Cachimbo sagrado. É o "calumet" dos indígenas norte-americanos próximo ao curso superior do Mississipi. Na Europa e no Brasil é denominado na maioria das vezes "cachimbo da paz", e "fumar juntos o cachimbo da paz" é uma frase para demonstrar a intenção de cessar as hostilidades (tornada proverbial já na primeira metade do século passado, graças aos livros de Fenimore Cooper). Na realidade, o cachimbo sagrado era um objeto ritual e simbólico e símbolo típico do mensageiro, como o caduceu na Europa antiga. Plumas brancas sobre o "calumet" significam paz, e vermelhas, guerra. Note-se que, apesar do uso linguístico comum, nem todo cachimbo indígena é definido como "calumet" em sentido restrito. Originalmente, o "calumet" se apresentava em dupla, representando um sistema dualístico (Céu masculino e Terra feminino), no qual os dois princípios interpenetrados poderiam também se representados invertidos (por exemplo entre os Omaha: Terra-masculino, Céu-feminino). Os dois canos emplumados do cachimbo representavam juntos o simbolismo da águia. Durante as cerimônias de bênção eram agitadas sobre os representantes das tribos da pradaria. No fumo ritual "se acendia o tabaco e se passava o cachimbo ao porta-voz, que dava algumas tragadas, lançando a fumaça em direção ao céu, à mãe-Terra e aos quatro pontos cardeais, apontando o bocal do objeto sagrado em direção aos pontos visados. Por fim, passava o cachimbo adiante, que guiava entre os presentes, como o Sol, de este para oeste... (Esta cerimônia) protegia de qualquer tipo de hostilidade o hóspede que havia participado dela - pelo menos enquanto estivesse no acampamento". Todos os cachimbos sagrados eram objetos simbólicos proibidos no uso cotidiano. (Biedermann, 1993)
BIEDERMANN, Hans. Dicionário Ilustrado de Símbolos. Tradução de Glória Paschoal de Camargo. São Paulo: Melhoramentos, 1993.