Números: Zero, Um, Dois, Três...

Número

Números. No sistema simbolista os números não são expressões meramente quantitativas, são ideias-força, com uma caracterização específica para cada um deles. Os algarismos são como roupagens. Todos procedem do número Um (que se identifica com o ponto não manifestado). Quanto mais se distancia um número da unidade, mais se funde na matéria, na involução, no "mundo". Os dez primeiros números, na tradição grega (doze, na oriental), pertencem ao espírito: são entidades, arquétipos e símbolos. Os demais resultam das combinações desses números primordiais. Os autores gregos especularam sobre os números. Pitágoras disse: "Tudo está arranjado de acordo com o número". Platão considerou o número como essência da harmonia e esta como fundamento do cosmo e do homem, sentenciando: "Pois a harmonia, cujos movimentos são da mesma espécie que as revoluções regulares de nossa alma..." A filosofia dos números foi também desenvolvida pelos hebreus, gnósticos e cabalistas, chegando até a alquimia noções universais que se encontram em Lao-tsé: "O um se converte em dois, o dois se converte em três; e do ternário procede o um (a nova unidade ou ordem) como quatro". A atual lógica simbólica e a Teoria dos Conjuntos retornam à ideia do quantitativo como qualidade. Segundo Peirce, as leis da natureza e as do espírito se baseiam nos mesmos princípios, sistematizáveis conforme tais vias... (Cirlot, 2005)

Números. Segundo a filosofia de Pitágoras (século VI a.C.), os números constituem a chave de acesso para a compreensão das leis harmônicas do cosmo, e por esse motivo são símbolos de uma ordenação universal divina. A descoberta de que cordas vibrantes, cujos comprimentos exprimem-se em termos de proporções numéricas, são capazes de dar origem a acordes específicos, levou à formulação do conceito moderno de "harmonia", e foi ao mesmo tempo o primeiro passo em direção a uma visão matemática do mundo. Segundo os pitagóricos, toda a forma é exprimível numericamente ("tudo é número"), e os próprios números são "arquétipos divinos" ocultos no mundo, mas evidenciáveis através de um exame profundo das leis que regulam o universo. Isso é confirmado, entre outros, no "teorema de Pitágoras", baseado na singular regularidade da proporção expressa pelos quadrados construídos a partir dos lados do triângulo retângulo. "Os números não foram lançados ao acaso no universo; eles se dispuseram segundo um plano pré-ordenado, como formações cristalinas e consonâncias das escalas musicais, de acordo com as leis de harmonia que abrangem tudo" (A. Koestler, 1963. Bibl.6). Os números não eram considerados unidades de medidas, mas sim o "arché", o princípio originário de todas as coisas, "a união dominante e não criada da perseverança eterna da essência das coisas" (Filolau, século V a.C.). A partir da constatação de que a periodicidade dos ciclos cósmicos era reconduzível a unidades numéricas, deve ter se originado a convicção de que os números não seriam apenas uma unidade de medida antropomórfica, mas sim princípios da ordenação cósmica, qualidades originais do universo, vestígios "absolutos" de  forças sobrenaturais e, portanto, símbolo da divindade. Em se tratando dos números sagrados, Deus criador é entendido como "unidade originária" que se manifesta na dualidade (cf. Dualísticos, sistemas; Yin-Yang). Da tese e da antítese resulta a síntese da trindade (cf. Triângulo, Tríade): "Omne trium perfectum" ("toda trindade é perfeita"); "todas as coisas boas são sempre três"; a integração da dualidade na imagem tríade "pai, mãe e filho".

No Antigo Testamento, cinquenta era o número do sétimo ano sabático, ou do jubileu (o ano sabático, para a Lei mosaica, regula-se a cada sete anos: neste caso, sete vezes sete mais um), no qual se deviam libertar os escravos, perdoar as dívidas e restituir os terrenos penhorados aos primitivos proprietários. No ano litúrgico, a Pentecostes é celebrada no quinquagésimo dia após a Páscoa.

A filosofia neoplatônica da Antiguidade tardia e as doutrinas esotéricas judaicas medievais ocuparam-se especificamente da simbologia associada aos números, porque o alfabeto grego, assim como o hebraico, tem uma relação direta com os valores numéricos. O monge Rabano Mauro  (776-869 d.C.) escreve: "As Sagradas Escrituras contêm muitos segredos ocultos sob a forma de números, que devem permanecer misteriosos para aqueles que ignoram o significado dos números. Por esse motivo, é necessário que aquele que pretende atingir um conhecimento superior seja também versado em aritmética". (Biedermann, 1993) 

Números. São o padrão ideal para medida do espaço e do tempo e já em tempos antigos eram vistos como meio para o conhecimento do mundo; acreditava-se que nos números estava o reflexo da ordem cósmica e humana. Deus ordenou tudo "segundo medida, número e peso" (Sb 11,21). O número três (e seus múltiplos nove e vinte e sete) é "expressão da sensação de tempo da cultura lunar" (Segundo Leo Frobenius); quatro, oito e doze correspondem aos pontos cardeais e ao curso do sol em torno da terra. 

Os números que se refletem na harmonia e na ordem cósmica são considerados bons, desejados por Deus, sagrados; os outros trazem infortúnio: no México antigo o deus da morte reinava na 5ª hora da noite; segundo Hesíodo é necessário proteger-se de todos os quintos dias do mês; na crença popular o quinto dia da semana, sexta-feira, é nefasto. Também é conhecido o significado de azar associado ao treze. 

Na Bíblia, o número 40 é associado à ideia de uma reparação, à prece, à expiação: a chuva do dilúvio (Gn 7,12), Moisés no Sinai (Ex 24,18), Jejum de Jesus no Deserto (Lc 4,1 s.); o número setenta indica totalidade e perfeição: setenta povos (Gn 10), o Grande Conselho (Sinédrio) constituía-se de setenta homens e o sumo sacerdote, baseado nos setenta anciãos de Israel (Ex 24,1), setenta discípulos de Jesus (Lc 10,1), os pecados são absolvidos até setenta vezes sete vezes (Mt 18,21). Do uso das letras como algarismos , comum na Antiguidade, surgiu a possibilidade de converter palavras inteiras em números (Gematria), comparar o número 666 no Apocalipse. A simbologia bíblica dos números foi explorada por Santo Agostinho e absorvida na liturgia, artes plásticas. poesia (Dante, Otfried) e musical ( Música Medieval, Bach)

Segundo C. G. Jung, os números têm um caráter arquetípico. (Lurker, 2003)

Número. Os números, que aparentemente servem para contar, forneceram, desde os tempos antigos, uma base de escolha para as elaborações simbólicas. Exprimem não apenas quantidade, mas ideias e forças. Como, para a mentalidade tradicional, não existe o acaso, o número das coisas ou dos fatos reveste-se em si mesmo de uma grande importância e até permite às vezes, por si só, que se alcance uma verdadeira compreensão dos seres e dos acontecimentos. 

A interpretação dos números é uma das mais antigas entre as ciências simbólicas. Platão considerava-a o mais alto grau do conhecimento e a essência da harmonia cósmica e interior. 

Os números, diz São Martinho, são os invólucros invisíveis dos seres: regulam, nestes, não só a harmonia física e as leis vitais, espaciais e temporais, mas também as relações com o Princípio. É que não se tratam de simples expressões aritméticas. mas de princípios coeternos com a verdade. São ideias, qualidades e não quantidades. (Chevalier, 1988)

Zero

Zero. Indica a nulidade, a ausência de entidade. Contudo, essa nulidade é rica de possibilidades e de promessas. A noção do "nada" preocupou muitos filósofos. Para Hegel, "A identidade do ser e do não ser é a mola que impele todo o movimento dialético". Para Jasper, "O nada, na medida em que é experimentado, é uma cifra do ser". Ainda: No Absoluto, o Grande Todo se confunde com o Grande Nada porque nele nada é diferenciado. (Chaboche)

Um

Um. Segundo Littré, a definição do "número" é: "A unidade, uma série de unidades, as partes da unidade". A unidade assinala a individualidade, a particularidade, a distinção de uma entidade. Leibniz, por exemplo, afirmava que o um era a mônada - o absoluto é Deus. A busca da unidade que vigorava na antiguidade, principalmente na filosofia taoísta, inspirou muito os filósofos, os psicólogos e os cientistas da nossa época. (Chaboche)


Um. Símbolo do princípio ainda indiferenciado e, ao mesmo tempo, da totalidade para a qual todas as coisas e todos os seres ambicionam retornar; por ser unidade, é portanto um símbolo de Deus; entretanto, além disso, simboliza a individualidade. Como signo visual, o um foi relacionado muitas vezes com o homem ereto. Na especulação dos antigos, o um não era entendido como número no sentido estrito. (Lexikon, 1997)

Dois

Dois. A existência procede do zero e do um. O um se deduziu do zero. O um e o zero constituem a primeira dualidade, ou seja, eles são dois. Com o dois surge a diferenciação, a dialética. Observe o dualismo: dia e noite; calor e frio; seco e molhado; positivo e negativo. Lembremo-nos também dos adágios franceses: nenhuma rosa sem espinhos; nenhuma virtude sem cansaço; nenhum vício sem suplício; nenhum prazer sem desgosto; nenhum verso sem reverso. (Chaboche)


Dois. Para os pitagóricos, o primeiro número real, pois representa a primeira pluralidade: somente a dualidade "engendra" a multiplicidade. O dois é o símbolo da duplicação, da separação, da discórdia, do antagonismo, do conflito, mas também do equilíbrio; o dois simboliza o movimento que aciona todo o progresso. Inúmeros fenômenos corroboram uma visão de mundo dualista, como as oposições entre criador e criatura, entre Luz e sombra, entre masculino e feminino, entre espírito e matéria. entre Bem e Mal, entre vida e morte, entre dia e noite, entre Céu e Terra, entre terra e água, entre ativo e passivo, entre direita e esquerda etc.; interpretações essencialmente dualistas do mundo são representadas pelos dois princípios da filosofia chinesa yin e yang, ou pelo zoroastrismo persa com os princípios do Bem (Ahura-Mazda) e do Mal (Ahriman). (Lexikon, 1997)

Três

Três. Levado ao extremo, o pensamento binário chega ao paradoxo como no maniqueísmo, em que o princípio do bem se opõe ao princípio do mal. Hegel aproveitou esse paradoxo e edificou a sua dialética do pensamento. Para ele, tudo começa por uma tese (um). Da tese aparece a antítese (dois). O resultado desse antagonismo é a síntese (três). 

O relevo visual pode ser percebido pelos dois olhos em conjunto. O relevo sonoro (estereofonia), pelo dois ouvidos em conjunto. Mas torna-se necessário um terceiro princípio que concretiza a síntese das percepções, num plano extra-sensorial: é a consciência simbolizada pelo "terceiro olho" - ao mesmo tempo síntese dos dados sensíveis e porta de percepção extra-sensorial propriamente dita. 

"O Tao produz 1, o 1 produz 2, 2 produz 3 e o 3 produz tudo..." (Reconhecem-se os conceitos de Plotino: - "nada superessencial"; - "Apenas o Um existe"; - "Três hipóstases".)

Os "três pontos" maçônicos tiveram origem nessa cosmogonia numeral. A "triangulação" simbólica se encontra igualmente no ensinamento R + C. Nessas filosofias, encontram-se ternários como:

"Pensar bem, agir bem, fazer bem"

"Liberdade, igualdade, fraternidade"

"Passado, presente, futuro"

"Sabedoria, força, beleza" etc.

1 em 3 e 3 em 1, tal parece ser a definição universal da divindade.

Em sânscrito, são as três letras: A U M. É também o ternário: sat, chit, ananda (existência, espírito, vida).

As três Hipóstases dos neoplatonicos;

Pai, Filho, Espírito, no cristianismo;

Sol, Lua Terra, nas religiões naturalistas;

Osíris, Ísis, Hórus, no Egito (Chaboche)

Três. Por ser síntese do um e do dois, o três é visto por muitos povos como um número bastante destacado, que simboliza o princípio totalizador, a mediação; ao contrário do quatro, o "número-Terra", o três é um número do Céu. Seu significado simbólico universal remonta à tríade elementar vivenciada na complementação produtiva do homem, da mulher e do filho. O três também fundamenta inúmeros sistemas e estruturas de pensamento; assim, o cristianismo, por exemplo, conhece as três virtudes: fé, amor e esperança; a alquimia, os três princípios básicos: enxofre, sal e mercúrio etc. As tríades divinas são conhecidas em muitas religiões: no Egito (Ísis, Osíris e Hórus), no hinduísmo (Brahma, Vishnu e Xiva) etc.; esses astros divinos triplos estão frequentemente relacionados com o céu, a terra e o ar a eles ligados. O cristianismo conhece, em contrapartida, o deus trinitário imaginado geralmente como a união de três pessoas (Trindade). Como número da plenitude de um todo fechado em si mesmo, o três é encontrado geralmente em conto de fadas como o número das provas a serem superadas, dos enigmas a serem resolvidos etc. Na filosofia, a tríade ou o percurso ternário desempenha o importante papel de princípio da mediação entre o pensamento e o ser ou - para Hegel - de princípio da evolução dialética (tese, antítese e síntese). (Lexikon, 1997)

Quatro

Quatro. O quatro se deduz do 2 e do 3. Na Antiguidade, os quatro elementos básicos: fogo, ar, água e terra. Simbolicamente, pode-se dizer que o Fogo é o espírito, o Ar é a alma, a Água é o intelecto e a Terra é o corpo. Observe, também, o quaternário de alguns sistemas filosófico-religiosos: SABER, QUERER, OUSAR, CALAR. (Chaboche)


Quatro. Como símbolo, o quatro está estreitamente relacionado com o quadrado e com a cruz. É o número dos pontos cardeais e, portanto, dos quatro ventos, das quatro estações do ano, dos quatro elementos (fogo, água, ar, terra), dos quatro temperamentos, dos quatro rios do Paraíso, dos quatro evangelistas, das quatro fases da vida (infância, juventude, maturidade, velhice) etc. Por ser princípio de organização e divisão de espaço, ele é sobretudo um símbolo da Terra e, muitas vezes associado a ela, um símbolo da totalidade. (Lexikon, 1997)

Cinco

Cinco. Por ser a soma do primeiro número par e do primeiro número impar (dois e três, desde que não se considere o um, um número verdadeiro) e centro gráfico facilmente representável do quadrilátero (quatro) concebido como um quadrado, o número cinco é visto frequentemente como excepcional. Os pitagóricos consideravam-no símbolo do casamento e da síntese, pois é união do dois e do três. É o número dos cinco dedos da mão, das cinco chagas de Cristo, das cinco colunas da devoção no islamismo etc. O cinco teve especial importância na China como símbolo do centro (meio); os chineses conheciam, além disso, cinco cores, cinco odores, cinco tons, cinco planetas, cinco metais etc.; o cinco é também o número da união harmônica de yin e yang. No hinduísmo, o cinco é, entre outras coisas, o número do princípio da vida; concebe-se o deus Xiva, por vezes, com cinco faces (a quinta, voltada para o alto e identificada com o Eixo do Mundo, não costuma ser representada); além disso, é venerado também sob a forma de cinco linga. Os alquimistas procuravam com a quintessência (a quinta substância, isto é, o quinto elemento, acrescentando-se aos outros quatro) o espírito que cria e guarda a vida; a reincidência do cinco, observadas muitas vezes nos ornamentos das igrejas cristãs da Idade Média, relaciona-se provavelmente com essas concepções. Pentagrama. (Lexikon, 1997)

Seis

Seis. O número seis era considerado pelos pitagóricos - como o meio entre o dois e o dez (o número um não era tido então como verdadeiro) - o número perfeito. Na China, o seis associava-se às influências do céu. No simbolismo cristão, o seis é ambivalente: é sagrado por ser o número dos dias da criação e significativo, também, como número das obras de misericórdia; contudo, no Apocalipse, ele aparece como o número do mal; seiscentos e sessenta e seis é o número da Besta. Hexagrama. (Lexikon, 1997)

Sete

Sete. Há muito tempo, o sete é considerado um número sagrado e remonta às quatro diferentes fases da Lua, que duram cada uma sete dias. É o número do ciclo completo, da abundância e da plenitude. Ele agrega em si o simbolismo celeste do três e o significado simbólico terreno do quatro. O budismo conhece sete céus diferentes. Na Antiguidade (incluindo-se o Sol e a Lua), eram conhecidos sete planetas vistos como divinos e como expressão visual da ordem cósmica. Para os babilônios, havia também os "Sete Males", um grupo de sete demônios que aparecem quase sempre juntos. Na Grécia, o sete, consagrado a Apolo, entre outros, desempenhava um importante papel; bastante conhecido são: as sete (ou três) Hespérides, as sete portas de Tebas, os sete filhos de Hélio, os sete filhos e as sete filhas de Níobe, os sete sábios, os sete contra Tebas etc. Muito famosas são as "sete maravilhas do mundo", o conjunto das obras arquitetônicas mais esplendorosas da Antiguidade. No judaísmo, o sete é um número a que se refere o candelabro de sete braços. Na Bíblia encontra-se o sete várias vezes, tanto na acepção positiva como negativa; contudo, sempre como expressão de uma totalidade: as sete igrejas, o livro com sete selos, os sete céus habitados pelas hierarquias angélicas, os sete anos que Salomão dispendeu para construir o templo etc., mas também: as sete cabeças da Besta do Apocalipse, as sete taças da ira divina etc.; entretanto, no Apocalipse, o Mal aparece simbolicamente como a metade de sete, ou seja, três e meio (indicando o poder quebrado de Satanás). Também nos contos de fadas e nas tradições populares o sete desempenha um papel importante como número da totalidade: sete irmãos, sete corvos, sete cabritos, sete diferentes pratos nos dias especiais etc. (Lexikon, 1997)

Oito

Oito. Octonário, dois quadrados ou octógono. Forma central entre o quadrado (ordem terrestre) e o círculo (ordem da eternidade); por isto, símbolo da regeneração. Por sua figura tem relação com as duas serpentes entrelaçadas no caduceu (equilíbrio das forças antagônicas; potência espiritual equivalente a potência natural). Também simboliza, pela referida causa formal, o eterno movimento da espiral dos céus (dupla linha sigmoide, signo do infinito). Por seu sentido de regeneração, na Idade Média, foi emblemático das águas batismais. Além disso, corresponde, na mística cosmogônica medieval, ao céu de estrelas fixas, que simboliza a superação das influências planetárias. (Cirlot, 2005)

Nove

Nove. Triângulo do ternário. Triplicidade do triplo. Imagem completa dos três mundos. Limite de uma série antes de seu retorno à unidade. Para os hebreus, o nove era o símbolo da verdade, tendo a característica de que multiplicado se reproduz a si mesmo (segundo a adição mística). Número por excelência dos ritos medievais, por representar a síntese tripla, quer dizer, a ordenação de cada plano (corporal, intelectual, espiritual). (Cirlot, 2005)

Dez

Dez. Número dos dados (duas vezes cinco) e com isso um número chamado "redondo", isto é, que forma um conjunto fechado; atribuído ao deus babilônio Marduk, bem como ao deus hitita do tempo. Para os Pitagóricos, o dez, como soma dos quatro primeiros números, era "a mãe que tudo abrange e tudo limita". O dez contém todos os algarismos (1-10) em si e por isso simboliza o círculo, encerrado em si mesmo. Na Bíblia está associado à conclusão de acontecimentos históricos: dez gerações de Adão até Noé, dez pragas do Egito, 10 x 10 x 10 dura o reino de Jesus sobre a Terra ("Reinado de mil anos", Ap 20, 4-6). Nos dez mandamentos (decálogo) Deus resume todas as suas exigências; a décima parte de todos os frutos e animais é consagrada ao Criador (Lv 27, 30 ss.). No NT o dez surge como "número redondo": dez talentos, 2 x 5 virgens, o dragão do Apocalipse com dez chifres. A cabala judaica conta dez Sefirot como emanações da infinitude de Deus. O Budismo conhece dez mandamentos, cinco para os leigos e cinco para os monges. (Lurker, 2003)

BIEDERMANN, Hans. Dicionário Ilustrado de Símbolos. Tradução de Glória Paschoal de Camargo. São Paulo: Melhoramentos, 1993. 

CHABOCHE, François-Xavier. Vida e Mistério dos Números. Tradução de Luiz Carlos Teixeira de Freitas. São Paulo: Hemus, s.d.p. 

CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998. 

CIRLOT, Juan-Eduardo. Dicionário de Símbolos. Tradução de Rubens Eduardo Ferreira Frias. São Paulo: Centauro, 2005. 

LEXIKON, Herder. Dicionário de Símbolos. Trad. Erlon José Paschoal. São Paulo: Cultrix, 1997.

LURKER, Manfred. Dicionário de Simbologia. Tradução Mário Krauss e Vera Barkow. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003.