Morte, Símbolos e Simbologia da

Morte, Símbolos da. São provavelmente símbolos fúnebres da idade pré-histórica os círculos concêntricos (círculos em forma de onda) que encontramos incisos em pedras murais das tumbas megalíticas do período neolítico: é provável que aludam ao aprofundar-se na água da morte. Muitos dos grafitos que encontramos em circunstâncias similares, e que representam naves (naves dos mortos), que serviram para transportar os mortos para um outro mundo, encontram certamente associados àquela concepção, segundo a qual o além se encontraria acima de um mar circular, ou do outro lado de um rio que circunscreveria o mundo dos seres vivos. Na arte funerária etrusca encontramos, acima de tudo, golfinhos e cavalos-marinhos, que conduziriam as almas às elíseas Ilhas dos Bem-aventurados; em seguida parecem ocupar um primeiro plano os assustadores demônios da morte (Charun, tendo na mão o martelo em forma de bipene*, Tuchulcha com serpentes nas mãos), cujo aspecto exterior lembra a imagem do diabo. São naturalmente fúnebres os esqueletos e as caveiras (estas últimas indicam também o sexto signo do dia do calendário asteca, "miquiztli"), sendo que os ossos, por sua vez, podem ser símbolos da futura ressurreição.

Por outro lado, os esqueletos "animados" encontram-se no centro das cenas da dança macabra, que, representada sempre com mais frequência a partir da Idade Média tardia, simbolizam a igualdade dos destinos diante da morte. O antigo símbolo da nau dos mortos torna-se na arte grega uma "nave da Igreja" com a âncora e a cruz (como mastro), com a pomba pairando no ar como a da arca de Noé e cujo destino é o paraíso. Também comparece o ramo de oliveira como símbolo da paz, enquanto são símbolos animais aqueles que aludem à ressurreição: o caracol (que dorme em uma casa que se assemelha a um túmulo) e a borboleta; uma coroa simboliza a recompensa no céu por uma vida devota. A foice da morte representa "a vida que é ceifada"; ocasionalmente a morte também carrega, como armas mortais, o arco e a flecha, ou uma ampulheta (cf. crono), uma referência à limitação da vida terrena. Especialmente no Romantismo recorre-se muito ao símbolo fúnebre do salgueiro chorão. Na Europa, o preto é a cor simbólica da morte, na Ásia Oriental é o branco (cf. lírio). (Biedermann, 1993) 

Morte, Simbologia da. A teologia cristã vê a morte em contextos cósmicos. Miséria, sofrimento e morte são castigos pelo desvio do homem de sua verdadeira vocação para o bem, portanto castigo pelo afastamento da bondade de Deus, simbolizado por Adão, que recebeu a morte física como paga pelo pecado. Por trás da morte física está o juízo final, ameaçador, misterioso, exterminador, que pode levar à condenação eterna a alma imortal. Em Ap 2,11 e 21,18 é denominada segunda morte. Assim, a morte é um problema central da história mundial para a fé cristã. A superação da morte é o ato de redenção de Cristo. (Lurker, 2003)

*Bipene. Machadinha com dois lados afiados. 

BIEDERMANN, Hans. Dicionário Ilustrado de Símbolos. Tradução de Glória Paschoal de Camargo. São Paulo: Melhoramentos, 1993. 

LURKER, Manfred. Dicionário de Simbologia. Tradução Mário Krauss e Vera Barkow. 2. ed., São Paulo: Martins Fontes, 2003.