Afonso Duarte

Joaquim Afonso Fernandes Duarte (1884–1958) foi um destacado poeta português, cuja vida e obra tiveram um impacto significativo na literatura portuguesa do século XX. Natural da Ereira, iniciou os seus estudos na Faculdade de Filosofia de Coimbra, onde se formou em Ciências Físico-Naturais. Trabalhou como docente até ser aposentado compulsivamente pelo regime salazarista em 1932, o que o levou a dedicar-se quase exclusivamente à literatura e à investigação em pedagogia e etnografia.

Em 1924, Duarte cofundou a revista Tríptico, juntamente com António de Sousa, Branquinho da Fonseca, João Gaspar Simões e Vitorino Nemésio. A sua colaboração em várias publicações periódicas, como A Águia, Contemporânea, Presença, Manifesto, Portucale, Notícias do Bloqueio, Cadernos de Poesia e Litoral, ajudou a moldar o panorama literário da época.

A sua primeira coletânea, Os Sete Poemas Líricos (1929), revelou a influência do saudosismo em poemas que combinavam um tom panteísta e visionário com uma abordagem elíptica e essencialmente introspetiva. A crítica de Fernando Guimarães destaca a sua capacidade de transformar a inspiração saudosista numa figuração poética que, embora frequentemente pessimista, possui uma intensidade verbal notável.

Em 1947, publicou Ossadas, uma coletânea que reúne poemas escritos entre o início dos anos 20 e a primeira metade dos anos 40. Esta obra marcou uma transição na sua escrita, refletindo as mudanças poéticas que acompanhavam o modernismo e influenciaram as gerações posteriores. A sua poesia tornou-se um símbolo das trajetórias da poesia portuguesa até meados da década de 50, desempenhando um papel crucial na formação da poética neorrealista de autores como Carlos de Oliveira.

Após o seu falecimento, a sua contribuição foi reconhecida por críticos e colegas, com textos de homenagem a Duarte sendo publicados em Cadernos do Meio-Dia e uma edição da sua obra poética organizada por Carlos de Oliveira e João José Cochofel em 1956. A sua influência e a profundidade da sua poesia permanecem um legado importante na literatura portuguesa.