Joana Abrantes Gomes (Retirado de https://eco.sapo.pt/2022/06/04/antes-da-turquia-estes-paises-tambem-mudaram-de-nome)
4 Junho 2022
Divisões de território, guerras, mudanças de regime, processos de independência ou apenas para facilitar a pronúncia em outras partes do mundo são algumas das razões que levaram países a mudar de nome. Nuns casos, a alteração ocorreu há tantos anos que reconhecemos esses países apenas pelos seus nomes na atualidade; mas há outras nações cujo nome mudou tão recentemente que muitas pessoas ainda têm dificuldade em usar as novas denominações, como é o caso dos Países Baixos, anteriormente mais conhecidos por Holanda.
O processo para mudar o nome de um país não é simples nem barato. Ainda assim, vários Estados decidiram avançar com a decisão. O ECO lista sete países que escolheram um novo nome e quais os motivos por trás da mudança.
A Turquia é o mais recente país a mudar de designação. Na última quinta-feira, em resposta a uma carta do ministro dos Negócios Estrangeiros de Ancara, Mevlüt Çavuşoğlu, as Nações Unidas deixaram de reconhecer “Turkey” e passaram a identificar a Turquia como “Türkiye”.
“Türkiye é a melhor representação e expressão da cultura, civilização e valores do povo turco”, disse o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em dezembro passado, quando o seu Governo divulgou um memorando sobre a mudança do nome.
Em causa está o nome do país na língua inglesa (Turkey), um termo de tal forma generalizado que até é usado com frequência na própria Turquia. Mas a ideia é que o termo turco passe a designar o país no estrangeiro em todos os contextos, e deixe de ser associado à ave, peru – que em inglês também se designa “turkey”.
O Governo neerlandês abandonou o nome Holanda em 2020, passando a referir-se ao país como Países Baixos. A razão para a mudança prendeu-se sobretudo com o facto de duas das 12 províncias do país terem no nome Holanda, nomeadamente a Holanda do Norte e a Holanda do Sul.
Por outro lado, tratou-se também de uma questão de marketing. Alegadamente, a mudança de nome faz parte de um esforço para deixar de associar o país ao uso recreativo de drogas e prostituição legal, fatores de atração para turistas à capital Amesterdão, que se situa na província da Holanda do Norte.
A anteriormente chamada República da Macedónia tornou-se oficialmente República da Macedónia do Norte em fevereiro de 2019. Contrariamente às mudanças de nome de outros países, a motivação neste caso foi política. Para aderir à NATO e à União Europeia, teve de diferenciar-se de uma região da Grécia também chamada Macedónia, um nome cuja utilização pelo país vizinho era há muito contestada pelo Governo grego. A disputa de nomes levou a uma instabilidade na região, até porque a atual República da Macedónia do Norte foi, em tempos, um reino grego.
Ainda assim, os cidadãos locais continuam a ser chamados de “macedónios”, o mesmo termo usado para referir o idioma oficial do país. A Grécia tinha preferido que o país dos Balcãs abandonasse o uso do termo, propondo em vez disso os nomes “República Vardar” ou “República de Skopje”, mas, após longas negociações, venceu a Macedónia do Norte.
Em abril de 2018, o rei Mswati III da então Suazilândia, nação situada na África Austral, emitiu um comunicado no qual anunciava que o nome do país mudava para Essuatíni. A intenção do governante era libertar o país do passado colonial, mas também para evitar confusões com a Suíça, cujo nome em inglês é Switzerland.
Para a população local não foi uma surpresa, visto que já era assim que denominavam o seu país. O novo nome, que era o nome pré-colonial da nação, foi anunciado no ano que marcava o 50.º aniversário da formação do país africano. Na língua local, significa “terra dos suázis”.
O nome oficial continua a ser República Checa, mas, em 2016, Chéquia passou a ser a sua designação curta em contexto internacional, tal como Portugal o é para o nome oficial da República Portuguesa ou França para República Francesa. Neste caso, a razão para a mudança foi sobretudo para facilitar o uso do nome do país em ações de marketing, em eventos desportivos e nas relações com outros países, e também para facilitar a pronúncia noutros idiomas.
Embora a União Europeia, as Nações Unidas e algumas grandes empresas se refiram ao país como Chéquia, o nome não tem tido muito uso a nível internacional. Um dos motivos é a possibilidade de, na língua inglesa, poder confundir-se com Chechénia, uma república russa na região do Cáucaso.
A mudança de nome de Cabo Verde remonta ao ano de 2013. Esta nação insular, localizada no Oceano Atlântico a cerca de 700 quilómetros da costa do Senegal, tinha antes o nome em inglês de “Cape Verde” que, traduzido para português, significa “capa verde”. Embora não seja um cabo, o arquipélago situa-se logo a seguir ao ponto mais ocidental do continente africano.
Assim, por razões práticas, o Governo da altura procurava um nome padrão que não precisasse de ser traduzido, optando por Cabo Verde. O ministro da Cultura naquela época disse esperar que o novo nome do país pudesse conjurar associações positivas com o sol, o mar e pessoas felizes.
À semelhança do Essuatíni, o Sri Lanka mudou de nome para se afastar do passado colonial de vários povos que invadiram o antigo Ceilão, entre os quais o português. O Sri Lanka tornou-se independente em 1948 e a mudança de nome aconteceu em 1972, mas só décadas depois, em 2011, todas as referências a Ceilão foram suprimidas em documentos de órgãos oficiais e empresas que ainda contavam com o nome antigo. Resistiu apenas o popular rótulo do chá do Ceilão.