INFORMAÇÃO E DESINFORMAÇÃO:

INFORMAÇÃO E DESINFORMAÇÃO:

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Todo mundo fala sobre os avanços da tecnologia de informação. Ou mesmo nos progressos que a humanidade está fazendo no acesso a notícias e dados. Mas existe algo parecido com uma conspiração pra não se comentar o que é desinformação. Fala-se do sujeito desinformado, mas não se fala do que também pode ser um sujeito que foi "desinformado" sobre um determinado assunto. Um bom exemplo seria o caso Mitnick. Pela grande imprensa, o cara merece o inferno. Mas quem entende de democracia, direitos humanos, direito a defesa, ele está sendo mal tratado em excesso.

          Por causa das várias vertentes, vamos começar com a definição mais simples (tirada do Webster's Revised Unabridged Dictionary http://work.ucsd.edu:5141/cgi-bin/http_webster - obs: eu não tinha o Aurélio a mao..) :

"information" - Information \In`for*ma"tion\, n. [F., fr. L. informatio representation, cinception. See {Inform}, v. t.] 1. O ato de informar ou comunicar sabedoria ou inteligência [..] 2. Notícia, conselho ou sabedoria, comunicada por outros ou obtida por estudo pessoal ou observação, ou instrução; inteligência; sabedoria derivada da leitura, observação ou instrução.

Então, desinformação é o contrário? Depende. Gramaticalmente falando:

Eu informo você sobre alguma coisa. Você está informado.

Eu alimento você com desinformação. Você acredita estar informado.

Vamos para um exemplo, a partir de uma história famosa, que ouvi numa palestra da USP, que acabou tendo um lance sobre o..

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DILEMA DO PRISIONEIRO

É um tipo de simulação para entender o comportamento do ser humano. Na Rússia após a Revolução Comunista, os caras resolveram fazer uma coisa chamada expurgo. Seria uma limpeza, só que no caso seria gente indo pro paredão (fuzilamento). Com um processo penal. Por qual crime? Conspiração. Pra fazer o que? Isso não tem importãncia, o importante é que o sujeito estava planejando um crime qualquer contra a revolução comunista. E esse crime é qualquer coisa que os caras pensem que justifica algum fracasso político, tipo a produção de carne caiu pela metade. Então imagina a cena, o sujeito no trem, chega o cara da KGB e fala:

- Você é Tschaikowski. Isso na sua maleta é um código secreto. Vamos para o Comitê resolver esse assunto.

- Não, eu não sou Tschaikowski, esse cara está morto. Eu sou músico e isso é uma partitura. Você cometeu um erro.

- Okay, quer ser julgado também por resistência a prisão? Quer sugerir que a KGB não é infalível? Sua carteirinha do Partido.

- Aqui está.

- Siga-me. (O cara tem que seguir, porque perder a carteirinha do Partido Comunista é pecado aqui nessa terra).

Na KGB, o sujeito é preso e fica algum tempo, dias na cela, esperando alguma informação sobre o que está acontecendo com  ele (como naquele tempo, por conta da censura, ninguém sabia o que estava acontecendo, o "Tchaikowski" também não sabe). Sacou "alguma informação"? Chega o superior lá do cara e conversa com o elemento.

- Mil desculpas pelo tempo que fizemos você esperar. Acontece que prendemos um sujeito, chamado Dostoievsky, um inimigo da Pátria, traidor da Revolução. Ele acusou você de ser Tchaikowski. Nós podemos continuar procurando provas pra incrimina-lo e manda-lo para o castigo que merece, porém pode ser meio demorado. Você teria que ficar preso aguardando a impugnação do depoimento dele. Por outro lado..

- Qual a alternativa?

- Você poderia assinar um depoimento atestando que conhece Dostoievski e que se trata realmente de um inimigo do povo. Como colaborou com a prisão de um traidor, você seria beneficiado, o juiz consideraria sua colaboração e acabaríamos logo com tudo isso. 

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Qual a moral da história? Não tem moral. Para fins de estudo da mentalidade humana, o estudo do "Dilema do Prisioneiro" começa aqui. Se o sujeito assina o papel, na verdade ele está se incriminando, do ponto de vista legal. Como dizem pra ele que tem um cara que já mandou ele pra fogueira, há uma forte tendência de que ele ingênuamente assinaria, a não ser que fosse bem contra mentiras. É uma historinha sem final. Cada caso é um caso. Mas onde é que estaria o erro?

Acreditar na palavra do agente da KGB, sem analisar os detalhes.

Ao falar que o "Tschaikowski" poderia se beneficiar, a palavra chave é "seria". "Seria" é diferente de "será". "Dedar" uma pessoa que não conhece é crime de difamação. E o cara, ao assinar um depoimento sem nem ter visto a figura, está na verdade aceitando participar de um crime. Só pra se ter uma idéia mais interessante da coisa? E se o cara acusado de ser "Dostoievsky" na verdade for sobrinho de alguém importante? Nesse caso o "Tshaikowsky" está na merda, certo? Dá pra tirar mil e uma mazelas dessa historinha. O que quero assinalar é que a forma que a alternativa foi apresentada, isso não foi uma informação. Foi uma desinformação. Por que não esclareceu a coisa toda. E se o cara acreditasse na história, teria acreditado numa ilusão, mas assinado talvez a própria sentença de morte.

              Então vamos repetir a coisa toda, de outra forma.. você esta no lugar daquele cara. Está na pior. Alguém aparece e diz que quer lhe ajudar, mas é uma embromada. Como você quer ser ajudado, você precisa acreditar que alguém vai te ajudar, então você resolve acreditar que aquilo que o cara está falando é uma ajuda.

              O pior de tudo isso é que não estou falando de enganação. É de desinformação. Esse é o motivo pelo qual existe legislação obrigando os remédios e alimentos industrializados a especificarem o conteúdo. Ácido acetilsalicílico é vendido sob o nome de aspirina. Aspirina é o nome registrado. Se você compra algo chamado AAS, que é o Ácido Ácetil Salicílico, tá igual. Cura ou deixa de curar a dor de cabeça do mesmo jeito. A diferença é a grana de propaganda, que faz você acreditar que comprando Aspirina ao invés de AAS, sua cabeça melhora. A propaganda fixa a idéia na sua cabeça de que a Aspirina é melhor do que AAS. Para ser sincero, este parágrafo inteiro é suposição, porque na verdade eu não tomo nem uma coisa nem outra, então não sei dizer se os dois são ou não a mesma coisa (vai que me processam por isto..).

              Então qual a diferença entre a mentira e a desinformação? A mentira é uma verdade que deixou de acontecer. A desinformação é algo que aconteceu, mas contado a dar idéia de que aconteceu diferente. Vamos para outro exemplo mais prático, eu falo pra você que não aguento mais de tanta mulher que não me deixa em paz, vivem telefonando procurando por mim. Eu posso não estar mentindo. Elas podem estar procurando por mim porque atendo ligações de uma empresa qualquer. Mas se eu mudo de assunto, quem me ouve acha outra coisa. Isso é desinformação.

              Um melhor exemplo foi um cara com quem conversei, que é administrador de empresas numa fábrica qualquer. Subitamente, viu que a coisa ia começar a cheirar mal. Piorar a um nível insuportável. Que que ele fez? Acordava mais cedo, ficava lendo revistinha de piadas e sacanagens, depois ficava brincando um pouco com o rosto no espelho. Umas coisas pra tirar a tensão. Isso porque se chegasse no trabalho com jeito de que ia pra guerra, o pessoal ia desconfiar, muita gente ia pedir demissão ou fazer corpo mole pra ser demitido e aí a empresa iria realmente piorar. Talvez o pessoal mais capacitado desse o fora primeiro. Como todo mundo via ele com aquela cara confiante, ninguém suspeitava. Outro exemplo legal é o que considero a melhor forma de conseguir namorar mulheres bonitas, do tipo Top Model. Você só precisa namorar uma que seja extremamente bonita. E nem precisa namorar. Basta que você seja visto pelas outras com uma mulher (ou várias) de grande beleza. A curiosidade mata. Se você quiser conservar a sua, a receita também é válida. Uma mulher nunca assume perder para outra mulher. E se as evidências forem bem plantadas, ela acredita. Claro, nada impede que a mulher tente e faça esse tipo de jogo. Dar a entender que está afim de sair da relação, quando quer mesmo é que o cara a peça em casamento. Já passei por isto. Ou pelo menos acredito ter passado. Nunca vou saber.

              Os melhores exemplos de desinformação, os mais gritantes podem ser vistos todos os dias nos grandes jornais. Você tem uma notícia, ou no jornal ou na televisão ou rádio. Não importa. Dias depois o resultado daquela notícia é completamente diferente do esperado. Era desinformação. Na área econômica, é tiro e queda. Teve o caso de uma famoso(a)  comentarista da TV que disse (isso faz algum tempo) que depositar na caderneta de poupança ia dar mais lucro que depositar no dólar. Dia seguinte, governo emitia portaria obrigando os bancos a aceitarem depositos altos nas cadernetas de poupança. No terceiro dia, o dólar já tinha baixado de preço, a cotação no paralelo estava alcançando o oficial. No quarto dia, podia-se encontrar dólar no paralelo para venda, mais barato do que no oficial (*). Um cara que conheço, cujo apelido é Moá, ele não acreditou nessa história. E foi no quarto dia, uma sexta feira, investir o salário dele em dólar, lá num doleiro. O único. Todo mundo estava fazendo o contrário. Vendendo a poupança em dólar (tempos do cruzeiro ou cruzado) e aplicando na caderneta de poupança.

               Um mês e alguns dias depois, sem nem levantar os olhos, outro comentarista da mesma emissora, que não tinha nada a ver com o estardalhaço da notícia da poupança X dólares comentou.

-  Quem investiu em dólares este mês, fez um ótimo negócio.

Chocante, né? O fato é que esse tipo de coisa acontece o tempo todo e as pessoas tomam a coisa como verdadeira só por que passa em cadeia nacional. Ou porque o sujeito tem um passado muito ilustre. Dizia um amigo meu que o Senador Roberto Campos escreve umas colunas de economia (não sei). E que faz algum tempo, esse mesmo Sen. Roberto Campos escrevia nessas colunas que o Brasil deveria abandonar essa política retrógrada de não abrir o mercado, a melhor coisa a fazer era se render ao grande exemplo dos chamados "Tigres Asiáticos". Hoje, esse meu amigo me fala que o mesmo Sen. Roberto Campos (já me falaram que em outros tempos ele era apelidado de "Bob Fields") não elogia mais o exemplo dos "Tigres Asiáticos". Aliás faz um certo tempo que parou de evocar os "Tigres Asiáticos" como exemplo de Economia que deu certo. Vale lembrar que uma coluna de jornal é um texto opinativo, o sujeito escreve a opinião dele. Todo mundo tem direito a liberdade de opinião, tá na Constituição. Também já ouvi falar da piada que "o economista é um ser dedicado ao amanhã, porque o que ele previu ontem, não aconteceu hoje". É bom tomar dicas de economia com uma pitada de sal.

              A imprensa tem um poder muito grande de manipulação da realidade. Um certo jornal tinha como propaganda (muito boa, por sinal) relatar um monte de coisas que alguém fez. Depois mostrava a cara do sujeito. Era o Adolph Hitler. Pra quem não sabe, foi o primeiro a sacar o valor da propaganda como arma e é estudado por quem faz publicidade.

             Vou terminar com um fato que realmente aconteceu na Califórnia. Os caras estavam apagando um incêndio numa floresta e passando por um lugar todo chamuscado, viram um homem carbonizado parecendo estar vestindo uma roupa de mergulho, completa com pés de pato e arpão. Como é que um cara desses aparece no meio de uma floresta em chamas? Nos EUA, incêndio em floresta é apagado com helicópteros com caçambas que são enchidas num lago próximo. O helicóptero vai com aquela caçamba pendurada até o lago, mergulha e depois sobe com esse "balde de água" pra jogar no fogo. A conclusão que chegaram foi que o sujeito estava mergulhando quando foi "pescado" pelo "balde". E depois, jogado no incêndio, junto com a água. Chocante, né? Só que a notícia é falsa. Foi "plantada" por ativistas interessados em checar se a imprensa realmente se preocupava com a veracidade daquilo que publicava. E o pior é que um número de jornais publicou a notícia como verdadeira. Outros não. Onde está a desinformação neste parágrafo?

                No início, quando falei que ia contar um fato que "realmente aconteceu". Só no final é que expliquei que o "fato" era que ativistas "plantaram" um notícia falsa e alguns jornais acreditaram.

"Confia em Alá, mas amarre seu camelo.."      

                                 Velho ditado árabe.

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(*) Havia um ditado inclusive que o Brasil é o único país do mundo onde:

Os capitães perdem o rumo.

As prostitutas se apaixonam.

Traficante se vicia.

Aposentado trabalha.

A oposição é maioria no governo.

E o dólar consegue ficar mais barato no paralelo do que no câmbio oficial.