Sangue

Sangue. É universalmente considerado o veículo da vida. Sangue é vida, se diz biblicamente. O sangue simboliza todos os valores solidários com o fogo, o calor e a vida que tenham relação com o Sol. A esses valores associa-se tudo o que é belo, nobre, generoso, elevado. Também participa da simbologia geral do vermelho. (Chevalier e Gheerbrant, 1998)

Sangue. Embora desempenhe em rituais um papel mais importante que na simbologia, tem porém um significado simbólico como essência da vida. Frequentemente é representado por substâncias que reproduzem sua cor, assim como o ocre, para simbolizar a vida que continua. As runas, para poderem ser eficazes, eram animadas magicamente com a cor vermelha, como se estivessem cheias de sangue. 

No mundo imagético cristão o sangue de Cristo, como um dos sacramentos eucarísticos, ocupa uma posição central (carne e sangue - pão e vinho), onde simbolicamente o vinho misturado com água significa a Igreja, que se une inseparavelmente com a água dos fiéis e gera uma unidade com Cristo: os membros da Igreja são impregnados da força purificadora e redentora do sangue do Salvador. // O "sangue azul" dos nobres pode ser explicado pelo fato de que os membros de classes mais elevadas não tinham pele queimada de Sol, e suas veias vislumbravam azuladas através da palidez aristocrática. (Biedermann, 1993) 

Sangue é considerado há muito tempo a sede da alma e da energia vital; associa-se ao simbolismo do fogo e do Sol. Os gregos derramavam sangue na sepultura dos mortos para dar força vital às sombras, no Além. Os videntes de diversos povos bebiam sangue para entrar em êxtase. Nos cultos a Cibele e a Mitra os neófitos eram batizados nos mistérios com sangue de touros sacrificados, considerado purificador e nutriente. Contudo, por outro lado, é muito difundida a concepção de que o sangue é profanador; assim, sobretudo para os povos primitivos, as mulheres menstruadas ou as que haviam dado à luz um filho eram submetidas a determinados ritos de purificação e mantidas incomunicáveis. O cristianismo vê o sangue de Cristo como uma força de penitência e de redenção. (Lexikon, 1997)

BIEDERMANN, Hans. Dicionário Ilustrado de Símbolos. Tradução de Glória Paschoal de Camargo. São Paulo: Melhoramentos, 1993.

CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998.

LEXIKON, Herder. Dicionário de Símbolos. Trad. Erlon José Paschoal. São Paulo: Cultrix, 1997.