SÍTIO NELSON GUERREIRO


Coordenadas: -22.18257, -48.26402

Brotas - SP - Brasil


Endereço: Estrada Municipal BRO 070 (68,22 km)

Facebook: @agricolanelsonguerreiro

site: lfdesenvolvimento.com/

e-mail: faz.nelson.guerreiro@hotmail.com

Telefone: +55 14 98114-4341

Wi-fi: não

Sinal 3G e 4G: não

Sinal de Telefone: não

Infos: preferência reservar com uma semana de antecedência; grupos com mínimo de 10 e máximo de 30 pessoas.

O casal Luiz Fernando e Maria Fernanda recebem, no Sítio Nelson Guerreiro, grupos para visitas técnicas, educacionais e de lazer. Só há um prato no cardápio: polenta, com frango caipira, arroz, couve e salada. O que não é plantado no sítio, é obtido com produtores vizinhos ou da associação. Se a opção para refeição for o café, o bolo é de fubá. Tudo é feito no fogão a lenha. A busca do rústico é constante e primordial. O milho é o principal cultivo do local, que funciona com sistema sintrópico. A produção é vendida já beneficiada em mercados coletivos que valorizam a compra do produto diretamente com seu produtor. O fubá é integral e moído em moinho de pedra, utilizado em restaurantes e bistrôs.

Fica aberto ao público, que visita para vivenciar o local, mediante agendamento com antecedência e mínimo de dez pessoas para almoço.

Visão

Antes de se tornar Sítio Nelson Guerreiro, o local se chamava Sítio Santa Luzia. E, mais antigamente, o nome era Visão, pois o local fica no alto, sobre a cuesta em forma de ferradura, que permitia ver a cuesta pela extensão de Brotas, Jaú e Dourado, já que não havia tanta árvore plantada.

Fernanda e Luiz se conheceram quando eram universitários em Lavras. Depois de formados, se casaram e se mudaram para o Sítio de Nelson para exercer a atividade agrícola. Arrendaram em 2000 um pedaço da propriedade do pai de Fernanda para um projeto de agricultura orgânica, com pomar de laranja e maracujá. Enquanto cultivavam o orgânico, também ajudavam Nelson na atividade convencional do sítio – pecuária de leite e pomar de laranja.

Em 2002 Nelson se foi e o casal assumiu toda a atividade da produção leiteira, da laranja e o pomar orgânico. Mas na década passada era muito mais difícil manter a agricultura orgânica, cujo mercado estava principalmente na capital de São Paulo. Em 2007, o projeto foi interrompido pois o transporte até a capital encarecia (a distribuição representava 70% do preço final). A atividade leiteira sempre foi difícil. A citricultura se manteve então como atividade principal, até colapsar para o pequeno produtor. A alternativa encontrada, por volta de 2009, foi o Sistema Integrado Agro-Silvio-Pastoril: o sistema integração lavoura-pecuária-floresta. Desenvolveram um projeto com implantação de árvores de eucalipto, pecuária de gado de corte e lavoura de milho.

A partir de 2010, iniciaram o plantio das primeiras áreas em paralelo à citricultura. O processo de pecuária foi reorganizado e também começou a produção de milho até que, nos tempos atuais, toda a propriedade é integrada com lavoura, pecuária e floresta. Em uma mesma área, são feitas várias atividades, tendo a maximização do uso da terra, com variada produção no mesmo espaço, respeitando a necessidade de sombra de cada planta, misturadas entre nativas e de produção. Como uma planta beneficia a outra, o bem estar da flora é melhor, assim como do gado, que não tem pasto, fica solto em meio à agrofloresta e se beneficia do abrigo da flora (contra chuvas, sol forte), gerando mais bem estar. Existem muitas vantagens na questão do solo, da aração, dos microorganismos, do custo de produção. No mesmo plantio de alho, tem banana, mandioca, salsinha, cebolinha. O custo da implantação das produções cai, ao mesmo tempo que o solo melhora. E, em meio à exuberância das plantas, há o fruto que a terra dá.

Resgate de sementes e beneficiamento próprio

No Sítio Nelson Guerreiro, a produção e a venda do alimento são próprias: produzem milho, canjica e fubá, ibisco e chá, alho e resmas, vendas de secos e in natura, lenha de produção sustentável para churrasqueira e fogão a lenha, cruzam e criam o gado de corte. Obedecem a produção de alimento local, do consumo do produtor que está próximo; e também da troca da semente com outros produtores, o reviver de sementes antigas e fortes.

O fubá é moído em moinho de pedra, com capacidade para oito quilos por dia. O moinho foi adaptado para eletricidade, pois antes era movido à água e ficava na beira do rio – mas as pedras são as mesmas. Antes havia o costume da troca de milho por fubá – a família levava o milho para quem tinha o moinho e depois buscava o fubá. O dono do moinho também ficava com um pouco do fubá, para vender. Depois de moído e peneirado o milho, o que fica na peneira é a canjica – enquanto o pó é o próprio fubá. A escolha do moinho de pedra revela a opção pela rusticidade, resgate, tradição.

A semente do milho está sendo resgatada de tempos atrás, quando continha outras características. São armazenadas sementes, pesquisadas e encontradas sementes de feijão e milho que não estão mais no mercado. Garantem que o gosto/sabor e a qualidade são muito superiores, já que o tipo de produto dá outro sabor às receitas.

O publico que visita o Sítio Nelson Guerreiro é formado por professores que levam alunos para conhecer a experiência (aula de campo de agroecologia), tem turismo tecnológico, que é quando os grupos vão para saber como implantar, para incrementar pesquisas e estudos. Com grupos de crianças, é conhecida a mata nativa e explicado como as coisas eram antes e como estão agora, falando desde a história dos nômades até os tempos atuais. Também tem vivencia; e as crianças são convidadas a colher, moer, cozinhar e comer bolo de fubá.

No Sítio Nelson Guerreiro tem árvore, capim, milho, mel, feijão, batata, cada ano cultivos variados e de acordo com as safras, sazonais. Plantam pouco de cada coisa para garantir que toda produção seja vendida. Nada cultivado é transgênico - as análises nas sementes são feitas de tempos em tempos. Na parte agroflorestal, tudo é orgânico. O milho está em progresso e em busca de uma tecnologia para mudar definitivamente para orgânico.

Consumir direto do produtor

O consumidor é o grande influenciador de todos os processos. O Sítio Nelson Guerreiro participa de ações de comércio coletivo, em que a compra é feita diretamente do produtor, como em feiras em São Carlos e Brotas, que promovem a valorização da compra diretamente com produtor, com benefícios para o consumidor e para o meio ambiente. A consciência do consumidor vem mudando desde 2000, quando tentaram a produção de orgânicos pela primeira vez. O processo já melhorou muito, mas ainda está em curso, caminhando.

Eles beneficiam tudo o que produzem. O fubá é não-transgênico e algumas safras já são orgânicas. Estão em transição, mas a semente já é deles. Uma das sementes, acharam em Minas Gerais, na Serra da Canastra, quando viram espigas de milho penduradas secando em um vitrô. O dono disse que havia dois anos que as espigas estavam ali. Conseguiram quilos de semente, para plantar 1 hectare. Misturaram com mais sementes, que vieram de Goiás e outros lugares. Fazem troca de sementes com outros produtores.

Talvez antes as pessoas não tivessem tanta consciência quanto hoje sobre o que estava sendo usado nos produtos - e o preço do produto era quem mandava. O consumo de orgânicos ficava prioritariamente na capital, onde havia o início da conscientização e público consumidor. O preço é mais caro, pois tudo é feito à mão.

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