Dicas para Publicação de um Livro(c)
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Dicas para Publicação de um Livro(c)
Derneval R.R. Cunha
Muita gente adora a idéia de ser autor de livro. Nem importa muito o assunto, o que interessa é aparecer na frente da televisão como "escritor". Ser entrevistado, quem sabe pelo Jô Soares ou aparecer em revistas e jornais como ser inteligente. Aí se pode apontar para a notícia e até guardar, para mostrar para os parentes. Tanto faz que isso seja aqui no Brasil ou na antiga União Soviética, todo mundo que escreveu alguma coisa no papel já ficou sonhando assim ou assado. Cada pessoa que sofre uma experiência super interessante também pensa a mesma coisa: "Daria um livro". Há também as três grandes obras que definem a realização do homem enquanto ser vivente:
Plantar uma árvore
Escrever um livro
Conceber (com a mulher) um filho
(OBS: Não sei se foi o Jaguar ou Millôr que comentaram que hoje, a coisa baixou de nível um pouco, basta:
Regar a Samambaia
Pegar gonorréia
Escrever um grafite no banheiro feminino)
Pois é, aqui no Brasil, muitos são os que sonham, poucos os que escrevem e menos ainda os que publicam. Ainda assim, as editoras aparentemente estão até o topo com material de futuros "Paulo Coelho". O mais chato é que não existe uma fórmula mágica para o sucesso. O Barata Elétrica, que não é livro, estourou apesar de nunca ter sido concebido com essa finalidade. Outros livros, como o de um famoso livro de um famoso autor de viagens incríveis, estourou, vendeu pra caramba (apesar da péssima redação, pqp) enquanto outros não alcançaram a lista dos mais vendidos.
A moda agora não é livro de viagens, é escrever livro de "hacker". Gente que nunca fez sucesso em lugar nenhum na internet pega uns textos aqui e ali e publica como se fossem seus. Sem nem se importar com os direitos autorais, morais ou qualquer coisa do gênero. E sempre tem um imbecil que acredita que vai ver algo novo, compra. Caras como eu ficam doidos, porquê temos uma coisa chamada "escrúpulo" e "nome a zelar". Ainda vou morrer de fome, por causa disso(*).
Primeiros passos:
O início é sempre difícil (a não ser que você seja um riponga que rouba texto de todo mundo). A mecânica de escrever é uma só: sentar e escrever sempre, todo dia um pouco. Para pegar experiência para o livro de hackers, comecei com um texto para um concurso que premia talentos na USP. Fiz um livro sobre o lugar onde morei e que foi palco de vários acontecimentos históricos, o Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo. Toda ou quase toda universidade tem sua moradia estudantil, onde acontecem fatos incríveis que desafiam a imaginação (aos curiosos http://www.crusp.cjb.net). E quem passa pela experiência fica marcado por ela. O lugar onde morei não era excessão e guardei muito material de conversas e notícias de jornal. Quando pintou o concurso, parei tudo e fiquei umas 3 semanas concentrado só nisso (não ganhei nenhum prêmio).
Infelizmente não tive tempo para revisar ou reler o material. Uma pena. Algo imprescindível para quem está começando é nunca soltar um texto antes de ter certeza de que pode ser lido por outra pessoa. É preciso ler, reler, fazer e refazer. Ter coragem de recomeçar o que parecia uma obra acabada.
Publicar a Obra:
Essa é a parte por onde todo mundo queria começar. Escrever é fácil. Difícil é fazer uma editora se interessar pelo conteúdo. Fica mais fácil quando se é famoso ou quando se está explorando um tema que tem alta vendagem. Depois que o "Com licença, vou a luta" e "Feliz Ano Velho" apareceram, foi a moda dos livros abordando a vida pessoal. Outras foram e vieram. Vieram e foram. O que vende hoje pode não vender amanhã. Quando fui numa comemoração perto da rua Augusta, ouvi que um autor de um livro famosíssimo (e polêmico) sobre a guerra do Paraguai nem é recebido pelos editores, hoje. Conversei com um autor (professor meu na FFLCH) de um romance nacional que inclusive teve trechos do livro publicado na revista PLAYBOY (só para dar uma idéia do sucesso), me contou que não tem tapete vermelho para você. O editor te recebe como se você fosse um mendigo. Se te receber, o normal é que você envie o seu trabalho através do correio. Preferência com envelope selado de resposta.
NUNCA ENVIE SEU TRABALHO PARA NINGUÉM LER SEM ANTES REGISTRAR NA BIBLIOTECA NACIONAL (http://www.bn.br)
Há vários tipos de registro:
O registro do texto ou desenho (custa uns 15,00, acho que dá para fazer numa das filiais da Biblioteca Nacional ou pelo correio normal, se informe no site)
O registro do livro (ISBN, editora, etc)
O depósito legal, que é enviar um exemplar do livro impresso para ficar arquivado lá no RJ.
Presumindo que o editor leia e simpatize com o seu trabalho, viva? Mais ou menos. No caso do livrinho que falei acima, como não se tratava do tema "hackerz", a única editora que consegui que lesse deu o seguinte veredito: "li, adorei, mas não tem público para isso, tô mais interessada no seu livro sobre hackers". Uma pena. Claro que as editoras se preocupam com possíveis prejuízos. Por isso é que não ficam publicando a torto e a direito. Exige um investimento alto.
Minha experiência com um livro vendável (de hackerz)
O buraco é mais embaixo. A pessoal pode dar os pulos de alegria que quiser, depois que:
Escreveu o livro
O editor se interessou
Os editores sabem que estão diante de alguém inexperiente e vulnerável. O que quero dizer com isso? Não importa o que você pense do mercado editorial. Não importa o que você viu na televisão. Não importa o quanto seu sonho de se tornar um "escritor" tenha finalmente acontecido.
Existe uma coisa chamada "contrato de cessão de direitos autorais". Ninguém fala nisso. Mas o fato é que há editoras que te exploram, meu filho. Você pode nunca ver a cor do dinheiro. Ser um fracasso de vendas pode ser uma grande benção. Pelo menos seu sonho ficou realizado. E você não descobre a grande tragédia: quem menos ganha com a obra intelectual é o autor. Colocando de outra forma: existem vários gastos no lançamento de um livro no mercado:
Editoração: É preciso dar um formato bonito que motive o leitor a tirar seu dinheiro do bolso e comprar o livro. Essa formatação pode custar os serviços de um profissional que cobra talvez R$100,00 ou mais por hora (e são precisas muitas horas).
Feitura do livro: Já pensou o custo de xerocar 80 páginas? É um método bem caro de divulgação de livro, a xerox. Tem a encadernação. Multiplique por 3.000 exemplares e aí vc já tem uma noção do que está em jogo
Distribuição: O artista tem que ir aonde o povo está. Se você não quer montar uma barraquinha e vender seu livro por aí, como já vi muita gente fazendo, a distribuidora pega mais uma parcela da grana.
Divulgação: Outra grana vai nessa. É preciso anunciar ao mundo que o livro existe. Já me falaram que o Jô Soares cobra para colocar alguém sendo entrevistado no seu programa. Por quê é um ótimo jeito de vender o peixe.
Etc, etc
Por que estou falando tudo isso? Simples: vai aparecer no contrato. E no relatório de vendas ao qual o autor tem o direito de receber (para saber quantos exemplares foram vendidos e quanto dinheiro deve receber). Acredite em mim: o melhor é ter uma grana (entre R$ 1.000,00 e R$ 20.000,00) para bancar a edição e vender de porta em porta. Se puder e tiver a disposição, é muito melhor.
Porque senão, terás de assinar um contrato onde a editora fica com a grana dela para fazer tudo aquilo que coloquei acima. O problema é que nem todo editor é honesto. O cara pode te empurrar um contrato com uma cláusula estranha (ou várias). As famosas letras miúdas. Se puder, vai num advogado. Nem leia. Corra atrás de gente que possa te auxiliar nisso. Porque você pode se arrepender (até mesmo com um advogado isso pode acontecer, um profissional pode aceitar grana da editora para te enganar). Há casos onde o livro é um sucesso de vendas e a editora consegue comprovar que teve prejuízo com o título. O autor não ganha direito autoral o suficiente para contratar um advogado que consiga reverter. O fato da editora ser famosa ou não, não muda nada. Uma editora famosa é business. Eles não estão nessa para perder dinheiro. Você já ouviu falar de algum autor que reclamou de direitos autorais? Quer um exemplo?
No campo da música: me falaram de uma entrevista (do Lulu Santos?) onde ele falou que viu um disco dele sendo vendido numa loja. Ficou feliz? Não. O disco tinha uma etiqueta: "material de cortesia - invendável". Foi ler no contrato, descobriu que não ganhava direitos autorais por discos de "cortesia". Só que a quantidade de discos de cortesia não era especificada. Então, o que ele estava deixando de ganhar por conta disso poderia ser uma pequena fortuna.
E os contratos são escritos de tal forma que fazem você pensar que lê uma coisa e está lendo outra: um que recebi tinha "prazo mínimo para edição do livro - 6 meses". Tá legal, só que deveria ser prazo máximo. Se a editora não imprimisse em 6 meses, a coisa estaria cancelada. Como estava escrito "prazo MÍNIMO" e não estabelecia "prazo MÁXIMO", se a editora quisesse poderia ficar "sentada" em cima do livro até o dia do juízo final. E estava escrita a palavra "editar o livro", que pode significar mas não é exatamente a mesma coisa que imprimir o livro em papel. Vamos supor que seu livro é ótimo, mas eles tem um livro deles que é bom, na mesma linha, mesmo assunto. Uma cláusula dessas e você vai ver seu livro nas livrarias quando o outro deixar de ser sucesso de vendas. E o autor talvez só receba 6 meses depois do livro começar a ser vendido.
Detalhe: No contrato o que você assina é a exclusividade. Assinou, não tem essa de quando fazer sucesso ir atrás de outra editora. Fica atrelado a essa até o fim da validade do contrato que costuma ser de 5 anos (a editora fica também com a preferência, se o autor publicar qualquer outra coisa).
Imprimindo via Internet
É uma alternativa. O primeiro livro que vi, feito desse jeito foi "A ONDA MALDITA", não lembro o nome do autor. Não se ganha muito, apesar do que os jornais tentam fazer a gente acreditar (Stephen King tentou, parece que já desistiu). Existem várias editoras virtuais, cada uma com seu modelo de contrato que nem vou comentar. Alguns são bastante razoáveis, considerando-se que a pessoa pode não fazer sucesso. É relativamente barato. Há editoras virtuais que não tumultuam a vida do cara pedindo exclusividade. Não vou recomendar ou desmerecer nenhuma. Muito menos dar detalhes da operação (basta ir no cadê e procurar e-book).
Mas é algo que a pessoa pode fazer por si própria. Basta fazer a revisão do texto (de preferência) e transformar o material digitado em PDF, que é o formato que se convencionou usar para publicações na internet. Claro, é preciso comprar, emprestar ou conseguir alguém que tenha o software. Há ferramentas que fazem isso a custo zero. Se você tem Linux, pode usar o Ghostscript para fazer essa conversão. É o PDF de pobre, mas funciona bem. Há alguns sharewares e freewares no http://www.planetpdf.com.(t na dvida, pega uns trocados, economiza e compra o software da Adobe,http://www.adobe.com/, muuuuuito mais fcil de instalar ou ento v na pgina http://cpdf1.adobe.com/index.pl?BP=NS) Eu tinha essa lista de softwares na ponta da língua, mas como acho que o Ghostscript é o melhor, paro por aí. São 2 passos:
Usando algum micro (Windows ou não) manda imprimir o texto para opção de arquivo. Quer dizer, o texto não vai para impressora e sim para um arquivo de extensão .PRN . No caso do PDF, é necessário usar impressora laser. Você não precisa de ter uma impressora laser, mas precisa ter instalado os drives de impressão de laser no micro. Na hora de imprimir, clica no imprimir para arquivo (vide janelinha de impressão) e pronto.
O arquivo .PRN (que um arquivo de contedo PostScript, deveria ter extenso .PS mas o Windows no faz a gentileza..) produzido pode então ser usado no Ghostscript para ser convertido para PDF.
Não pense que é tão fácil. Nem tão difícil. Há alguns pormenores a serem observados, como tamanho de folha, qualidade em dpi, etc, etc. Mas ia ficar um artigo extenso.
Por último, basta colocar o arquivo PDF resultante (fica uma redução boa de tamanho, no caso do meu teste, de 22 megas, para 879kbytes) numa página internet. Algumas editoras de e-books cobram por essa parte (transformar em PDF e publicar na internet). Cada caso é um caso. Quando se trata de fazer um livro por diletantismo, não é tanto dinheiro assim. A editora virtual tem a vantagem de ser uma vitrine para muitos trabalhos. Não é preciso investir tanto em divulgação. Querendo dar uma olhada naquilo que eu fiz, por favor, confira: http://sites.google.com/site/cruspao/Home/livro
(*)Graças a Deus, agora o pessoal pode ficar sabendo: logo depois que escrevi meu famoso (e tão plagiado) artigo sobre vírus de computador, disponível no http://www1.webng.com/curupira/barata1.html, tomei precauções. Uma delas foi não publicar lista de livros para aprender a ser hacker muito menos dar os passos para o auto-aprendizado. É, eu podia ter facilitado muito mais para muita gente fazer de conta que é hacker. Era para ter coluna em revista de informática, recusei. Sentei em cima da bola e por essa razão, tenho várias coisas para escrever sobre o assunto ainda. ascript"> var gaJsHost = (("https:" == document.location.protocol) ? "https://ssl." : "http://www."); document.write(unescape("%3Cscript src='" + gaJsHost + "google-analytics.com/ga.js' type='text/javascript'%3E%3C/script%3E"));