José Saramago foi um escritor, jornalista e poeta português, nascido em 16 de novembro de 1922 em Azinhaga, uma pequena aldeia do Ribatejo, e falecido em 18 de junho de 2010 em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, Espanha. É um dos mais importantes escritores da literatura portuguesa contemporânea e foi o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998.
Saramago nasceu numa família humilde de camponeses. O seu nome de batismo deveria ser José de Sousa, mas, devido a um erro no registo de nascimento, foi adicionado o apelido Saramago, um termo popular para designar uma planta silvestre comestível. Aos dois anos, a família mudou-se para Lisboa, onde Saramago cresceu. Embora tenha mostrado interesse pelos estudos desde cedo, teve que abandonar a escola técnica para ajudar a família, trabalhando como serralheiro mecânico, entre outros empregos.
Seu primeiro romance, "Terra do Pecado", foi publicado em 1947, mas não teve grande repercussão. Durante décadas, Saramago trabalhou em várias profissões, incluindo tradutor, editor e jornalista, enquanto escrevia esporadicamente. A sua carreira literária só ganhou verdadeiro destaque nos anos 70, após a Revolução dos Cravos, quando decidiu se dedicar integralmente à escrita.
O seu romance "Levantado do Chão" (1980) marcou uma mudança significativa no seu estilo literário, caracterizado pelo uso de longos parágrafos, frases extensas, e um estilo narrativo fluido e único, que se tornou sua marca registrada. Em 1982, publicou "Memorial do Convento", uma de suas obras mais famosas e um marco da literatura portuguesa, que lhe trouxe reconhecimento internacional.
José Saramago recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1998, com o comitê Nobel destacando a sua capacidade de "parábolas sustentadas por imaginação, compaixão e ironia". Ao longo da sua carreira, escreveu obras notáveis como "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (1991), "Ensaio sobre a Cegueira" (1995), "Todos os Nomes" (1997), "A Caverna" (2000), "O Homem Duplicado" (2002), e "As Intermitências da Morte" (2005).
As obras de Saramago são conhecidas pelo estilo singular, que inclui a ausência de pontuação convencional, diálogo misturado ao texto narrativo, e um tom que mistura o realismo com o fantástico. Temas recorrentes em sua obra incluem crítica social, reflexões sobre a natureza humana, questões de poder e injustiça, e explorações filosóficas sobre a vida e a morte.
Saramago foi casado duas vezes, primeiro com Ilda Reis e depois com a jornalista espanhola Pilar del Río, que se tornou sua tradutora oficial. A partir de 1993, passou a residir em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, após um conflito com o governo português, que censurou "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" por considerá-lo ofensivo à Igreja Católica.
José Saramago deixou um legado monumental na literatura, sendo traduzido em dezenas de idiomas e influenciando uma geração de escritores e leitores em todo o mundo. Além de seu trabalho literário, Saramago era um ativo comentarista político e social, frequentemente engajado em discussões sobre direitos humanos, laicidade, e questões políticas globais.
A Fundação José Saramago, criada em 2007, continua a promover o seu trabalho e os valores que defendia. A obra de Saramago permanece relevante, oferecendo uma crítica poderosa e poética ao mundo contemporâneo.