Batismo

Batismo. Diz-se da atividade de João Batista no deserto: ... Então vieram até ele Jerusalém, toda a Judéia, e toda a região circunvizinha ao Jordão. E eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados (Mateus, 3, 5-6). É o que denominou batismo por imersão, tal como foi por longo tempo praticado. Esse rito de imersão é um símbolo de purificação e de renovação. Era conhecido nos meios essênios, mas também em outras religiões (que o associam aos ritos de passagem , especialmente aos de nascimento e morte) além do judaísmo e suas seitas. Entretanto, os editores da Bíblia de Jerusalém observam, a esse propósito, aquilo que diferencia o batismo de João dos outros ritos de imersão: tinha um objetivo não já ritual, mas moral; não se repetia, o que lhe dava o caráter de uma iniciação; finalmente, tinha caráter escatológico, introduzindo o batizado no grupo dos que professavam uma espera diligente do Messias que estava por vir, e que constituíam, por antecipação, a sua comunidade.

Quaisquer que sejam as modificações trazidas pela liturgia das diversas confissões cristãs, ao ritos do batismo continuam a incluir dois gestos ou duas fases de notável alcance simbólico: a imersão e a emersão. A imersão, hoje reduzida à aspersão, é por si só rica de muitas significações: indica o desaparecimento do ser pecador nas águas da morte, a purificação através da água lustral, o retorno do ser às fontes de origem da vida. A emersão revela a aparição do ser em estado de graça, purificado, reconciliado com uma fonte divina de vida nova.

Aliás, João Batista falará do fogo a propósito do batismo: Eu na verdade vos batizo em água para vos trazer à penitência: porém o que há de vir depois de mim é mais poderoso do que eu, e eu não sou digno de lhe levar a sandália. Ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo (Mateus, 3, 11). E os exegetas observarão que o fogo, meio de santificação menos material e mais eficaz do que a água, já no Antigo Testamento simboliza a intervenção soberana de Deus e de seu Espírito a purificar as consciências (Isaías, 1, 25) (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998.