PENTECOSTES

DOMINGO DE PENTECOSTES

19/05/2024

TEXTOS DAS LEITURAS - CNBB 


Primeira Leitura: Atos 2,1-11 

Salmo Responsorial 103(104)R- Enviai o vosso Espírito, Senhor, / e da terra toda a face renovai.

Segunda Leitura: 1 Coríntios 12,3b-7.12-13 

Evangelho: João 20,19-23 (ou João 14,15-16.23b-26)

Proclamação do evangelho de Jesus Cristo segundo João – 19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”. – Palavra da salvação.

 

Comentário: 

A palavra “Pentecostes” em si não tem nada a ver com “Espírito Santo”. Era, na verdade, uma festa judaica em que eram oferecidas a Deus as primícias da colheita. Nós comemoramos nesta data a vinda do Espírito Santo porque foi nela que isso aconteceu.

Quero lembrar aqui que a ação do Espírito Santo nos que ali estavam reunidos (1ª leitura) e em todos os que são batizados, se dá na abertura da consciência para que as pessoas possam conhecer-se melhor e, assim, promoverem a causa da própria santificação, ao descobrirem, também, a presença do outro. 

Na segunda leitura São Paulo diz aos coríntios que é o Espírito Santo que nos inspira as orações e o louvor a Deus. Há um só Espírito Santo, embora os dons sejam diversos. Eu comparo com os aparelhos ligados na eletricidade: todos eles recebem a mesma energia elétrica, mas cada um funciona de modo diferente. O efeito do Espírito Santo em mim não vai ser igual ao efeito em você, por exemplo.

Naquele dia de Pentecostes ocorreu um fenômeno oposto ao ocorrido na Torre de Babel, em que todos se desentenderam. Em Pentecostes, como na ONU e em assembleias internacionais, o orador fala em sua própria língua mas, graças aos tradutores, os ouvintes ouvem o discurso em sua própria língua. Isso hoje é conseguido pela tecnologia, mas naquele tempo só era algo obtido através do milagre. E isso aconteceu naquele ambiente em que todos estavam reunidos, de nações diferentes. 

Mas, mais do que um encontro de nacionalidades diferentes, o relato quis enfatizar o fato de que todas as pessoas do mundo podem se unir em torno de um ideal, talvez o de promover a paz mundial, se se deixarem envolver pelo Espírito Santo. 

No Evangelho vemos ainda o poder que Jesus dá aos Apóstolos (e consequentemente aos bispos, seus sucessores, e aos padres, que auxiliam os bispos), o poder de perdoar os pecados. 

É bom esclarecer, entretanto, que em outras ocasiões Jesus deixou bem claro que, se qualquer pessoa, mesmo um cristão leigo sem “poderes sacerdotais”, perdoar outra pessoa, Deus também a perdoará. Ou seja, devemos perdoar sempre. Quero lembrar, entretanto, que perdoar não significa "deixar pra lá". Se a pessoa precisar compensar o mal feito, deve fazer a reparação. Também lembro que o perdão sempre deve ser dado, mas só o recebe quem estiver arrependido ou pelo menos estiver desejando o perdão. 

Penso que quando chegar a minha hora de morrer, se não houver ali perto nenhum sacerdote, eu tenho convicção que vou pedir a qualquer pessoa ali ao lado que peça a Deus que me perdoe, e creio que serei perdoado também por Deus. Leia em Tiago 5, 16: “Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz”.


REFLEXÃO VICENTINA DO LIVRO MISSÕES: SABER CUIDAR

A partir da vinda do Espírito Santo, os Apóstolos, tendo recebido de Jesus o múnus sacerdotal, poderiam perdoar os pecados e realizar os sacramentos e transmitir esse poder a quem desejassem. Entre esses sacramentos está a Confirmação ou Crisma, momento em que cada um de nós confirma que quer ser conduzido e inspirado pelo Espírito Santo. Ele nos orienta e nos fortalece para seguirmos nossa missão, pois somos o seu Templo. 

Os sete dons do Espírito Santo são: fortaleza, sabedoria, ciência, conselho, entendimento, piedade e temor de Deus. 

Fortaleza: nos dá coragem para enfrentar as perseguições e tentações do mal, além de permanecermos firmes na fé. Como vicentinos, isso tem tudo a ver com nossa vocação de serviço ao pobre, com nossa santificação e com o fato de sermos semeadores da justiça. 

Sabedoria: nos faz reconhecer que toda a sabedoria vem de Deus. Como vicentinos, Ele nos dá sabedoria quando não nos sentimos capazes de saber como servir aos pobres e, mesmo assim, seguimos confiantes de que ele nos guia pelo caminho correto. 

Ciência: nos faz aperfeiçoar e utilizar a inteligência.  Como vicentinos, a ciência nos faz criativos para descobrir formas novas e inovadoras de servirmos aos pobres e exercitarmos a justiça. 

Conselho: nos permite o reto discernimento e santas atitudes em determinadas circunstâncias. Como vicentinos, percebemos o conselho do Espírito Santo quando temos que tomar decisões difíceis e colocamos em suas mãos as nossas dúvidas. 

Entendimento: torna nossa inteligência capaz de entender intuitivamente as verdades reveladas e as naturais. Como vicentinos, percebemos o entendimento do Espírito Santo quando entendemos as graças e os milagres que Deus faz em nossa vida ou na vida dos pobres a quem servimos. 

Piedade: nos faz rezar e praticar o bem a todos. Como vicentinos, exercitamos sempre a piedade quando vemos no outro, especialmente no pobre, a presença viva de Cristo e saímos para servir-lhe. 

Temor a Deus: nos faz praticar os seus mandamentos com sinceridade de coração. Como vicentinos, praticamos o temor a Deus quando nos colocamos de forma sincera a serviço dos pobres e quando buscamos genuinamente a nossa santidade. 

Como vicentinos, temos que não só exercitar os dons do Espírito Santo, que estão dentro de nós, como também buscá-los sempre nos outros, pois não há ninguém que não possa manifestar esses dons. E quando vermos uma pessoa verdadeiramente cheia do Espírito Santo, não devemos estranhar isso.

PARA REFLETIR:

1- Qual é a mensagem dos textos bíblicos para nossa vida e nossa missão vicentina?

2- De qual dos dons do Espírito Santo nós estamos precisando mais?

3- Reconhecemos a ação e Deus em nossa vida e na vida das pessoas?