GASTROPUB QUEIXADA

(Venda do Paulo)


Coordenadas: -22.139969, -48.688797

Bariri - SP - Brasil


Endereço: Av. Iguatemi - Bairro Queixada

Telefone/Whatsapp: +55 14 99636-5472

Formas de Pagamento: Dinheiro

Site: http://gastropubqueixada.business.site/

Facebook: @vendaqueixada

Horários: Terça a Quinta: de 10h até 22h30; Sexta: de 10h até 00h; Sábado: de 9h até 21h; Domingo: de 9h até 15h

Wi-fi: Não

Sinal 3G e 4G: Não

Sinal de Telefone: Não

Infos: Serve 'janta' às sextas (bacalhoada) e almoços (comida caseira) aos domingos; organiza 'janta' e pode realizar eventos particulares de segunda a quinta-feira.

O Gastropub Queixada (ou Venda da Queixada, ou Venda do Paulo) é uma venda tradicional, que respeita o estilo e a tradição das pequenas e seculares mercearias das zonas rurais. Tem produtos a granel (que são entregues em saco de papel), carne, queijo, sorvete, cutelaria, tabacaria, bazar e produtos artesanais da roça. Uma viagem no tempo... mas nem adianta entrar no embalo bucólico e tirar a viola do saco: para acompanhar as mais de 150 porções e lanches servidos no local, só se ouve blues e rock clássico. Tudo escolhido a dedo por Paulo Marchi que, desde 1994, reabriu as portas da venda para o público. Ele comanda a cozinha e o balcão e, nos últimos anos, enriqueceu não somente a estética do ambiente, mas também o público, composto por amigos que se encontram por lá, turmas dos mais diversos estilos e famílias, que se dividem pelos espaços da casa: no interior da venda e na calçada é possível observar o horizonte e é onde se concentram os clientes habituais e os "descolados"; enquanto nos dois quintais, um deles com fonte de água e lareira, a predominância é de famílias e grupos mais reservados.

Assim como a Cabana Mateiro, a Venda do Paulo também foi uma das inspirações do “Gastronomia”. Ela fica na propriedade adquirida pelo pai dele em 1975. Quando comprou, ele fechou a venda e a chácara ficou apenas como um espaço de lazer da família, que morava em Jaú, cidade vizinha.

Paulo reabriu a venda apenas em 21.06.1994. Antes, ele tinha uma oficina de motos, ”mas acha que dá mais jeito com a venda, não se vê fazendo outra coisa”; comanda tudo, da cozinha até o caixa. Desde então, não parou mais: manteve o prédio original, mas fez (e ainda faz, se preciso) reformas, construiu a cozinha, trocou portas e janelas, revitalizou o espaço lateral e o do fundo, que conta com uma lareira. Ele conta que observou ali grandes mudanças, como a superação da ideia de que ali não era “lugar de mulher” – hoje, o público é misto; assim como ele também foi se ajustando às tendências de mercado, trazendo novidades de vários lugares do Brasil, como MG, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, do Mercado Municipal de SP. Ele viajará em breve para Goiás, e pretende trazer mais produtos novos. Paulo, ali morando na zona rural, descobre todas essas novidades "fuçando na internet".

Ali você vai encontrar muitos itens à granel, tal qual uma venda tradicional, como feijão, amendoim, lentilha, fava, milho de pipoca, alho, cebola; também tem jujubas, molho de pimenta e pimentas em conserva produzidos na cidade de Bariri, doces tradicionais, bebidas e uma enorme variedade de embalados que ele traz de outros lugares. Ali também estão à venda artesanatos regionais, como os cestos de bambu, feito por um senhor de Pouso Alegre, os “covos” (armadilha para pescaria), e a típica vassoura de palha ou caipira.

O Bairro da Queixada

O bairro rural da Queixada recebeu esse nome por causa da espécie de porcos selvagens que vivia ali aos bandos, cuja característica é bater o queixo, produzindo um som peculiar, daí ‘queixada’. Desapareceram há quase um século, principalmente por causa da caça. Atualmente, essa espécie é classificada como “vulnerável” por órgãos de conservação da natureza. Já a chácara recebeu o nome de Nova Brasília em função da inauguração da capital do país, contudo, há divergências na configuração do mapa da cidade de Bariri e nem sempre essa nomenclatura aparece.

O entorno da venda também possui suas peculiaridades: há uma antiga escola, fechada desde 1992, e uma igreja católica em louvor à São José, onde ainda se rezam missas quinzenais.

Vô lá na vendinha tomá um pingão

A venda, um daqueles típicos empórios rurais, serviu durante muito tempo a região. Em tempos de transporte difícil e muita estrada de terra, encomendar seus víveres para a venda local era não só uma estratégia comercial, mas também de sobrevivência, já que muitos dos clientes acertavam seus gastos somente uma vez ao ano, após receber pagamento pela safra. Ali também foi ponto de parada dos ônibus de “bóias-frias”, cortadores de cana que também se tornavam clientes do estabelecimento.

Geograficamente falando, a maioria dessas vendas, quando fora do perímetro das fazendas, se localizava em encruzilhadas, tal qual as feiras medievais. Também eram conhecidas como armazéns ou “secos e molhados”. Esse tipo de negócio surge no país ao final do século XVIII, ora pela circulação de tropeiros, ora pelo movimento de caixeiros-viajantes (ou mascates). Os caixeiros atuavam como mercadores ambulantes e transportavam produtos principalmente para fora dos grandes centros urbanos; muitas vezes, eles eram os únicos recursos para se fazer chegar mercadorias a lugares distantes ou de difícil acesso.

É importante observar a configuração da ocupação territorial brasileira para compreender a importância desses estabelecimentos: até os anos 1960, a população rural era a predominante. Essa lógica começa a se inverter na década seguinte, puxada pela intensificação da industrialização e urbanização principalmente do Sudeste. Atualmente, mais de 80% da população brasileira vive em áreas urbanas.

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