Cronos. Mais que ao simbolismo geral do Saturno, nos referimos aqui às imagens do tempo, derivadas das orientais, tão frequentes no Baixo Império romano. Em algumas representações aparece com quatro asas, duas abertas como se fosse voar e duas dobradas como se permanecesse quieto, aludindo ao dualismo do tempo como transcurso e como êxtase. Também lhe atribuíram quatro olhos, dois na frente e dois atrás, símbolo de simultaneidade e do presente entre o passado e o futuro, sentido que possuem também os rostos de Jano. Mais característico é o "Cronos mitríaco", deificação do tempo infinito, que deriva do Zervan Akarana dos persas. Sua figura humana é rígida, às vezes com cabeça de leão. Quando tem cabeça humana, a testa de leão aparece situada sobre o peito. O corpo da efígie aparece enrolado nas cinco voltas de uma enorme serpente (de novo o sentimento dual do tempo: o transcurso enroscado na eternidade) que, segundo Macróbio, representa o curso do deus na eclíptica. O leão, em geral associado aos cultos solares, é emblema do tempo enquanto representa sua destrutividade e a devoração. Com este sentimento aparece em muitas representações funerárias romanas, e mesmo medievais. (Cirlot, 2005)
CIRLOT, Juan-Eduardo. Dicionário de Símbolos. Tradução de Rubens Eduardo Ferreira Frias. São Paulo: Centauro, 2005.