueira é a mais antiga da região - quiçá, do Estado de São Paulo. Américo Balestri - 1935 foi quem construiu a venda. Foi inaugurada em 07 de Setembro de 35. Ele construiu e arrendava a venda e chegou a ter cerca de sete donos antes que Braz, pai de Geraldo, assumisse o negócio - desde então, quem comanda é a família, atualmente o Geraldo e sua esposa Floriza, muito bem acompanhados do cachorro Nerso, amigo de todos por lá.

O prédio, as prateleiras e a pedra de mármore do balcão ainda são originais. A venda é uma tradição de família. Quem construiu o palco para as apresentações foi o Geraldo - até então, as apresentações musicais eram feitas ao ar livre ou no barracão de festas da Igreja Nossa Senhora Aparecida, construída na década de 50. A parte da frente da venda foi construída por Geraldo, que fez algumas reformas a partir da década de 80.

A venda guarda a lembrança de quando as quermesses da Igreja vizinha eram feitas com barra de gelo com palha de arroz - a palha servia como um isopor, que conservava a temperatura, dentro de uma caixa de cimento. A Venda da Figueira servia os moradores do bairro rural desde os tempos antigos, quando cada funcionário vinha com um vale para abastecer de mantimentos; o vales eram pagos ao final do mês pelos fazendeiros. Os meeiros de café pagavam por ano, na safra, por volta de junho ou julho. Há um buraco na parede que, reza a lenda, um antigo dono dormia para o lado de dentro da casa e mantinha a carabina no buraco - caso alguém tentasse roubar, já estava preparado.

A estrada de terra onde fica a venda era, antes, a estrada municipal por onde passavam as boiadas e os boiadeiros. No final da década de 70 foi feita a estrada de asfalto, logo atrás, que se tornou a principal. Em frente à venda há um campo onde aconteciam muitos torneios de futebol, que hoje se acabaram.

Festas Juninas e Juninas foram retomadas neste ano e têm a forte participação de Floriza; as apresentações musicais acontecem uma vez por mês ou a cada quinze dias. Por ali, já houve muito show profissional, por volta de 70 recebeu duplas como Abel e Caim, Zé Garoto e Timboré, Eli Silva e Zé Goiano, Chitãozinho e Xororó, Leôncio e Leonel, João Mineiro e Marciano. Os circos eram armados em frente à venda. Também iam para lá parques e circos.

A venda passou a realizar shows de música caipira e até hoje faz encontros de violeiros, algumas vezes campeãs de festivais sertanejos. Geraldo defende que lá é música caipira e sertaneja de verdade. A paixão pelo sertanejo é o que manda lá: a preferência é por viola, violão e peito - não adianta só ter voz, tem que ter peito para soltar a voz. A venda serve pastel e mini pizza nos dias de show. A paixão pelo sertanejo vem desde sempre, ouvindo as rádios do interior. É de família, está no sangue.

A cultura local se perdeu bastante após as mudanças das últimas décadas - e Geraldo, junto com Floriza, mantêm tudo o que podem. Até a década de 90 havia ainda bastante tradição - não tanto quanto até 70 e 80 - e ultimamente é preciso muito esforço para manter aspectos e manifestações da cultura caipira. Muita gente se mudou do campo para a cidade, muitas pessoas perderam a origem - e aí cabe a questão se houve progresso ou regresso no campo e no interior das últimas décadas. A Venda da Figueira deflagra, a mudança da cultura e dos costumes do interior com o passar dos anos, sofre com a desvalorização da cultura rural e clama para que os aspectos culturais e a memória de todo um povo sejam conservadas.

Os textos e fotos do projeto Gastronomia da Estrada de Terra são protegidos por direitos autorais. Para utilização do conteúdo do projeto, é necessário dar o seguinte crédito: Fonte: @gastronomiadaestradadeterra