Veja o vídeo sobre a vida delas neste link: https://www.youtube.com/watch?v=IN_H3FWgNcU
Com procedimento de canonização equipolente, o Papa Francisco decidiu estender à Igreja inteira o culto das 16 carmelitas descalças de Compiègne guilhotinadas durante a Revolução Francesa. Serão beatos dois mártires: um do comunismo, o arcebispo Eduardo Profittlich, e um do nazismo, o sacerdote Elia Comini. Tornam-se veneráveis os servos de Deus Áron Márton, bispo, Giuseppe Maria Leone, sacerdote, e Pietro Goursat, leigo francês.
Durante a audiência concedida, nesta quarta-feira (18/12), ao prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, o Papa Francisco aprovou os votos favoráveis da Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos, Membros do Dicastério, e decidiu estender a toda a Igreja o culto à Beata Teresa de Santo Agostinho, no século, Maria Madalena Claudia Lidoine, e 15 companheiras da Ordem das Carmelitas Descalças de Compiègne, mártires, mortas por ódio à fé durante a Revolução Francesa, em 17 de julho de 1794, em Paris, França, inscrevendo-as no catálogo dos Santos, Canonização Equipolente, uma prática iniciada por Bento XIV com a qual o Papa estende o culto de um servo de Deus ainda não canonizado a toda a Igreja por meio de um decreto. A Beata Teresa de Santo Agostinho e suas companheiras são agora santas.
A Comunidade de Compiègne foi a quinquagésima terceira fundação da ordem na França, que ocorreu após a chegada ao país da Beata Ana de Jesus, discípula de Santa Teresa de Ávila. Com a eclosão da Revolução, membros do Comitê de Saúde Pública local foram ao convento para induzir as religiosas a abandonar a vida religiosa. Elas se recusaram e, quando - entre junho e setembro de 1792 - os episódios de violência aumentaram, seguindo a inspiração da priora, irmã Teresa de Santo Agostinho, todas se ofereceram ao Senhor como um sacrifício para que a Igreja e o Estado pudessem encontrar a paz.
Expulsas do mosteiro, separadas e vestidas com roupas civis, elas continuaram sua vida de oração e penitência, embora divididas em quatro grupos em várias partes de Compiègne, mas unidas por correspondência, sob a direção da superiora. Descobertas e denunciadas, em 24 de junho de 1794, foram transferidas para Paris e encarceradas na prisão Conciergerie, onde também estavam detidos muitos sacerdotes, religiosos e religiosas condenados à morte.
As religiosas carmelitas também foram exemplares em sua prisão. Em 17 de julho, no dia seguinte à festa de Nossa Senhora do Carmo, que elas tinham celebrado na prisão entoando hinos de júbilo, as dezesseis foram condenadas à morte pelo tribunal revolucionário por, entre outros motivos, “fanatismo” relacionado à sua fervorosa devoção aos Sagrados Corações de Jesus e Maria.
Distribuídas em duas carroças, enquanto eram conduzidas para a execução, cantaram os Salmos e, quando chegaram ao pé da guilhotina, entoavam o Veni creator, renovando seus votos uma após a outra. Seus corpos foram enterrados numa vala comum, junto com os de outros condenados, no local que se tornou o atual cemitério de Picpus, onde uma placa recorda seu martírio. Elas foram beatificadas na Basílica de São Pedro por São Pio X em 27 de maio de 1906.
Telegrama de Leão XIV, assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, por ocasião da missa de ação de graças pela canonização das 15 religiosas mortas in odium Fidei em 17 de julho de 1794, em Paris. O testemunho delas é um convite a descobrir “a força e a fecundidade de uma vida interior totalmente voltada às realidades celestiais”.
Não “vítimas”, mas “autoras” de caridade. Assim, em um telegrama assinado pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, o Papa Leão XIV define as 15 companheiras da Ordem das Carmelitas Descalças de Compiègne, mártires, mortas in odium Fidei em 17 de julho de 1794, em Paris, durante a Revolução Francesa. As religiosas foram inscritas no catálogo dos santos por Papa Francisco em 18 de dezembro de 2024, com uma canonização equivalente. Em ação de graças por aquele acontecimento, na manhã deste sábado, 13 de setembro, foi celebrada uma missa solene na catedral de Notre-Dame de Paris, presidida pelo arcebispo da cidade, dom Laurent Ulrich. Durante a celebração, foi lido o telegrama do Papa por dom Celestino Migliore, núncio apostólico na França.
Uma “perturbação benéfica” nos carcereiros
No texto, o Papa expressa, em primeiro lugar, sua profunda alegria em se unir à ação de graças da Igreja francesa e universal pela canonização das 16 Carmelitas de Compiègne, recordando como o martírio delas – ocorrido durante o período do “grande terror” - tenha suscitado admiração até mesmo em seus carcereiros e tenha gerado uma “perturbação benéfica” mesmo nos corações mais endurecidos, abrindo brechas para o divino.
O eco do sacrifício
O Pontífice sublinha como o eco do sacrifício delas nunca se apagou, encontrando confirmação na abundância de obras literárias e artísticas inspiradas no exemplo delas, mas sobretudo na “multidão surpreendentemente silenciosa” que acompanhou o seu suplício.
A paz do coração, fruto de “imensa caridade”
A paz do coração que animava essas filhas de Santa Teresa — continua Leão XIV — era fruto de uma “imensa caridade”, mas também da fé e da esperança teologais que as sustentavam. Subindo ao cadafalso entre hinos e salmos, elas transformaram a prisão em um ato de oferta total: não mais “vítimas”, mas “autoras de um dom supremo que torna atual a oferta dos votos religiosos”. “Despojadas aparentemente de tudo — observa o Papa —, elas permaneceram na realidade ricas em seus votos e no ato de consagração com o qual ofereceram livremente suas vidas a Deus para que a paz fosse restabelecida na Igreja e no Estado”.
O Papa recorda então as palavras da priora, a última a subir à guilhotina: “como poderíamos guardar rancor por esses pobres infelizes que nos abrem as portas do Céu?”, para depois acrescentar, sorrindo aos carrascos: “eu os perdoo de todo o coração, como espero que Deus me perdoe”. Nessa frase, comenta Leão XIV, condensa-se o espírito das carmelitas: “oferta total, perdão e gratidão, alegria e paz”.
Força e fecundidade na vida interior
O testemunho delas – conclui o Pontífice – continua a ser um convite a todos para descobrirem “a força e a fecundidade de uma vida interior totalmente voltada para as realidades celestiais”. Ao impartir a Bênção Apostólica, Leão XIV quis estendê-la não apenas aos fiéis e pastores reunidos em Notre-Dame de Paris, mas também a todos aqueles que, em todas as partes do mundo, se uniram espiritualmente a um evento “que alegra toda a Igreja”.