Anel. A ambivalência deste símbolo provém do fato de que o anel une e isola ao mesmo tempo, fazendo lembrar por isso a relação dialética amo-escravo. A imagem do falconeiro a aprisionar com uma argola o falcão que, a partir desse instante, não caçará senão para ele, pode ser aproximada da imagem do abade, substituto da divindade, a enfiar o anel nupcial no dedo da noviça que, assim se tornará a esposa mística de Deus, a serva do Senhor. Com a diferença de que a submissão da religiosa, contariame
nte à do animal, é livremente consentida. Isso é o que confere ao anel seu valor sacramental: é a expressão de um voto. Poder-se-á observar ainda que, de acordo com a tradição, durante a celebração do casamento os noivos devem permutar entre si os anéis. Isso quer dizer que a relação acima evocada se estabelece entre eles duplamente, em dois sentidos op
ostos: com enfeito, uma dialética duplamente sutil e que exige que cada um dos cônjuges se torne, assim, amo e escravo do outro. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)
Anel. Devido à sua forma sem começo nem fim, é o símbolo da eternidade; além disso, é símbolo da união, da fidelidade, da integração em uma comunidade; por isso ele aparece também como condecoração, distinção e honraria (anel dos senadores romanos, dos funcionários públicos, dos cavaleiros e dos médicos). A concepção do poder mágico do círculo faz parte também dos anéis; assim, atribuem-se com frequência ao anel um efeito prodigioso (por exemplo, contra o mau-olhado), e por essa razão ele é usado como amuleto; nas crenças populares, a perda ou o rompimento do anel significam desgraça. (Lexikon, 1997)
Anel de Giges. Usando no dedo esse anel, Giges descobre, por acaso, que ele tem o poder de torná-lo invisível, sendo esta a origem de sua fortuna. A magia do anel, porém, só funciona quando Giges gira o engaste do anel para o lado de dentro de sua mão. Deduz-se, uma vez mais, que as verdadeiras forças estão em nós mesmos, e que a invisibilidade conferida pelo anel é o retirar-se do mundo exterior para atingir ou encontrar as lições essenciais, aquelas que vêm do mundo interior. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)
CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998.
LEXIKON, Herder. Dicionário de Símbolos. Trad. Erlon José Paschoal. São Paulo: Cultrix, 1997.