VÍCIOS E VIRTUDES

VÍCIOS 

1- O CIGARRO, O ÁLCOOL, AS DROGAS

Muito comum, principalmente nos que vivem sozinhos e ou isolados.

Para parar de fumar, lave todas as roupas que entraram em contato com a fumaça, tome quatro banhos por dia durante uma semana, pare com o café pelo menos durante aquela semana e temperos picantes. Quando der vontade de fumar, beba uns dois copos de água. Essa é a "receita" dos adventistas.

O corpo deixa de fabricar o hormônio que nos acalma, quando fumamos, e só recomeça a fabricá-lo após pelo menos uma semana sem fumar (revista Saúde).

Nessa semana, tome muito suco de maracujá natural (não serve o artificial). Se você continuar a fumar um cigarro que seja, não vai conseguir parar.

Quanto ao álcool e as drogas, só com a ajuda de outros é possível deixá-los, e talvez sejam necessários alguns medicamentos.

Não aconselho você a deixar o álcool ou as drogas sozinho (a). Procure um AA ou NA, ou alguma casa de recuperação de dependência química.

No nosso site temos um conjunto de reuniões próprias para reflexão sobre esse assunto, com os doze passos de quem quer deixar de beber.

O segredo é não experimentar o primeiro baseado, nem tomar o primeiro gole, nem fumar o primeiro cigarro.

Quem conseguir beber socialmente, não se preocupe: pode tomar algum aperitivo ou uma cerveja, ou vinho às refeições. Mas tome muito cuidado para não se viciar. Jesus tomava vinho (com álcool) e S. Paulo Apóstolo aconselha Timóteo a não tomar só água, mas um pouco de vinho, em 1ª Timóteo 5,23.

 

2- GULA

Tenha uma alimentação sadia e equilibrada. Nunca estrague nem jogue fora alimentos que ainda possam ser aproveitados. Nossa pobreza não consiste tanto em não ter nada, mas em não estragar nada e aproveitar tudo, deixando as exigências de lado.


3- COMPULSÃO PARA COMPRAS

Este é outro problema que às vezes só se consegue deixar com a ajuda de um psicólogo. Jesus exige de nós uma vida simples e pobre, se quisermos segui-lo. Libertemo-nos de nossas bugigangas!


4- FOFOCA - CALÚNIAS

"Não julgueis para não serdes julgados" (Mt 7,1). Não falemos mal de ninguém! Nossa Senhora falou para Jacinta que ela deveria se afastar de quem fala mal dos outros.

Quando não vermos nada de bom para falar do fulano (da fulana), digamos frases como " Não quero comentar esse assunto".

O fofoqueiro se arrepende, mas a fofoca continua fazendo estragos e acabando com a vida da "vítima".

Não podemos atirar a primeira pedra (João 8). "Não faleis mal uns dos outros, irmãos! Quem és tu para julgar o teu próximo?"(Tiago 4,11-12).


5- A MENTIRA

Nunca minta, nem por brincadeira. Veja o que dissemos acima sobre o conhecer-se e aceitar-se. Quem se aceita e se conhece, não mente.


6- O ROUBO - TIRAR VANTAGENS

Dificilmente você seria um ladrão, mas às vezes pecamos nesse assunto, quando:

- pegamos emprestado e não pagamos;

- buscamos o lucro fácil sem trabalhar

- pagamos um salário indigno para os empregados;

- deixamos de pagar as horas extras;

- não permitimos férias

- não devolvemos troco ou mercadorias que nos deram por engano;

- quando praticamos a "lei de Gerson", ou seja, de tirarmos vantagem em tudo;

- quando sujamos e não limpamos

- quando nunca pagamos a despesa nos encontros com os amigos;

- quando cortamos para nós o miolo da melancia e deixamos a casca para os demais.

- quando pegamos a melhor parte da mistura e deixamos a pelanca ou os ossos para os demais.

Diz Mateus 5,40-42: "Aquele que quer pleitear contigo para tomar-te a túnica, deixa-lhe também o manto, e se alguém te obriga a andar uma milha, caminha com ele duas. Dá ao que te pede e não voltes as costas ao que de pede emprestado".

Os (as) testemunhas de Jesus Misericordioso devem sempre pensar nos outros e não agirem como "desesperados" na partilha do que quer que seja, sempre nos lembrando que Deus nos ajuda sempre e nunca vamos passar fome, se nele confiamos.

Romanos 12,10: "Com amor fraterno, tende carinho uns para com os outros, cada um considerando os outros como mais digno de estima". Ver também Fil 2,3-5 e Mt16,26: " Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma?" Ou ainda Lucas 16,9 (granjear amigos com as riquezas desta terra).


7- O JOGO E AS APOSTAS

Jogos de azar, nunca. Quando muito, algumas vezes em encontros festivos, mas sempre por brincadeira, sem apostas. Quem tiver o vício do jogo deve abandoná-lo de vez.


8- IMPACIÊNCIA - IRRITAÇÃO

Não perca horas de sono! Alimente-se bem! Tire sua folga semanal e tenha um "hobby", um passatempo! A impaciência e a irritação vêm disso: sono, fome, muito trabalho.

A meditação diária é muito importante em nossa vida, assim como um tempo de silêncio, para nos mantermos na paciência, vivermos em paz.

Tratemos sempre bem os outros, como se nada mais tivéssemos o que fazer. São Francisco de Sales dizia que se a gente estiver rezando e alguém pedir nossa atenção, devemos parar de rezar e atender a pessoa.

Muitos católicos "viram" evangélicos justamente porque eles tratam melhor as pessoas e lhes dão maior atenção.

Ao atender alguém, pensemos estar atendendo o próprio Jesus! A parábola do bom samaritano nos ensina bem isso (Lucas 10,25-27): o sacerdote e o levita não pararam para ajudar o ferido porque, se o fizessem, ficariam impuros e não poderiam ir ao templo. Jesus disse que preferia a misericórdia (=atender os outros) ao sacrifício (= ir ao templo, à missa) Matgeus 9,13; 12,7). Se não pudermos atender bem tal pessoa, marquemos um outro dia, agendemos uma hora para podermos atendê-la como ela merece ser atendida!

Quem atende bem a alguém, está atendendo bem o próprio Jesus. Atenda a pessoa como você nada mais tivesse a fazer. Isso, entretanto, não impede que você seja breve, se tiver outro compromisso. Só relaxe e pare de olhar para o relógio!


9- PALAVRÕES, PIADAS, BRINCADEIRAS BOBAS

Efésios 4,29-31: "Não saia de vossa boca nenhuma palavra inconveniente, mas, na hora oportuna, a que for boa para a edificação, que comunique graça aos que a ouvirem (...) Toda amargura e exaltação e cólera, e toda palavra pesada e injuriosa, assim como toda malícia, sejam afastados de entre vós"

 

Tiago 3,8-9: " Mas a língua, ninguém consegue dominá-la: é mal irrequieto e está cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos ao Senhor, nosso Pai, e com ela maldizemos os homens feitos à semelhança de Deus"

Os palavrões negativizam o ambiente em que vivemos e o maligno fica à vontade para agir. A espiritualidade acaba, assim como o clima de oração.

Nunca faça ninguém de bobo, nem humilhe a ninguém, nem faça brincadeiras idiotas. Tenha muito respeito pela pessoa do outro.


10- TEVÊ - INTERNET

Pare um pouco a internet, mesmo que seja coisa séria, e vá rezar um terço, caminhar um pouco, fazer outra coisa. Isso ajuda a não nos viciarmos. Lembre-se de que se você for aposentado(a), precisa ter um trabalho manual ou uma coisa que tome o seu tempo, a fim de não se viciar em tevê e internet.


AS VIRTUDES

1-FÉ-

Crer em Deus não é senti-lo presente, mas saber que ele está presente, mas saber que Ele está presente, mesmo que não o sintamos. Fé não é um sentimento, mas sim, "A garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem" (Hebreus 11,1).

Deus sempre está conosco. Sempre! Mas nós às vezes confundimos fé com sentimento e isso atrapalha nossa vida espiritual. Muitos santos ficaram anos sem sentir nada dentro deles, só simplesmente acreditavam. Uma dessas santas foi a madre Teresa de Calcutá!

Hebreus 12, 10 diz que Deus só nos permite o sofrimento para que nos purifiquemos e assim possamos receber sua santidade; ou seja, mesmo nos sofrimentos ele está presente, "torcendo" por nós. A felicidade verdadeira é estar com Deus. Tudo o mais é supérfluo!


2-A ESPERANÇA

 

Romanos 8,18ss: "Penso, com efeito, que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que deverá revelar-se em nós".

V. 23: "Nós (...) gememos interiormente, suspirando pela redenção do nosso corpo. Pois nossa salvação é objeto de esperança; e ver o que se espera, não é espera. Acaso alguém espera o que se vê? E se esperamos o que não vemos, é na perseverança que o aguardamos"!

Ou seja: a esperança da ressurreição, de nos salvarmos, depende de nossa perseverança. Esperança e perseverança sempre andaram juntas.

Um modo de perseverarmos, além da vigilância, da oração e da caridade, é confiarmos em nossa querida Igreja Católica, deixada por Jesus, e a prática assídua, fiel e honesta dos sacramentos.


3-A CARIDADE

Diz o capítulo 13 da 1º carta aos coríntios que a caridade orienta todas as outras. Sem a caridade, o amor sincero, nenhuma das virtudes tem valor. Caridade não é tanto o ato, mas a intenção com que o fulano fez aquele ato. Filipenses 2,2-4 diz que precisamos sempre pensar no bem dos outros, mais do que nos nossos próprios bens.

Geralmente não percebemos como prejudicamos a convivência com outras pessoas com nosso egoísmo, narcisismo, individualismo, pedantismo, pão-durismo etc.

Havia dois amigos almoçando num certo lugar. Na travessa, um bife pequeno e um bife grande. Um deles pegou o bife grande. O outro reclamou: “ Que sem-educação! O certo seria você ter pegado o pequeno e deixado o grande para mim!” Aí o “sem-educação” respondeu: “Como você é cheio de boa educação, ia pegar o pequeno, não é mesmo? Eu só adiantei o que você iria fazer!

Muitas pessoas acham que têm direitos adquiridos em tudo o que fazem, e sempre têm uma desculpa honrosa para levarem vantagem. Muitas outras procuram compensar seu complexo de inferioridade obrigando os demais a seus caprichos e vivem dando ordens, como se realmente dominassem a situação. Muitas vezes isso é falta de segurança!

O (a) testemunha de Jesus Misericordioso precisa aprender a controlar esses “ismos” todos e viver na humildade e na caridade, agindo como se nada possuísse e como se fosse indigno de tudo.

Ser humilde é ter consciência do que se é, aceitar-se como se é. Ser humilde não é a mesma coisa que ser tímido. Humildade é virtude, ao passo que timidez é defeito!

Ser humilde é agir de acordo com as próprias qualidades e capacidades, sem querer pavonear-se das qualidades. É também reconhecer que os demais também possuem capacidades e qualidades.

Ter medo de agir, muitas vezes, é soberba, vaidade, mas não humildade. Exemplo: muitos não querem ler nas missas por vergonha de errar (ou seja, por vaidade), e não por humildade. Seria, do mesmo modo, falta de humildade querer ler a leitura da Missa para que saibam que você é bom na leitura.

Se você aceitar algum serviço ou cargo, tenha como único motivo a glória de Deus e o bem das pessoas, como diz 1ª Coríntios 10,31-33:

“Quer comais, quer bebais, quer façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”(...)”Em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar”.

É preciso aprender a vigiar nossas ações pra não prejudicar o próximo no dia a dia, fazendo de tudo para viver apenas com o necessário, sem muitas exigências. Em tudo demonstramos se amamos ou não os demais: no banho (muitos demoram demais), na alimentação (muitos pegam tudo e deixam o outro sem nada), na limpeza (muitos sujam tudo e não limpam nada), na prestatividade (muitos acham que os outros são seus empregados) etc.

O cristão autêntico nunca vai querer tirar vantagem em tudo, pois a nossa única vantagem é o paraíso, a vida eterna! O resto é o resto! O restante das coisas é lixo, como diz S. Paulo em Filipenses 3,8:

“Tenho tudo como esterco, em busca do Reino de Deus” Romanos 12,3: “ Não pense de si mesmo além do que convém; antes, pense com moderação, conforme a medida da fé que Deus proporcionou a cada um”.

Sobretudo, devemos ser humildes para com Deus, não o tentando pela falta de humildade, como pede Sabedoria 1,1-5:

“Deus se revela aos que o buscam com a simplicidade de coração, aos que não o tentam”.

Peçamos- lhe as graças com humildade, submissão, colocando-nos em suas mãos para o que ele quiser de nós, deixando-o “livre” para que ele faça conosco o que bem quiser. Lembremo-nos de que tudo o que recebermos, deixaremos aqui no dia de nossa morte, e tudo o que partilharmos, nos acompanhará à vida eterna. Acolher e respeitar nosso próximo nos abre para o acolhimento de Deus.

Tudo o que dermos a qualquer pessoa, é ao próprio Deus que estamos agradando, e Ele, que nos ama tanto, nos retribuirá. Eclesiástico 4,10 diz que tudo o que quisermos dar a Deus, demo-lo aos pobres e demais necessitados!

Temos de encontrar tempo para acolher, ouvir e conversar com quem nos procurar. Deus encontrará um “tempo” também para nós. Tenhamos misericórdia dos que erram. Ajudemo-los a se recuperarem e a recomeçarem nova vida. Deus terá também misericórdia de nós e de nossa família (Mateus 6,14-15). Diz Tiago 2,13: [

“A misericórdia triunfa sobre o juízo”.

Para vivermos em harmonia, nunca julguemos quem quer que seja, como nos pede Lucas 6,36-37: “ Sede misericordiosos como também vosso Pai é misericordioso. Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados”.

Julgar é diferente de fazer uma crítica. Julgar é colocar más intenções naquilo que a pessoa falou ou fez. Se não soubermos os motivos pelo qual o outro fez isto ou aquilo, calemo-nos! Se precisarmos admoestá-lo, pensemos bem nisto: nunca coloquemos em suas “costas” uma culpa que achamos que ele tem. Ou seja: pode ser que a pessoa fez o que fez por fraqueza, ou outro motivo qualquer, e não por maldade ou “sem-vergonhice”.

Se uma pessoa quebrar algo, por exemplo, podemos até pedir-lhe mais cuidado com aquilo; isso não é julgar. O que não podemos fazer é dizer que a pessoa fez aquilo de propósito, apenas para contrariar-nos. Isso seria julgar. Diz S. Paulo, no capítulo 13 da primeira carta aos Coríntios, que a caridade nunca se findará, nem no céu. Vale a pena ler o capítulo todo, para perceber até que ponto devemos amar e “deixar para lá” tantas coisas que são motivos de brigas!

Jesus resumiu os dez mandamentos em três: Amar a Deus sobre todas as coisas, amar ao próximo e amar a si mesmo. Devemos amar ao próximo na mesma medida com que nos amamos. Amar a Deus, na verdade, se realiza no amor ao próximo.

Amar significa perdoar sem medida, como diz Lucas 17,4:

“ Se o irmão pecar contra você 7 vezes no dia e 7 vezes no dia vier a você e lhe disser: arrependo-me, perdoa-lhe!”.

Entretanto, o perdão implica numa reparação, numa compensação da parte que ofendeu. Se for um crime, deve ser normalmente julgado pela justiça.

A caridade também é partilha dos bens. Dificilmente vamos ficar sem recompensa quando sabemos partilhar. Deus nunca deixa falar nada aos que partilham, como Lucas 6,38:

“Dai e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos colocarão no vosso colo, porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo”.

É imbecilidade nos apegarmos aos bens materiais ou nos preocuparmos em demasia com o futuro. “O futuro a Deus pertence”, diz o povo.

 

4  - DEUS SEMPRE NOS PERDOA!

Se pedirmos perdão e nos comprometermos a não mais pecar. Os pecados graves devem ser confessados a um padre, mas não basta isso! É necessário que a pessoa se esforce para não cometer mais aquele pecado (e outros que tenha cometido). Seria bom refletir nos textos que falam sobre isso: Mateus 16,18-139, João 20,22-23, Tiago 5,16.

Os outros pecados mais leves serão perdoados se pedirmos perdão diretamente a Deus e fizermos atos de misericórdia e caridade. A misericórdia, o amor, a caridade, cobrem a multidão de pecados, diz 1ª Pedro 4,8.

Esses pecados mais leves também são perdoados com atos de reparação, como as orações, pequenos jejuns ou renúncias de vez em quando, como de alimentos, televisão, bebidas, doces, ou ainda aceitando e oferecendo a Deus os sofrimentos, em reparação dos nossos pecados.

Em 1ª João 1,9, vemos que “Se confessarmos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar de toda a culpa”.

O único pecado que não tem perdão é o cometido contra o Espírito Santo, que consiste em achar que Deus não pode ou não quer nos perdoar, e por isso não pedimos perdão. Isso pode ser refletido em 1ª João 5, 16-17; Mateus 12,31-32, Hebreus 6,6.

 

5-NÓS DEVEMOS PERDOAR SEMPRE!

Jesus diz que devemos perdoar sempre, em Mateus 18,22. Pedro lhe perguntara se devia perdoar até sete vezes, mas Jesus respondeu setenta vezes sete, que equivale a sempre. Em Lucas 17,4, lemos: “Se teu irmão pecar contra ti 7 vezes por dia e 7 vezes retornar dizendo que está arrependido, tu o perdoarás”.

Em Mateus 6, 14-15, Jesus diz que o Pai só nos perdoará se perdoarmos aos que nos ofenderam Perdoar, porém, não é “deixar pra lá”. Se for preciso aplicar algum corretivo, devemos fazê-lo, mas sempre com caridade e compreensão. Jesus pede, também, para tirarmos qualquer pensamento de vingança.

Há vários trechos de perdão que podemos meditar: Mateus 5,38-48; cap. 5 22-26; cap. 18, 23-35: Lucas 15, 11-32 (filho pródigo).

Em Romanos 12,19, vemos uma frase muito bonita e importante para nos trazer a paz: “A mim pertence a vingança, eu é que retribuirei, diz o Senhor”. No versículo 20, S. Paulo comenta que se tratarmos bem a quem nos odeia, se perdoarmos a quem nos ofendeu, esse ato será como que tivéssemos colocado “brasas” sobre a cabeça dele. Essas “brasas” são símbolos do remorso que o fulano irá sentir, e talvez se converter.


6-DEVEMOS AMAR SEMPRE!

Esse é o maior mandamento. Diz João 13,34-35: “Assim como eu vos amei, vós deveis amar uns aos outros” Já em Marcos 12,28-34, Jesus nos manda amar ao próximo como a nós mesmos, e em Romanos 12,19-20 e Mateus 5,44-48, a amar até os inimigos.

Amar o inimigo é possível se entendermos bem que AMAR não é GOSTAR. Jesus não exigiu que gostássemos, mas que amássemos o inimigo. Isso significa tratar bem dele, não ter sentimentos de vingança, orientá-lo para descobrir Deus em sua vida e aprender a agradecê-lo, a fim de que possa ir para o céu, que possa realizar-se como pessoa.

Jesus nunca exigiu que não tivéssemos inimigos, pois ele mesmo os tinha e muitos! O que ele proíbe é que maltratemos a quem quer que seja, e que tiremos de nosso coração qualquer sentimento de vingança.


7 - A CASTIDADE

João Batista morreu justamente por ter denunciado o adultério de Herodes, como vemos em Marcos 6, 17-29. Nenhum relacionamento sexual é permitido fora do casamento, como vemos em Mateus 5,27-32 e Tiago 4,4. Em João 8,11, Jesus perdoou a mulher adúltera, mas a advertiu que NÃO PECASSE MAIS.

A castidade deve ser seguida por todos os que não são casados. Mesmo no casamento, é preciso muita prudência nesse assunto. ´

É muito oportuna esta pequena homilia do Pe. Fernando Cardoso sobre a castidade, mesmo dentro do matrimônio:

 

26 de agosto de 2011 - (6ªf.da 21ªsem.TC)

Paulo é um pastor realista; sabe que a comunidade por ele fundada em Tessalônica - como outras tantas - caminha na contramão, sob muitos aspectos, com relação aos pagãos de onde provieram e aos judeus sempre eficientes em tornar-lhes a vida difícil. Dentre as virtudes exigidas pelo Cristianismo, depois de ter insistido na fé, na esperança e no amor, Paulo aponta a castidade. O domínio sexual é importante para quem quer viver na intimidade com Deus. O sexo é uma realidade em cada um, uma fonte de energia tremenda. Nos tempos de Paulo e, sobretudo, nos meios pagãos, a imoralidade sexual era aberrante. Havia quem vinculasse aberração sexual ao culto das divindades clássicas greco-romanas; havia prostitutos e prostitutas sagrados nos templos pagãos.

Paulo insiste com a comunidade de Tessalônica para que se mantenha irrepreensível neste aspecto, diante de Deus e de Jesus Cristo. Saiba cada um honrar seu próprio corpo e honrar o corpo de outras pessoas. Saiba viver santamente o matrimônio se for uma pessoa casada, com respeito e com entrega de si mesmo ao outro, e viva castamente aquele que se encontra fora do matrimônio.

“Deus - Aquele que nos chamou à Sua vida - é Santo”. Não tolera essas aberrações provocadas pelo uso desordenado do sexo. Ele nos quer santos e irrepreensíveis não apenas em nosso coração, mas também em nossos corpos, tornados, pelo batismo, templos de Seu Espírito.

Mais tarde dirá aos Coríntios que o corpo é para o Senhor e o Senhor, para o corpo. Não tolera a profanação do templo do corpo e aquele que o profanar será punido severamente por Deus.

Outra parábola de vigilância apresenta-nos Jesus no Evangelho de Mateus: “O Reino dos Céus é semelhante a dez jovens que tomaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo.

 

Como este demorasse, acabaram dormindo todas elas. No meio da noite ouviu-se um grito: “O noivo está chegando, ide ao seu encontro!” Recordo-me de um comentário a esse texto feito por um santo russo chamado Serafim de Sarov. Disse ele que o óleo presente nas lâmpadas das virgens sensatas era a presença do Espírito Santo em suas vidas. E continua: finalidade da vida cristã é a aquisição do Espírito Santo. Era exatamente o que faltava às virgens despreparadas. A ausência do Espírito de Deus em nós transforma a nossa em vida lúgubre, desorientada e obscurecida. Tal pessoa jamais entrará no repouso de Deus.

Por outro lado, uma pessoa repleta do Espírito de Deus é normalmente autêntica, composta, mas sobretudo feliz e contente. Uma vez experimentada essa presença, ela jamais quererá voltar a seu estado anterior.


8-A GRATIDÃO.

Deixaremos de lado a falta de caridade, quando aprendermos a viver a gratidão.

Jesus sempre gostou da gratidão e detestou a ingratidão. Em Lucas 17,17-18 vemos como ele sentiu a ingratidão dos leprosos curados que não voltaram para agradecer e como elogiou a gratidão do que voltou para render graças, que era, por sinal, inimigo político dos judeus, um samaritano.

Em Mateus 23,37-38, Jesus sentiu a ingratidão do povo judeu e se expressou deste modo: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, quantas vezes quis te reunir como a galinha reúne os pintinhos sob as asas, mas vós recusastes!”

Em Mateus 18,23-35, Jesus contou a parábola do rei e do devedor, que fora perdoado em três toneladas de ouro (eu fiz a conta e deu mais ou menos isso), mas ao sair do palácio não perdoou a um seu devedor que lhe devia 400 gramas de ouro! E Jesus condenou a atitude dessa pessoa tão ingrata!

Quanta gratidão temos com as graças de Deus Nós O agradecemos sempre? Pecar é um ato de ingratidão a Deus, pois Ele nos trata bem e nos perdoa e, ao pecarmos, estamos nos afastando dele, que tanto nos ama. Ao não perdoarmos estamos tendo ingratidão contra Deus, que nos perdoa sempre!

Quando recebermos dos outros a ingratidão, agradeçamos a Deus, pois Ele nos agradecerá no lugar do ingrato, com muitas graças! Nunca devemos fazer as coisas para sermos louvados e recompensados! Precisamos nos acostumar a fazer tudo para a maior glória de Deus, sem nenhum interesse pessoal. “Depois que fizerdes tudo o que puderdes, deveis dizer: 'Somos servos inúteis'! “-Lucas 17,10.

Jesus chorou várias vezes. Por exemplo em Lucas 19,41:”Quando Jesus chegou mais perto e pôde ver a cidade, chorou sobre ela, dizendo'Se também tu, principalmente neste dia que te é dado, reconhecesses o que te pode trazer a paz!”

Pedro também chorou por ter sido ingrato a Jesus, em Mateus 26,75. Já no Antigo Testamento, Deus reclama da ingratidão do povo, como em Miquéias 6,2-5.

Nunca sejamos ingratos para com ninguém, pois além disso “doer” no coração da outra pessoa, provoca a não ajuda de Deus em nossos atos e projetos.


9-A  PACIÊNCIA

Outra virtude necessária aos cristãos é a paciência. S. Francisco de Salles (séculos 16/17) era muito irascível, até que converteu-se, tornando-se o “Santo da Paciência!”

Já nos adverte Efésios 4,26-27: “Que o sol não se ponha sobre a vossa ira! Não deis entrada ao demônio!”. O demônio se sente “à vontade” num ambiente em que pelo menos uma pessoa está irada. A inimizade, a discórdia, o ódio, a irritação, os gritos histéricos, são “a praia” do demônio, do maligno. Numa discussão, por exemplo, o que se deixa levar pela ira, pela impaciência, perde, mesmo que esteja com a razão.

O livro “A Imitação de Cristo” diz, no capítulo 3, do livro 2:

“Quem não está em paz, converte em mal até o bem. O homem bom e pacífico, porém, faz com que tudo se converta em bem. Nas irritações dizemos muitas coisas que não diríamos na calma, que não deveríamos dizer, e atendemos às obrigações alheias e nos descuidamos das nossas (...) Suportemos os outros, para sermos suportados”.

S. Paulo nos diz em 1ª Tessalonicenses 5,14.16:

“Sejam pacientes para com todos.(...). Estejam sempre alegres”. (Ver também Tiago 5,8). Mateus 5,5: “Felizes os mansos, porque possuirão a terra”; Mateus 11,9: “Aprendam de mim, porque sou manso e humilde de coração”.

Quem é paciente vive em paz, conseguirá alcançar a “terra prometida”, para nós o paraíso, o final feliz da caminhada. “Devagar se vai ao longe”, se diz no italiano. Ou São Tomás de Aquino: “É melhor andar mancando no caminho certo do que correr no caminho errado”.

Uma coisa errada que às vezes fazemos é ficar olhando no relógio quando alguém quer falar conosco e não estamos dispostos a “´perder tempo” com ele. Muitas vezes não é perda de tempo, pois a pessoa está necessitada de alguma atenção. Aliás, nunca temos tempo, a não ser quando temos algum interesse na conversa. Muitas famílias não se conversam porque estão vendo TV, novelas e ai de quem falar com alguém! Espero que Jesus não fique impaciente, olhando no relógio dele, quando eu precisar falar com ele!

Diz o Eclesiástico 2,14: “ Ai de vocês que perderam a paciência! O que farão vocês quando o Senhor lhes pedir contas?”

Muitos católicos deixaram a religião e passaram para os protestantes ou para os evangélicos por causa do acolhimento que essas igrejas lhes fizeram, ao contrário de muitas igrejas católicas que não sabem acolher. Quantas pessoas não se achegam à confissão porque o padre não tem paciência com a demora e até levam uma “bronca” daquele que está ali para servir, e não para ser servido.

Os problemas e a vida daquela pessoa são muito importantes! Mesmo que aquela pessoa não conte nenhum pecado grave, o padre deveria atender e ouvir com amor, solicitude, mansidão. O padre que fizer isso vai progredir a passos largos na fé e será acolhido por Deus, além de ter a participação na comunidade aumentada. O tempo do padre é, antes de tudo, do povo, não dele mesmo. Diz Mateus 20,28:

“O Filho do Homem não veio para ser servido.Ele veio para servir e para dar a vida como resgate em favor de muitos.”

Não só os padres, mas todos nós devemos ter paciência, também, com os doentes e necessitados, fazer-lhes visitas rápidas (visitas longas cansam e enfadam o doente), suprir-lhes as necessidades. Gastar tempo com eles é gastar tempo com o próprio Jesus, e no final, não estamos gastando, mas ganhando nosso tempo.

Por fim, tenhamos cuidado com as palavras. Mateus 5,37: “Seja o vosso 'sim', sim, e o vosso 'não', não. O que passa disso vem do maligno”. Ou seja, ser sincero e verdadeiro no que falamos (comentário da Bíblia de Jerusalém). Mateus 12,36-37 fala que seremos julgados segundo nossas palavras. Em Efésios 4,29.31: “ Não saia de vossos lábios nenhuma palavra inconveniente, mas na hora oportuna a que for boa para edificação, que comunique graça aos que a ouvirem.(...) Toda amargura e exaltação e cólera, e toda palavra pesada e injuriosa, assim como toda a malícia, sejam afastadas de entre vós”

“DEUS NOS PERMITE O SOFRIMENTO PARA NOS PURIFICAR, A FIM DE QUE POSSA NOS INFUNDIR A SUA SANTIDADE” (Hebreus 12,10).

 

10- O SOFRIMENTO

Deus quer que vivamos felizes, como diz João 10,10: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância.” Entretanto, ele permite os sofrimentos para purificar- nos, a fim de transmitir-nos a sua santidade, como diz Hebreus 12, 10 e assim poder receber--nos no céu. Ofereçamos todos os sofrimentos que não pudermos evitar em reparação dos nossos pecados e para nossa santificação. Diz Apocalipse 21,27: “Coisa alguma imunda entrará na Cidade Celeste”.

O tempo que passamos aqui na terra é muito pequeno, em vista da eternidade que viveremos no paraíso. Se suportarmos com amor e paciência os problemas que temos aqui, receberemos a vida eterna como recompensa. Sofremos porque somos pecadores e precisamos nos purificar.

Quem não tem pecado e assim mesmo sofre, é porque Deus vê sua bondade e docilidade e, permitindo o sofrimento, pode com isso salvar muitos outros que convivem com aquela pessoa.

Jesus, Filho único do Pai, também sofreu muito para nos salvar. Se ele não nos libertou ainda, só ele sabe o porquê, pois diz São Paulo em Efésios 3, 20: “Deus é poderoso para realizar por nós, em tudo, muito além, infinitamente além do que pedimos ou pensamos”. Cabe a nós confiarmos nele e aguardarmos a libertação com confiança e paciência. Não maldigamos a Deus e nem a ninguém. Ainda podemos ser felizes!


11-A PROVAÇÃO

Quando resolvemos seguir os caminhos de Jesus, as provações e dificuldades nos seguem e até nos oprimem, se não pedirmos Sua proteção. Quem fala isso é o Eclesiástico 2,1-18: Somos provados em nossa fé, esperança e caridade como o “ouro é provado no cadinho” (v.5); “Confie no Senhor e Ele o ajudará; seja reto o seu caminho, espere no Senhor” (v.06). “Todos os que confiaram no Senhor não ficaram desiludidos” (v.10); “O Senhor é compassivo e misericordioso, perdoa os pecados e salva do perigo” (v 11); “Ai do pecador que anda por dois caminhos” (v.12); “Ai de vocês que perderam a paciência!” (v.14); “Cada um de nós se coloque nas mãos do Senhor, e não nas mãos dos homens, pois a misericórdia dele é como a sua grandeza”(v.18).

Deus é misericordioso porque é Todo-poderoso. Ele é onisciente e sabe do que precisamos. Por que então nos preocuparmos? Por que termos medo do futuro? Coloquemo-nos em suas mãos! (Mateus 5;6;7; MT 6,25-32). O versículo 5 do trecho acima do Eclo 2, lembra que seremos provados como o ouro no cadinho. É muito bonita essa comparação se a entendermos: O ouro é um metal nobre e não faz liga com nenhum outro metal; apenas se mistura. No cadinho, sobre o fogo, ele se derrete e se desliga de todos os outros metais com os quais está misturado e sai, puro, do outro lado. Pela provação, pelos sofrimentos, pelas contrariedades, somos purificados de todas as impurezas com as quais nos misturamos em nossa vida de pecadores, e iniciaremos uma nova vida de conversão puros, sem mistura alguma com o que desagrada a Deus, “para que Deus nos infunda a sua santidade” (Hebreus 12,10).

 

Nunca duvidemos do poder, da sabedoria e da graça de Deus, e não tenhamos medo (como o Apocalipse inteiro nos mostra)! Joyce Mayer, pastora evangélica americana, diz que Jesus nos proibiu de termos medo, mas não de suarmos frio e tremermos. Jesus não teve medo, mas até suou sangue!

Muitos sofrimentos que temos são grandes e parecem infindáveis. Às vezes nos dá a impressão que colocaram obstáculos, pedras, muros, desvios, barreiras em nosso caminho. Certo dia eu estava me sentindo assim, sem conseguir ver a luz no fundo do túnel, quando, na Missa, cantamos o “Tu és, Senhor, o meu Pastor, por isso nada em minha vida faltará”... Percebi que se não fechasse os olhos, eu me desataria em lágrimas. Eu não podia chorar, pois era eu quem estava “puxando” o canto, de microfone na mão. Disse então a Deus, em desabafo, algo parecido com isto: “ Meu Deus, são muitos obstáculos! Parece que tudo está se fechando em minha frente! Por que tanto ódio e ogeriza nas pessoas? Quantas pessoas procurei ajudar! Parece que isso não valeu nada!”

Aos poucos fui percebendo que talvez eu estivesse cansado, e que tudo iria passar. Lembrei-me de Isaías 25,8 e Apocalipse 21,4|: “O Senhor enxugará toda lágrima de nossos olhos”. Também de Santa Faustina: “Ó tempo presente! Tu me pertences totalmente!” e Santa Teresinha: “Quero amar-vos, Senhor, só por hoje, nada mais!” Resolvi, então, deixar nas mãos de Deus o meu futuro e comecei a “degustar” o tempo presente. Olhei a Eucaristia, que é Jesus, meu companheiro de caminhada, e a nuvem passou.

São Paulo Apóstolo fala, em Filipenses 3,8-16:

“Tudo considero como perda, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor. Por ele, perdi tudo e tudo tenho como esterco, para ganhar Cristo”. (...) “Irmãos, (...) Esquecendo-me do que fica para trás e avançando para o que está adiante, prossigo para o alvo, como prêmio da vocação do alto, que vem de Deus em Cristo Jesus”(...) “ Entretanto, qualquer que seja o ponto a que chegamos, conservemos o rumo!”.

Percebi, a duras penas, que a provação se faz necessária para forjarmos uma vida santa e fortalecermos a esperança, como nos diz Romanos 5,3-5: “(...) Nós nos gloriamos na tribulação(...) que produz a paciência(...) que produz a experiência(...) que produz a esperança(...) que não engana, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações, pelo Espírito Santo, que nos foi dado”.

 

12-A SINCERIDADE e a HIPOCRISIA

A sinceridade é a base de nosso relacionamento com Deus e com todos. Diz o salmo 119/118,1: “Felizes os íntegros em seu caminho, os que andam conforme a lei do Senhor”. São ridículas aquelas pessoas que elogiam a tudo e a todos, mas sempre estão descontentes com tudo e com todos.

Por outro lado, o elogio sempre faz bem quando é merecido. A crítica só deve ser feita se a pessoa em questão for sua subordinada ou se ela lhe pedir. As pessoas se ofendem muito quando alguém lhes chama a atenção. Entretanto, se eu for me confessar com algum padre, este deverá ser muito sincero para comigo, mostrar-me a verdade a meu respeito, sem rodeios. Muitos estragos têm sido feitos em pessoas, por não se lhes terem dito a verdade a respeito de sua vida de pecado.

Para ser sincero com os outros, preciso ser sincero comigo mesmo, aceitando-me como sou, assumindo-me como sou, conhecendo e aceitando meus próprios limites e defeitos, mesmo que isso doa, ter consciência plena e humilde dos próprios pecados e pedir perdão deles a Deus, confessando-se pelo menos algumas vezes por ano. Isso nos leva à salvação e a uma alegria infinda, a uma paz deliciosa, como diz 1ª João 1,8-10:

“Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos e a Verdade não está em nós. Se reconhecermos os nossos pecados, Deus, que é filel e justo, perdoará os nossos pecados e nos purificará de toda a injustiça. Se dizemos que nunca pecamos, estaremos afirmando que Deus é mentiroso, e sua palavra não estará em nós.

Há muitas pessoas que são do “time” “Me engana que eu gosto”, ou seja, que não aceitam nenhuma crítica às suas pessoas, por mais construtivas sejam. A hipocrisia é bem comum na sociedade atual. Muitas pessoas mentem, inventam, “enrolam” os outros, exageram, maquiam a verdade, tentam parecer o que nunca foram ou mesmo o que nunca serão, etc.

Nossa hipocrisia começa logo de manhã quando cumprimentamos uma pessoa. Você está realmente querendo saber como ela está? Se a pessoa tiver a infelicidade de responder e tentar lhe mostrar o que não anda bem nela, você logo a descarta e lhe promete que num outro dia a escuta, e que está com pressa. Sempre estamos com pressa.

No escritório, mais falsidade, quando temos que concordar com os chefes e dizer que está tudo bem, quando na verdade muitas vezes discordamos do que estamos fazendo de modo obrigatório.

Nas prisões, a coisa piora: tanto os presos têm que concordar com os funcionários, como eles também têm que mostrar que é aquilo mesmo que querem, quando, na verdade, estão apenas cumprindo ordens. Os funcionários de uma prisão são bem diferentes quando estão em suas vidas normais. No trabalho, precisam mostrar uma cara de brabo, que muitas vezes não têm na vida normal.

Quantas vezes temos que rir de piadas sem graça, só para contentarmos quem as contou! E concordar com tantas coisas às vezes contra nossa vontade!

Os pastores e os padres, coitados, quanta ginástica precisam fazer, nas homilias, para não ofenderem estes ou aqueles! Qualquer assunto de que falam sempre provoca críticas, nunca contentam a todos ( e nem devem, se quiserem ser verdadeiros!).

Quando o assunto é pecado, porém, os pastores e os padres devem sempre ser sinceros, mesmo que percam a amizade daquela pessoa. Nunca enganar a ninguém nesse assunto. São João Batista morreu assassinado por ter denunciado o adultério de Herodes!

Jesus vivia pregando contra os fariseus e autoridades do tempo, por causa do fingimento e da hipocrisia, como em

Mateus 23,27-28: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados...”

Lucas 12, 1: “Acautelai-vos do fermento (=hipocrisia) dos fariseus!”

Tiago 3,17: “A sabedoria que vem do alto(...) é isenta de parcialidade e hipocrisia.”

Mateus 6,2.5.16 fala que é hipocrisia dar esmolas para sermos vistos. Mateus 23,13 diz que os escribas bloqueiam o Reino dos Céus aos homens, e eles mesmos não vão conseguir entrar.

Outro tipo de hipocrisia é quando um assassino pega 13 anos de prisão e alguém que não matou ninguém pega 20 anos; ou aquele rapaz que foi preso por ter roubado uma barra de chocolate ao passo que certos políticos roubam milhões e nunca vão presos. Também o fato da sociedade, que aplica uma pena tão alta para atentado ao pudor, é a que mais faz propaganda desse tipo de coisas. Ou os pais, que só começam a arrancar os próprios cabelos, quando a filha fica grávida. Se não tivesse ficado grávida, poderia continuar em pecado quanto quisesse. Isso não é uma horrível hipocrisia?

Agora, o pior tipo de hipocrisia é quando mentimos para nós mesmos e para Deus! SOMOS O QUE SOMOS DIANTE DE DEUS! Somos levados a pensar que somos melhores do que os outros, que levamos vantagens sobre outras pessoas, que temos supremacia ou sei lá mais o quê...

Acabamos fingindo para nós mesmos, para os outros e para Deus. Se eu não me aceitar como eu sou, nunca vou melhorar nem vencer-me. E não podemos enganar a Deus. Isso é impossível!

Dizia D. Valfredo Tepe: “Deus nos aceita como somos para transformar-nos naquilo que Ele quer que sejamos”.