A FOFOCA NOS TEMPOS DA GLOBALIZAÇÃO

A FOFOCA NOS TEMPOS DA GLOBALIZAÇÃO

(de novo)(r)

http://migre.me/oIMB1

Derneval R.R. Cunha

https://sites.google.com/site/barataeletricafanzine Email drrcunha@yahoo.com.br Índice barata20

Alguns leitores já devem ter visto que esse é um assunto que curto trabalhar. Meu maior medo da revolução informática é que os computadores controlem cada passo da vida do homem. Já coloquei este assunto em números anteriores do fanzine e volto a colocar de novo. União Européia está pensando em que George Orwell tinha razão. Estão cogitando "grampear" chamadas telefônicas via satélite sem autorização, entre outras coisas. É um lance rolando entre a UE, os EUA, o Canadá, Nova Zelãndia e até a Noruega, que está fora da coisa. Tudo em nome de combater o terrorismo. Interessante porque as nossas companias telefonicas foram vendidas para companhias desses países. Talvez rolem mais "grampos" nas notícias, então. Que melhor forma de chantagear um membro de um governo do que expor mazelas políticas? Veja tudo em http://www.wired.com/news/news/politics/story/16588.html?wnpg=2

Engraçado é esta outra,você pode ler melhor no ttp://www.fcw.com/pubs/fcw/1998/1102/web-nsa-11-05-98.html . Sabe o que está rolando? Acredita em teoria de conspiração? Melhor acreditar.. A União Européia, que estaria pensando em "grampear" em nome da luta contra o terrorismo, está investigando se a NSA, agência norte-americana especializada em escuta, monitoria de informação codificada, defesa da criptografia americana, etc, etc, etc, se essa agência não está abusando. De acordo com o Comitê de Opções Científicas e Tecnológicas do Parlamento Europeu, todas as comunicações via correio eletrônico, telefone e fax estariam sendo interceptadas através de um hub em Londres e depois enviadas para os EUA. O nome código do projeto é Echelon.

http://www.Genocide2600.com/~tattooman/

unix-humor/gallery/ Esta imagem - paródia foi retirada do

Bonito nome, não? Sei lá. Um sujeito chamado Nick Hager denunciou, num livro chamado "SECRET POWER", umas coisas interessantes: como o GCSB (Government Communications Security Bureau), que é uma agência secreta da Nova Zelãndia,  a espionar para o NSA (National Security Agency, encarregada da criptografia americana), sua colega de profissão.  Só que, ao contrário dos tempos da Guerra Fria, em que a espionagem era feita pensando no inimigo vermelho, agora ela esta sendo feita em alvos não militares ou seja: governos, organizações, negócios e indivíduos.

A idéia não é ficar espionando especificamente um email ou telefone de uma pessoa só, dentro desse mundarel. Não. A idéia é ficar ouvindo tudo e colocar computadores para identificar palavras chaves que ativariam as maquininhas de gravação. Mais ou menos assim. Uma palavra chave pode ser nome, localidade, assunto, etc e ao ser proferida pelos sistemas de comunicações, ela é checada por computador se não está na lista de "coisas interessantes".

Tudo começou por conta do tempo da Guerra Fria. UKUSA, um acordo ultra secreto entre governos. O projeto SHAMROCK foi iniciado para conseguir cópias de todas as informações telegráficas entrando ou saindo dos EUA e contou com a colaboração da RCA, ITT e Western Union (as companhias responsáveis pela telegrafia lá, o equivalente da Embratel, talvez).  Os primeiros computadores fabricados foram usados nessa estória. Que foi um sucesso para a CIA e o NSA, até 1975 (no pique da coisa eram 150.000 mensagens por mês). Como a opinião pública ficou sabendo, a coisa foi parada.

Um projeto "irmão" o MINARET, foi feito e envolvia  a criação de "listas de vigilãncias" (listas negras) incluindo gente como Martin Luther King, Jane Fonda, Joan Baez, etc.. também foi fechado quando o Departamento de Justiça ficou por dentro da história. Entre 67 e 73, cerca de 5,925 estrangeiros e 1,690 organizações e cidadões americanos foram incluídos na coisa.

A CIA criou o projeto CHAOS que visava espionagem doméstica. Já no tempo do Johnson (quando a guerra do Vietnã começou a ficar séria) foi organizado o projeto RESISTANCE que visava as organizações contra a guerra, tipo quem eram os ativistas e os dissidentes políticos.  Os dois viraram um só, depois que Nixon assumiu a casa branca.

E por aí vai..

 O principal jogador aí é a NSA. Os computadores dentro deste network são conhecidos como os "dicionários Echelon". São vários e existem desde 1970, mas atualmente estão funcionando como um só, ligados em rede. Cada um contendo e ouvindo comunicações de acordo com palavras chaves de várias das agências que compoem o projeto, a CSE (Communications Security Establishment) do Canadá, a Government Communications HeadQuarters (GCHQ) na Inglaterra e a GCSB da Nova Zelãndia. Se um destes "dicionários" (ou postos de escuta, dá no mesmo) encontram uma palavra-chave que interessa a agência de um outro país, a coisa vai automaticamente para a agência de destino, como se cada um desses paises tivesse uma base de escuta em cada canto do mundo.

Em outras palavras, vamos supor que uma pessoa procurada pela polícia na Nova Zelãndia estivesse no Canadá. Ao digitar o número do telefone de um vizinho da mãe dele, por exemplo. Se esse número estivesse na lista de prioridades do computador dicionário da Nova Zelãndia, já nos EUA a conversa do cara começaria a ser rastreada. Se num email, o mesmo endereço ou número do telefone aparecesse, mesma coisa: haveria um forward da mensagem para o pessoal lá perto da Austrália.

Parece uma coisa distante, né? Alguém já notou que a imprensa brasileira fala quase nada do Peru? Existe uma ditadura lá e censura a imprensa. Mas.. a guerrilha contra o presidente Fujimori foi vencida. O principal líder do Sendero Luminoso, foi preso, graças a escuta telefônica feita por computadores, tecnologia americana. Desse jeito

A mais poderosa dessas estações eu já comentei num número anterior do Barata Elétrica (https://sites.google.com/site/barataeletricafanzine/Home/index-html/barata05#THEHILL). A estação da NSA de Menwith Hill tem 22 terminais de satélite e quase 5 acres de edifícios. É a mais poderosa do mundo e influiu na guerra do Golfo. Funciona também como estação de espionagem dos satélites americanos. Intercepta tudo, até Walkie-Talkie. Tem outras, como a Pine Gap em Alice Springs no centro da Austrália, a de Bad Ailbling na Alemanha. Tudo escutando o que o mundo está dizendo. Esta informação foi descoberta por velhinhas que já do tempo da guerra fria não gostavam muito da idéia de que sua cidadezinha servisse de alvo para um ataque nuclear. Como queriam que esse povo todo fosse embora, fizeram várias incursões no que seria territorio top-secret e .. informaram a imprensa o que conseguiram.

Na verdade o sistema funciona como uma rede de pesca. Vai armazenando de acordo com as palavras chave. Depois um grupo de analistas vai separando o resultado, se a mensagem vale a pena, etc.. cada "peixe" tem hora, local, data, destino e outras informações relevantes e fica catalogado em códigos, de acordo com a agência para qual a informação é relevante.  Existem programas lá dignos de ficção científica ultrapassada, como programas de reconhecimento de voz que convertem a fala em texto passível de ser monitorado por computador. Milhões de mensagens a cada hora, 24 horas por dia, de segunda a segunda.  A capacidade de ouvir não adianta nada sem a capacidade de "digerir" o que foi ouvido.

Além da estação de Menwith Hill existem várias outras para conseguir esse prodígio:

STEEPLEBUSH - 160 milhões em vigilãncia de satélites, foi completada em 84

RUNWAY - Recebe  sinais de satélite Vortex e tráfego da Europa, Asia e antiga URSS. Faz o "forward" pra Menwith Hill.

PUSHER - cobre a frequência HF entre 3 e 30 MHz ( rádio-amador, walkie-talkie e outros rádios). Pega tudo, incluindo comunicações de embaixadas, aéreas e militares.

MOONPENNY - Pega satélites de comunicações de outros países, assim como do oceanos Atlântico e Índico.

KNOBSTICKS I e II - desconhece-se o objetivo

GT-6 receptor de satélites geosincrônicos chamados de Advanced Orion ou Advanced Vortex. Também pega o Advanced Jumpseat.

STEEPLEBUSH II- expansão do I, digere informação do RUNWAY.

SILKWORTH - construído pela Lockheed, processa a maior parte das informações coletadas.

A coluna vertebral dessa escuta são os satélites Intelsat e Inmarsat, que fazem o grosso do trafego de comunicações entre e dentro de vários países e continentes. São para fins civis (tipo transmissão de notícias, etc) mas também carregam comunicações diplomáticas.  Outros são os satélites de espionagem americanos, capazes de "chupar" tudinho tudinho em termons de comunicação via celular, ondas curtas, que rola no solo.

Mas o que fazem, estas estações?

Pra justificar sua existência, já que os russos não são mais o grande perigo, o alvo agora são informações comerciais e econômicas. Alguns exemplos:

Bom, por aí se pode entender porque os EUA consideram que exportação de tecnologia de criptografia equivale a contrabando de armas. Só através da criptografia alguma coisa pode ser escondida. Alguma privacidade, mantida.

Como essa informação é usada? Perguntem pro nosso presidente em exercício. Várias conversas telefônicas e fitas já serviram de farto material de imprensa, detalhando coisas que atrapalharam o mandato. Pode-se torcer contra o cara, mas o fato é que informação confidencial não cai na mão da imprensa fora de hora. Cai quando pode fazer dano. E da mesma forma que "fofoca" não significa nada num contexto, em outro significa tudo. A força de um boato é enorme. Se houver noticias que fundamentem, maior o problema. E quando a coisa cai na boca do povo, a única coisa que se escuta é o que mais danifica a reputação da pessoa. Porque o volume do burburinho é alto e a ficção interessa mais do que a realidade. Pra se fazer ouvir é preciso gritar e ninguém entende um grito feito fora de contexto. Isso é válido pra qualquer caso envolvendo boatos.

Não é difícil de imaginar então o valor de um sistema capaz de vigiar a vida de cada cidadão para um governo totalitário. Na democracia mesmo essa informação sobre a vida privada tem um valor incalculável. Graças a estatísticas e listas sobre quem compra o que, as empresas sabem quanto elas podem aumentar sua margem de lucro sem haver chiadeira da população ou perder a popularidade. Imagina só: identifica-se quantas pessoas estão realmente desesperadas por um produto X independente da qualidade e lá vai esse produto ser produzido. Ou.. tcham, tcham.. quantos caras a FORD pode demitir sem que seus colegas sejam solidários.. o exemplo é ruim, mas é pra entender  onde eu estou querendo chegar. E a privacidade das pessoas só vira assunto quando aparece no programa do Ratinho. Ninguém pensa em defender sua intimidade. Acha que vai virar notícia no Fantástico e não nas páginas policiais. Não compreende que é preciso se preocupar com isso. E tem que ser hoje.  Amanhã pode ser tarde demais.

BIBLIOGRAFIA:

Me baseei nos seguintes textos para produzir o texto acima.

HAGER, Nick: Exposing the Global Surveillance System; Covert Action Quaterly

POOLE, Patrick S. Poole:  Echelon: America's Secret Global Surveillance Network

   

uzir o texto acima.

HAGER, Nick: Exposing the Global Surveillance System; Covert Action Quaterly

POOLE, Patrick S. Poole:  Echelon: America's Secret Global Surveillance Network