Unicórnio

Unicórnio. Um dos Seres Fabulosos mais difundidos do mundo antigo. Na China, o unicórnio (Ch'ilin) era o símbolo de virtudes soberanas. Numa tradição indiana, o peixe que salvou Manu do dilúvio também é descrito como um unicórnio marinho. Segundo o Bundahish, obra religiosa dos sécs. IX/X, o unicórnio sobrepuja o poder do mal. O unicórnio foi introduzido no mundo da fé cristã pela tradução imprecisa do hebraico re'em (búfalo, boi selvagem; e.g., Nm 23,22). Orígenes compara o chifre único com o poder universal de Cristo, que "terá o domínio único de todos os reinos como unicórnio". Como símbolo da pureza e da castidade, o animal tornou-se Símbolo de Maria. Com seu chifre, purifica a água envenenada pela serpente (Phisiologus) e ingressa na medicina. Na heráldica, geralmente representado de pé; no brasão britânico, diante do leão inglês, o unicórnio representa a Escócia. (Lurker, 2003)

Unicórnio. Animal fabuloso, frequentemente branco, conhecido por muitos povos sob a forma de cabra, de burro, de rinoceronte, de touro ou cavalo (mais tarde, principalmente) com um único chifre, que se tornou popular por meio do "bestiário". Na verdade, esse chifre único pode ser interpretado como um símbolo fálico, mas como a sede corresponde à "sede" do espírito, simboliza ao mesmo tempo a sublimação das forças sexuais, tornando-se portanto também símbolo da pureza virginal. O chifre reto e pontiagudo (às vezes espiralado) é, além disso, um símbolo do raio de sol. No Zoroastrismo, o unicórnio simboliza o poder puro que derrota Arimã. Na China, via-se nele um símbolo das virtudes soberanas. O cristianismo considera o unicórnio como símbolo da força e da pureza. Segundo a lenda, ele só pode ser apanhado e domesticado por uma donzela pura, para cujo colo ele foge quando caçado. Por isso, encontram-se muitas vezes na iconografia cristã representações da Virgem Maria com o unicórnio ao colo, como alusão à concepção imaculada de Maria (Maria immaculata). Afirmava-se que o pó de unicórnio (retirado do chifre) curava feridas, e atribuíam-se também a seu coração virtudes curativas: nesse sentido, o unicórnio aparece muitas vezes como emblema de farmácias. (Lexikon, 1997)

LEXIKON, Herder. Dicionário de Símbolos. Trad. Erlon José Paschoal. São Paulo: Cultrix, 1997.

LURKER, Manfred. Dicionário de Simbologia. Tradução Mário Krauss e Vera Barkow. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003.