Fronteira. Do grego horos. Segundo o relato de Irineu em Adv. Haereses I sobre a gnose de Ptolemaio, discípulo de Valentino, o último conformado, isto é, a Sofia, pretendia reconhecer a grandeza do pai, do princípio de todas as coisas. Nisto encontrou-se em grande perigo e teria fracassado se não tivesse encontrado aquela força que estabiliza o universo, e que a manteve afastada da grandeza extraordinária do pai e a conduziu a si mesma, aos limites de seu próprio ser. Convenceu-se de que o pai era inatingível. A força salvadora de Horos, a fronteira, também denominado Stauros (cruz), Lytrotes (salvador), Karpistes (colhedor de frutas), Herothetes (delimitador) e Metagogeus ("o que faz retornar"). Horos curou Sofia ao separá-la do páthos, a procura pelo pai. O pai havia feito surgir Horos de seu filho unicamente para este fim.
No período romano tardio, Júpiter foi colocado em primeiro plano como deus das fronteiras, chamado de Júpiter Terminalis ou Zeus Horios.
Segundo a crença popular, os espíritos, as bruxas e os demônios gostavam de permanecer perto das fronteiras. Na feitiçaria, as fronteiras adquiriam um poder de cura por afastarem o demônio da doença ou por reforçarem a ação do medicamento. Em muitos cultos e religiões, as fronteiras entre sacro e profano eram especialmente destacadas. A isto pertencem, e.g., as imagens de guardiães de fronteira diante do dos templos e santuários, muitas vezes em forma de animais selvagens. (Lurker, 2003)
LURKER, Manfred. Dicionário de Simbologia. Tradução Mário Krauss e Vera Barkow. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003.