COMBAHIA - UMA CYBER CONFERÊNCIA

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COMBAHIA - UMA CYBER CONFERÊNCIA

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Derneval R.R. Cunha

Infelizmente não pude ir nem ao HIP nem ao Beyond Hope. Mas em compensação, tive uma chance de conhecer algo incrível.. mas primeiro, saquem só a história: o pessoal da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia tem uma só tarefa para aquela turma X, aquele semestre: fazer uma conferência pra ficar na história. Convidar as maiores personalidades que tiveram ou tem algo pra falar do começo, meio e estado atual da internet no Brasil num anfiteatro e lascar o verbo. Foi legal..

Primeiro, precisa falar que os caras não estão nadando em grana. Segundo que não foi obra dos professores organizar e chamar o pessoal. Foram os alunos do curso de Comunicação que botaram a mão na massa, descolaram patrocínio com a Varig e outras empresas pra trazer o pessoal. Sim, porque até teve gente de Salvador e da Bahia. Assim como teve também gente do Nordeste todo, incluso Alagoas, que pelo que a imprensa mostra na TV e nos jornais não devia nem ter computador, quanto mais faculdade desenvolvendo coisa na Internet. É, a Bahia tem um jeito..

Eu não podia ir. Isso foi 3 ou 4 dias antes de duas provas que eu tinha. Mas aí olhei os nomes dos caras que iam. Tirando um cara que eu não queria nem ver perto, tudo bem, era tudo gente graúda pacas. Não é todo dia que sento com alguém de algum Ministério. Não é todo dia que tenho chance de falar para gente interessada em ouvir minhas histórias. E no meio do caminho, tinha uma passagem de ida e volta. Pra Salvador. "Senhor, que faço eu com esta espada? Ergueu-a e fez-se" (Fernando Pessoa).

E chegando lá, vendo o nível das conversas que rolaram, digo agora. Era pra ter ido de qualquer jeito. Até se fosse a pé. Sem puxação de saco. Os ouvintes na maioria eram uma grande parte, gente da faculdade de comunicação. Tem internet na UFBA (uma das pioneiras, no Brasil, inclusive o primeiro ftp site brasileiro a hospedar o Barata Elétrica). Mas a coisa não está tão fácil, quanto digamos, na USP. O pessoal lá sua e não é só com o calor. A Telebahia, responsável pela primeira transmissão de TV via Web no Brasil (permitindo ao pessoal lá fora assistir o Jornal Nacional e o Fantástico via computador) não tem uma conexão legal com o resto do Brasil. Se tem, está melhorando agora. O sistema telefônico lá foi desenvolvido com uma tecnologia um pouco mais avançada (me falaram que permite usar Blue Box) e até tem uma conexão internet boa, mas pra fora do Brasil. Não para dentro. Não posso falar isso muito, porque é muito raro eu acessar qualquer coisa no Brasil, a coisa pode ter mudado.

O pessoal ficou sabendo de mim através do André Lemos, que tem uma lista chamada cibercultura. Ele escreveu uma vez numa revista sem mencionar o Barata Eletrica, eu escrevi uma carta indignado e conversa vai, conversa vem, fiquei sabendo que ele foi um dos brasileiros que viu de perto o Congresso de Hackers que teve na Holanda, cinco anos atrás. Gente fina. Levou a sério o lance enquanto ainda era novidade no Brasil. Na época da conferência estava com um projeto de "sala de aula virtual". Não participei da coisa, mas parece que era um curso via correio eletrônico e Chat, com um certificado. Totalmente via internet.  

O início das palestras foi feito pelo Reitor, que só disse uma única frase que vale a pena ser lembrada: "A sala de aula é anacrônica". Tendo trabalhado em Ensino via telemática, concordo com ele.  O André Lemos  e mais um pessoal na bancada disseram algumas palavras sobre o evento, a quantidade de tempo que cada um ia falar, etc, etc.. a mesma chatice de sempre.

14/10 - 15:00 - As mídias e as possibilidades do futuro

Primeiro falou um cara da Renpac, comentando uma série de coisas sobre a Internet no Brasil, a evolução da Internet-II.

Gravei tudo, menos o nome da figura. Acho que foi José Luiz. Tava caindo de sono. O tipo de material que se pode ler aqui e ali' numa revista. Mas com direito de fazer perguntas pra pessoa, que é mais importante. Infelizmente o pessoal que organizou o congresso não fez a transcrição do que rolou nem me mandou um resumo que disseram que iam mandar pra mim. Então to quase escrevendo de memória, mais o que gravei em k-7, mais o que dizia o folheto da Com.Bahia menos tudo o que esqueci depois de estudar pra duas provas de pós-graduação e um concurso, coisa de uns 10 ou 11 livros.

A conferencia seguinte foi da Márcia Rangel, que comentou alguns aspectos da avalanche de informação pela qual passa o ser humano. Baita combustível para pensamento. Quando você imagina que uma grande parte da humanidade não tem o que comer, no entanto você passa de carro por uma favela e vê o a quantidade de antenas de TV, incluindo Parabólicas, existe uma fome por informação. Tudo bem que essa informação pode não ser a mesma que a gente imagina, pode ser a loira do tcham. Mas é impressionante o avanço das parabólicas incluindo nas favelas. Será que esse pessoal realmente aproveita toda a gama de canais internacionais que a channel TV proporciona? Por outro lado, será que o pessoal digere essa informação. Tudo que a pessoa capta, é transformado em atitude, em coisa útil para a evolução da pessoa humana?  E a Dolly? Será que toda essa polêmica em torno da possibilidade de se duplicar uma ovelha não é um sinal de que o ser humano pode estar sendo desvalorizado? Não trouxe muitas conclusões, mas foi uma palestra que marcou, pelo menos para mim.

A outra palestra, a do Paulo Vaz, essa foi um pouco mais "insossa". O palestrante não precisa ser brilhante, desde que o ouvinte seja sábio. O cara é brilhante, mas não estava conseguindo desenvolver o assunto legal de forma que falasse a língua do povo que estava lá. Bem tipo tentar ler "Crítica da Razão Pura". Quando conseguiu encontrar o vocabulário correto para a platéia, já tinha esgotado o tempo. Mas o que consegui entender, quando a coisa ficou mais clara foi o seguinte: antes, a pessoa ia pra escola, estudava e tinha certeza de usar aquilo que estudou mais tarde. Atualmente, com o excesso de informação disponível, a coisa ficou um pouco diferente. Não é só isso. O conceito de mundo está se alterando muito rápido. Até aí normal, todo mundo sabe. Mas o "tcham" da coisa é que o saber virou plástico. O que era antes algo passado as vezes de pai pra filho agora virou coisa de email. Aquele conhecimento que demorava anos pra pessoa "garimpar" virou coisa de algumas semanas na internet. E daí? Daí que o futuro é feito por nós e nossas expectativas em relação a ele. O futuro vai ser aquilo que quisermos que ele seja. Não vai ser o que o Bill Gates disse nem o que o qualquer profeta qualquer falar, mas o que a humanidade achar que deve fazer. Papo meio cabeça. O sujeito teve que terminar antes que desenvolvesse mais o assunto.

Essa coisa de conhecimento "plástico" tem pra mim todo um outro significado. Uns dez ou vinte anos atrás, li uma revista "proibida para menores" (vale a pena explicar que naquele tempo, o Brasil inteiro era proibido para menores de 18 anos - teve revistas que adquiriram status de publicação de alto nível. Isso porque a censura deixava passar algumas matérias de alto nível nessas publicações, alta filosofia e mulher pelada só saía em revista "proibida pra menores de 18"). Tinha uma matéria sobre geralistas e especialistas. Parece incrível eu falar de hacking e mencionar esse tipo de coisa, mas o fato é que o mundo até então, até mesmo hoje, valoriza o cara que se especializa numa matéria. O fulano que é PHD nisso ou Doutorado naquilo, aquele cara que sabe tudo sobre um determinado assunto. Geralista é o cara que não se especializa em nada ou melhor, sabe muito sobre mais de uma especialidade. Havia estas duas categorias. Atualmente, o saber não é mais "especialista" ou "geralista". É  "plástico".

Traduzindo para informatiquêz:  se você é um especialista em UNIX, teu saber não muda com o passar dos anos. Ele acumula. A pessoa evolui com o Unix e aprende mais programas para usar, até dar nó em pingo d'água com ele. Tem todo um universo que a pessoa aprende.  Hard way, mas tudo bem. Agora, se você usa Windows ou software da Microsoft, experimenta ficar fora do seu ambiente de trabalho dois ou três anos. Se você era um especialista em Windows, tudo bem, com o mesmo tempo disponível podia aprender multi-mídia, desktop publishing, edição de textos, etc, etc.. mas se fosse para uma ilha deserta e voltasse dois anos depois, tudo aquilo não ia valer nada diante do windows 95 ou win98. Quem está se esforçando pra aprender coisa em windows, se esforçou para aprender conhecimento plástico, fácil de ficar obsoleto, embora mais fácil de usar e configurar... Não sei se transmiti a idéia. O geralista seria o cara que se vira  tanto em Unix, quanto no windows, e se sair nova versao, abandona o que já aprendeu e vai em frente (ou seja, 90% dos hackers). Traduz esses conceitos e idéias para coisas como: profissão, faculdade, emprego, etc.. Foi o que entendi, talvez o Paulo Vaz tivesse outras idéias.. vai saber o que esse pessoal de filosofia (ou sei la' a area dele) pensa. Se você fala que entende, eles falam outra coisa. Nada do que esta' nesse parágrafo ele falou, eu que to tentando passar o que entendi. Talvez isso acenda uma lâmpada na cabeça de vocês leitores..

14/10 - 19:00   Espaço Virtual: outros mercados

Na verdade, cheguei já tinha começado. Ainda caindo de sono e pra piorar as coisas, como não achava que ia ser grande coisa, não trouxe fita pra gravar as palestras. Oh, dó..  Pior é que me entupi de acarajé e o sono também não tava fácil.. o programa falava em Cláudio Cardoso (Facom/UFBA) tenho uma vaga memória da palestra (o pior é que não tenho nenhuma certeza se foi ele ou outra pessoa no lugar dele, se ele estiver lendo, sorry).  

A palestra seguinte foi de um soteropolitano, cujo nome não me lembro direito mesmo. O cara é publicitário. Pra quê vou fazer publicidade dele no Barata Elétrica? Não tô ganhando pra isso.. o cara fez tanta questão de falar em money.. Sujeito arretado. Contou a história de como a Web page dele transformou sua agência de publicidade num sucesso. Sucesso leia-se: "fiz minha página num tempo em que os jornais de Salvador não tinham muito o que falar da internet em âmbito LOCAL, então publicavam notícia sobre qualquer coisa que fosse feita nesse assunto". Isso significa que a página dele, além de um conteúdo interessante, teve o que toda agência de publicidade gostaria de ter: notícia de jornal falando dela. O resto é fácil, basta um conteúdo bem povão, leia-se receitas de comidas típicas e coisas que todo mundo gosta mas que na época, com a internet começando, não tinha. Acho que eram coisas de horóscopo e simpatias.. o povo baiano é bem místico. Bom, o fato é que a mistura funcionou e todo mundo comentou a página dele. Provavelmente faltava conteúdo em português na época. Então, um caso de estar na hora certa com uma disposição específica e os materiais na mão.

O resto da palestra podia ser sintetizado assim: "como sou inteligente, tudo aconteceu da forma prevista no tempo certo, com precisão de relógio" ou "só um gênio do marketing que nem eu teria visto isso" e "internet tem que priorizar o lado comercial sim, o cara vai desenvolver um web site, tem que receber uma baita grana pra coisa ficar boa". Eu caindo de sono e tendo que ouvir isso. O André até fez um contra-ponto, mostrando que na internet não era bem assim e que gente com boas intenções fazia acontecer e etc, etc.. comentando esforços de gente que nem eu. Falou tão legal que até me deu "ânimo" pra fazer umas perguntas ("capciosas") depois.

O que levantou um pouco o astral foi a palestra da Marion Strecker, do todo-poderoso Universo On Line. Ou deveria dizer: o futuro Braz-Compuserve? Achei genial porque os chats do UOL (enquanto serviço gratuito) são uma verdadeira coqueluche em várias faculdades da USP. Gente que morria de medo de computador agora fica direto lá ou www.zaz.com.br que parece que também tem o serviço. E .. de vez em quando pintam umas coisas, como a pesquisa sobre a juventude do futuro, feita pela Agência Folha ou sei-lá o quê. É tudo grupo Folha, para mim, apesar de saber que o UOL é um baita provedor internet, etc, etc.. Foi ótima a palestra, porque ela mostrou e discutiu o esforço da empresa em criar esse ambiente cyber, desenvolver páginas para várias revistas, reunir tudo num só lugar, coisas do gênero. Depois falou da tal pesquisa: "O jovem, a sociedade e a mídia do próximo milênio". Estragou uma parte da minha fala. Tem várias formas de analisar aqueles resultados. Mas são pesquisas importantíssimas. São estes gráficos que os caras mostram pros anunciantes na hora de conversar os preços dos anúncios: "tá vendo, nossos anúncios são caros porque funcionam, olha só quanta gente acessa". E o esforço do UOL para ter um dos maiores números de acesso, alcançando o Yahoo (aliás desenvolveram sua própria ferramenta de busca).

Em seguida (e esta foi a parte que mais gostei), falaram sobre o perfil do trabalhador do futuro, no que se refere ao UOL. Infelizmente, não gravei esta parte, gente. Tava morto de sono e portanto não tenho certeza de tudo o que ouvi, mas acho que foi mais ou menos assim: "Para nós, o profissional do futuro terá que ser capaz de atuar em várias áreas. Tem que ser capaz de dominar uma língua estrangeira, de preferência, ter vivido num país ou outra cultura. Saber também se situar com um computador, sendo capaz tanto de assumir o papel de editor como diagramador em linguagem html. Tem que ter um vocabulário rico e ser capaz de escrever com um estilo conciso, inteligente e ligeiramente sarcástico, ter uma iniciativa capaz de sozinho fazer uma publicação".  Não, não foram estas palavras, mas eu juro que a Marion descreveu o trabalho que eu faço no Barata Elétrica. Tudo bem.. chegou a época das perguntas:

"Qual o interesse da UOL em fazer esse universo tão legal e gratuito? É fazer propaganda do servidor internet UOL?"

Ela confirmou que realmente o material disposto no UOL não se paga, as revistas que podem ser consultadas lá gratuitamente não representam um retorno financeiro que compense. Uma semana depois, quando voltei a acessar, descobri que várias áreas do UOL passaram a ser específicas para assinantes (e uma promoção "traia o seu servidor, mude para cá"). Ou seja: primeiro, acostumaram todo mundo com um ambiente de acesso gratuito a informação, áreas de chat, etc.. depois começaram a cobrar. Me lembro alguma coisa sobre ela ter me dito que a UOL tinha comprado o que antes era conhecido como Compuserve, uma multinacional no que se refere a acesso rede não-gratuito. O Compuserve é o que seria a internet não-gratuita; um shopping center da informação. Até o correio eletrônico, se a pessoa receber muito, paga mais caro.

Mas o que mais me deu prazer foi no final da palestra, quando já estava todo mundo indo embora, perguntar para ela, não na frente de todo mundo (achei que seria meio indelicado) algo.. meio pessoal. Seguinte: o UOL tinha aberto vaga para redator. 2 paus por mês. Uma página de currículo cujo formulário você preenchia on-line. Eu tinha preenchido esse formulário (embora deixasse em branco algumas coisas e não falasse toda a minha vida, se eu preenchesse tudo, o cara dos Recursos Humanos ia poder escrever minha biografia). Bom. Nunca recebi uma única resposta. E eu sou tudo aquilo que ela tinha falado (tá bom, minhas páginas html não são aquela coisa, mas eu faço). Nunca recebi uma resposta por email. Que que ela achava disso?  "É, você tem razão, o mínimo era ter te mandado um email de volta, não sei o que aconteceu". Aí eu falei pra ela: "deve ser por causa da idade" ela: "não, por isso não. Não sei o que pode ter sido".

Perguntei isso em particular (e não em público) porque me lembrei de um leitor do Barata que chegou para mim (sobre um artigo de "currículum vitae" e um texto sobre geração X) e contou como "detonou" com a palestra de um executivo de multinacional. Falou no início "queremos o nível máximo de lealdade dos nossos funcionários" e perto do final falou "infelizmente, teremos que realizar grandes cortes na folha de pagamento para poder manter a empresa". O palestrante não sabia o que responder quando esse meu amigo perguntou: "como é que você espera manter a lealdade de um funcionário que sabe que pode NÃO estar numa lista de Schindler (obs: a lista dos que vão continuar na empresa)?".

A maioria das empresas contratam quem eles querem, despedem quando estão a fim  e talento ou competência não tem nada a ver. Se tivesse, vários políticos não teriam conseguido galgar o poder até chegar a deputado, senador ou presidente. 

Dia 15/10 - 15:00  Políticas e leis das tecnologias digitais

Finalmente, tô na mesa com o Vicente Landim (Ministério da Ciência e Tecnologia). Esclareceu algumas coisas incríveis sobre jurisdição antes da conferência começar. A palestra que tinha preparado não foi tão interessante quanto poderia ter sido. Falha técnica. Simplesmente ele tava por dentro de coisas mais interessantes, mas na hora só tinha trazido aquilo que falou. Tá gravado, mas já esqueci o que é. Só sei uma coisa: é legal que o pessoal comece a se mobilizar contra a legislação sobre o ciberespaço que aquele "senhor" da Paraíba está aprontando. Comece a pressionar o congresso para não aprovar. O dia em que ela for aprovada eu paro de publicar o Barata Elétrica.

A palestra do André Lemos foi bem decente. Tudo o que eu não falei na minha ele falou e completou na dele. Ciberespaço, PGP, Clipper, Criptografia, Operação Sundevil, Computer Underground, achei que não ia dar tempo. Como chefe da mesa, ele conseguiu. Muito boa.

A minha foi um breve (45 minutos) histórico sobre como fiz o primeiro fanzine em língua portuguesa na Internet. O porquê do nome, consegui minha conta internet, sendo da Letras, numa época em que nem todo o pessoal do 3o ou 4o ano do IME-USP (Instituto de Matemática e Estatística da USP) sabia disso. Foi "tão emocionante". O pessoal curtiu a coisa. Fui meio hilário uma hora, mas pelo menos ninguém dormiu.

Foi legal pra mim porque senti meu trabalho sendo reconhecido, do ponto de vista acadêmico. Fiz a prova de Pós em Jornalismo. Eles queriam 7.0, eu tirei 5.0. Chato para eles e para a Faculdade de Jornalismo da USP. Por hipótese, amanhã os alunos daquela faculdade e de muitas outras de jornalismo no Brasil, vão estar estudando experiências como a minha. Isso é um fato, não é viajar na maionese. E (hipótese) se daqui a cem anos o pessoal resolver que meu trabalho merece elogios, não vão falar que foi "culpa" ou "influência" da faculdade de jornalismo. Se bem que passei na Pós em outro lugar da USP e parece que alguém de jornalismo vai co-orientar minha tese.

15/10 - 19:00 - Um novo jornalismo: informatizado/online

Umas pustas dumas palestras interessantes. Mais ainda porque teve gente que NÃO veio. Conheci o Fernando Vilela, editor do "G???? ?? I??????.??", entre outros palestrantes. Mas antes tivemos que ouvir uma palestra até  razoável de um cara da prefeitura, contando como funciona(ria) a Secretaria de Comunicação de Salvador. Tinha gente na platéia que garantiu que quase tudo ali era teoria. Teoricamente, um pessoal ficaria de olho nos jornais, recortando as matérias sobre a política local, recortaria, faria um resumo sobre o que valesse a pena, depois faria cópias, mandaria via taxi para outro escritório que  tomaria ou não uma posição a respeito, outro resumo do que fazer e não fazer, outro relatório para ser copiado e despachado para todas as repartições administrativas da cidade de Salvador. Isso o sujeito ficou descrevendo durante meia hora, para depois falar que uma intranet permitiu reduzir consideravelmente os problemas de se levar essa papelada toda pra lá e pra cá pela cidade, em plena hora do rush, que é quando tudo ficava pronto. Interessante do ponto de vista de logística, mais nada.

A do Fernando Vilela, "o mineiro mais carioca nascido em Brasília", era bem esperada pela platéia. Tava muito nervoso pra falar em público. Comentou do problema de excesso de informação (perdeu um pouco do pique de ficar por dentro de tudo, mas por questões profissionais não podia mudar os hábitos). Apresentou algumas idéias fantásticas que estava desenvolvendo para a Pós, como por exemplo o que seria dois planetas interligados pela internet, se eles funcionariam como seres vivos gigantescos, umas coisas que a cibercultura anda pensando aqui e ali. Também falou da experiência dele com a ???????.??, quatro ou cinco pessoas que estavam na faculdade e se uniram pra fazer aquela revista. Foi legal bater um papo com o cara, apesar da revista dele até hoje não ter incluído o Barata Elétrica no G??? ?? ????????.??, já que até "Zé do Caixão" os caras colocaram. Falta de informação ou resolveram que "não merece"? Semana passada dei uma olhada na última edição e parece que pelo menos mencionaram numa reportagem e de forma até boa. Não tava ruim.

Houve também uma palestra de um outro professor da FACOM (Faculdade de Comunicação), não me lembro se foi o Marcos Palacios, que fez uma explendida exposição da tecnologia Push e o futuro da imprensa escrita versus o jornalismo via internet. Não cabe aqui explicar todos os detalhes. Muita coisa. Basicamente, o que é o trabalho de um cara, que recebe todas as notícias e tenta encaixar em uma ou duas páginas, na vã tentativa de passar o que está acontecendo no mundo lá fora, esse trabalho pode ser feito por qualquer um, ligado a internet. Dá um artigo inteiro no  Barata Elétrica. Talvez num próximo número. Escrevendo isso, me lembro que teve também o pessoal de outro jornal que entrou on-line que também deixou a experiência dele com o jornalismo na internet. A única coisa que ficou é que existe uma preocupação em não soltar determinadas notícias antes que a edição chegue as bancas, para não prejudicar um determinado  "furo" de reportagem. Não tenho certeza se esse palestrante foi o Demóstenes Teixeira (Correio da Bahia) ou Alberto Oliveira (A Tarde). Ou se não foi nenhum dois e sim outra pessoa. Tô com o roteiro aqui na mão enquanto escrevo, mas teve coisa que não gravei e sei também que houve modificações por conta de gente que não pode vir ou mudou de dia.

Outra palestra muito boa foi do Roberto Izabor (Telebahia). Massa. Explicou em detalhes como foi a implantação da primeira web-tv no Brasil, permitindo ao pessoal lá fora assistir nossa "maravilhosa" TV Globo. E entrou fundo em trocentos detalhes referentes ao início, presente e futuro da Internet aqui (ou deveria dizer lá na Bahia). Falou da privatização das linhas telefônicas, novas tecnologias, de novo o etc, etc..  Não é coisa também para meia dúzia de linhas. Esse tipo de palestra eu gravo em fita k-7 pra futura referência.. qualquer dia boto num CD. 

Depois da palestra fui numa festa da faculdade com um pessoal da Comunicação, incluindo umas meninas com quem tentei algumas técnicas de "Engenharia Social". Inutilmente. Qualquer um que mexa com produção artística dá de dez em termos de jogo de cintura. Não adianta nem "fingir" sinceridade. Mas foi legal. Deu até vontade de fazer Pós lá, apesar que é muito difícil. Os caras de lá querendo descer para cá e caras daqui querendo subir para fazer Pós lá, onde tem alta concorrência. É uma das poucos Universidades no Nordeste onde tem essas matérias. Rolou um papo em cima, incluindo uma discussão sobre a tal "mineiridade". O pior é que as pessoas tem curiosidade em saber o que um mineiro pensa disso. É meio estranho discutir o tema. O pior é que quando entro nesse assunto, acabo fazendo propaganda de uma tese que não li, só folheei, chamada "a mitologia da mineiridade" (Arruda, Maria A do Nascimento) defendida na USP. Minas Gerais deve ser algo meio misterioso pra quem não é de lá..

Dia seguinte, 16/10, teve (de acordo com o roteiro):

Infelizmente não pude comparecer. Assim que o Gadelha me der um toque sobre se a equipe fez ou não a transcrição do evento e/ou gravação das conferências que perdi, eu trabalho numa possível continuação dessa matéria, envolvendo o dia 16/10.

De resto, só dei uma rolê com o pessoal da Faculdade, que mostrou os pontos turísticos, como o Pelourinho e as praias. Depois, aeroporto e back to São Paulo. Foi tão rápida minha visita (medo de duas provas nos dias seguintes) que nem entrei numa praia. Me dá um medo ir pra uns lugares desse tipo. Conheci um cara que foi passar as férias no Ceará. Voltou 17 anos depois. Nem o FGTS ele foi atrás.

A I COM BAHIA é uma prova que já se pode fazer uma conferência Cyber no Brasil. Não é como quando fui para a Argentina. Tudo depende é de ter uma soma de fatores: um ambiente legal, uma turma boa para organizar e gente que apoie, tanto com patrocínios como com outros tipos de apoio. Só acho uma pena que quando fui não avisei a moçada que conhecia em Salvador.  A maior parte do público era de gente da própria faculdade. Faltou um pouco de divulgação aqui no Sul, podia ter sido muito mais divulgado. Vários fãs do Barata Elétrica perderam a chance (parece coisa de convencido, mas infelizmente ou felizmente, é fato, fazer o que?). Era um evento mais ligado a Comunicação e Jornalismo, mas hoje, quem se liga na Internet, tem um pé dentro dessas duas matérias. A Faculdade de Comunicação da UFBA mostra que iniciativa traz resultados concretos. Parabéns.

perderam a chance (parece coisa de convencido, mas infelizmente ou felizmente, é fato, fazer o que?). Era um evento mais ligado a Comunicação e Jornalismo, mas hoje, quem se liga na Internet, tem um pé dentro dessas duas matérias. A Faculdade de Comunicação da UFBA mostra que iniciativa traz resultados concretos. Parabéns.