Cantinho da Nair


Coordenadas: -22.0645, -48.4413

Dourado - SP - Brasil


Endereço: Sitio Boa Vista do Potreito – A

Telefone: +55 16 99748-2460 / +55 14 99660-7255

Formas de Pagamento: Dinheiro

Horários: todos os dias.

Sinal 3G e 4G: oscilante

Sinal de Telefone: oscilante

Infos: se for em grandes turmas ou quiser refeição, é preciso avisar antes

Nair toca a venda há 23 anos. Quem começou foi o pai dela, vendendo pinga. Quando o pai faleceu, ela decidiu continuar atendendo o público. Falar com as pessoas também poderia amenizar as dores. Ela construiu um prédio novo e percebeu que estava faltando algo. Começou então a servir porções, depois fez uma cozinha industrial.

O Cantinho da Nair serve porções de linguiça de pernil, panceta, anel de cebola, mandioca frita (às vezes demora um pouco porque vai colher a mandioca para fazer). Pode ligar e pedir para preparar frango com polenta, massa caseira, leitoa no tacho. A mandioca é ela mesma quem planta, assim como pega frango caipira no terreiro ou no vizinho para cozinhar. Às vezes faz a linguiça, outras pega em açougue selecionado.

Turmas de amigos que vêm da cidade são comuns – e varias vezes também levam suas famílias. Quem vai lá, vai para ficar no som ambiente; quando tem música, é caipira raiz. O prato mais pedido é a panceta, que é a barriga do porco, desidratada, frita e pururucada, com alho frito por cima.

O Cantinho da Nair fica dentre várias mangueiras, mas também tem cabreúva, eucalipto, macaúva (macaubeira) e eucaliptos. A avenida de entrada é moldada por eucalipto citriodora. A pia e as mesas se integram às árvores e a decoração reaproveita material de demolição. Tem também uma ducha para a época do calorzão.

A produção principal de lá sempre foi mandioca – teve muitos cultivos, mas o principal é mandioca. Parou com o cultivo e se moveu para a cana por conta dos agrotóxicos expelidos por avião. Lá no Cantinho da Nair já teve até gravação de DVD de encontro de estudantes de música da região.

Lá se vive da maneira mais simples. O sítio é herança dos pais e, dentre os irmãos, é Nair quem cuida de lá. Tem cana, gado, horta e pomar. Não é simplicidade representada, é de verdade, o que também possibilita que todos os fregueses se tornem amigos. A vida na realidade caipira inclui cuidar do sítio, tratar da criação, cortar cana para a vaca com a picadeira, cuidar da horta – e é Nair quem faz tudo isso, além de receber público todos os dias, com bebida e porções. Se for um grupo grande ou se a opção for por pratos, é preciso avisar ao menos um dia antes de ir para que tudo possa ser preparado.

Nair morou ali praticamente a vida toda. Tudo mudou na convivência dos habitantes bairro rural. Não havia telefone, água encanada, banheiro e muitas outras coisas na vida na roça. A alimentação básica era a carne na banha, arroz, feijão. Carne fresca era só no dia que ia na cidade, pois não havia geladeira para armazenar. Condução era cavalo e a necessidade de consumo era menor. Atualmente, tudo ficou muito mais fácil, mas a convivência mudou um pouco: antes às 17h todos estavam em casa, nos finais de semana também, todos juntos. Depois que as Usinas chegaram, não tem mais dia e horário para trabalhar, toda hora é hora – e as pessoas não têm mais a mesma rotina em suas casas e comunidade. Muita gente antes ia lá para visitar o rio, para nadar. Depois os búfalos foram embora e a mata cresceu novamente; além disso, uma enchente modificou a área em que era bom para se divertir – e o rio esvaziou das pessoas. Agora, então, quem vai lá pede uma porção e fica no Cantinho da Nair.

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