Impedida de frequentar regularmente a escola, Cora Coralina descobriu a literatura lendo almanaques encontrados em sua casa e começou a escrever seus primeiros versos.
Cora Coralina, pseudônimo de Anna Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 – Goiânia, 10 de abril de 1985), foi uma poetisa e contista brasileira. Considerada uma das mais importantes escritoras do Brasil, publicou seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais, em junho de 1965, aos 75 anos.
Mulher simples e doceira de profissão, viveu longe dos grandes centros urbanos e alheia a modismos literários. Sua obra poética reflete o cotidiano do interior brasileiro, especialmente os becos e ruas históricas de Goiás. Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II, e de Jacyntha Luiza do Couto Brandão, nasceu às margens do Rio Vermelho, em uma casa construída no século XVIII, uma das primeiras da antiga Vila Boa (hoje Cidade de Goiás).
Cora começou a escrever aos 14 anos, publicando textos em jornais locais e de outras cidades, como o semanário Folha do Sul, de Bela Vista. Apesar de ter cursado apenas as quatro primeiras séries escolares, participou ativamente de círculos literários, como o Clube Literário Goiano, e publicou contos e crônicas, incluindo "A Tua Volta" (1906) e Tragédia na Roça (1910).
Cora Coralina - foto: Acervo ©Museu Casa de Cora Coralina
(Global Editora)
Cora Coralina - foto: Acervo ©Museu Casa de Cora Coralina
(Global Editora)
Em 1911, mudou-se para São Paulo com seu marido, Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas, com quem teve seis filhos. Após a morte do marido, em 1934, passou por diversas cidades, sustentando-se como vendedora de livros e produtora de alimentos caseiros. Em 1956, retornou à Cidade de Goiás.
Aos 50 anos, passou por uma transformação interior que descreveu como "a perda do medo". Adotou plenamente o pseudônimo Cora Coralina e continuou escrevendo poemas que retratavam sua história, a cidade natal e o ambiente em que fora criada. Em 1978, sua obra Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais foi republicada pela Universidade Federal de Goiás e saudada por Carlos Drummond de Andrade como "um dos livros mais comovedores" já escritos.
Entre suas obras destacam-se Meu Livro de Cordel (1976) e Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha (1983). Recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela UFG (1983) e o Prêmio Juca Pato como intelectual do ano. Faleceu em Goiânia, vítima de pneumonia, e sua casa foi transformada em um museu.
Sua poesia, marcada pela simplicidade e profundidade, trouxe à tona o cotidiano e os elementos folclóricos do interior brasileiro. Mesmo com pouco domínio das regras gramaticais, sua obra priorizou a mensagem e atingiu um nível literário inigualável, consolidando-a como uma das maiores poetisas da Língua Portuguesa.