GUIA RESUMIDO DE CONVERSÃO DE FITAS K-7 EM MP3 USANDO AUDACITY

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GUIA RESUMIDO DE CONVERSÃO DE FITAS K-7 EM MP3

USANDO AUDACITY

(Para os que ainda tem fitas K-7)

http://migre.me/oGg8L

Derneval R.R. Cunha

Porquê converter K-7, LP em MP3

Comecei a escrever esse texto (eu sei que o leitor não tá nem aí, mas acho bom ler do mesmo jeito) por que tinha mais de 100 horas de fitas K-7 que eram importantes pra mim e para outras pessoas. Então quando vi, já estava com montes de detalhes sobre como fazer isso, muita coisa voltando a cabeça por conta de outros carnavais, numa época em que para mim, ficar o dia inteiro na frente de um equipamento de som fazendo aquela fita, valia a pena.

Fiquei meses brincando de edição sonora, em várias épocas da minha vida. Puxa vida, como brinquei. Ia em casas de amigos só para poder usar aquele aparelho de som e não este. Tinha amigos que não tinham grana para sair no final de semana, ficavam o dia inteiro fazendo um album anotado bonitinho (coisa de viado mesmo) com o conteúdo de cada fita K-7 catalogada. Isso, nos anos 80.

Em outras palavras, penso num cara que dá valor ao que já escutou ou gravou em outras ocasiões. E quer preservar para a posteridade (se não tiver perdido a fita, como aconteceu com algumas entrevistas que gravei em Porto Alegre). Ridículo, né? Mas pensa bem: eu tenho gravações de reuniões com gente que já mudou de opinião sobre tudo. Manja aquele cara de esquerda que virou a casaca? Bom, isso para vc entender o tipo de coisa que já gravei. Desde reportagens da TV até gente conversando no bar. Palestras, aulas. Pode valer a pena. Pode ser uma volta ao passado.

Lado histórico da fita K-7

Falando de fitas K-7 gravadas de LPs ou rádios durante os anos de 80 e 90. Durante muito tempo foi bastante comum o uso de fitas BASF de embalagem amarela em que 1 hora e meia de gravação sujava o cabeçote do gravador. Sem brincadeira, o cotonete a álcool já podia até vir incluído na compra. A diferença de som era fantástica. Em algumas rodas se falava de marcas de fitas como se falava de marcas de uísque, exaltando-se o produto importado como TDK, Sony, etc.. na verdade as revistas publicavam análises comparativas entre modelos de fitas como chromo dióxido e a influência nos baixos e agudos.

Alguns detalhes eram importantes como o fato de que determinados gravadores tocavam melhor esta ou aquela fita (da mesma forma que determinado computador não lê um CD de jeito nenhum mas em outro a informação aparece). Também havia o fato de que as fitas deveriam ser rebobinadas do início ao fim de vez em quando (da mesma forma que se recomenda fazer com fitas VHS). Adiciona a isso a questão da conservação, quando a fita é mal guardada. Não me lembro bem mas havia fitas em que a qualidade do som era ótima mas a química do produto (a composição do tape da fita) resultava em auto-apagamento. Dois ou três anos guardada e não se ouvia mais nada.

A fita K-7, ou melhor seria: o gravador de fita K-7, originalmente era apenas para reportagens e gravações de voz (não exige qualidade boa de reprodução de som). Só que acabou virando coqueluche e obrigando a indústria a reinventar a roda, por assim se dizer. Para se ter uma idéia, existem gravadores com fitas mais largas, de rolo, são específicos para gravações de fita de qualidade. Óbvio que naquela época como hoje custam uma fortuna. E o formato K-7 realmente era melhor e mais cômodo para se distribuir por aí. O mini-K7, que era e é muito usado em entrevistas chegou, durante um tempo, a ser considerado sucessor do K-7 mas não emplacou.

E como eram os antigos gravadores? Muitos eram apenas soluções para gravação de voz que acabaram sendo usadas para reproduzir música. Pelo menos até a chegada do Walkman, que foi um impacto, resolveu-se fazer som de qualidade em formato pequeno (antes, o que dava lucro para as indústrias eram caixas de som incorporadas com rádio, do tamanho de CPUs de um PC antigo). O pequeno ficou beautiful e a qualidade de som das fitas K-7 teve um salto.

 

Preparação para a gravação

O material básico para a conversão de fita para MP3 são:

- Gravador

- Cabo conector entre saída de som do gravador e line-in do computador

- Computador com placa de som e gravador de CD,ou outra forma de copiar a mídia para fora.

- Fone de ouvido

- Caixa de som

- Software de edição (SoundForge ou Audacity)

- Tempo

- Amor

 

Dentro do Computador

O principal seria:

- Software de gravação

- Placa de som

- Gravador de CD (ou qualquer outra forma de transferir o conteúdo para outro micro tipo Zip drive ou Pen Drive)

- Cabo de conecção.

- Espaço em disco

OBS: Não é aconselhável comprar micro só para a conversão menos ainda consertar o micro. Explica-se: precisa usar um micro sem problemas recentes. Caso contrário, o micro precisa voltar para o conserto, terá que voltar com HD e aí estão lá suas memórias em MP3 pro deleite do técnico. Mesmo que não estejam, o projeto fica parado e a motivação cai.

Espaço em disco é algo muito importante, quando se faz conversões para MP3 em certa quantidade. Caso contrário, precisa interromper o serviço para se fazer espaço. Até que existe utilidade para essas interrupções, já que pode-se aproveitar e anotar o conteúdo. A qualidade vc escolhe: parecido com o de um rádio de ondas curtas, rádio FM, etc.. dependendo do som, o cantor parece que está cantando no chuveiro.

Cabo de gravação

Pode ser feito em casa usando ferro de soldar ou comprado em loja. Feito em casa tem o problema do mal contato. Comprado em loja ou camelô também acontece. Imagina uma cena onde está tudo pronto e um movimento qualquer ou até mesmo a força do vento move o cabinho de contato entre o gravador e o computador.

Fone de ouvido

Durante a gravação é conveniente escutar o que está sendo feito de vez em quando, embora a tarefa possa ser monitorada pelos gráficos do software. Novamente, é uma questão de local adequado. Minha teoria é que o alto falante não dá precisão como o fone de ouvido, na hora de escutar. Mas o fone de ouvido precisa ter boa qualidade mas que permita escutar chiados. Poder escutar chiados ou sons que atrapalhem é importante (se não se escuta, não pode se controlar seu surgimento ou desaparecimento). Prefiro fone de ouvido de walkman e não caixa de som ou daqueles fones de ouvido grandes, com almofadas, que na minha opinião, camuflam alguns chiados.

Gasto com fone de ouvido sempre compensa. Bom saber que os fones de ouvido de Walkman tem um som bem diferente dos fones de ouvido grandões (os grandões, que cobrem os ouvidos não deixam ouvir sons do ambiente). Claro que dependendo do volume do som, não se escuta quem está batendo na porta ou telefone tocando. Cuidado com este detalhe.

Outro detalhe importante é que existe perda da capacidade sonora por conta de excesso de ruído. Significando que escutar música alta direto, com fone de ouvido, pode induzir a perda de capacidade de ouvir. Você fica surdo. Há casos de gente que perdeu a audição de tanto ouvir música alta em Walkman.

Material de limpeza e manutenção

Necessário pensar a questão da limpeza dos cabeçotes. Existem produtos específicos para isso como também existe o uso de álcool e cotonete. Mas o uso constante é necessário. Algumas vezes, com gravadores desses modernos, cujo acesso ao cabeçote é difícil, recomenda-se muito cuidado. Para garantir a limpeza. Melhor seria conseguir fitas de limpeza de cabeçote de gravador, específicas (meio difícil de achar mas acha). E álcool isopropílico (específico para isso também). Talvez fosse o caso de, de tempos em tempos ou a cada fita, comparar o resultado da limpeza usando outro gravador que não esteja sendo usado. Gravar um trecho qualquer e depois gravar o mesmo trecho com outro gravador. É coisa para quem curte.

A qualidade da fita a ser digitalizada

Como companheiras em caso de solidão, fitas K-7 são melhores do que ter um cachorro. O uísque, outro companheiro, pode ser 25 anos mas fitas K-7 podem durar até mais tempo. Assim como LPs. O problema foi o aparecimento da qualidade de som dos CDs. As pessoas tinham coleções de fitas que escutavam direto. Mas muitas pararam de escutar quando compraram CD-players ou discmans. Há casos em que as fitas guardadas ficaram "mofando" durante muito tempo em algum canto (mas não necessariamente pegaram mofo). Ficaram conservadas exatamente por conta de serem pouco manipuladas.

Ponto a favor da conservação da fita. O problema são as condições em que ela "existia" antes de seu uso ser abandonado. Só para ficar mais fácil de entender, um exemplo que pouco tem a ver, uma fita de vídeo só pode ficar na prateleira de uma vídeo-locadora por volta de 50 empréstimos, depois tem que ser substituída (a qualidade está ruim demais). O uso desgasta a fita. E o cliente reclama. Com a fita K-7 não é assim. Aguenta maior uso (pelo menos as que eu tive chance de usar). Apesar que fita k-7 velha pode e suja cabeçote mais do que fita nova.

A questão se a fita pode ser reescutada muitas vezes por estar em más condições. Há casos de fitas que foram cortadas e remendadas (fácil de descobrir isso - a cola já secou e a fita "arrebenta" no local onde foi corta) ou são do tipo que já foram "comidas" por gravadores (qualquer coisinha se enrola no cabeçote do gravador e precisa ser desenrolada). Sem falar em fitas empenadas, que travam por qualquer coisa. Nesses casos, pode-se tentar mudar a caixa que armazena. As fitas modernas tem o invólucro difícil de desmontar, contrário das antigas, com os parafusos. Mas em vários casos essa operação salva fitas. E é melhor do que gravar de fita para fita.

O fato de ser ou não de boa marca só me lembra uma experiência. Mas não vale para a conservação do som. Conheço casos em que a fita ficou altamente exposta a ação dos elementos (o calor de um porta-luvas numa localidade super quente). O som ficou horrível de escutar. Mas regravada, a fita reproduzia bem o som novo.

Do ponto de vista prático, a qualidade da fita tem a ver com o tipo de ação que vai exercer sobre o cabeçote. Se ela suja muito o cabeçote, para se antecipar a queda na qualidade do som de gravação, é bom fazer por etapas. E limpar o cabeçote do gravador a cada período de tempo. Se ficar constatado que determinada fita sujou mais o cabeçote (o algodão ficou mais sujo) é preciso levar em conta se outra fita foi gravada depois, pode ser caso de regravação. Ou seja, faça tudo de novo, depois de limpara o cabeçote.

Projeto e planejamento das sessões de gravação

Quando se grava apenas uma ou duas fitas não se junta experiência para escrever sobre o assunto nem para se ficar purista. Mas quando se trata de gravar muitas fitas K-7, então essa coisa de planejar a gravação faz diferença. São várias tarefas:

- Agendar o tempo de gravação (pode consumir o final de semana inteiro ou um feriado - vai perder a namorada se não planejar isso direitinho). - Levar em conta o silêncio ou barulho (é preciso tranquilidade).

- Separar os conjuntos de fitas a serem convertidos. - Prioridades em fitas a serem gravadas (alguns conteúdos são chatos de serem gravados, melhor deixar para o final porquê senão o projeto pode ser deixado de lado).

- Anotar em papel ou micro, o conteúdo de cada gravação (no micro te dá a vantagem de já montar um banco de dados mas se der preguiça faça em papel). Como a gravação com quantidade é stress, fazer anotações em quantidade pode diminuir o fluxo de trabalho. Olha lá o que vai fazer. Talvez nunca mais na vida vc tenha paciência para escutar de novo e ver o que foi gravado.

A questão é que eventualmente vc desenvolve uma rotina de gravação. Mas até isso acontecer, tem que dar um tempo (tanto que editei muita coisa sobre isso - a maioria do pessoal nem ia ler). Na verdade, se começa pensando que nunca vai se terminar. Como é algo que não se tem muito gosto, pode ser chato, bastante chato. O equipamento pode ser ruim para começar mas se não tiver outro jeito, melhor começar com um equipamento ruim do que adiar até conseguir um equipamento bom.

 

AUDACITY para principiantes

O uso desse software tem a ver com o fato de ser freeware, portanto, não há necessidade de pagamento algum. O uso de outros softwares como SoundForge pode até ser mais fácil. Nem vou discutir. O objetivo aqui é digitalizar, gravar em formato digital, talvez fazer algumas modificações no som. Nada sofisticado.

Comandos básicos

O básico do básico em qualquer programa é:

salvar o arquivo trabalhado com um nome

poder recuperar esse arquivo

os comandos para se trabalhar dentro do programa

No caso do Audacity, temos o menu de opções e um gráfico que mostra os altos e baixos do som que está sendo digitalizado ou gravado (prefiro o termo digitalizado, já que está sendo transformado em formato digital). De resto, os ícones desenhados na tela do programa são como teclas de um gravador e tem as mesmas funções, em alguns casos, como gravar, pausar, voltar, avançar, etc..

Quando se dá pause, pode-se voltar a gravar de novo. Mas quando se dá Stop, o programa trava novas gravações. Na verdade, é preciso deletar a faixa onde foi feito o stop. Se o usuário clicar no menu Arquivo e selecionar novo projeto (abre-se outra janela do Audacity que pode funcionar como gravador), aí tudo volta a normal, a digitalização continua da outra janela. Da outra. Se quiser juntar o material da primeira janela com a 2a, é preciso fazer copiar e colar faixas, o que será visto depois.

Por hora, o importante é saber que depois de apertar o botãozinho de play no programa Audacity, pode-se apertar a tecla Play do seu gravador ou toca-discos.

Os tipos de arquivo

O Audacity trabalha com vários tipos de arquivo, que podem ser melhor referenciados pela extensão que utilizam. Os arquivos nativos, exclusivos do programa são:

- .AUP - o arquivo de projeto do Audacity

- AU - arquivo de som do Audacity

O arquivo do tipo AUP é o arquivo de projeto. Quando vc salva, salva um arquivo de extensão .AUP ("exportar" é quando você salva num MP3, Ogg Vorbis ou WMV). Junto é salvo também um subdiretório com o nome do arquivo também é criado. Depois que o som começa a entrar, ele fica salvo no tal subdiretório (caso não tenha sido criado nenhum arquivo .AUP - ex: vc deixou para salvar no final - a digitalização do que vc fez pode ser encontrada no subdiretório C:\WINDOWS\TEMP\audacity_1_2_temp ou outro subdiretório temp qualquer) e dentro desse subdiretório ficam um monte de arquivinhos .AU. Isso é o básico que se precisa saber sobre o salvamento desses arquivos agora.

(Agora, claro, se você vai "brincar" com edição de arquivo tipo melhorar a qualidade, tirar chiado, fazer o tom de voz ficar mais "macho", eliminar totalmente o ruído de fundo da gravação, combinar trechos de voz, aí o arquivo AUP funciona como um papel de rascunho. Pode-se fazer a porcaria que for, a gravação original não é alterada. A alteração só fica no arquivo de projeto AUP. Pode-se bancar Deus usando o arquivo AUP. Ainda mais se tiver backup de arquivo AUP. Sempre se pode voltar atrás numa modificação.)

Colocar um disquete no drive A: ou Zip Drive ou qualquer outra midia e gravar o arquivo de extensão AUP lá, crente que descobriu um formato de gravação melhor que o MP3 em relação ao tamanho, bom, pode se enforcar num pé de couve porquê são pelo menos 3 elementos: o arquivo AUP, o subdiretório e os arquivos AU dentro do subdiretório. Na hora de apagar para liberar espaço em disco rígido, tem que apagar tudo (tudo significando os arquivos .AUP, o subdiretório _data e os arquivos .AU dentro do subdiretório _data).

Antes de apagar, o ideal é exportar para outro formato. Que é o objetivo do uso do programa.

O que são formatos sonoros (Wav, Mp3, etc)

O grande objetivo deste texto é simplesmente preservar o som armazenado em fitas K-7 e LP (ou outras fontes, como vozes). Mas para falarmos disto, talvez fosse melhor explicar o que é um formato de arquivo de áudio (Audio File Format).

Começando pelo som. Se vc tem fitas K-7 ou LPs, isso não se qualifica como formato de arquivo mas suporte onde o som está armazenado. Quando se copia de um LP ou K-7 para o computador, estamos mudando de suporte. O som continua o mesmo (pode ser melhorado mas ainda é som, só que digitalizado).

O problema quando se lida com o som digitalizado, é o tamanho. Imagina guardar o som produzido por uma orquestra. Na verdade, são vários instrumentos, cada qual gerando um som. Se aumentarmos a qualidade, também há sons que se destacam, que não se destacam, etc.. cada minuto de som pode chegar a dez megabytes de espaço em disco. 30 minutos então seriam 300 megabytes. Tal é a situação dos arquivos sonoros WAV, o arquivo de som produzido pelo gravador de som do Windows (caso não saiba da existência, entra no programas->acessórios --> entretenimento e procura). O WAV portanto é um Audio File Format, um formato de arquivo de audio.

No entanto, há possibilidade de se comprimir esses 300 megabytes, de forma a ocuparem menos espaço. Via software. No entanto, se está comprimido, já não é o mesmo formato. Assume outro nome. O programa tem que ser capaz de manejar esse formato de arquivo (da mesma forma que arquivo Excel é uma coisa e arquivo do Word é outra). Há vários formatos diferentes de arquivos sonoros.

O MP3 é apenas um formato de arquivo de audio (como o WAV) compactado por um algoritmo MPEG1 Layer III , atingindo fator de compactação 12:1. O que seriam 12 megabytes de espaço em disco vira 1 megabyte. O tamanho reduzido não altera a qualidade do som. Isso porquê qualquer som ou frequência de som que é repetida, sai fora, não fica ocupando espaço. O resultado final pode até ter várias qualidades de som, de acordo com o gosto do freguês. Tipo: não tem uma orquestra tocando, só uma voz falando, já se pode fazer um arquivo sonoro bem menor. Mas não importa a qualidade do arquivo sonoro, para se ouvir, tem que ser tocado num computador rodando software apropriado, denominado MP3 player.

Com esse formato de arquivo sonoro, podemos colocar centenas de arquivos de 3 ou 4 megabytes num CDR e escutar seleções intermináveis de músicas ou discursos sonoros. Por "podemos" quero dizer que a possibilidade existe. O fato de que alguém possa ter interesse em copiar trabalho que não seja de domínio público para redistribuir sem prestar atenção aos direitos autorais é outra história.

Exportando arquivos digitalizados para outros formatos

Exportação no caso significa salvar o formato digitalizado (aquilo que estava num K-7 ou LP) em formato digital que possa ser utilizado por outros programas, para se ouvir. Ao contrário de usar apenas um gravador e fita K-7, no caso de música ou som digitalizado, precisa-se de equipamento e isso inclui software. Software para converter som do gravador K-7 ou do LP e que irá virar som digitalizado.

WAV - Arquivos Wav são bastante comuns. É o primeiro padrão de arquivo sonoro popular, graças a Microsoft. Qualquer Windows tem um gravador de som que produz arquivos de extensão WAV. Mas são arquivos grandes. Tipo 10 megabytes por minuto de música. A única utilidade que sobrou para este tipo de arquivo é quando se vai gravar um CD de música para tocar num discman ou CDplayer. E nem isso já é mais necessário. Tempos atrás, tipo alguns anos, era a única maneira de se ouvir som de computador. Tipo você gravava usando o gravador do Windows e depois ouvia com ele. Com os HDs antigos, podia acontecer de ter que reservar muuuuito espaço.

MP3 - Não foi a única solução de compressão de arquivos, mas pegou bem, graças a um software de intercâmbio (vulgo Peer-to-Peer ou P2P), muito usado para troca de arquivos de música, tempos atrás. Trata-se de uma patente do Instituto Fraunhofer Gesellschaft (FhG), sim, da Alemanha. Parte do MPEG-1.

Ogg Vorbis - Alternativa ao MP3, freeware. A qualidade é tão boa quanto e o tamanho também. Está se tornando um formato bem popular, hoje. Se vc ver por aí, use.

AIFF - Pra Macintosh. O Audacity também faz uso desse tipo de arquivo.

Formatos de arquivo sonoro não exportáveis

Há outros formatos, só para se constar, não faz nenhuma diferença saber disso ou não:

MP4 ou aac - Um formato avançado, projetado pela empresa Dolby. Parece que a Apple curte. A vantagem é que ele conserva uma qualidade melhor em bitrates menores e tamanhos menores de arquivo do que o MP3.

Flac - Um formato onde nada é descartado, diferentemente do MP3. Tipo arquivo ZIP mesmo, pode-se reconverter de volta ao que era (com o MP3 não é a mesma coisa, o arquivo não volta a ser o que era antes da conversão). Máximo de 4:1 sendo 2:1 de compressão o mais comum.

Monkeys Audio - Mesma coisas do Flac, arquivos de qualidade mas monstruosos.

Musepack - Melhor do que o MP3 no descarte de características de música que só ocupam espaço.

Midi - São arquivos de amostragem dos instrumentos na sua placa de som. Quer dizer, eles não são som, são info sobre como a placa de som deve produzir som. Uma partitura eletrônica para sua placa entender, se entendi bem. Muito populares para música de fundo de webpages, tempos atrás.

MP3Pro - Outro avanço do Instituto Fraunhofer Gesellschaft (FhG). Melhor qualidade, menor tamanho de arquivo. E pode ter uma marca-d'água (para saber quem é o autor do direito autoral).

Real Audio - O Real Audio está virando clássico como arquivo sonoro na Internet.

WMA - Window Media Audio. A resposta da Microsoft ao MP3. Tem a grande vantagem de não permitir algumas violações de direitos autorais.

Etc..

Se vc for alguém interessado em saber, pode pegar um dicionário e ir atrás deles usando o help ou "navegando" nos menus do programa. O interessante da popularização do MP3 é que caso alguém hoje queira fazer um CD de audio não precisa mais ter o trabalho de exportar para WAV. Pelo menos o Nero (software para "queimar", produzir CDs) já faz isso automaticamente. Cada vez mais temos discman e cdplayers capazes de entender MP3 (para desespero das gravadoras).

Qualidade do MP3

O tamanho de um arquivo MP3 é pequeno, em relação a um arquivo WAV ou ao conjunto de arquivos AU. Mas demora para ser carregado no programa Audacity. Enquanto os arquivos AU podem chegar a 300 megabytes por 30 minutos, o resultado final em MP3 será 30 megabytes. Este tamanho de MP3 na verdade presume uma qualidade de gravação ótima (considerando o ouvido da maioria das pessoas). Significando que se não há necessidade de boa qualidade de som, o arquivo MP3 pode ser menor. Tudo depende de ajustar no menu de preferências do software, outra opção que produza um arquivo menor. Só para se entender a diferença, exemplos de sons que produzem arquivos menores em ordem:

1- 16 kbps - Rádio de Ondas Curtas - Ou 4.5kHz (não é a estação de rádio, mas a freqüência em Hertz do som que será digitalizado em MP3)

2- 32 kbps - Rádio AM - 7.5 kHz (novamente, mesma coisa, freqüência sonora)

3- 96 kbps - Rádio FM - 11 kHz - Nessa altura já se pode entender porquê a rádio FM é melhor para se ouvir música do que a AM.

4- 128 kbps - Próxima a qualidade de CD - 128 kHz. ou 128 kbps

Esta classificação foi tirada do arquivo html de help do software Lame.

Lame Encoder

O software responsável pela conversão do som digitalizado pelo Audacity em som MP3 chama-se Lame. O nome tem a ver com aleijado, se for traduzir. Mas não tem nada a ver. Freeware, funciona como programa sozinho (pega-se um WAV e codifica-o em MP3) ou usa ele como plug-in dentro do Audacity. No caso, quando se instala o audacity, na hora de se exportar o arquivo como MP3 (lembre-se, na primeira vez e só na primeira vez) vai aparecer uma janela perguntando cadê o lame, onde o programa encontra o codificador (lame encoder) dentro do micro. Tem que existir um arquivo chamado lame_enc.dll. Isso, dentro do Windows. No Linux, é preciso compilar como objeto partilhado e no Macintosh, o arquivo Lamelib resolve tudo. Como achar esses arquivos na Internet? Vai na página do Audacity, http://audacity.sourceforge.net/. Lembre-se, só na primeira vez é que o programa Audacity fala "qualé?" e pergunta onde está o "lame".

Caso vc não tenha pretensão nenhuma de sair no meio da noite procurando alguém com conexão internet para "baixar" o arquivo, salva em WAV mesmo, (ou simplesmente salva o projeto) depois converte, fazer o quê? Este texto não foi feito para quem está gravando 1 (UM) ou 2 (DOIS) K-7s em Mp3 mas sim um monte deles (30, 40, 100) e não é num dia que se termina com isso.

Gravação em faixas

Quando se aperta o ícone do play, abre-se uma janela com um gráfico que é desenhado com os altos e baixos do som que está entrando. Esse gráfico é chamado de faixa sonora ou TRACK (vai se acostumando). No nível básico, não é necessário mais do que:

a) Selecionar usando o cursor (aquela mãozinha que aparece na tela quando vc clica o mouse em algum lugar da faixa) e a tecla shift. Usando o mouse, vc clica e arrasta selecionando.

b) Pode apagar usando del ou o comando do menu de Edição (ou usar outro comando qualquer do Audacity)

c) Exportar todo ou parte da faixa para MP3 usando o menu de arquivo (mais rápido "exportar" parte de um arquivo do que todo. Porém, exportar todas as partes do arquivo é algo que poderia ser feito mais tarde.

O "menu" das faixas

Logo no momento em que se aperta o ícone play e aparece o gráfico mostrando os altos e baixos do som, aparece do lado direito uns enfeites que não estão lá para enfeitar. O X significa que aquela faixa pode ser apagada. Um clique no triângulo faz aparecer uma lista de opções sendo a primeira, nomear aquela faixa. Só precisa clicar em cima, na verdade. Nomear é interessante, principalmente quando se trabalha com várias faixas.

Pode-se também "brincar" com o lado direito e esquerdo quando se trabalha com som estéreo. Pra quê? Bom, aí o som estéreo pode ficar mais diferente de cada lado. Precisa de fone de ouvido e fechar os olhos mas aí com essa brincadeira, a fonte de som parece "pular" de um lado para o outro. Só um exemplo, há muita coisa para se fazer, quando se tem imaginação. E tempo.

Experimentando com faixas

Só que com o passar do tempo, outras tarefas vão ficando mais interessantes de se fazer, como gravar tudo e aí exportar para vários arquivos diferentes. Por exemplo, vc tem um lado de K-7 ou LP que quer guardar em diferentes arquivos MP3. Como fazer para isso? Vai fazer um projeto de gravação para cada música? Pode até ser. Haja paciência. Mas depois pode-se experimentar algo novo.

Por exemplo:

1- Grava-se tudo numa só faixa

2- Salva-se o projeto (por via das dúvidas)

3 - Seleciona-se trecho

4- Exporta-se o trecho para o nome de arquivo desejado

5- Passa-se para outro trecho.

Ou melhor ainda:

1- Seleciona-se um trecho

2- Corta para outra fecha (vide comando no menu Editar)

3- Trabalha-se com aquela trecho (exporta-se, deleta-se ou o diabo)

4- Apaga-se, move-se para outro lugar ou copia-se para outro lugar

Tirando ruídos

Depois de algum tempo, ouvido percebe a necessidade de tirar ruídos de um faixa, quer dizer, diminuir aquele chiado ou "lixo sonoro". Isso pode ser feito da seguinte forma (após a digitalização do arquivo):

1- Isolar o trecho da faixa onde só esse ruído aparece. Normalmente ele aparece no início da gravação ou digitalização ou em intervalos sonoros.

2- Selecionar o trecho com o cursor ou "ilumina-se" usando a tecla Shift pressionada e as setas, como se fosse uma frase no editor de texto.

3- Clica-se no menu de efeitos e seleciona-se "remover ruído".

4- Aparece uma janela em que apenas o botão de selecionar ruído está aparente. Este botão seria o equivalente da ordem "use este trecho que selecionei com exemplo de ruído a ser retirado".

5- Selecione o trecho do arquivo MP3 ou o arquivo que vc já digitalizou e cujo ruído de fundo quer tirar

6- Abra de novo a mesma janela, Efeitos - Retirar ruído e conclua a operação. Pode levar algum tempo e precisar de espaço em disco.

7- Se o resultado foi satisfatório, pode-se passar para outra operação ou converter de volta o arquivo para MP3.

8- Pode-se desfazer o resultado não satisfatório.

Isso funciona mas em alguns casos, outros sons podem ser retirados juntos e o resultado não fica bom. Outra possibilidade é que alguns trechos saiam melhores e outros saiam pouco alterados. Vai ficar a dúvida se isso pode ser feito por atacado (toda a faixa) ou por trechos da faixa. Portanto, não use isso com o arquivo original (depois que vc digitalizou, aquele passa a ser o arquivo original) cópia única. Se usar, na hora de salvar converta para MP3 usando outro nome.

A retirada do ruído funciona bem quando há som alto o suficiente. Daí a importância de um volume nem muito alto mas também não muito baixo. Mas retirar o ruído incômodo não corrige distorções. Precisa de um feeling e um pouco de sorte. Significa digitalizar com volume mais alto para já pensar em "podar" o som que está atrapalhando. Há a possibilidade de se escutar uma amostra e ir variando se tira muito ou pouco ruído de fundo. Vai da possibilidade de tempo de cada um. A prática faz a perfeição.

Um truque é primeiro selecionar o trecho de ruído de fundo que o programa irá usar para perceber o ruído. Depois de feito isso, selecionar tudo e amplificar uma ou duas vezes. Aí se entra de novo menu de efeitos e se pede ao programa para retirar o ruído. O resultado final detona um pouco com alguns ruídos de fundo, tipo som de música de fundo. Mas para vozes, fica excelente.

Obs: Lembrar sempre que fazer qualquer brincadeira desse tipo consome bastante espaço de disco (quando se lida com arquivos grandes). Muito mais do que o necessário para digitalização.

Alterando velocidade

Bom, existe alternativa via software (escrevi um trecho sobre "forçar o gravador a operar em velocidade baixa" mas tirei fora dessa versão): O Audacity, por exemplo, tem um "alterar velocidade" que seria usado para LPs de maior ou menor rotação. A forma de uso é semelhante a outros efeitos sonoros. Menu efeitos. Primeiro, precisa se digitalizar o conteúdo. Segundo, selecionar um trecho para testar. Terceiro, selecionar o quanto se quer que o programa reduza de velocidade. Seria legal fazer isso com amostras de trechos ao longo da digitalização, porquê como coloquei acima, cada trecho está mais lento do que o outro, não estão igualmente lentos (possível, mas só se tem uma fita lenta de forma igual quando existe um liga-desliga ou outro mecanismo de seleção de velocidade). Caso o gravador não seja do tipo de selecionar velocidade mais baixa, então fica de olho.

Claro, pode-se salvar a digitalização em MP3 e brincar com alteração da velocidade da voz depois. Funciona do mesmo jeito. Também consome espaço de disco e tempo extra (calcula entre uma hora e uma e meia de trabalho pra cada meia hora, quando não se tem experiência). Com experiência e um micro veloz e bastante espaço em disco, esse tempo diminui.