Universidade Sénior do Rotary Club de S. João da Madeira
São João da Madeira, 13 de Maio de 2013 Universidade Sénior.
Tema:
A Minha primeira viagem.
(Filosofias): O Compromisso + as Teimosias.
Ser teimoso é um compromisso sério, muito sério com a estupidez. Perseverar no mal, sem disso desistir, não é sequer conduta digna da inteligência mais rudimentar.
Somos o que formos capazes de fazer de nós. À distância de tantos anos, mais parece um outro olhar sobre o mundo - no sentido mais filosófico.
Não, não e fácil relembrar, descrever a minha primeira viagem, decorria então o ano de 1965. Mais concretamente, 05 de Outubro de 1965, uma celebérrima Terça-feira! Tempos dificílimos, dizia-se (à boca pequena), "Fome, Peste e Guerra".
Eu era já um homem feito em termos de idade - mas um autêntico simplório (chapado) culturalmente falando, dadas as minhas origens e a minha estrutura familiar.
Eu repito: uma celebérrima Terça-feira, encaminhar-me-ia para a estação da (CP) em Oliveira de Azeméis. Aí a esperar pelo comboio procedente de Espinho, guia-de-marcha na mão, 21 horas, sensivelmente, eis que surge a locomotiva DE-202 - rumo a Sernada. Eu alerta, curiosíssimo, contando as paragens todas em Estacões e Apeadeiros: Ul, Travanca, Figueiredo, Pinheiro da Bemposta, Branca, Albergaria-a-Nova, Urgeiras, Albergaria-a-Velha, e por fim, Sernada do Vouga. Porquanto, mais uma paragem (esta mais prolongada) e a seguir, igual transbordo - mas a aguardar pelo comboio procedente de Viseu. Faltava muito pouco para as 24. 00 horas, quando o mesmo se aproxima. Naqueles tempos, muitíssima gente e, particularmente, também, muitos jovens tal como eu, a caminho de vários quartéis. A locomotiva tinha o número (CE-212) rumo a Aveiro. Finalmente a partida, muito fumo, novamente dei comigo a contar as paragens: Macinhata do Vouga, Carvoeiro, Portela, Valongo-do-Vouga, Aguieira, Mourisca-do-Vouga, Águeda, Oronhe, Casal do Álvaro, Cabanões, Travassô, Taipa-Requeixo, Eirol, São João de Loure, Eixo, Azurva, Esgueira e, por fim, Aveiro -Vouga. Aqui, muitíssima mais gente, pois Aveiro já era para aquela época, uma enorme referência em todos os aspectos. Mas como recordo, tudo isto em Via reduzida com comboios de caldeira e a carvão.
Mais um transbordo, tudo controlado, partimos ja era o amanhecer, ate que alcançámos (a Lusa Atenas), concretamente, Coimbra e o Convento de Santa Clara lá no alto, todo imponente para a minha capacidade de análise e pequenez cultural.
Tempos marcantes, tinha-se de secar a lenha para fazer o almoço, novamente secar a lenha para tratar do jantar. Comia-se sempre com horas diferentes. Sique-4, assim se chamava a Unidade Militar em Santa Clara. Ai conheci o alferes Portugal de nome , oriundo de Lisboa, (vaidade e manias não lhe faltavam) , e muitíssimo violento. O furriel Aires, este oriundo da pequena cidade de Chaves, (Tinha muitas namoradas). Mas uma simpatia como superior e naqueles tempos.
Hoje, como sabemos , viajar alarga-nos os horizontes. E assim, terminado o serviço militar, mais os estudos secundários, alguma formação profissional em áreas da época, alguns anos na área Comercial, mais uns anos (poucos) na Mimosa Proleite, transformei-me num autêntico NÓMADA durante muitíssimo tempo, pois ainda ultrapassou os vinte e cinco anos! Uma vida cheiíssima, deslumbrante mas também com alguns sustos pelo meio, mas sempre riquíssima.
Espero que quem nos acompanha e for dialogando connosco, se aperceba de que a filosofia, afinal, não é coisa abstracta e do passado, mas uma actividade alicerçada na vida, empenhada em equacionar e reflectir sobre questões que se colocam a todo o homem e, de modo particular, ao homem da actualidade. É esse um dos papeis fundamentais da filosofia, a qual brota, aliás, do que essencialmente a caracteriza: mais do que um saber a adquirir, ela mesma, (a filosofia) , e um percurso a efectuar.
Não deixa de ser um saber, mas um saber especial, um saber que se constrói e que respeita a cada um: trata-se de um saber pensar, de um saber agir , de um saber estar , de um saber ser.
Espero, que com a minha colaboração e empenho, tenha contribuído para o fim a que se destina.
Reflexão:
"É MELHOR SER REI DO TEU SILÊNCIO, DO QUE ESCRAVO DAS TUAS PALAVRAS".
SHAKESPEARE! ! !
Dá que pensar!
P. S. Contributo de Altino Sousa de Oliveira