Jugo - do hebreu môt , ôl - significa peça de madeira que serve para emparelhar dois animais para o mesmo trabalho. Era proibido prender sob um mesmo jugo dois animais de espécies diferentes.
Dava-se esse nome a uma medida agrária equivalente à superfície que um par de bois podia lavrar num dia.
O jugo usado na Antiga Palestina era igual ao que ainda hoje se usa. Consistia em uma pesada barra de madeira posta nos ombros dos animais de tiro (bois ou burros), presa ao animal por uma cravelha, corda e correias, que passavam em redor dos chifres e debaixo do pescoço. Uma correia maior juntava o jugo com o cabo. (Mackenzie, 1984)
O jugo, por um motivo perfeitamente evidente, é símbolo de servidão, de opressão, de constrangimento. A passagem dos vencidos sob o jugo romano é suficientemente explícita.
Mas o jugo assume sentido completamente diverso no pensamento hindu. A raiz indo-européia yug, de que deriva, é objeto de uma aplicação muito conhecida do sânscrito yoga, que tem efetivamente, o sentido de unir, juntar, por debaixo do jugo. É, por definição, uma disciplina de meditação, cujo objetivo é a harmonização, a unificação do ser, a tomada de consciência e, finalmente, a realização da única União verdadeira, a da alma com Deus, da manifestação com o Princípio.
O inventor do jugo, que permite dominar e atrelar os bois, Buziges, foi também um dos primeiros legisladores. O jugo simboliza a disciplina de duas maneiras: ou ela é sofrida de modo humilhante, e é o aspecto sombrio do símbolo (cf. o famoso exemplo das forcas caudinas, jugum ignominiosum, lança posta sobre duas outras fincadas na terra e sob a qual passou o exército romano vencido pelos samnitas); ou a disciplina é escolhida voluntariamente e conduz ao domínio de si, à unidade interior à união com Deus.
Existia em Roma um lugar, dito sororium tigillum, onde estava instalada uma trave em asna debaixo da qual passavam os assassinos para expiar seu crime. Depois de matar sua irmã Camila, que saíra, impudica dos apartamentos das mulheres para declarar em altos brados seu amor pelo inimigo do irmão, Horácio foi forçado a passar sob o jugo. Essa prática expiatória e purificadora era indispensável para recuperar o seu lugar na coletividade. Cumpria passar sob o jugo. Mas essa disposição ancestral do jugo significava mais que um ato de submissão às leis da cidade. Era, sem dúvida, escreve Jean Beaujeu, um vestígio das portas secretas ou arficiais pelas quais o moço, uma vez iniciado, passava de volta, do mundo sobrenatural onde vivera seu período de prova, ao mundo ordinário dos homens. Era, então, o símbolo da reintegração na sociedade. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)
Jugo. A palavra se origina da raiz indo-germânica "yug", que significa "ordenação" (daí também "yoga"). Em sentido positivo, jugo indica a disponibilidade de renunciar, de modo servil e desinteressado, a qualquer autoridade, para se dedicar a um fim que requer uma grande abnegação. Em sentido negativo, trata-se de uma palavra simbólica que indica o peso opressor do trabalho servil, por causa do qual o homem se torna semelhante ao boi. Curvar a cerviz sob o jugo simboliza também a humilhação, como no caso do exército romano que em 321 a.C. vencido pelos samnitas, foi obrigado a marchar sob o "jugo caudino" (é o episódio das forcas caudinas, que ocorreu próximo à cidade de Cáudio, na Via Ápia. - Na Bíblia, Deus põe "um jugo de ferro" sobre a cerviz do povo desobediente (Deuteronômio 28, 48); por ordem de Deus, o profeta Jeremias (27, 2ss.) põe simbolicamente sobre o pescoço cadeias e um jugo em sinal de submissão ao poder do rei Nabucodonosor da Babilônia, até que chegue o momento de seu declínio. - Metaforicamente, fala-se muito do "jugo da escravidão" ou do "jugo conjugal", ou ainda de "fazer cair o jugo da submissão". (Biedermann, 1993)
CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998.
BIEDERMANN, Hans. Dicionário Ilustrado de Símbolos. Tradução de Glória Paschoal de Camargo. São Paulo: Melhoramentos, 1993.