EV. MARCOS - COMENTÁRIOS

OS TEXTOS PODEM SER LIDOS NA BÍBLIA CATÓLICA


INTRODUÇÃO

Sobre o Evangelista Marcos, nascido em uma família judaica opulenta, sabe-se o que dizem os Atos dos Apóstolos e algumas Cartas de São Pedro e São Paulo. Ele não foi discípulo do Senhor, não obstante alguns estudiosos o identifiquem com o rapaz, filho da viúva Maria, que, coberto com um lençol, seguiu a Jesus, depois da sua prisão no Horto das Oliveiras. Porém, colaborou com o apóstolo Paulo, que conheceu em Jerusalém, com o qual foi a Chipre e, depois, a Roma. No ano 66, São Paulo escreveu a Timóteo da prisão romana: “Procure Marcos e traga-o com você, porque ele pode ajudar-me no ministério” (2Tm 4,11).

São Marcos em Roma e noutras viagens

Não se sabe se Marcos chegou a tempo a Roma para presenciar ao martírio de Paulo, mas, na capital do Império, certamente, pôs-se a serviço de Pedro. A Basílica romana de São Marcos, em pleno centro histórico, testemunha a sua presença, visto que, - se diz, - a sua casa foi construída sobre o lugar onde surgia a casa onde o Evangelista viveu.

Pedro citou várias vezes o nome de Marcos. Na sua primeira Carta, por exemplo, lemos: “A comunidade que vive em Babilônia (Roma), escolhida como vocês, manda saudações. Marcos, meu filho, também” (1Pd 5,13). E ainda, nos Atos dos Apóstolos, após a libertação “milagrosa” de Pedro da prisão: “Pedro então refletiu e foi para a casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muitos se haviam reunido para rezar” (Atos 12,12).

Depois da morte do Príncipe dos Apóstolos, não se têm mais notícias de Marcos. Uma antiga tradição diz que ele foi evangelizar o Egito, onde fundou a Igreja de Alexandria. Outra, narra que, antes de chegar ao Egito, esteve em Aquileia, para reconfirmar a evangelização no nordeste do Império. Ali, converteu Hermagoras, que se tornou o primeiro Bispo da cidade. Ao deixar Aquileia, parece que Marcos ancorou, por causa de uma tempestade, nas Ilhas Rialtenses, núcleo original da futura cidade de Veneza. Durante o sono, sonhou que um anjo lhe avisara que deveria permanecer naquela terra, à espera do último dia.

Derradeiro testemunho de São Marcos

O evangelista Marcos morreu, provavelmente, entre os anos 68 e 72, talvez como mártir de Alexandria, no Egito. Assim escrevem os Atos de Marcos, no IV século: “No dia 24 de abril, os pagãos o arrastaram pelas ruas de Alexandria, amarrado com uma corda no pescoço. Jogado na prisão, foi confortado por um anjo. Mas, no dia seguinte, sofrendo atrozes suplícios, morreu. Seu corpo devia ser queimado, mas, salvo pelos fiéis, foi sepultado em uma gruta. Dali, no século V, foi trasladado para uma igreja.

Segundo uma lenda, no ano 828, dois mercantes venezianos teriam levado o corpo de São Marcos, ameaçado pelos árabes, para a cidade de Veneza, onde ainda hoje descansa na Basílica a ele dedicada. Algumas de suas relíquias são conservadas também no Cairo, Egito, na catedral de São Marcos, sede do Patriarca copta-ortodoxo, Tawadros II.

O Evangelho “concreto” de Marcos

Marcos foi considerado o “estenógrafo” de Pedro e seu Evangelho foi escrito entre os anos 50 e 60. Segundo a tradição, ele transcreveu a pregação e as catequeses de Pedro, dirigidas, sobretudo, aos primeiros cristãos de Roma; porém, ele as escreveu sem elaborá-las ou adaptá-las a um esquema pessoal. Eis porque o seu Evangelho demonstra a vivacidade e a singeleza de uma narração popular. A língua era o grego, a mais falada naqueles tempos; o objetivo das suas narrações era mostrar o poder de Jesus Cristo, Filho de Deus, que se manifesta na realização de muitos milagres.

As palavras do Evangelho de Marcos “Ide por todo o mundo e proclamai a Boa Nova a todas as criaturas” – explicou, uma vez, o Papa Francisco, indicam, claramente, o que Jesus quer dos seus discípulos.

Marcos, Padroeiro de Veneza

Em 1071, São Marcos foi escolhido como titular da Basílica e principal Padroeiro da Sereníssima. Na época, Veneza era, indissoluvelmente, ligada à pessoa do Evangelista, cujo símbolo, um leão alado, - que traz um livro com a escrita: “Pax tibi, Marce, evangelista meus” (Paz a ti, Marcos, meu evangelista) – se torna o brasão da cidade, colocado em todos os lugares dominados pela Sereníssima, título dado à República de Veneza.

São Marcos é Padroeiro dos tabeliões, escrivães, vidraceiros e ópticos. É venerado como Santo por várias Igrejas cristãs, além da Católica, como a Ortodoxa e a Copta, que o considera seu Patriarca.

 

para ler os textos bíblicos clique aqui:

SÃO MATEUS

SÃO MARCOS

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 SÃO JOÃO

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PEQUENO ESTUDO BÍBLICO


Eu me baseei na Bíblia de Jerusalém, no livro “Celebrando a Palavra”, de Fernando Armellini (FA), no Missal Dominical-(MD) no Missal Cotidiano (MC). As minhas opiniões vêm seguidas de TA.

Não sou mestre nem exegeta. Apenas uma pessoa que deseja ajudar outras pessoas simples a ler os evangelhos sem muitos problemas.

Marcos foi discípulo de São Pedro. Isso nos leva a pensar que muito do que ele escreveu foi-lhe dito por esse apóstolo.

Peço a você que tenha a bíblia em mãos. Transcrever todo o texto aqui seria muito trabalhoso e resultaria num número muito grande de páginas.


CAPÍTULO 01 –

 

 Marcos 1, 1-8:- Pregação de João Batista.

 

Evangelho significa “Boa Nova, ”boas notícias”. 

 

Jesus é Filho de Deus. Essa é uma convicção profunda de Marcos.

 

O Messias era visto como um reformador político, mais para o lado material do que global do ser humano, um tipo de rei. Os pobres deixariam a pobreza e os recos perderiam suas riquezas. Escribas e fariseus viam em Jesus o contrário do Messias, pois sua pregação não combinava com isso que eles acreditavam que seria o Messias: um rei implacável e materialista.

 

Preparar o caminho do Senhor = Tirar do caminho os obstáculos para a vinda do Reino de Deus. Os pecados e as injustiças, por exemplo. Mudar de vida.

 

O Batismo ministrado por João equivale ao nosso sacramento da confissão. O nosso batismo atual equivale à circuncisão dos judeus, feita no oitavo dia. Ver sobre isso o que S. Paulo fala do Batismo como “circuncisão do coração” em Colossenses 2,11-15; Romanos 2,29. O batismo de João era uma forma visível de mostrar uma mudança de vida.

 

Ao vestir pelos de camelo e alimentar-se de gafanhotos, João mostra que não se sujeitava às falsas necessidades das cidades. Sua pregação era livre e autêntica.

 

Batizar com o Espírito Santo= mudar profundamente os corações das pessoas, de modo que deles nunca mais sairia nada de mau, de pecaminoso.

 

Marcos 1,9-11:- O batismo de Jesus

 

Jesus, que nunca pecou, submete-se ao batismo de João em solidariedade com os pecadores, para mostrar que estava no meio deles, participava da mesma sorte deles, mas ia conduzi-los à liberdade plena (F.A. Pág. 83, ano B)

 

O nosso batismo só foi instituído por Jesus em Mateus 28,19: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”.

 

O Espírito Santo não foi simbolizado apenas como pomba, na bíblia, mas muito mais vezes por mão, vento, dedo, fogo, água, unção, nuvem, luz, selo (Ver os detalhes no Curso de Crisma deste blog).

 

Marcos 1,12-13 – Tentação no deserto

 

Jesus, como nós, foi tentado durante toda a sua vida, e não apenas no deserto. Quarenta dias pode significar “ a vida toda”. Ademais, São Lucas diz em Lc 4, 13\; “E acabando o diabo toda a tentação, ausentou-se dele até outra oportunidade”. Sabemos que uma dessas “outras oportunidades” foi em sua Paixão.

 

Vivia entre as feras = lembrança do paraíso terrestre, do tempo em que Adão e Eva ainda não haviam pecado. Ver sobre isso Isaías 11,6-9.

 

As tentações não se vencem apenas com a oração, mas também com a vigilância. Ambas devem estar juntas: “ Orai e vigiai para não cairdes em tentação” ( Marcos 14,38).

 

“Os anjos o serviam”= Vencer o pecado é quebrar as barreiras que nos separam da graça de Deus. Sua graça é como a chuva, e os pecados são como os telhados, que impedem que a chuva nos molhe.

 

Marcos 1,14-15:- Jesus inaugura sua pregação

 

Jesus percorre os povoados perdidos na montanhas da Galileia, anunciando o Evangelho de Deus.

 

“Cumpriu-se o tempo” =- Terminou o tempo da paciência de Deus. É agora a hora da mudança radical de vida e nosso modo de pensar, para não termos de enfrentar o “Dia do Senhor”, do julgamento, de “calças curtas”. Ver Romanos 3,26.

 

O Reino de Deus = lugar onde não haverá nem sofrimento, nem morte. Apenas alegria e paz.

 

“Arrependei-vos!” = Quando não conseguimos no arrepender, peçamos essa graça a Deus e pelo menos proponhamos não pecar mais. Jesus nos oferece o perdão gratuitamente. Se propormos não pecar mais, seremos perdoados, embora fiquemos como que “devendo” a satisfação daqueles pecados ainda não arrependidos a Deus. Ou seja: quem pede perdão e não peca mais, não vai para o inferno. Ficará no Purgatório, até que se arrependa e possa, purificado, entrar no céu. Diz o Apocalipse 21,27: “Nada de impuro entrará na cidade celeste”. Só ficaremos realmente puros quando nos arrependermos de coração de todos os pecados, mesmo dos pecados já perdoados e ainda não perfeitamente arrependidos.

 

“Crer no Evangelho” = Crer na Boa Nova = crer nas boas notícias. Uma delas é que o Reino de Deus nos aguarda. Outra, é que Jesus veio nos salvar, nos perdoar, nos dar a vida eterna.

 

Marcos 1,16-20: Vocação dos 4 primeiros discípulos

 

Os discípulos chamados estavam trabalhando, não estavam a toa. Todos somos chamados para uma missão aqui na terra. É preciso conhecê-la! Ter fé é colocar-se totalmente nas mãos de Deus, sem restrições, sem nenhum medo.

 

Marcos 1, 21-28: Jesus ensina em Cafarnaum e cura um endemoniado.

 

Jesus tinha sua autoridade de ensinar reconhecida por fazer um comentário próprio da Escritura, que inspira veracidade, diferente do legalismo dos mestres da lei, e por praticar o que ensinava, mostrando-se verdadeiro por meio dos milagres (=sinais) que mostrava.

 

Este é o primeiro milagre de Jesus em São Marcos. Em São João é as bodas de Caná.

 

As doenças não entendidas eram tidas como possessão diabólica. Aliás, todas as doenças eram consideradas causadas pelo demônio. Nem todos os endemoniados da bíblia o eram realmente. Muitos apenas eram doentes mentais.

 

Muitos tem um medo danado do demônio. Ele não é tão forte assim. Uma oração bem feita o afugenta. O problema não é ele, mas o mal que nos rodeia, a tendência do ser humano para o mal: sentimentos racistas ou preconceituosos, ódio, discriminação, injustiças, ansiedade pela bebida e drogas, ganância, paixão sexual desenfreada (F.A.pág 245, ano B), a destruição da natureza, a guerra, o egoísmo e assim por diante.

 

Deus é maior do que o demônio. Uma pessoa batizada é templo de Deus e, portanto, nunca poderá ser possuída pelo demônio, a não ser que a pessoa renegue a Deus e invoque sobre si o demônio. Acreditar em possessão diabólica em quem já é batizado e procura cumprir a vontade de Deus, é acreditar que o demônio é maior do que o próprio Deus. É preciso começar a aceitar que muitas vezes a culpa de nossos males é nossa mesmo, e não do demônio, que tem a “costa larga”: em tudo colocamos nele a culpa, para tirarmos a nossa.

 

“Espírito impuro”= Essa impureza era referente às normas usuais de pureza para participar do culto e das refeições (como lavar as mãos antes de comer, não estar doente etc.). Não tem nada a ver com a falta de castidade.

 

Essas pessoas doentes eram simplesmente suportadas pelos demais, quando não “descartadas”. O povo ficou feliz em ver que Jesus curava os doentes.

 

Marcos 1,29-32- Cura da sogra de Pedro

 

Jesus não quer a doença para nós, mas que sejamos sadios e felizes, e trabalhemos incansavelmente pelos necessitados e impossibilitados. Não é justo usarmos nossa saúde e bem-estar apenas em proveito próprio.

 

O mal e a doença não são invencíveis: eles podem ser dominados pela oração, vigilância e união de nossas forças na procura das soluções e providências necessárias. Se praticarmos a Palavra de Deus não só a nível particular, mas a nível de povo de Deus, teremos sua ajuda para os problemas naturais. Como dizia Spinoza, um filósofo, o único “mundo” possível de funcionar é o nosso. Não há outro modo melhor, senão Deus o teria feito desse modo melhor. Por isso, Ele se comprometeu a nos ajudar, se pedirmos sua ajuda. Estar com Deus, a nível pessoal e a nível comunitário, é a melhor forma de sermos plenamente felizes, como o próprio Jesus disse em João 10,10b: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”.

 

Marcos 1, 32-34: Diversas curas

 

Devemos lutar contra as doenças que nos impedem de sermos felizes. Há muitas pessoas que morem de doenças perfeitamente curáveis, apenas por serem pobres ou morarem em lugares insalubres e abandonados. Isso não é, em hipótese alguma, a vontade de Deus.

 

Jesus não curou todos os doentes da época, mas apenas uma parte, para mostrar que Deus não quer o mal, nem o sofrimento, nem as doenças que ocorrem conosco. Ele apenas permite, já que respeita a liberdade do homem. Mas está pronto a ajudar a suportarmos, quando não nos livra deles.

 

Jesus impede que se fale ser Ele o Messias para evitar mal-entendidos sobre sua missão e assim apressar a sua morte. Eles faziam uma idéia nacionalista e guerreira do Messias, muito diferente da que Jesus queria ensinar.

 

Marcos 1,35-39:- Jesus deixa secretamente Cafarnaum e percorre a Galiléia

 

Jesus rezava aos sábados no templo, com a comunidade, e também sozinho, em particular, na solidão da montanha, geralmente à noite.

 

A oração é a “ferramenta” para nos fortalecer e iluminar para entendermos e solucionarmos os problemas do mundo. Além da oração é preciso a vigilância e o trabalho constante e equilibrado.

 

É preciso que todos, todas as nações, ouçam o Evangelho, para que possam escolher se vão seguir ou não as palavras de Jesus. Por isso, Jesus vai pregar em toda a parte e pede aos apóstolos que façam isso também (cf Mateus 28,19).

 

A expressão “expulsar demônios” significa afastar o mal, o pecado, as coisas negativas, e implantar o evangelho de Jesus Cristo, do amor. Onde houver a presença de Jesus e o amor verdadeiro, dificilmente haverá oportunidade para o mal.

 

Marcos 1,40-55:- Cura de um leproso

 

A cura da lepra era impossível naquele tempo. Quando Jesus curou o leproso, as pessoas viram que o Reino de Deus tinha chegado ao mundo (F.A. Pág. 259). Mesmo assim, muitos não acreditaram nele.

 

O leproso curado devia se apresentar ao sacerdote do templo porque ele era o único que podia dar a liberação para que ele pudesse voltar a participar da sociedade, da qual, até então, estava completamente separado. Quem tocasse no leproso (como Jesus o fazia) também era considerado impuro e não podia entrar no templo, sem antes passar pelo sacerdote e oferecer o sacrifício de purificação.

 

Não podemos desprezar ou menosprezar ninguém. E devemos procurar ouvir as autoridades de nossa Igreja. Nossa Igreja tem a assistência do Espírito Santo. Devemos obedecer às leis, desde que elas não contrariem as duas que Jesus deixou: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Há religiões, atualmente, que aprovam, por exemplo, o aborto quando a criança é fruto de estupro. A Igreja Católica abomina e condena QUALQUER TIPO DE ABORTO.




CAPÍTULO 02

Marcos 2,1-12: Cura de um paralítico

 

Os paralíticos eram afastados da vida da comunidade como os leprosos. O motivo era que o pessoal da época achava que a doença era fruto do pecado, ou seja, só ficava doente, na opinião deles, quem fosse pecador, ou fosse filho de pais pecadores.

 

Perdoando os pecados gratuitamente, ou seja, mesmo sem esperar que o paralítico pedisse isso, Jesus nos mostra o seu amor e o seu desejo que recomecemos o caminho do Reino de Deus, que abandonamos pelo pecado.

 

Como as pessoas achavam que o paralítico o era porque era pecador, achavam que se Jesus o tivesse perdoado realmente, automaticamente ele ficaria curado da paralisia. Separando as duas coisas, Jesus mostrou que a doença não tem nada a ver com o pecado (a não ser aqueles pecados que por si só nos deixam doentes, como o alcoolismo, drogas, arriscar a vida sem necessidade, acabar com as condições favoráveis da natureza por causa da ganância dos lucros, doenças advindas do próprio pecado etc, assim como as doenças psicossomáticas, geralmente provenientes do sentimento de culpa ou da necessidade inconsciente de autopunição).

 

Podemos escolher: ou estar entre os quatro que lutaram para levar o paralítico a Jesus, ou instalar-se comodamente dentro de casa, como os escribas, que estavam comodamente sentados dentro da casa, alheios ao que se passava lá fora. Se não fossem os quatro, o paralítico não teria encontrado Jesus e não se teria curado, nem receberia a garantia de que seus pecados teriam sido perdoados.

 

Desse modo, muitas pessoas melhoram e até mudam completamente de vida quando encontram apoio e ajuda de outras. Você, eu, nós todos somos responsáveis pela mudança de vida de muitas pessoas que encontramos no caminho de nossa vida. Sobretudo o bom exemplo pode tocar o coração de muita gente. Peçamos perdão por todos os maus exemplos que praticamos no decorrer de nossa vida. Se tivermos confiança, saibamos que Deus os perdoará, se recomeçarmos uma vida nova, como o paralítico deve ter feito.

 

O diácono José da Cruz comenta como as pessoas que estavam na porta e dentro da casa não deram espaço para o paralítico entrar, como acontece em muitas comunidades. Veja que profundo é o artigo:

 

Sexta Feira da 1ª Semana do TC 18/01/2013

 

Evangelho Marcos 2, 1-12 link para as leituras

 

"NOSSOS PARALÍTICOS..."

 

Certa ocasião, quando refletíamos esse evangelho em grupo, alguém perguntou se na casa onde Jesus estava pregando, havia elevador ou coisa parecida, se olharmos o relato em si mesmo, vamos acabar fazendo outras perguntas como, “Será que eles não podiam pedir licença para passar no meio das pessoas e entrar na casa?” e mais ainda... Seria normal que as pessoas que estavam aglomeradas á entrada, quando vissem o esforço dos quatro homens, subindo na parede com o paralítico deitado em uma cama, oferecessem ajuda, buscando uma alternativa mais fácil...

 

O próprio Jesus, não poderia ter dado um jeito de sair para atender o paralítico, sem precisar tanto esforço de subir e ainda ter de abrir um buraco no telhado? Fazer perguntas como essas, é muito importante para a nossa reflexão, pois vamos e convenhamos, o modo que eles encontraram para colocar o paralítico á frente de Jesus, não foi o mais fácil, aliás, correu-se até o risco de um grave acidente.

 

Hoje em dia a gente sabe que nossos templos existentes, ou os que estão em construção, devem ter em seu projeto, a construção de rampas, para facilitar o acesso de nossos irmãos deficientes. Mas com certeza, não é este o tema do evangelista, ele está querendo dizer alguma coisa as suas comunidades e aos cristãos do nosso tempo.

 

Dia desses, alguém bastante estressado dizia-me que certas pessoas só atrapalham a vida da comunidade, porque são muito radicais, geniosas, incomodam a rodos, e o tempo todo só arranjam encrencas e mais encrencas, concluindo, dão muito trabalho, são sempre do contra, enfim, chatas e duras de engolir, e que sem elas, a comunidade é uma maravilha, o conselho deveria tomar providência, ou quem sabe, o padre impor a sua autoridade.

 

Pessoas com essas características não caminham, e ainda dificultam a vida de quem quer caminhar: pronto, já começamos a descobrir os paralíticos e paralíticas de nossas comunidades, irmãos e irmãs que não se emendam de seus defeitos, nunca mudam o seu jeito de ser, não se convertem e precisam portanto, ser acolhidas e carregadas. Há irmãos na comunidade que a gente tem prazer de encontrar, é sempre uma alegria imensa, mas há também esses, que nos perturbam, incomodam, e a gente não fica a vontade, se estão conosco em uma reunião da pastoral ou do movimento, a troca de “farpas” será inevitável...

 

Há no texto duas coisas que chamam a nossa atenção, primeiro o esforço desse quarteto, subir pela parede, desfazer o telhado e descer a cama com cordas. Jesus elogia-lhes a fé, parece até que fez o milagre como retribuição a tanto esforço. Eles tinham fé em Jesus Cristo, sabiam que se o levassem diante dele, seria curado, mas por outro lado, embora o texto não cite isso, a gente percebe que o amavam muito, tiveram com ele muita paciência, sei lá quantos quilômetros tiveram que andar, carregando aquela cama que deveria ser pesada, e ainda, ao deparar com a multidão aglomerada á frente da casa, poderiam ter desistido, já tinham feito a sua parte. Mas a força do amor e da fé, fez com que não desistissem, e se preciso fosse, seriam capazes de derrubar a casa.

 

Os quatro são uma referência para as nossas comunidades, onde muitas vezes falta-nos o amor e a fé, para carregar nossos paralíticos e superar os obstáculos, passando por cima dos preconceitos. Nas comunidades há pessoas amorosas, pacienciosas, que aceitam conviver com todos, amando-os como eles são, sem exigências, preconceitos ou radicalismo, mas há também a turma de “nariz empinado”, como aqueles doutores da lei, que não crê em um Deus que é misericórdia, e que perdoa pecados, seguem normas e preceitos, até trabalham na comunidade, mas são extremamente exigentes com os “paralíticos”, acham-se perfeitos e não aceitam a convivência com os imperfeitos.

 

Jesus elimina o problema pela raiz, “Filho, teus pecados te são perdoados...”, a cura física vem em segundo plano, e se a enfermidade impede que o paralítico se aproxime de Jesus, a comunidade os carrega, possibilitando que ele também faça a experiência do Deus que perdoa, ora, se houver na comunidade intolerância, preconceitos, e ranços ocultos, como é que essas pessoas poderão experimentar o amor, o perdão e a misericórdia? Os intolerantes têm sempre um olhar extremamente crítico e severo, para com os paralíticos, e não aceitam que outras pessoas tenham por eles amor e ternura, manifestada na paciência e tolerância.

 

Por isso Jesus ordena – levanta-te, toma o teu leito e vai para casa. Deus nunca faz as coisas pela metade, na obra da salvação, Jesus não fez simplesmente uma reforma no ser humano, mas o transforma em uma nova criatura, na graça santificante do Batismo, fazendo com que deixe de se relacionar com Deus na religião normativa, porque crê no Deus que é todo amor e misericórdia, que perdoa pecados e os liberta com a sua santa palavra, em Jesus de Nazaré.

 

Diácono José da Cruz

 

Paróquia Nossa Senhora Consolata - Votorantim SP

 

Marcos 2,13-14 – VOCAÇÃO DE LEVI.

 

Os evangelhos simplificam bastante os atos de Jesus e dos discípulos. Mateus, também chamado de Levi, com toda a certeza já tinha refletido sobre o seguir Jesus, que ele vira várias vezes por ali (dê uma olhadinha no “entrelinhas da bíblia” em relação a Zaqueu, deste blog, que é quase a mesma história). O convite que Jesus lhe fizera neste trecho, talvez fosse o decisivo para que ele O seguisse de uma vez por todas. Há muitas pessoas assim: só vão à igreja se alguém as convida. Eu sou péssimo para fazer isso, mas talvez você seja mais “cara de pau” do que eu para convidar as pessoas indecisas... Deus queira. Isso é muito necessário.

 

Marcos 2, 15- 17:- REFEIÇÃO COM OS PECADORES.

 

Participar de uma refeição com alguém significava, naquele tempo, partilhar também dos pensamentos e atitudes do outro. Isso é que irritava os escribas. Eles reconheciam a superioridade de Jesus, mas não entendiam como ele podia “misturar-se” com os pecadores. Com a frase “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os doentes,“ Jesus quis dizer que ele estava comendo com os “pecadores” não porque concordava com os seus pecados, mas para tirá-los desse tipo de vida, para dar-lhes a plenitude de uma vida nova.

 

Marcos 2,18-22:- DEBATE SOBRE O JEJUM.

 

Os discípulos de João Batista jejuavam porque aguardavam o Messias. Os de Jesus não jejuavam porque o Messias é Ele próprio, ou seja, já chegou, já estava com eles. Essa é a ideia. Entre a ressurreição e a segunda vinda de Cristo, todos jejuaremos.

 

O jejum pode e deve ser feito mesmo atualmente, não com tristeza, mas com alegria, como em Mateus 6,16-19, em que Jesus manda ungir a cabeça com perfume e lavar o rosto durante o jejum, para que ninguém o perceba. Há três motivos para o jejum:

 

1 – economizar dinheiro para dá-lo aos pobres, que quase não comem ou comem mal.

2 – fortalecer a vontade contra os vícios e paixões.

3 – preparar o nosso coração para a oração, como o jejum da Semana Santa e o da quarta-feira de Cinzas, que nos prepara para a quaresma.

 

O último trecho, “vinho novo em odres novos”, menciona o fato de que o rigorismo dos judeus (odres velhos) deve mudar, pois o vinho novo (a mensagem de Jesus) precisa mentalidade nova, vida nova, odres novos, para servir de abrigo e acolhimento.

 

Marcos 2, 23-28 :- AS ESPIGAS ARRANCADAS

 

O sábado era dia de festa para os judeus, com três refeições, tomar vinho, vestir as melhores roupas, comer carne. A comunidade toda se reunia na sinagoga no sábado pela manhã (o sábado começava na sexta-feira ao pôr-do-sol), onde rezavam e depois conversavam.

 

No tempo de Jesus, os rabinos e os escribas complicaram muito a observância do sábado, inventando 39 ações proibidas, cada uma delas com inúmeras normas minuciosas.

 

Desse modo, era quase impossível chegar ao fim do sábado sem se cometer alguma infração grave. “Era proibido ajudar um doente, acender o fogo, preparar comida, dar um nó. A 39ª proibia transportar alguma coisa de um lado para outro. Os rabinos especificavam, por exemplo, que não se podia recolher um objeto do chão, que as mulheres não podiam usar seus colares e anéis (por causa do peso!) e que os homens não podiam usar calçados com pregos (idem).” (F.A. Págs. 284-285).

 

A opinião de Jesus a respeito do sábado é que era um dia de alegria e que as “prescrições são boas e devem ser observadas quando favorecem o homem: do contrário, perdem sua força normativa “ (idem, pág. 285). Na prática, o dia de descanso, que no nosso caso é o domingo, deve ser um dia especial de agradecimento e de louvor a Deus, um dia de alegria e de descanso, de encontro com a família e com a comunidade, de se relacionar com as pessoas. O trabalho em favor dos amigos (como cobrir a laje do vizinho, por exemplo), pode se feito, mas não deveria tomar o domingo todo e não se deveria deixar de ir à missa por esse motivo.

 

Nós observamos o domingo e não o sábado por dois motivos:

 

1 – é o primeiro dia da criação (o sábado não é o último, pois Deus continua trabalhando, criando, mantendo o mundo e tudo o que existe).

2- é o dia da Ressurreição do Senhor.

3 - os cristãos aproveitavam o descanso dos romanos do domingo, dia em que os pagãos adoravam o deus sol. Adorando o Deus verdadeiro nesse dia, eles combatiam a idolatria e o politeísmo.

 

CAPÍTULO 03

Marcos 3,1-6: CURA DO HOMEM COM A MÃO ATROFIADA.

 

Tudo o que falamos no trecho anterior cabe aqui: para fazer o bem, é lícito trabalhar no dia de descanso. Em nossos dias, por exemplo, ajudar o vizinho a encher a laje...

 

Marcos 3,7-12: AS MULTIDÕES SEGUEM A JESUS

A missão de Jesus ia muito além de curar doentes ou expulsar demônios. Mas ele não se queixava de toda aquela gente o procurando. E não aceitava o testemunho dos espíritos impuros. Nós também precisamos agir de três modos: a curto, a médio e a longo prazo.

 

A curto prazo: assistência aos pobres e oprimidos;

 

A médio prazo a convocação de entidades civis e governamentais para combater a pobreza e a injustiça.

 

A longo prazo: a evangelização das pessoas, que deve já estar em andamento, mas num longo prazo atingir a toda a humanidade.

 

Marcos 3,13-19: INSTITUIÇÃO DOS DOZE

 

Doze corresponde ao número das doze tribos de Israel para mostrar que um novo povo de Deus estava sendo iniciado. Esses 12 deveriam estar num contato mais direto, contínuo e permanente com Jesus para que, embebendo-se de sua doutrina e de sua pessoa, pudessem levar a todo mundo sua mensagem de amor.

Para Judas Iscariotes, nem a convivência com Jesus livrou-o do uso de sua liberdade! Q escolha que Jesus fez foi espontânea, gratuita. Todos somos chamado a uma missão, independentemente de nossos merecimentos.

 

Marcos 3,20-21: PROVIDÊNCIAS DA FAMÍLIA DE JESUS

 

Nem sempre a pessoa que tem o mesmo sangue nosso tem também o mesmo modo de pensar. Ser parente não é o mesmo que ser amigo. E o amigo verdadeiro, diz Jesus em João 15,13, é o que dá a vida pelo outro. No caso de Jesus, ele deixara toda a sua família de sangue para dedicar-se àquela que seria sua família daquele dia em diante: “É meu irmão, minha irmã, minha mãe, quem faz a vontade de meu Pai”. A pessoa que mais fez a vontade do Pai foi justamente Nossa Senhora!

 

Marcos 3,22-30: CALÚNIAS DOS ESCRIBAS

Consertar os vers. 20-21. Tirar de lá o que diz sobre fazer a vontade de Deus, que está aqui mais adiante. Acrescentar, por outro lado, que os nossos parentes muitas vezes nos impedem de praticar a vontade de Deus, Por isso é que Jesus diz que quem ama mais o pai, a mãe, etc., do que a Deus, não é digno dele.

 

Marcos 3,22-30:- CALÚNIAS DOS ESCRIBAS

Os escribas vieram de Jerusalém a Cafarnaum, onde Jesus estava morando, e fizeram duas acusações:

1ª- Dizem que ele está possuído pelo demônio;

2ª- Realiza obras extraordinárias com a ajuda do demônio.

 

Jesus os rebate, dizendo: alguém que age em benefício o se humano não pode estar agindo por força do demônio.

 

O demônio nunca faria essas obras maravilhosas, pois estas vão contra ele próprio, e o seu reino terminaria.

 

Jesus, entretanto, mostra-se como o homem forte que vence o demônio.

 

A última parte lembra que atribuir ao demônio uma obra do Espírito Santo é ficar fora da salvação. Se não reconhecermos a ação de Deus no mundo, como a receberemos? Onde buscar o perdão?

 

Marcos 3,31-35:- OS VERDADEIROS PARENTES DE JESUS

Fazem parte da nova “família” de Jesus aqueles que fazem a vontade de Deus. Não basta ser parente de Jesus, não basta sermos batizados ou nos dizermos católicos para nos salvar: é preciso praticar tudo aquilo que Jesus nos ensinou, tudo aquilo que Ele praticou. Se pensarmos bem, Maria, sua mãe, foi a que melhor fez a vontade de Deus. É comum as pessoas se orgulharem de terem na família um padre ou um bispo. Mesmo que fôssemos irmãos do papa, se não fizermos a vontade de Deus não teremos chance alguma de salvação.

 

CAPÍTULO 04

 

Marcos 4,1-20: PARÁBOLA DO SEMEADOR

 

Na Palestina havia o costume de se jogar a semente primeiro e só depois arar. Desse modo, todas as sementes ficariam, no final, em terra boa, mesmo as que fossem jogadas à beira do caminho, em solo pedregoso, entre os espinhos. Quando o arado passava, acabava com os caminhos, com o solo pedregoso, com os espinhos, e transformava tudo em terra boa. Quase todas as sementes brotavam e cresciam. Quando o evangelho passou a ser pregado em outras regiões, que usavam o nosso costume de arar primeiro, a parábola precisou ser adaptada e ficou de modo como a conhecemos hoje, ou seja, de parábola passou a ser alegoria (veja a diferença entre parábola e alegoria no cantinho bíblico). Quanto à explicação, ela já está bem clara no próprio texto.

 

Quanto ao trecho dos versículos 10 a 12, a explicação mais provável é eque devemos ter boa disposição, boa vontade, espírito aberto, para entendermos as palavras de Jesus. Quem o ouve com má vontade ou com pouco caso, ou ainda com má intensão, como era o caso dos fariseus e autoridades da época, não vai levar a palavra em consideração e não vai “entendê-la'. Ou seja, mesmo que a entendesse, a desprezaria. (Comentário do missal cotidiano, 4ª feira da 4ª semana comum).

 

Marcos 4, 21-25:-COMO RECEBER E TRANSMITIR O ENSINAMENTO DE JESUS.

 

Uma pessoa que ouve e pratica a palavra de Jesus, não vai passar desapercebido, pois a luz de sua vida cristã vai ser notada pelas pessoas. Como ao olhar a luz da lua sabemos que é um reflexo da luz do sol, assim, ao olhar as boas obras de uma pessoa, sabemos que é um reflexo da luz de Cristo.

 

O último versículo, “Pois ao que tem, ser-lhe-á dado, e ao que não tem, até o que tem lhe será tirado”, isso foi dito, primeiramente, aos fariseus: a quem acreditar em Jesus, uma vida nova lhe será dada em abundância. A quem não acreditar, até o pouco que tem lhe será tirado. É o caso dos judeus que não acreditaram em Jesus: até o fato de pertencerem ao povo de Deus lhes foi tirado. Só pertence ao novo povo de Deus os que são batizados ou com água, ou com o desejo, ou com o martírio (Veja a catequese 2012, batismo).

 

Hoje em dia, o versículo 25 deve ser entendido deste modo: quem ouvir com atenção a palavra de Deus e a pôr em prática, receberá “novas graças”; quem a ouvir com indiferença, má disposição, vai perder até o pouco que tem, pois essa sua indiferença e má disposição, na verdade, é uma recusa à graça de Deus. O pouco que temos se esgota logo! (Comentário do Missal, 5ª f. da 3ª semana comum)

 

Marcos 4, 26-29:- PARÁBOLA DA SEMENTE QUE GERMINA POR SI SÓ.

 

A semente é a Palavra de Deus que tem uma força secreta que modifica o coração de quem a ouve. Ela não depende do esforço ou da capacidade do pregador. Cabe a nós pregarmos a palavra (=plantar a semente). Antes de a pregarmos, nós a ouvimos. O fruto que essa palavra der na pessoa que ouviu depende da própria pessoa e de Deus (= a germinação da sem, ente) e não do pregador. Se estamos agora pregando a palavra, é porque nós a ouvimos, a aceitamos, e recebemos a graça de Deus, que realiza tudo em todos.

 

Marcos 4,30-32:- PARÁBOLA DO GRÃO DE MOSTARDA

O Reino de Deus é como um grão de mostarda: pequeno, singelo, quase não aparece. Entretanto, Deus o fará crescer de modo que nunca imaginaríamos. Mesmo criticado e perseguido por muitos, o Reino de Deus triunfará sobre todas as coisas. Nossa missão é plantar a semente, ou seja, plantar na terra o Reino de Deus, por meio de nossa luta, de nosso empenho, ampliado pela graça de Deus. Fazê-lo crescer é obra de Deus. Não é nossa.

 

Marcos 4, 33-34:- CONCLUSÃO SOBRE AS PARÁBOLAS

As parábolas de Jesus eram tiradas do cotidiano das pessoas, que todos entendiam. Veja mais sobre as parábolas no Cantinho Bíblico, deste blog.

 

Marcos 4,35-41: A TEMPESTADE ACALMADA

Deus permite que a Igreja, que a comunidade (o barco) sejam balançadas pelo mal, pelo demônio, pelas tentações (o mar e a tempestade), como se Ele não existisse (Jesus dormindo). No meio de todas as tentações, provações, tempestades espirituais, temos de acreditar que há um Deus sempre presente em nossa vida, que no momento certo vai mostrar o seu poder transformador. Ele nunca vai nos deixar sozinhos, por mais que pareça estar ausente. Esse trecho da tempestade não deve ser visto ao pé da letra, da maneira como estão, mas como uma mensagem teológica da presença de Deus na vida da Igreja, comunidade cristã de amor.

 

CAPÍTULO 05

 

Além do que já falei sobre a possessão diabólica, lembramos que neste trecho Jesus mostra que a Boa Nova (=evangelho) é anunciada também aos pagãos. Os “novos pagãos” são os “cristãos” que vivem do consumismo e de uma vida sem compromisso algum com Deus, com a Igreja, com a comunidade e com os irmãos.





Nos versículos 18 a 20, vemos que Jesus não tinha dado ao endemoniado curado uma vocação de deixar tudo para segui-lo, como ao jovem rico, nem de dispor uma parte de seus bens (se bem que parece que ele não tinha coisa alguma), como a Zaqueu. A vocação que Deus lhe deu foi a de todos os leigos, ou seja, a de pregar o Evangelho com as palavras, com as obras, e com o bom exemplo no próprio lugar onde reside. 

 

E Jesus deu a esse jovem uma vocação, uma ordem, que não deu a mais ninguém: “Vai para a tua casa e para os teus e anuncia-lhes tudo o que fez por ti o Senhor na sua misericórdia” (v. 19). Se vocês bem lembram, Jesus sempre dizia exatamente o contrário às pessoas que curava: “não digam nada a ninguém”.

 

Por último, enche-nos de tristeza ver que naquela região o interesse econômico superava o interesse pelo próximo. Estou falando isso pelo fato de que as pessoas “Começaram então a rogar-lhe que se afastasse do seu território” (v. 17). Se a cada cura que Jesus fizesse ou a cada demônio que Jesus expulsasse eles fossem perder tantos porcos, o prejuízo seria grande. Muitas vezes precisamos deixar de lado o lucro em benefício do próximo. É o que fez aquele mau administrador, que renunciou aos seus lucros para que os beneficiados lhe dessem abrigo quando fosse despedido do trabalho!

 

Marcos 5,21-43\; CURA DA HEMORROÍSSA E RESSURREIÇÃO DA FILHA DE JAIRO .  

 

A hemorragia da mulher a tornava oficialmente impura para participar das cerimônias no templo e para tocar nas pessoas. Quem tocasse nela ficaria também impuro e teria de passar por complicadas cerimônias para poder voltar a participar da comunidade. A mulher resolveu, então, agir em segredo, para não prejudicar Jesus. Ela já tinha gasto todo o seu dinheiro com os médicos, e nenhuma melhora notara. Jesus era sua única esperança, mas não podia tocá-lo, para não deixá-lo impuro. Tocando apenas na sua veste, achava que ia ficar curada sem deixá-lo impuro. E ficou curada!





A mulher foi percebida por Jesus porque tocara nele com fé. Os demais, por aperto ou por causa dos empurrões. Vejo muitas vezes algumas pessoas passando a mão no sacrário, em vez de rezarem nos bancos, como é o correto, e fico pensando: esse ato é um ato de fé ou de falta de fé?

 

Muitos estudiosos dizem que o número 12, que aparece 2 vezes no texto (os 12 anos de doença da mulher e os 12 anos da filha de Jairo é o símbolo de Israel. Isso significa que Israel está “doente” por causa do pecado e Jesus é o único que pode salvá-lo. Talvez isso seja forçar um pouco o texto. Enfim...

 

Apesar de toda a aparência de morte e de caso perdido, sempre devemos confiar em Jesus e na energia vital que Ele nos transmite. Jesus é a ressurreição e a vida, em todos os sentidos: no sentido real (a ressurreição final) e no sentido atual (a ressurreição da morte trazida por nossos pecados). É interessante notar que a primeira coisa que Jesus mandou que fizessem depois de ressuscitar a menina, não foi que rezassem agradecendo a Deus, mas que dessem comida a ela. Morrer deve dar uma fome danada! Jesus sempre se preocupa com todos: com a multidão que estava faminta, com João, Tiago e Pedro que estavam no Horto das Oliveiras (“agora vocês podem ir dormir), e assim por diante.




CAPÍTULO 06

 

Marcos 6, 1-6: VISITA A NAZARÉ

 

Jesus fazia as obras que faria o Messias esperado, mas não tinha a riqueza e a grandiosidade que eles esperavam que teria o Messias. As ideias do povo da cidade onde vivera sua infância eram mais arraigadas em suposições do que na prática libertadora de Jesus. Ou seja: eles deveriam mudar as ideias militares e materialistas que faziam do Messias, tendo em vista os milagres que Ele fazia. Muitos de seus parentes também não acreditaram.

 

Jesus tinha plenos poderes de fazer qualquer milagre. Ele poderia, se quisesse, transformar o deserto do Saara numa floresta tropical. Entretanto, quando se trata de pessoas, Jesus respeita suas ideias. E age só em quem o acolher, só em quem deixar-se ficar em suas mãos. É assim que entendo, por exemplo, Apocalipse 3, 20: “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”.

 

Hoje em dia muitas pessoas persistem em achar que só a luta política e o dinheiro podem mudar as coisas. É preciso lutarmos por um mundo melhor colocando nossas forças a serviço da humanidade, mas confiando plenamente que só Deus pode dar-nos as forças e preencher os vazios dos corações.

 

Marcos 6,7-13: MISSÃO DOS DOZE

 

Fernando Armellini, (pág 330), comentando este trecho do evangelho, resume-o nesta frase; “Pobres para ser livres”. A seguir, dou um resumo do que ele explica na obra já citada:

 

- a pobreza nos torna livres e independentes;

 

-todos foram enviados. Todos somos chamados a evangelizar.

 

-Dois a dois é uma indicação de comunidade. Não por conta própria. Estar em sintonia com a comunidade;

 

- Ir em busca das pessoas. Não esperar que elas venham nos procurar.

 

-Dominaremos os “espíritos imundos”, ou seja, as forças do mal, que provocam doenças, maus sentimentos, opressões, violências, injustiças. A comunidade dos cristãos será vitoriosa”

 

-“equipamento” dos mensageiros do evangelho:

uma só túnica para vestir.

 

-Um só par de sandálias

 

-Um cajado.

 

O cajado é o símbolo do poder de Deus (Ex 7,9-12; 10,13; 14,16; 17,5).

 

Despojamento: a eficácia da missão nunca, em tempo algum, dependerá da abundância dos recursos. Uma Igreja pobre evangeliza mais, é um sinal maior do que uma Igreja rica.

 

Ficar numa só família: contentar-se com a primeira pousada, a primeira hospedagem, que na certa será mais simples o que as que lhe sucederiam. É como nos grupos de rua, nos terços nas casas: a família seguinte quer fazer mais bonito que a anterior e, no final, o cafezinho preto se transforma num pequeno banquete.

 

Bater o pó dos pés significa respeitar a liberdade dos outros. Se não aceitarem, não dar uma de fanático.

 

Refletir sobre as pesadas e inúteis cargas que muitas comunidades ainda carregam e que tornam lenta demais a caminhada.

 

Quem diz isto, agora, sou eu mesmo: a túnica (uma só túnica) exigida, na minha opinião, é a veste branca que devemos “comprar” de Jesus para vestir nossa nudez. Veja em Apocalipse 3,17-118. É a veste da graça abundante de Deus, que supera todos os obstáculos.

 

Marcos 6,14-16: HERODES E JESUS

 

Alguns achavam que Jesus era, na verdade, Elias; outros, João Batista ressuscitado dentre os mortos. Não se trata aqui de reencarnação, mas de uma suposta “volta à vida”, depois da morte. Algo semelhante à ressurreição de Lázaro.

 

Marcos 6, 17-29: EXECUÇÃO DE JOÃO BATISTA

 

Quero apenas lembra algo para nossa meditação: João Batista morreu por ter acusado Herodes de adultério. Se o Filipe, irmão de Herodes, tivesse morrido, as leis judaicas permitiam que o rei recebesse sua cunhada por esposa. Mas era um caso de adultério, pois o marido da Herodíades estava vivo. Como tratamos hoje em dia os casos de adultério, esse pecado que foi o motivo do martírio de João Batista? Quantos acham atualmente que o adultério não é mais pecado!

 

Marcos 6,30-44: PRIMEIRA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES

 

O repouso depois do trabalho era importante até para Jesus e seus discípulos. Estressar-se com o trabalho acaba prejudicando o atendimento que fazemos aos outros. Nesse descanso, troquemos ideias, meditemos, para ver se estamos caminhando com o nosso mestre! Como diz Sto. Agostinho, é melhor andar mancando no caminho certo do que correr no caminho errado. Esse “descansar na presença de Cristo” implica em fazermos uma revisão de nosso trabalho, para ver se estamos de acordo com o Evangelho! 

 

O pastor deve ter uma palavra de conforto, de esperança, de segurança para com as ovelhas. Deve preocupar-se em que não passem fome (tanto de comida como de Deus) nem que fiquem desamparadas. Há muita gente passando fome, hoje em dia, porque há muitos outros morrendo de tanto comer. A distribuição da alimentação precisa ser mais justa. Deus dá o alimento de modo abundante, que em muitos lugares é simplesmente desperdiçado, jogado fora.

 

A multiplicação dos pães é também vista como um símbolo da Eucaristia, que Jesus iria instituir na Santa Ceia.

 

Marcos 6,45-52- JESUS CAMINHA SOBRE AS ÁGUAS

 

O mar representava o mal. Ao dominar o mar, Jesus mostrou que tinha poder para dominar o mal. Se estamos no caminho com Jesus, nada devemos temer. Muitas pessoas cristãs não demostram nem um pingo de fé, pois recorrem aos centros espíritas, benzedeiras, tarô, umbanda, orações mágicas, ou mesmo vivem atrás de amuletos e coisas “mágicas” para resolverem seus problemas. Deus só dá sua graça aos eu puserem sua confiança nele. Enquanto estivermos divididos em nossa busca de Deus, Ele não nos atende. Para obtermos sua ajuda, precisamos nos abandonar totalmente em seus braços.

 

Marcos 6,53-56:- CURAS NA REGIÃO DE GENESARÉ

 

“E todos os que o tocavam eram salvos” (56b). Esse poder de Jesus continua ainda hoje. Tocar em Jesus não significa ficar passando a mão no sacrário ou no santíssimo, mas sim, “tocar” no irmão que sofre, que é pobre, que está doente, que está sem casa, sem família, triste, isolado, angustiado. “Tocamos” em Cristo quando ajudamos essas pessoas. O resto é “conversa pra boi dormir”.

 

CAPÍTULO 07

 

Marcos 7, 1-13: DISCUSSÃO SOBRE AS TRADIÇÕES DOS FARISEUS.

 

No versículo 5 vemos algo que mostra como os fariseus e os escribas seguiam à risca alguns ritos de purificação 9 vers. 2-4) que foram acrescentados à lei de Moisés com a explicação de que havia sido dado oralmente e não por escrito a eles. Na verdade, as chamadas “dez palavras” de Moisés, que conhecemos como os dez mandamentos, haviam se tornado 163 leis nas mãos dos rabinos. Jesus lhes diz claramente, citando Isaías 29,13: “As doutrinas que ensinam são mandamentos humanos”.

 

Nos versículos 8 a 13, Jesus exemplifica como os fariseus e escribas manipulavam os mandamentos de Deus e acrescentavam o que lhes era conveniente, aliás, como muitos chamados “pastores” fazem hoje em dia. Ele lembra o modo como eles convenciam o coitado do fiel a abandonar o verdadeiro mandamento de Deus, “honrar pai e mãe”, ou seja, cuidar dos pais, não lhes deixar faltar o necessário para viver, para dar o dinheiro a eles.

 

As autoridades convenciam a pessoa a dar ao templo o dinheiro que estavam reservando para dar aos pais, se anteriormente houvesse prometido ao templo uma oferta. E isso, sem remorso algum! Poderiam deixar os pais morrendo de fome para dar o dinheiro ao templo, para engordar a conta dos escribas.

 

Aprendemos, com esse trecho, várias coisas:

 

-O amor ao próximo é o melhor modo de estarmos puros para louvar a Deus. Devemos tirar não tanto as impurezas das mãos, mas as impurezas do coração, ou seja, o pecado e as más intenções.

 

Podemos correr o risco de caprichar, extremamente no ritual externo de tal modo que achamos que isso compensará, no nosso relacionamento com Deus, os nossos pecados e talvez uma vida desregrada, que encobrimos, disfarçando-a com um ritual perfeito e bem caprichado.

 

-Um dos Pais da Igreja primitiva nos lembra que não é justo deixarmos morrendo de fome os pobres para termos cálices dourados na igreja. Antes, cuidar do Cristo sofredor nos pobres, para depois, se sobrar, cuidar da igreja. Jesus não ficará contente conosco se o louvarmos com cálices de ouro enquanto ele está sofrendo fome, frio e doenças no pobre.

 

Muitas pessoas usam leis e normas inventadas para controlar e dominar outras pessoas. Isso vemos até mesmo em padres e pastores. Temos que ter muito cuidado com isso. E não ir dizendo logo o que pensa, se esse pensamento não estiver de acordo com o que ensina a nossa Igreja.

 

Marcos 7,14-23: - ENSINAMENTO SOBRE O PURO E O IMPURO

 

É um trecho bem explicado em si mesmo e não precisa de maiores detalhes. Não existe alimento impuro. Diz o livro da Sabedoria que se houvesse algo de que Deus não gostasse, Ele não a teria criado. Há alimentos que nos podem fazer mal, mas não há alimentos que nos podem deixar impuros diante de Deus. O que importa para Jesus é a boa disposição do coração.

 

Marcos 7, 24-30; CURA DA FILHA DE UMA SÍRIO-FENÍCIA

 

Jesus queria repousar e se recolher um pouco, mas não conseguiu. Neste trecho, ele mostra uma abertura aos povos pagãos, ou seja, os que não seguiam as leis dos judeus, abertura essa que não era praticada. Entrando numa casa pagã, mostrou que a “pureza cultual e a segregação racial não têm valor para ele” (MC- 5ª f. da 5ª semana comum).

 

Jesus quer salvar a todos indistintamente. Isso nos mostra, também, que devemos nos abrir às pessoas, tenham ou não elas as nossas convicções, as nossas ideias.

 

Marcos 7,31-37:- CURA DE UM SURDO-GAGO

 

Esse é um trecho usado na cerimônia do Batismo, quando pedimos a Deus que abra os ouvidos de quem está sendo batizado para que possa ouvir a palavra de Deus, assim como abrir também sua boca, para que, no tempo devido, possa proclamá-la. O ensinamento desse trecho é que somente ouvindo atentamente a Palavra de Deus, e levando-a a sério, poderemos também proclamá-la e praticá-la.

 

Os gestos feitos por Jesus eram costumeiros, quando se queria curar uma pessoa. Um detalhe importante é o do vers. 32, em que é relatado que o surdo-gago não viera sozinho, mas foi trazido. Isso mostra que somos conduzidos a ouvir a Palavra de Deus por outras pessoas. Na infância, talvez nossa mãe ou nosso pai, ou uma avó, etc. Depois de ouvi-la, a decisão é apenas nossa, ou seja, acreditar ou não, seguir ou não Jesus Cristo.

 

CAPÍTULO 08

 

Marcos 8, 1-10: SEGUNDA MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES

 

A multiplicação dos pães tem um significado duplo nas escrituras: Jesus é aquele que nos sacia plenamente, tanto material como espiritualmente.

 

Materialmente: se praticarmos a Palavra de Deus, sobretudo no amor e no atendimento ao próximo, nunca seremos abandonados por Deus (=providência divina).

 

Espiritualmente: a Eucaristia é o pão, é o próprio Jesus, que nos fortalece para que nunca o abandonemos e nunca desprezemos o próximo.

 

Marcos 8,11-13: OS FARISEUS PEDEM UM SINAL DO CÉU

 

Para quem ama, não é preciso sinais extraordinários. O próprio amor já é um sinal convincente. Há uma verdadeira mania, em alguns grupos atuais de Igreja, em ficarem pedindo sinais a Deus. Isso não é fé: é falta de fé. A carta de Hebreus fala de Abraão que acreditava “Como se visse o invisível”. Isso é fé!

 

Marcos 8,14-21: O FERMENTO DOS FARISEUS E DE HERODES

 

Precisamos tomar cuidado para não abandonarmos a fé verdadeira por causa do pecado, do interesse aos bens materiais, ou do nosso comodismo. Não podemos “fazer de conta” que não entendemos o que Jesus nos pede: precisamos, isso sim, enfrentar nossas dificuldades, nossas manias, vícios, maus hábitos, incapacidades, com muita garra e confiança na presença de Deus em nossas vidas. Se seguirmos a Jesus, Ele nos dará força, sempre!

 

Marcos 8,22-26: CURA DE UM CEGO EM BETSAIDA

 

Esse trecho, na verdade, prepara o trecho seguinte (vers. 29-33), em que os discípulos vão aos poucos (e não de uma só vez, como às vezes pensamos) descobrindo quem é realmente Jesus.

 

A cura dos cegos sempre é um sinal de que o pior cego é o que não quer ver. A fé nos leva aos poucos a descobrir o que Jesus realmente quer de nós. Basta acreditarmos e confiarmos plenamente que Ele quer nos conduzir à felicidade eterna do céu.

 

Marcos 8,27-30: PROFISSÃO DE FÉ DE PEDRO

 

No versículo 29, Pedro acertou só a fórmula: “Tu és o Cristo”, mas não o conteúdo, pois de fato está pensando no Messias (=Cristo) político, materialista. Quem e Jesus para nós, na verdade? Precisamos estar atentos à sua Palavra, nos fatos do dia a dia, para descobrirmos quem é Ele de fato, e se estamos entendendo perfeitamente as verdadeiras consequências do ato de segui-lo. As renúncias, os sofrimentos, as decepções serão inevitáveis para quem quiser seguir Jesus de fato.

 

Marcos 8,31-33 – PEQUENO ANÚNCIO DA PAIXÃO

 

É neste trecho que Jesus mostra aos discípulos o que vai significar, para eles, segui-lo, qual é o verdadeiro alcance da palavra Cristo-=Messias. Quem pensa de modo diferente, ou seja, que ser cristão é apenas louvar a Deus, sem compromissos sérios com a pobreza, com a injustiça, com o combate aos vícios e ao pecado, com a sociedade, enfim, é um “satanás”, como Jesus disse a Pedro. Deste trecho em diante, Jesus prefere ficar só com seus discípulos, quase não faz mais milagres, nem anda com a multidão. Sabe que sua hora está chegando e quer preparar bem os discípulos.

 

Marcos 8,34-38: CONDIÇÕES PARA SEGUIR JESUS

 

“Negue-se a si mesmo” Deixe de ser egoísta, individualista. Não se apoie apenas em vantagens próprias Gratuidade plena no amor. Fazer sem esperar agradecimentos ou compensações, mesmo afetivas.

 

“Tome sua cruz” Faça tudo por amor, para tornar os outros felizes.

 

“Siga-me” Consagre a sua vida ao ser humano, como Cristo fez, e não em procurar ser feliz a qualquer custo, mesmo pisando nos outros. A melhor forma de ser feliz é ajudar os outros a serem felizes, tirando todo e qualquer tipo de ódio do coração.

 

CAPÍTULO 09

 

Marcos 9,1: VER O INVISÍVEL

 

Muitos dos que seguiam Jesus acreditaram e “viram”, em sua pessoa e em seus atos, que o Reino de Deus havia chegado, estava começando. No dia a dia de nossa vida precisamos descobrir, embora nos limites dos acontecimentos, algo mais, a atuação da vontade e do poder de Deus em tudo.

 

Marcos 9,2-8: A TRANSFIGURAÇÃO

 

Diz a BJ que, enquanto Mateus mostra na Transfiguração Jesus como novo Moisés (Mt 17,1ss), Marcos mostra gloriosamente o Messias oculto. É uma cena passageira, mas que mostra uma realidade futura daquele que por algum tempo seria ainda o servo sofredor.

 

Esse trecho nos ensina várias coisas:

 

-é preciso e possível transfigurar, mudar esse mundo, afastando dele o mal e o pecado;

-os momentos de paz e de conforto em nossa vida, deve preparar-nos para os momentos de confronto, de humilhações, de lutas. Isso será possível se nos mantivermos unidos a Jesus, à Igreja e ao próximo.

-para instaurar o Reino de Deus, cuja amostra grátis Jesus mostra durante a transfiguração, é preciso passar pelo sacrifício da própria vida. Não é possível usas atalhos, como Pedro tenta fazer. O discípulo dever seguir o mestre (FA, pág 109).

 

Marcos 9,9-13:- A QUESTÃO DE ELIAS

 

Tanto Elias como João Batista vieram preparar o mundo para a vinda de Jesus, mas não foram ouvidos a não ser por um punhado de pessoas.

 

Marcos 9,14-29 : O EPILÉTICO ENDEMONIADO

 

A fé é imprescindível para se obter a cura ou qualquer outra graça. Às vezes pedimos sem a mínima confiança no poder de Deus. Outras vezes, a pessoa pede em vários lugares diferentes e até contrários em doutrina: na Igreja Católica, no benzedor, na umbanda, no Centro Espírita, ou usa orações “mágicas”. Isso é errado! Enquanto estivermos duvidando ou buscando várias coisas diferentes, não obteremos graça alguma. Se pedirmos com fé, sem vacilar, sem usar orações mágicas (não existem orações poderosas. O que faz uma oração poderosa é a intensidade de nossa fé), Deus vai nos ouvir, nem sempre nos dando aquela graça pedida, mas vai nos ouvir e nos conduzir.

 

Muitas vezes, portanto, pedimos com a devida fé, mas Deus sabe que aquilo que pedimos não nos convém naquele momento. Nós vemos o tempo presente, mas Deus nos vê com o propósito de irmos para junto dele, no céu, após a nossa morte. Sábio como Ele é, não vai nos conceder nada que possa nos afastar desse glorioso objetivo. Para outras explicações sobre a possessão diabólica, por favor, veja os versículos 21 a 27.

 

Marcos 9,30-32:- SEGUNDO ANÚNCIO DA PAIXÃO

 

Jesus ensina os discípulos sobre sua paixão, mas eles não conseguiam entender o porquê lhes falava isso. Jesus não queria que ninguém soubesse de sua presença, por dois motivos:

 

1- Para não adiantar a data de sua paixão;

2- para impedir que fizessem dele um rei.

 

Os discípulos não entendiam quando Jesus falava sobre o sofrimento por causa da ideia materialmente rica e gloriosa que tinham do Messias; ou seja, eles esperavam que Jesus tomasse o poder das mãos dos romanos e reinasse, como um descendente do rei Davi, restaurando, assim, a monarquia.

 

Marcos 9,33-37: QUEM É O MAIOR

 

Quem quiser ser cristão autêntico deve renunciar aos privilégios. Sua grandeza e seu privilégio deve ser o de servir aos irmãos sem pretensões de estar nos primeiros lugares ou de ser aplaudido. Basta que Deus veja e saiba o que fizemos ou deixamos de fazer. Lembremo-nos de que seus dons e as graças. Ele nos dá gratuitamente, independentemente do que fizermos. É incrível o que as pessoas fazem para aparecerem, para estarem nos primeiros lugares!

 

Os discípulos não tinham ainda entendido que Jesus não ia tomar o lugar de Herodes ou do imperador.

 

As crianças, no trecho, representam os que sempre precisam de nosso auxílio, como os marginalizados, os pobres, os que não têm dificuldade de aprendizado, os que têm problemas mentais, os desempregados, enfim, os que estão impedidos, de uma forma ou de outra, de exercerem sua cidadania e sua liberdade.

 

Marcos 9,38-40: USO DO NOME DE JESUS

 

Não somos donos da verdade. O Espírito Santo não está confinado à Igreja Católica e pode soprar onde bem entender. Deus não está sujeito às nossas regras e normas.

 

Marcos 9,41: CARIDADE PARA COM OS DISCÍPULOS

 

O versículo dá a entender que essa pessoa que deu o copo de água ainda não é discípula de Jesus. Esse gesto significa abertura à Palavra de Deus. Esse gesto de amor será recompensado. Com a fé verdadeira, por exemplo, com a presença constante de Deus, e não com um carro de luxo na garagem.

 

Marcos 9,42-50:- O ESCÂNDALO

 

Os “pequenos” aqui mencionados, não se referem às crianças, mas aos fracos na fé. Devemos ter cuidado com o que falamos ou fazemos, para não escandalizar

 

Muitas vezes, pessoas inocentes são acusadas e presas por coisas que não foram provadas, baseadas em mentiras ou em sensacionalismo da imprensa. Essas pessoas ficam irremediavelmente marcadas para sempre. Isso aconteceu com vários santos. Um deles, São José de Calazans, morreu com 92 anos, foi caluniado, sofreu humilhações terríveis, sua obra foi descredenciada pela própria Igreja, que só reconheceu que eram calúnias 8 anos após sua morte. Ele foi o primeiro que introduziu escolas gratuitas para crianças e adolescentes. Foi processado. Conta-se que durante a espera do julgamento, ele estava tão desinteressado pelo que lhe ia acontecer, que dormiu no tribunal!

 

Um amigo meu, certa vez, na praia, comeu um bombom deixado por uma pessoa no mar, a Iemanjá, e um colega seu se escandalizou. É como S. Paulo fala em relação à carne oferecida aos deuses pagãos e depois vendida no açougue: não foram oferecidas a ninguém, pois esses deuses não existem, mas comê-la pode causar escândalo em quem é fraco na fé. É como o caso do bombom. O que comeu não fez pecado algum, mas escandalizou o outro que não quis comer, e isso pode até se tornar um pecado.

 

A “geena”, diz F.A. (Pág. 419) “É um vale (que diziam ser ) maldito que se abre para o lado sul de Jerusalém. Nele havia túmulos onde eram enterrados os mortos; um fogo perene queimava o lixo da cidade e uma fumaça mal cheirosa mantinha as pessoas afastadas. Era um lugar imundo, símbolo da ruína e da destruição para a qual caminha quem se entrega ao pecado”.

 

O “verme que não morre” significa que o que pratica o mal vai sempre ser corroído por ele. Enquanto não abandonar de vez o pecado, não será feliz.



CAPÍTULO 10

 

Marcos 10, 1-12: DISCUSSÃO SOBRE O DIVÓRCIO

 Ser cristão não é nada fácil! Neste trecho sobre o casamento e o divórcio, vemos que Jesus não deixa por menos: o casal pode se separar, mas nenhum dos dois pode casar-se com outra pessoa. Viver em castidade não é impossível, com a graça de Deus. Há muitos viúvos e viúvas (e pessoas solteiras), que o conseguem. Mas não é fácil. Exige muita luta, perseverança, humildade e recomeço. Os santos diziam que sem a humildade, a castidade é impossível. Diz Hebreus 10, 35-36: “Não abandoneis a vossa coragem, que merece grande recompensa. De fato, precisais de perseverança para cumprir a vontade de Deus e alcançar o que ele prometeu”.

 

Deus nos criou de tal forma que seremos felizes apenas se seguirmos sua orientação e sua vontade a nosso respeito. Obedecendo a Jesus, teremos a garantia de sermos felizes, por mais tribulações estejamos passando. Como diz Santa Teresinha, “A alegria não está nos objetos, mas no mais profundo do coração; podemos senti-la no mais rico palácio ou na mais pobre prisão”.

 

Nossa Igreja Católica reconhece que muitas vezes pode ter havido engano ou erro na escolha do cônjuge. Quando há esse problema, pode ser que o casamento tenha sido nulo. Desde que feita as devidas diligências a respeito, a Igreja pode, depois de um processo jurídico próprio, declarar a nulidade daquele matrimônio, dando liberdade e possibilidade de ambos os cônjuges voltarem ao estado de solteiro. 

 

Com o documento recebido, podem se casar na Igreja com outra pessoa. Esse processo é feito no Tribunal Eclesiástico, geralmente situado na sede da diocese. Veja melhor no texto sobre o sacramento do matrimônio, no bloguinho catequético.

 

Marcos 10, 13-15: JESUS E AS CRIANÇAS

 

A criança era muito marginalizada na época. Não tinha direito a nada. A criança é um ser muito dependente de tudo e de todos. Ser como crianças é agir como tal, ou seja, lembrar-se que somos totalmente dependentes de Deus, nosso Pai, em tudo o que fizermos. Acolhendo as crianças, Jesus mostrava que se quisermos segui-lo, devemos, como Ele, acolher os marginalizados, os pobres, os abandonados, os doentes, os pecadores que desejam mudar de vida.

 

Marcos 10,17-22:- O JOVEM RICO

 

Esse trecho ensina a todos nós que devemos renunciar a tudo por amor a Deus e ao próximo. Deus deve ser amado sobre todas as coisas. Não podemos colocar nada, nem ninguém, antes de Deus e do serviço a Ele. Como disse o Cardeal Van Thuan, na primeira semana em que for a preso e havia deixado todo o trabalho pastoral de bispo, após um sonho/revelação: “Eu escolhi Deus, e não as suas obras”. Antes de qualquer coisa, deve estar em nós o desejo primeiro de fazer plenamente a vontade de Deus.

Os que têm família para cuidar (que é a maioria) não podem prescindir de certos bens materiais para educarem os filhos e viverem uma vida decente. A eles é exigido o que Jesus exigiu de Zaqueu (Lucas 19,1-10), ou do jovem Geraseno (Mc 5,1-20, nesta coleção de textos). Vou me explicar melhor:

 

Minha opinião (já disse que não sou especialista em bíblia nem coisa nenhuma), que talvez seja diferente do F.A. (pág. 433 op. Cit.) e de alguns outros, Jesus deu ao jovem rico a vocação de Apóstolo, ou seja, a de realmente deixar TUDO por amor a Deus e ao próximo, e não apenas simbolicamente. Nesse assunto de deixar os bens materiais, vejo três tipos de vocação, segundo os evangelhos:

 

1- Vocação apostólica, como a do jovem rico: renúncia a tudo, literalmente, para seguir Jesus Cristo, confiando apenas na Providência Divina. Dificilmente uma pessoa nessa situação pode constituir família, a não ser, como S. Pedro e os apóstolos que seguiram essa vocação mesmo sem terem deixado suas famílias.

 

2- A vocação de Zaqueu (Lucas 19,1-10). Ele deu a metade (e não tudo) do que possuía aos pobres, e devolveu quatro vezes mais o que roubara (era a lei do tempo para quem quisesse se emendar). Jesus lhe disse: “Hoje a salvação entrou nesta casa”. Como Zaqueu exercia o cargo de chefia, podemos compará-lo aos líderes leigos de nossas comunidades. Veja neste mesmo blog a história de Zaqueu, nas “entrelinhas bíblicas” , neste mesmo “Cantinho Bíblico”.

 

3- A vocação do jovem Geraseno (Marcos 5,1-20). Podemos compará-la à dos cristãos leigos mais simples, que não exercem cargos de liderança. Ao geraseno, Jesus deu uma ordem, uma licença, que não deu a nenhum outro que curara: “Vai para a tua casa e para os teus e anuncia-lhes tudo o que fez por ti o Senhor na sua misericórdia”. 

 

Geralmente Jesus ordenava aos que curava que não dissessem nada a ninguém. E Jesus não permitiu que o jovem fosse com ele e com os apóstolos. Veja bem: NÃO PERMITIU. Não era da vontade de Deus que o jovem geraseno os seguissem.

 

Marcos 10,23-27:- O PERIGO DAS RIQUEZAS

 

Não podemos tentar comparar o camelo e o fundo da agulha com outras coisas menores, para “dar um jeito” na comparação e trair o texto. O que Jesus quer dizer é exatamente o que está escrito: continuar rico, milionário, num mundo em que milhões morrem de fome, é um pecado muito grave. Não nos é permitido viver na abundância exagerada, como alguns ricos, enquanto outros penam na miséria.

 

Quando Jesus diz, em Mt 5,3: “Bem-aventurados os pobres em espírito”, quis dizer que são felizes os que, mesmo podendo ser ricos, renunciam às riquezas em benefício das entidades que cuidam dos pobres e marginalizados, ou mesmo a renunciam numa luta ferrenha contra a miséria e a marginalização.

 

TV-. Um certo apresentador de programa de auditórios chegava a ganhar muito mais do que isso. O que eles fazem com tanto dinheiro? Só eles sabem. Não podemos julgá-los. Se estiverem partilhando com os pobres o que ganham, tudo bem. Mas se estão “moendo” tudo apenas consigo mesmos, e se isso estiver ocorrendo, se não mudarem de vida, dificilmente entrarão no reino dos Céus. O que um cantor famoso ganha para fazer um só show, só seria igualado por uma empregada doméstica de salário mínimo, se trabalhasse por 1.411 anos! (UM MIL, QUATROCENTOS E ONZE ANOS).

 

Marcos 10,28-31: RECOMPENSA PROMETIDA PELO DESPRENDIMENTO

 

Jesus diz aqui que quem abandonar todos os laços familiares para viver uma vida de apóstolo, vai receber já nesta vida 100% e ainda a vida eterna. Isso é verdadeiro, pois os que abandonam tudo para pregar o evangelho acabam tendo mais amigos e amigas do que os que têm família. São recebidos sempre com carinho e muito amor. É difícil ver um padre ou alguém que seguiu a vida religiosa passar a velhice abandonado, mas a gente vê muitos que constituíram família nessa condição de abandono.

 

Entretanto, Jesus pede, em outros lugares, que, mesmo constituindo família, as pessoas libertem-se de si mesmas, do pecado, do apego às coisas materiais e mesmo dos demais familiares e da terra natal, “por causa do evangelho” (v. 29). Os apóstolos não abandonaram suas esposas. Estas ou os acompanhavam ou combinavam com eles como resolverem os problemas das ausências (F.A. Pág. 438).

 

Ver 1ª Cor. 9,5: “Não temos nós o direito de levar conosco, nas viagens, uma mulher (=uma esposa) cristã, como os outros apóstolos e os irmãos do Senhor (os primos e parentes próximos de Jesus, chamados de irmãos naquele tempo, por não haver, em hebraico, a palavra “primo”) e Cefas (=Pedro)”? Na verdade, os apóstolos casados, como Pedro (Cefas) geralmente levavam consigo a própria esposa em missão (BJ).

 

Marcos 10,32-34:- TERCEIRO ANÚNCIO DA PAIXÃO.

 

Vejam, por favor, os capítulos 8,31-33 e 9,30-32.

 

Marcos 10, 35-45: OS PEDIDOS DOS FILHOS DE ZEBEDEU.

 

Os apóstolos, mais uma vez, mostraram que não tinham entendido que a missão de Jesus não se referia a ter poderes neste mundo. Quando pedem lugares especiais ao lado de Jesus, não estão pensando em fazer isso no céu, mas aqui na terra mesmo!

 

Se Jesus fosse o rei, no lugar de Herodes ou de César, já pensou quão importante seriam se estivessem ao lado dele? Mas Jesus lhes mostrou o verdadeiro sentido de seu messianismo e de sua realeza. Eles, na verdade, entenderam isso após Pentecostes, e deram a vida por causa de Jesus e de seu Evangelho.

Muitos cristãos lutam, hoje em dia, por privilégios na Igreja ou nas comunidades que frequentam. É incrível que trabalho o pároco tem em “cortar a crista” de tantos fiéis que são dominados pela sede de poder. 

 

Uma coisa que eu nunca entendi, por exemplo, em relação a Jesus, que é o Salvador e, como Deus, é o dono de todo o universo, por que eu posso chamá-lo de “você”, mas para falar com um bispo, uma autoridade eclesiástica, eu tenho que chamá-lo de “Vossa Excelência”? Por que eu posso chamar Deus de “papai” (=Abba), ou de Pai , mas para chamar o papa, que quer dizer “pai” em italiano, eu devo chamá-lo de “Vossa Santidade”? Por que devo chamar o reitor de uma faculdade de “Vossa Magnificência”?

 

Devemos imitar a Jesus, que em vez de deixar que lavassem os seus pés, ele mesmo cingiu-se com a toalha e lavou os pés dos discípulos. Ele veio para servir e não para ser servido, não veio para ser tratado com opulência. Afastemos de nossa vida os desejos de poder e de sermos servido! Procuremos estar sempre a serviço, como Jesus. Mesmo que ninguém reconheça o nosso trabalho!

 

Marcos 10,46-52: O CEGO À SAÍDA DE JERICÓ

 

Mais uma das maravilhosas curas de Jesus. As particularidades deste trecho podem ser percebidas nestes versículos:

 

v 46:- O cego estava sentado à beira do caminho. Isso indica marginalização, isolamento da sociedade e da vida útil em favor dos outros. Há muitas coisas que fazemos ou que vivemos que nos marginalizam e nos isolam: os vícios, os pecados, as manias, a miséria, a ignorância, a prostituição, ou mesmo coisas aparentemente boas, como a instrução universitária, a riqueza, o poder. Jesus é aquele que pode nos livrar da cegueira, que não nos permite ver que estamos marginalizados, e muitas vezes por nossa própria culpa, como vimos.

 

V 47:- Ao perceber Jesus, o cego começou a gritar. A presença de Jesus em nossa vida já nos impele para a cura, para a luta contra a marginalidade de nossa própria vida. Já não queremos mais ficar sentados à beira do caminho, mas participar do trabalho de construção da sociedade. Esse grito do cego vale como um “basta” à vida isolada, à vida desengajada.

V 48:- Muitos o repreendiam, queriam impedi-lo de chegar até Jesus. É assim mesmo que acontece conosco, quando queremos mudar de vida: muitos, por motivos vários, querem impedir-nos e amarrar-nos no vício ou em outras nossas imperfeições, talvez para se manterem acima de nós.

 

Veja por exemplo alguém que queira deixar o vício do álcool: dificilmente seus amigos de bebedeira vão deixá-lo em paz! Eles não suportam ver um seu colega sair do vício e deixá-los lá, ainda viciados. Não podemos desanimar e sucumbir diante desse empecilho.

 

O mesmo acontece com muitas pessoas que seguem a Cristo de determinada forma e impedem ou lutam para que ninguém tente seguir a Cristo de forma diferente deles. Por exemplo: os que seguem a teologia da libertação são criticados por cuidarem, segundo se diz, apenas do “corpo” da pessoa (como se houvesse um grande zíper separando o corpo da alma!). Os que seguem a renovação carismática são criticados por, segundo se diz, cuidarem apenas da “alma” da pessoa. Olha aí o “zíper” novamente!.

v.49:- “Levanta-te” - significa “recomece a vida do nada”, “ressuscite!”; “Estavas morto e agora podes ressuscitar!”.

 

v.50:- “Deixando sua capa”: a capa era o único bem que o cego possuía, e o ajudava a receber as esmolas, além de cobri-lo nas noites frias. Ele, ao jogar fora a capa, tem certeza de que essa vida dele mudou e não precisa mais da capa. Deixou tudo o que o ligava com a vida passada, para abraçar uma nova vida.

 

Irmão, irmã, será que nós já conseguimos “jogar nossa capa fora?”

 

v. 52:- “Seguia-os pelo caminho”. Essa palavra, nos tempos apostólicos, “caminho”, significava ser cristão e seguir a Jesus Cristo no dia a dia. Ser cego é não enxergar Jesus nem ouvir sua palavra. Deixar de ser cego é ouvir Jesus, é enfrentar-se, pesando a própria consciência e, arregaçando as mangas, trabalhar para melhorar a si próprio e aos que necessitam de ajuda para, também eles, livrar-se do mal.

 

CAPÍTULO 11

 

Marcos 11,1-11: ENTRADA MESSIÂNICA EM JERUSALÉM

Montar sobre um jumento era próprio dos chefes de Israel dos tempos antigos, antes da opulência e poderio e era considerado um ato de humildade, no sentido de que é Deus quem age por meio daquele chefe. Veja Zacarias 9,9-10: “Eis que o teu rei vem a ti(...) humilde, montado sobre um jumento(...). Ele eliminará os carros de Efraim e os cavalos de Jerusalém. O arco de guerra será eliminado. Ele anunciará a paz às nações”.

 

Ver também Juízes 5,9-10:” O meu coração volta-se para os chefes de Israel, com os voluntários do povo! Bendizei ao Senhor! Vós que cavalgais jumentas brancas e vos assentais em tapetes...”.

 

Esse trecho acima mostra o caráter pacífico e humilde de Jesus, o rei messiânico, e do seu reinado. Jesus Cristo aplicou a si mesmo essa profecia, ao praticar esses gestos e entrando em Jerusalém montado num jumento.

 

Marcos 11,12-13: A FIGUEIRA ESTÉRIL

 

A figueira estéril era o símbolo de Israel, que tinha muitas folhas, ou seja, as práticas religiosas exteriores, mas não dava nenhum fruto verdadeiro, ou seja, a caridade, o amor, a fé em Jesus Cristo, a misericórdia. Que isso não aconteça conosco! Procuremos ouvir a palavra, sermos sinceros diante de nossos problemas, e darmos frutos de caridade, de amor cristão. Você quer correr o risco de ser rejeitado por Jesus?

 

Marcos 11,15-19: OS VENDEDORES EXPULSOS DO TEMPLO.

 

Esse trecho deve ser comparado com Isaías 56,6-7: “ E quanto aos estrangeiros que se entregavam ao Senhor para servi-lo(...) tra-los ei ao meu Monte Santo e os cobrirei de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos (desses estrangeiros) e os seus sacrifícios serão bem aceitos no meu altar. Com efeito, a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos”.

 

O ensinamento dessa atitude de Jesus nos mostra que:

 

-o templo não é destinado apenas aos sacrifícios de animais, que muitas vezes estão envolvidos em falcatruas e lucros desonestos, mas também à oração sincera e verdadeira;

 

-o tempo não é apenas para os judeus, mas para todos os povos. Ou seja: Jesus quer salvar a todos.

-nosso corpo é o templo de Deus, pelo Batismo. Pecar é profanar esse templo.

 

-a oração no templo deve estar de braços dados com a justiça social, com a honestidade, a caridade, a acolhida, a ausência de sentimentos de ódio, vingança ou preconceitos.

 

Marcos 11,20-26:A FIGUEIRA SECA. FÉ E ORAÇÃO.

 

A figueira secou: as folhas, representando as práticas religiosas exteriores de Israel, secaram, ou seja, quando não praticamos a justiça, acabamos também por abandonar as práticas externas de oração, deixamos de participar da comunidade, e assim por diante.

 

Quanto à fé e a oração, se Deus não nos der aquilo que lhe pedirmos, é porque Ele sabe que aquilo não nos vai fazer bem para a vida eterna. Nós vemos apenas o nosso mundo, mas Deus vê mais longe, ou seja, ele nos prepara para a vida eterna.

 

Quanto aos versículos 25-26, Jesus nos lembra que se tivermos ódio ou sentimento de vingança no coração, nossa oração não será ouvida.

 

Marcos 11,27-33: QUESTÃO DOS JUDEUS SOBRE A AUTORIDADE DE JESUS

 

“Para quem é mal disposto, prevenido e oportunista, toda resposta de esclarecimento é “inútil”. Os chefes dos sacerdotes, escribas e anciãos não responderam a pergunta de Jesus para não se comprometerem com o povo.

 

CAPÍTULO 12

 

Marcos 12,1-12: PARÁBOLA DOS VINHATEIROS HOMICIDAS

 

Acho que todos entendem bem essa parábola da vinha: Deus escolheu Israel como o seu povo, entre tantos outros povos mais importantes. Infelizmente, esse povo não deu frutos de misericórdia: os dirigentes limitaram-se às folhas, como na figueira, ou seja, ficaram só na liturgia e aparatos exteriores. E mais: não aceitaram Jesus Cristo, o Filho do dono da “vinha” e o mataram. Nós corremos o perigo de fazermos assim também: ficarmos na exterioridade, não darmos frutos e acabarmos renegando Jesus. A negação de Jesus se dá quando negamos o próximo e recusamos a ajuda de Deus.

Um dos motivos que levaram os vinhateiros a não entregarem os frutos da vinha é o fato de que talvez eles tivessem passado os dias na farra e não tinham frutos para entregar. Os frutos que Deus quer são as obras de amor em favor do próximo, a justiça social (F.A. Ano A, pág. 348).

 

“Dará a vinha a outros” (v.9), significa que Israel não é mais o povo de Deus. O Reino de Deus será dado aos pagãos e aos que desejarem, os que forem batizados e produzirem frutos de justiça e misericórdia. Será que nós, católicos, não estamos correndo esse risco de perdermos o Reino de Deus para os evangélicos, por exemplo? 

 

Quanto ao batismo, lembremo-nos de que não é só o batismo de água que existe. Há também o de desejo e o do martírio. Quem pratica as obras de Deus, vive uma vida cristã, mesmo que não conheça Jesus Cristo, é uma pessoa batizada pelo desejo. Quem não é cristão mas morre para não pecar, também recebe o batismo de sangue, do martírio.

 

Marcos 12,13-17: O IMPOSTO A CÉSAR.

 

É preciso lembrar que Jesus não quer dizer que os cristãos não devem lidar com a política. Até pelo contrário. É preciso lutarmos pela justiça social, pelo bem estar da sociedade e de todos. Se para isso tivermos de entrar na política, devemos, sim, fazer isso, e procurar moralizar a coisa lá por dentro.

 

O que Jesus quer dizer é que não devemos nos esquecer que tudo pertence a Deus, inclusive o próprio César. Ele não deve ser adorado como um deus. Também nos lembra que nos é lícito usarmos os bens materiais e o dinheiro, desde que com honestidade e sempre visando o bem dos outros e da sociedade.

 

Marcos 12,18-27: A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

 

Ninguém sabe ao certo como será o paraíso depois da ressurreição. O que Jesus nos ensina é que não terá a vida materializada como a temos atualmente. Os motivos de nossa vida serão outros que a alimentação e a procriação. E nos sentiremos muito felizes com essa nova ordem das coisas.

 

A Igreja Católica nos ensina que, após nossa morte, ficaremos aguardando a ressurreição final. Entretanto muitos teólogos afirmam que, como ao sairmos desta vida entraremos, com nosso corpo imortal e espiritualizado, numa vida em que não há tempo nem espaço, isso acontecerá imediatamente após a nossa morte. Não há sentido esperarmos até o final do mundo, porque lá não há como contar o tempo, pois na vida eterna não existe o tempo.

 

Eu sempre costumo pensar apenas na ressurreição, sem me preocupar com os detalhes. Devemos lutar para vivermos bem esta vida, a fim de termos direito à outra, no céu.

 

Marcos 12,28-34- O PRIMEIRO MANDAMENTO

 

Os fariseus e os escribas achavam que o mandamento mais importante era o de guardar o dia de sábado, pois “Amar a Deus sobre todas as coisas” significaria “guardar o dia do sábado, dedicado ao Senhor”. É como muitos cristãos fazem hoje, ou seja, acham que amar a Deus é ir à missa aos domingos. Jesus lembra, nesse trecho, que amar a Deus não se traduz em frequentar o templo, mas em amar as pessoas como a nós próprios, como Deus nos ama.

 

Marcos 12,35-37: O CRISTO, FILHO E SENHOR DE DAVI.

Jesus é descendente de Davi, mas é superior a ele, porque é o seu Deus e Senhor, é o nosso Deus. Nesse sentido, Davi lhe é inferior, apesar de ser seu antecedente.

 

Marcos 12,38-40:- OS ESCRIBAS JULGADOS POR JESUS

 

Amar, respeitar e usar misericórdia para com o próximo é a melhor forma de amar a Deus e receber o céu como herança. Os escribas não possuíam essa misericórdia, não eram humildes nem sabiam partilhar.

 

Marcos 12, 41-44:- O ÓBULO DA VIÚVA

 

Sempre devemos partilhar, tanto os bens como nossa vida, nosso trabalho em favor dos outros. Quem não tem bens, pelo menos partilhe a sua própria pessoa, no serviço ao próximo. Uma pessoa rica, mas idosa e doente, estando ou não abandonada pela família, é uma pessoa tão necessitada quanto às pessoas pobres.

 

CAPÍTULO 13

 

Esse capítulo de Marcos deve ser lido como um todo, e não versículo por versículo. Não descreve o fim do mundo. Só constata que o maligno parece estar vencendo, muitos apregoam catástrofes e desastres enorme, muitos gritam que o fim do mundo está chegando etc.

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Jesus nos conforta, lembrando-nos que só o Pai sabe quando o mundo acabará. Isso não quer dizer que ele seja inferior ao Pai, mas enquanto viveu neste mundo, seus conhecimentos eram limitados ao nível humano. Para nós, resta uma certeza: todos morrerem os um dia, e teremos de prestar contas a Deus do que fizermos ou deixamos de fazer. Se isso acontecesse agora, nós estaríamos preparados para enfrentar o julgamento? Pense um pouco.

 

Mas, antes de tudo, o bem e a misericórdia vão imperar. Estamos no final não do mundo, mas do mundo dominado pelo mal, pelo maligno. Vai surgir um mundo novo, um mundo de justiça, de amor e de paz.

 

A mensagem principal de Jesus está nos versículos 33 a 36: E o que vos digo, digo a todos: vigiai! Que o Senhor não nos encontre de mãos vazias quando vier nos buscar. E, garanto, isso será antes do fim do mundo. Quem gosta desse assunto, veja mais no F.A., ano B, páginas 477 a 482 obra citada.

 

 

CAPÍTULO 14

 

 A PAIXÃO E MORTE DE JESUS

 

Este capítulo deve também ser visto como um todo. Jesus não nos salvou porque morreu na cruz, mas porque ACEITOU morrer na cruz. Como Deus, ele poderia ter escapado da morte. Como um ser humano que era (Jesus é 100% Deus e 100% homem), foi enviado ao mundo pelo Pai para viver intensamente como homem e nos ensinar a viver uma vida santa, sem usar em proveito próprio sua divindade. Por obediência, aceitou a morte e morte de cruz. Ele poderia ter sido morto de qualquer outra maneira que nos salvaria da mesma forma. O importante é notar não tanto do quê ele morreu, mas por que ele morreu.

 

 Ele morreu porque nos ama e quis viver até à morte como um ser humano. Podia ter-se livrado, mas resistiu até o fim, e nos salvou, por sua plena obediência ao Pai. Como pela desobediência de Adão todos perecemos, pela obediência de Cristo todo nos salvaremos.

 

A SEGUIR, ALGUNS TÓPICOS IMPORTANTES:

V1- A conspiração contra Jesus foi às escondidas, para não causar a revolta do povo.

 

V 3-9 – A mulher que ungiu Jesus, praticamente o estava preparando para a morte (v.8). Ouvir alguém que precise ser ouvido, vale mais do que fazer outra coisa aparentemente importante e mais útil. Isso não é “perder tempo”. O atendimento bem feito, uma boa conversa, tem levado muitas pessoas a Deus. O pouco caso e o desinteresse pelos problemas alheios, tem afastado muita gente da Igreja. Por outro lado, em relação ao nosso contato com Jesus, devemos evitar o ativismo desligado da oração. Nossas ações devem sempre ser checadas por pelo menos 1 hora de oração diária, se possível diante do Santíssimo. Estar diariamente com Jesus por pelo menos 1 hora nos fortalece e nos impulsiona pra exercermos nossa atividade apostólica.

 

Diz Bernardin Schellenber, ex-monge alemão trapista, pároco de uma aldeia de periferia da Alemanha, num livro cujo nome infelizmente eu me esqueci e não o tenho mais: “A pura vida contemplativa facilmente nos leva demais para a inatividade ou, o que falando nos devidos termos, ainda é pior, a nos absorver com atividades objetivas e relativamente fúteis, ameaçando a perda duma visão acurada. Por outro lado, uma vida puramente ativa nos leva, mais dia menos dia, à superficialidade e à ignorância e, finalmente, a um ativismo estéril.” Ou seja, precisamos equilibrar a oração com a ação. Nem muito de Marta, nem muito de Maria.

 

V 10-11- Judas Iscariotes achava talvez que, entregando Jesus, o forçasse a reagir e a tomar o poder, conforme o messianismo em vigência. Isso foi amplamente colocado no antigo e belo filme ópera-rock “Jesus Cristo Superstar”.

 

V 12-16 – A Páscoa dos judeus era constituída de um carneiro assado, quatro cálices de vinho, pães ázimos (sem fermento) e ervas amargas.

 

V 17-21 – Está errado quem pensa que o Pai enviou Jesus ao mundo para morrer pregado na cruz. Para agir assim, o Pai precisaria escolher alguém (no caso Judas Iscariotes) que traísse Jesus para que Ele fosse condenado à morte. Isso é incabível, pois o Pai nunca mandaria alguém fazer o mal. Judas fez algo errado e não aceito pelo pai. Pode até ter sido perdoado, só Deus sabe, mas ele fez uma coisa errada. Jesus não foi enviado ao mundo para ser assassinado, mas para ser homem e aceitar todas as consequências que isso lhe acarretaria, até mesmo a hipótese de ser morto, o que realmente ocorreu.

 

V 22-25 – A Santa Ceia é a Eucaristia, como nós a celebramos até hoje. O pão e o vinho consagrados são realmente o Corpo e o Sangue de Cristo, que se entregou totalmente a nós, não opondo resistência à morte de cruz.

 

V 26-31 e 66 a 72 – Pedro fez um pecado até maior do que o de Judas, ao negar Jesus, mas arrependeu-se e foi perdoado. Não há pecado que não possa ser perdoado, a não ser o pecado contra o Espírito Santo, que justamente é não pedir perdão por achar que Deus não perdoa ou que nosso pecado é muito grande.

 

V 32-42 – ABA, ou ABBA, quer dizer Pai, Papai. É o “paie”, “paizinho” com que a criança chama o pai. Indica a familiaridade do Filho, Jesus, com seu Pai.

 

“Vigiai e orai” - Para que Deus nos ajude não basta só a nossa oração, mas também a nossa contínua vigilância. Se não vigiarmos, cairemos no pecado, mesmo com a oração.

 

V 43-52 – Jesus é preso. Ele poderia, como Deus que era, escapar, mas não quis. Foi plenamente homem e aceitou a prisão injusta. Todos fugiram por medo. O rapaz que estava vestindo apenas um lençol e fugiu nu, muitos estudiosos da bíblia dizem que é o próprio Marcos, que escreveu este evangelho.

 

V 53-66 – Jesus foi condenado por ter dito ou dado a entender que era Deus, o que era considerado uma blasfêmia muito grande e réu de morte.

 

CAPÍTULO 15

 

Eu acho que em vez de explicações, esse capítulo todo deve nos levar a mediar no amor infinito de Deus por nós, que permitiu-se morrer na cruz por todos nós, para que pudéssemos participar da glória do Céu com ele.

 

Vale a pena lutarmos contra os nossos pecados, a fim de que, desse modo, podermos agradecer a Deus por todo o seu amor por nós. Aliás, renunciar ao mal e ao pecado nos traz muita felicidade e paz de espírito.

 

CAPÍTULO 16

 

A RESSURREIÇÃO

A ressurreição de Jesus é vista de modo diferente por vários autores. Você pode, às vezes, ouvir gente falando que o corpo simplesmente sumiu e os discípulos “sentiram” com isso a ressurreição de Jesus e que, na verdade. Ele não teria aparecido a mais ninguém. Essa é uma tese acreditada por muitos exegetas e teólogos, mas eu não gosto dela. Acho que Jesus apareceu, sim, primeiro a Maria, sua mãe, tanto que ela nem foi ao túmulo com Madalena e a outra. Jesus na certa, já havia aparecido para ela. Um dia, todos nós também ressuscitaremos.

 

Nos versículos 15 a 18 vemos qual é nossa missão neste mundo:

 

-proclamar o evangelho: devemos “gritar” e não apenas “proclamar” o evangelho, primeiramente com nossa vida, com nosso cristianismo, misericórdia, atitudes, ações e orações. Que nossas palavras correspondam à nossa vida! Acreditem em mim: eu estou aprendendo a duras penas, nestes últimos anos, isto que estou dizendo aqui.

 

-batizar: em nome da Santíssima Trindade

 

-expulsar os demônios: combater o mal

 

-falar novas línguas: procurar entender as pessoas em suas particularidades, como diz Sto. Antônio de Pádua (2ª leitura do of. das leit. do dia 13 de junho).

 

-pegaremos em serpentes: dominaremos o mal

 

-curaremos: a cura depende da fé de quem quer ser curado...

 

CONCLUSÃO

 

Vamos ler o evangelho não só com curiosidade, mas com o desejo real e sincero de praticar o que lemos.