Símbolos, Estudo dos

Símbolos, Estudo dos. Princípios de um estudo dos símbolos remontam a Athanasius Kircher (1602-1680), professor de matemática e línguas orientais em Würzburg e Roma; foi o primeiro a falar de uma disciplina symbolica; via como tarefa do símbolo conduzir o espírito humano ao conhecimento de uma coisa por meio de certa semelhança física com outras coisas. Em 1764 o filósofo Christian Gottlob Heyne apresentou na Academia de Göttingen sua nova interpretação dos mitos que para ele eram filosofemas do cosmos; como antigamente os homens não estavam aptos ao uso da linguagem conceptual, exprimiam a sua visão de mundo por meio de imagens, surgindo, assim, o sermo symbolicus et mythicus

Os estímulos seguintes ao estudo dos símbolos vieram do Romantismo, no qual se destaca Friedrich Creuzer; seu desejo de instituir uma cadeira para o estudo dos símbolos até hoje não se concretizou. Algumas falhas cronológicas e filológicas facilitam aos opositores de creuzer a ridicularização de todo e qualquer estudo dos símbolos, ainda mais que o século XIX se deixava levar com intensidade cada vez maior pelas correntes racionalistas e positivistas. Isto também foi sentido por Bachofen, pesquisador da Antiguidade, considerado inicialmente um excêntrico no caminho errado; o seu Ensaio sobre o Simbolismo dos Túmulos da Antiguidade (1859) não podia ser compreendido por uma ciência que se restringia a uma explicação puramente formal-iconográfica e estética das obras. Bachofen encontrou a primeira ressonância de seus pensamentos sobre o direito materno entre os etnólogos que, por sua vez, contribuíram de modo relevante para o estudo das ideias simbólicas em nosso século. Também na França o Romantismo despertou o interesse pelo estudo dos símbolos, o que contribuiu decisivamente para a iconografia. 

Com Sigmund Freud o centro de gravidade de um estudo científico dos símbolos deslocou-se para a Psicologia. Freud e as escolas freudianas de psicologia profunda inicialmente não procuram os símbolos nas várias manifestações culturais, mas na psique humana. Aí se mostra que um método, que coloca o seu ponto de partida no indivíduo, não é isento de perigos, principalmente quando procura transferir as deduções obtidas com doentes mentais para "o" homem de determinados níveis culturais. Apesar desta ressalva, não pode deixar de ser visto o esforço frutífero pelo esclarecimento dos símbolos; basta lembrar, aqui, dos trabalhos de C. G. Jung e seus discípulos, cujos resultados também se refletiram em outras disciplinas. 

O estudo dos símbolos encontra-se diante da dificuldade de, por um lado, o material a ser estudado escapar a uma definição científica (Símbolo) e, por outro lado, somente métodos científicos permitirem alcançar resultados exatos e confiáveis. Desta discrepância resulta a advertência para o estudo dos símbolos de não ignorar seus próprios limites. As principais tarefas do estudo dos símbolos são: 1. coleta de material, 2. enquadramento histórico. 3. pesquisa das relações simbólicas (muitas vezes mascaradas de forma peculiar), 4. interpretação que deve manter-se isenta de perspectivas ideológicas e de associações precipitadas. Uma verdadeira pesquisa dos símbolos e de seus fundamentos espirituais-históricos requer um trabalho interdisciplinar, i.é, a visão conjunta dos resultados objetivados nas disciplinas individuais (Ciência da Arte, Ciência da Literatura, Musicologia, Psicologia, Ciência da Religião, Etnologia, Folclore). (Lurker, 2003)

LURKER, Manfred. Dicionário de Simbologia. Tradução Mário Krauss e Vera Barkow. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003.