Sermão do Monte

Perguntas e Respostas

1) O que se entende por sermão?

Jesus ensinava – oralmente – em aramaico, sua língua materna. Como nada escreveu, a sua palavra devia ressoar sobre os discípulos. Por isso, catequese – do grego katechéo, fazer ressoar. Ressonância significava a voz na presença dos discípulos. O discípulo que tivesse recebido o ensinamento era ressoado, ou seja, catequizado. Depois de catequizado, poderia catequizar outros. Pode-se dizer que Jesus proclamou, junto aos discípulos, o mais conciso e ordenado sistema de uma filosofia universal. Ali se achava tudo o que alma necessitava saber a respeito de Deus, da criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. O sermão tinha um caráter universalista, uma espécie de "carta magna" para toda a humanidade. (Stella, 1978)

2) Qual o significado de monte ou montanha?

O monte é o lugar de destaque na vida religiosa dos povos. É o lugar da solidão, da oração e da revelação. Segundo uma constante tradição bíblica, é o lugar próprio para os encontros com Deus. Na Grécia, o monte Olímpico; na Índia, o monte Meru; na China, o monte Kuen-luen. Há, também, o monte Sinai, o monte das Oliveiras etc., cada qual com sua particularidade. (Stella, 1978)

3) Qual o significado do Sermão de Monte?

Também chamado Sermão da Montanha ou Sermão das Bem-Aventuranças, foi pronunciado por Jesus na fralda de um de um monte, em Cafarnaum, dirigindo-se a todas as pessoas que o seguiam. Nele Jesus faz uma síntese das leis morais que regem a humanidade.

O Sermão do Monte veio para reformar a humanidade na sua totalidade. Não é para uma religião, mas para toda a religião. Segundo alguns religiosos, o sermão do monte é o mais revolucionário dos discursos humanos, simplesmente porque é divino.

Quando acabou de proferir o sermão, os discípulos disseram: "Este ensina como quem tem autoridade".

4) Quais são as oito regras do sermão?

1.ª) Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

2.ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

3.ª) Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a Terra.

4.ª) bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

5.ª) Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

6.ª) Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus.

7.ª) bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles.

8.ª) Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus, 5, 1 a 12)

5) O que se entende por bem-aventurança?

Termo técnico para indicar uma forma literária que se encontra quer no Antigo quer no Novo Testamento. A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição.

Segundo Wendisch, as bem-aventuranças são uma espécie de torah (lei). Nos paradoxos (ir contra a opinião comum), Jesus ensinou o avesso daquilo que os homens pensavam, fazendo-os refletir na felicidade, não como a posse de bens materiais, mas como estar na visão e posse de Deus.

6) Há diferença entre reino dos céus e reino de Deus?

A palavra "céus" foi usada por Mateus; os outros evangelistas usaram a palavra "Deus". Explicação: Mateus usou reino dos céus, porque Deus era um nome inefável que os judeus se abstinham de pronunciar com receio de dizerem em vão. Lucas, ao compor o seu Evangelho para os cristãos convertidos do paganismo, que por isso não tinham os mesmos escrúpulos, diz correntemente como Marcos: "o reino de Deus" ou então "reinado de Deus". (Chevrot, 1971)

7) A redação dos Evangelhos prendeu-se mais à letra ou ao sentido?

Os Apóstolos, ao registrarem por escrito, as palavras de Cristo, prenderam-se mais ao sentido do que à letra. Por exemplo, a inscrição que Pilatos mandou colocar na cruz devia ser conforme a letra. Contudo, anotamos as seguintes divergências verbais: "Jesus o Nazareno, o rei dos judeus", João 19,19, "Este é Jesus, o rei dos Judeus", Mat. 27,37, "O rei dos Judeus, este", Luc. 23,38, "O rei dos Judeus", Marc. 15,26. (Stella, 1978)

8) Qual a importância de Jesus falar ao ar livre?

O mestre não quis pronunciar o seu discurso inaugural no interior de uma sinagoga ou nos pórticos do Templo. Para fazer ouvir uma mensagem destinada aos homens de todos os tempos, precisava de ar livre, de altitude, dos horizontes sem limite da natureza. Ele falava do impulso de progresso, da ressonância, do movimento. Dizia: as raposas têm as suas tocas, os pássaros os seus ninhos, mas Ele não terá um teto onde reclinar a cabeça. Caminhará sempre, sem parar.

9) Qual a função das Igrejas nos dias atuais?

A Igreja, de qualquer espécie que for, não pode permanecer somente como instituição. Deve ser um movimento, um processo de aperfeiçoamento das almas. A Igreja não é um estabelecimento, é um movimento, a sua função é "renovar a face da terra", quebrando preconceitos e denunciando os conformismos. Paulo foi muito feliz quando disse: "Embora se destrua em nós o homem exterior, o homem interior vai-se renovando de dia para dia".

(Reunião de 17/11/2007)

Bibliografia Consultada

CHEVROT, Georges. O Sermão da Montanha. Tradução de Alípio Maia de Castro. São Paulo: Quadrante, 1971.

STELLA, J. B. O Sermão da Montanha: A Religião de Cristo. São Paulo: Metodista, 1978. (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/serm%C3%A3o-do-monte?authuser=0 )


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Sermão do Monte

Jesus ensinava – oralmente – em aramaico, sua língua materna. Como nada escreveu, a sua palavra devia ressoar sobre os discípulos. Por isso, catequese – do grego katechéo, fazer ressoar. Ressonância significava a voz na presença dos discípulos. O discípulo que tivesse recebido o ensinamento era ressoado, ou seja, catequizado. Depois de catequizado, poderia catequizar outros. Pode-se dizer que Jesus proclamou, junto aos discípulos, o mais conciso e ordenado sistema de uma filosofia universal. Ali se achava tudo o que alma necessitava saber a respeito de Deus, da criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. O sermão tinha um caráter universalista, uma espécie de "carta magna" para toda a humanidade. (Stella, 1978)

O monte é o lugar de destaque na vida religiosa dos povos. É o lugar da solidão, da oração e da revelação. Segundo uma constante tradição bíblica, é o lugar próprio para os encontros com Deus. Na Grécia, o monte Olímpico; na Índia, o monte Meru; na China, o monte Kuen-luen. Há, também, o monte Sinai, o monte das Oliveiras etc., cada qual com sua particularidade. (Stella, 1978)

Também chamado Sermão da Montanha ou Sermão das Bem-Aventuranças, foi pronunciado por Jesus na fralda de um de um monte, em Cafarnaum, dirigindo-se a todas as pessoas que o seguiam. Nele Jesus faz uma síntese das leis morais que regem a humanidade. O Sermão do Monte veio para reformar a humanidade na sua totalidade. Não é para uma religião, mas para toda a religião. Segundo alguns religiosos, o sermão do monte é o mais revolucionário dos discursos humanos, simplesmente porque é divino. Quando acabou de proferir o sermão, os discípulos disseram: "Este ensina como quem tem autoridade".

as oito regras do sermão são:

1.ª) Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

2.ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

3.ª) Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a Terra.

4.ª) bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

5.ª) Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

6.ª) Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus.

7.ª) bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles.

8.ª) Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus, 5, 1 a 12)

Bem-aventurança é o termo técnico para indicar uma forma literária que se encontra quer no Antigo quer no Novo Testamento. A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição. Segundo Wendisch, as bem-aventuranças são uma espécie de torah (lei). Nos paradoxos (ir contra a opinião comum), Jesus ensinou o avesso daquilo que os homens pensavam, fazendo-os refletir na felicidade, não como a posse de bens materiais, mas como estar na visão e posse de Deus.

A palavra "céus" foi usada por Mateus; os outros evangelistas usaram a palavra "Deus". Explicação: Mateus usou reino dos céus, porque Deus era um nome inefável que os judeus se abstinham de pronunciar com receio de dizerem em vão. Lucas, ao compor o seu Evangelho para os cristãos convertidos do paganismo, que por isso não tinham os mesmos escrúpulos, diz correntemente como Marcos: "o reino de Deus" ou então "reinado de Deus". (Chevrot, 1971)

Os Apóstolos, ao registrarem por escrito, as palavras de Cristo, prenderam-se mais ao sentido do que à letra. Por exemplo, a inscrição que Pilatos mandou colocar na cruz devia ser conforme a letra. Contudo, anotamos as seguintes divergências verbais: "Jesus o Nazareno, o rei dos judeus", João 19,19, "Este é Jesus, o rei dos Judeus", Mat. 27,37, "O rei dos Judeus, este", Luc. 23,38, "O rei dos Judeus", Marc. 15,26. (Stella, 1978)

O mestre não quis pronunciar o seu discurso inaugural no interior de uma sinagoga ou nos pórticos do Templo. Para fazer ouvir uma mensagem destinada aos homens de todos os tempos, precisava de ar livre, de altitude, dos horizontes sem limite da natureza. Ele falava do impulso de progresso, da ressonância, do movimento. Dizia: as raposas têm as suas tocas, os pássaros os seus ninhos, mas Ele não terá um teto onde reclinar a cabeça. Caminhará sempre, sem parar.

A Igreja, de qualquer espécie que for, não pode permanecer somente como instituição. Deve ser um movimento, um processo de aperfeiçoamento das almas. A Igreja não é um estabelecimento, é um movimento, a sua função é "renovar a face da terra", quebrando preconceitos e denunciando os conformismos. Paulo foi muito feliz quando disse: "Embora se destrua em nós o homem exterior, o homem interior vai-se renovando de dia para dia".

Bibliografia Consultada

CHEVROT, Georges. O Sermão da Montanha. Tradução de Alípio Maia de Castro. São Paulo: Quadrante, 1971.

STELLA, J. B. O Sermão da Montanha: A Religião de Cristo. São Paulo: Metodista, 1978. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/06/sermao-do-monte.html)


Em Forma de Palestra

Bem-Aventurança: Sermão do Monte

1. Introdução

O objetivo deste estudo é relembrar as regras básicas do comportamento humano, trazidas por Jesus, no sentido de melhor auxiliar a elaboração de nosso pensamento e as consequentes ações que daí dimanam.

2. Conceito

Bem-Aventurança - Termo técnico para indicar uma forma literária que se encontra quer no Antigo quer no Novo Testamento. A Bem-Aventurança é uma declaração de bênção com base em uma virtude ou na boa sorte. A fórmula se inicia com "bem-aventurado aquele..." Com Jesus toma a forma de um paradoxo: a bem-aventurança não é proclamada em virtude de uma boa sorte, mas exatamente em virtude de uma má sorte: pobreza, fome, dor, perseguição. (Mackenzie, 1984)

Sermão do Monte - Também chamado Sermão da Montanha ou Sermão das Bem-Aventuranças, foi pronunciado por Jesus na fralda de um de um monte, em Cafarnaum, dirigindo-se a todas as pessoas que o seguiam. Nele Jesus faz uma síntese das leis morais que regem a humanidade. (Vários Autores, 2000)

3. Antecedentes

As pregações de Jesus se davam nas proximidades de Cafarnaum. Numerosas pessoas o aguardavam para ouvir o seu verbo redentor. Entre elas estavam aqueles que seriam os seus seguidores, e que deveriam dar prosseguimento à divulgação da Sua boa-nova.

Depois de uma das suas pregações do novo reino, chamou os doze companheiros:

Pedro, André e Filipe eram filhos de Betsaida, de onde vinham igualmente Tiago e João, descendentes de Zebedeu. Levi, Tadeu e Tiago, filhos de Alfeu e sua esposa Cleofas, parenta de Maria, eram nazarenos e amavam a Jesus desde a infância. Tomé descendia de um antigo pescador de Dalmanuta e Bartolomeu nascera de uma família laboriosa de Cana da Galileia. Simão, mais tarde denominado o Zelote, deixara a sua de Canaã para dedicar-se à pescaria, e somente um deles, Judas, destoava um pouco desse concerto, pois nascera em Iscariotes e se consagrava ao pequeno comércio em Cafarnaum, onde vendia peixes e quinquilharias. (Xavier, 1977, p. 38 e 39)

Característica dos apóstolos: eram os homens mais humildes e simples do lago de Genesaré.

4. O Texto Evangélico e sua Explicação

4.1. A Finalidade da Pregação

Era chegado o momento de fazer o sermão àqueles doze, o qual abrangesse todos os seus ensinamentos, um esclarecimento formal de sua mensagem, e que os apóstolos deveriam saber de cor.

Para isso, Ele os conduzira longe das multidões, para uma elevação rochosa, ali numa encosta da montanha, trecho isolado onde poderiam ficar a sós.

Depois que os discípulos se acomodaram, proclamou o mais conciso e ordenado sistema de uma filosofia universal. Ali se achava tudo o que alma necessitava saber a respeito de Deus, da criação e da vida quotidiana, tanto naquela época como nas vindouras. Foi ali que comunicou à humanidade inteira as oito regras básicas para todo o comportamento humano.

4.2. As Oito Regras

1.ª) Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

2.ª) Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

3.ª) Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos, porque herdarão a Terra.

4.ª) bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

5.ª) Bem-aventurados aqueles que são misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

6.ª) Bem-aventurados aqueles que têm puro o coração, porque verão a Deus.

7.ª) bem-aventurados os que sofrem perseguição pela justiça, porque o reino dos céus é para eles.

8.ª) Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós. (Mateus, 5, 1 a 12)

4.3. Explicando algumas dessas Regras

Pobre de Espírito: O Que É e o Que Não É

Não é aquele que é pobre do ponto de vista material; não é aquele que se deprecia; não é aquele que é covarde; não é aquele que esconde seu talento.

É aquele que reconhece que é: carente na esfera do espírito; que não possui as riquezas e os dons espirituais; que depende de Deus.

Por pobres de espírito Jesus não entende os homens desprovidos de inteligência, mas os humildes: ele disse que o reino dos céus é deles e não dos orgulhosos. Os homens de ciência, compenetrados de si mesmos, elevam-se de tal maneira que acabam por negar a divindade; e os que admitem-na, contestam-lhe a ação providencial sobre as coisas deste mundo, persuadidos de que só eles bastam para governá-lo. A negação divindade é muito mais fruto do orgulho do que da convicção: isto poderia fazê-los descer do pedestal em que se encontram.

"Em dizendo que o reino dos céus é para os simples, Jesus quer dizer que ninguém é nele admitido sem a simplicidade de coração e a humildade de espírito; que o ignorante que possui essas qualidades será preferido ao sábio que crê mais em si do que em Deus". (Kardec, 1984, p. 101 e 102) 

Choro com Valor e Choro sem Valor

Chorar por si só não tem valor nenhum, por isso, muitos choram sem consolação. É o caso das constantes lástimas pelas perdas egoístas ou ambições frustradas, das lágrimas excessivas pelos entes queridos que partiram.

O choro com valor é aquele que evoca um arrependimento sincero ante o erro cometido, não só com relação ao próximo como com relação a Deus. Nesse sentido chorar é ter saúde espiritual.

Mansidão é Força do Espírito

Ser manso não significava ser um covarde servil, mas um crente na bondade de Deus e na benignidade do universo, mesmo quando a alma vive imersa no sofrimento e não vê razão para isso. Essa regra exprimia a aceitação da vontade de Deus.

O mundo acha que o manso é covarde, vacilante, fraco. Mas, mansidão não é fraqueza é sim "força tornada gentil".

A Mansidão é uma atitude interna de quem é pobre de espírito e de quem chora. É o ponto de vista que a pessoa faz de si mesma, que se expressa da forma com que o cristão vê os outros.

Misericórdia é ter Compaixão das Dores do Próximo

Sentido etimológico: "sentir a miséria do outro em meu coração". Quando nos vemos em posição de domínio ou superioridade sobre o outro, que havia transgredido contra nossa pessoa e nós nos recusamos em nos vingar.

Misericórdia é uma disposição da alma, de ser semelhante a Cristo ao encarar amigos, inimigos, desprezados, e pecadores. É uma manifestação da conduta. O misericordioso usa de bondade ao julgar os outros; procura o melhor, não o pior; é lento para condenar, rápido para recomendar.

5. Jung, Buda e Discurso Espírita

5.1. Psicanálise Junguiana

Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, foi muito feliz quando fez um paralelo entre os ensinamentos de Jesus e a psicologia. Vejamos o que ele nos traz, na interpretação das Bem-aventuranças (Mateus 5:3-10).

1. Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. Felizes aqueles que têm consciência de sua pobreza espiritual e que buscam humildemente aquilo que necessitam.

2. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados. Os que choram se encontram envolvidos num processo de crescimento. Eles serão consolados quando o valor projetado, perdido, for recuperado no interior do psique.

3. Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra. Essa mansidão está relacionada ao Ego, que precisa ser trabalhado, essa atitude é afortunada, pois o ego está pronto para receber ensinamentos e aberto às novas considerações que podem levar a uma rica herança. Herdar a terra significa adquirir uma consciência em saber se relacionar ao todo ou de ter uma participação pessoal no todo.

4. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados. Trata-se de um principio orientador interior, de caráter objetivo, que traz um sentimento de realizações do Ego que o busca com fome. A justiça de estar vivendo de acordo com a verdadeira e real necessidade interior.

5. Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Se o Ego é misericordioso, ele receberá misericórdia do íntimo.

6. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. A pureza ou a limpeza podem significar um estado do Ego, livre da contaminação de conteúdo ou motivações do inconsciente. Aquele que é consciente é puro, porque é consciente de que seu erro abre uma porta para experimentar a sua própria essência.

7. Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados de filhos de Deus. O papel apropriado do Ego é mediar entre as partes oponentes aos conflitos intra-psíquicos internos.

8. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. O Ego precisa suportar a dor e o sofrimento, sem sucumbir ao amargor e ao ressentimento, para relacionar-se à lei interna objetiva.

Jung nos mostra através dessa correlação entre os ensinamentos de Jesus e a psique humana que o principal ponto das Bem-aventuranças entendidas psicologicamente é a exaltação do Ego não inflado, um Ego humilde. (www.espirito.com.br)

5.2. Os Ensinamentos de Buda sobre as Bem-Aventuranças

Bem-aventurados os que sabem e cujo conhecimento é livre de ilusões e superstições.

Bem-aventurados os que dizem que sabem, de maneira bondosa, franca e verdadeira.

Bem-aventurados aqueles cuja conduta é tranquila, honesta e pura.

Bem-aventurados os que ganham a vida de maneira que não traga mal ou perigo a qualquer vivente.

Bem-aventurados os tranquilos, que se despojam da má vontade, orgulho e falsa convicção, substituindo-os por amor piedade e compreensão.

Bem-aventurados todos aqueles que dirijam os melhores esforços no sentido da preparação e domínio de si mesmos.

Bem-aventurados, além de todos os limites, quando por este meio, vos despojardes das limitações do egoísmo.

E bem-aventurados, finalmente, os que se extasiam em contemplar o que é profundo e verdadeiro sobre este mundo e nele a nossa vida. (Rodrigues, 1988, p.61)

5.3. O Expositor ante a Bem-Aventurança

Bem-aventurado o expositor que sabe como pregar.

Bem-aventurado o expositor que encurta suas introduções

Bem-aventurado o expositor que modela sua voz, e nunca grita.

Bem-aventurado o expositor que sabe como e quando terminar.

Bem-aventurado o expositor que se inclui entre os ouvintes.

Bem-aventurado o expositor cujas palestras são articuladas e lógicas.

Bem-aventurado o expositor cujas palestras constituem uma unidade, têm propósito definido, sendo cada palavra bem pensada e meditada.

Bem-aventurado o expositor que raramente emprega o pronome eu.

Bem-aventurado o expositor que conhece, prega e pratica a Doutrina Espírita.

Bem-aventurado o expositor que vive a mensagem que prega.

Bem-aventurado o expositor que é Cristocêntrico.

Bem-aventurado o expositor que antes de se preocupar com a qualidade das palavras, se preocupa com o sentimento que irá passar.

"Pregar o Evangelho de Jesus Cristo é o mais alto privilégio e a aventura mais sedutora jamais comissionada ao homem, e ainda o propósito final de toda pregação do Evangelho, é a evangelização - a real conversão para Cristo." (www.espirito.com.br)

6. Bem-Aventuranças e Doutrina Espírita

6.1. Cultivando as Bem-Aventuranças

Cultivar as bem-aventuranças não é alçar exclamações de piedade inativa para o céu, lastimando os males do próximo com a boca e guardando os braços em repouso, diante do sofrimento alheio que nos convoca ao auxílio, à fraternidade e à cooperação.

Bem-aventurados os que lutam e sofrem, que se agitam e trabalham na materialização do bem comum, porque todos aqueles que fazem da piedade o serviço constante do amor encontram realmente as portas abertas para o Reino de Deus. (Xavier, 1974, p. 121)

6.2. O Sermão do Monte

Levi ficou surpreso com os aleijados e estropiados que o procuravam. Que conseguiria o Evangelho do Reino, com esses aleijados e mendigos? Jesus disse: precisamos amar e aceitar a preciosa colaboração dos vencidos do mundo! Os vencedores da Terra não necessitam de boas notícias. Nas derrotas da sorte, as criaturas ouvem mais alto a voz de Deus.

Imaginemos que os triunfadores da Terra viessem até nós, ensarilhando suas armas exteriores. É dentro desse quadro que Jesus lança as bem-aventuranças. (Xavier, 1977, cap. 11)

6.3. O Auxílio dos Espíritos Superiores

Por amor, os bem-aventurados, que já conquistaram a luz divina, descerão até nós, quais flamas solares que não apenas se retratam nos minaretes da terra, mas penetram igualmente nas reentrâncias do abismo, aquecendo os vermes anônimos.

Chegam, assim, até nós, desculpando-nos a falta e suprindo-nos as fraquezas, a integrar-nos na ciência difícil de corrigir-nos, por nós mesmos, sem reclamarem o título de mestres.

Vem das alturas e apagam-se. Ajudam-nos a carregar o fardo de nossos erros, sem tornar-nos irresponsáveis. Alentam-nos a energia sem demitir-nos da obrigação. (Xavier, 1970, p. 67)

7. Conclusão

Mahatma Gandhi tinha razão quando disse que, se dos ensinamentos do Cristo ficasse apenas os extratos do Sermão do Monte, teríamos condições de pautar a nossa conduta dentro dos mais excelsos parâmetros para nos relacionarmos bem em sociedade.

8. Bibliografia Consultada

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

MACKENZIE, J. L. (S. J.). Dicionário Bíblico.  São Paulo: Paulinas, 1984.

MICHALANY, D. A Grande Enciclopédia da Vida. São Paulo: Michalany, s.d.p.

RODRIGUES, Antonio F. Pérolas Literárias: Contos e Crônicas. Capivari-SP: LAR/ABC do Interior, 1988.

VÁRIOS AUTORES, Curso de Aprendizes do Evangelho. 6. ed. São Paulo: Feesp, 2000.

XAVIER, F. C. Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1977. 

XAVIER, F. C. Instrumentos do Tempo, pelo Espírito Emmanuel. São Bernardo do Campo: G E Emmanuel, 1974. 

XAVIER, F. C. Justiça Divina, pelo Espírito Emmanuel. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1970.

www.espirito.com.br

São Paulo, setembro de 2003.


 Dicionário

Montanha. O simbolismo da montanha é múltiplo: prende-se à altura e ao centro. Na medida em que ela é alta, vertical, elevada, próxima do céu, ela participa do simbolismo da transcendência; na medida em que é o centro das hierofanias atmosféricas e de numerosas teofanias, participa do simbolismo da manifestação. Ela é assim o encontro do céu e da terra, morada dos deuses e objetivo da ascensão humana. Vista do alto, ela surge como a ponta de uma vertical, é o centro do mundo; vista de baixo, do horizonte, surge como a linha de uma vertical, o eixo do mundo, mas também a escada, a inclinação a escalar.

A montanha exprime ainda as noções de estabilidade, de imutabilidade, às vezes, até mesmo de pureza.

Na mitologia taoísta, os Imortais iam viver sobre uma montanha, que era chamada A Montanha do Meio Mundo, em torno do qual giravam o Sol e a Lua.

O simbolismo mitológico da montanha primordial ou cósmica encontra certo eco no Antigo Testamento. As altas montanhas, lembrando fortalezas, são símbolos de segurança (Salmos 30, 8).

Deve-se lembrar o sermão sobre a montanha (Mateus 5, 1 s.) que, sem dúvida, na nova aliança, responde à lei do Sinai na antiga. Observemos ainda a descrição da transfiguração de Jesus sobre uma alta montanha (Marcos 9, 2) e a da ascensão sobre o monte das Oliveiras (Lucas 24, 50; Atos 1, 12).

Resumindo as tradições bíblicas e as da arte cristã, que ilustram com diversos exemplos, de Champeaux e dom Sterckx extraem três significações simbólicas principais da montanha: 1. A montanha faz a junção da terra ao céu; 2. A montanha santa se situa no centro do mundo; 3. O templo é associado a essa montanha (CHAS, 164-199). (CHEVALIER, J. e GHEERBRANT, A. Dicionário de Símbolos (mitos, sonhos, costumes, gestos, formas, figuras, cores, números). 12. ed., Rio de Janeiro, José Olympio, 1998.)


Pensamentos

Sermão

"Sua religião é aquilo que você faz quando o sermão acaba." (H. Jackson Brown Jr)

"Um bom exemplo é o melhor sermão." (Benjamin Franklin)

"Sabão serve para lavar roupas; sermão, para purificar a alma." (Helgir Girodo)

"Você pode fazer um sermão melhor com sua vida do que com os seus lábios." (Oliver Goldsmith)

"Quem dá exemplo de bom viver, ao chegar ao púlpito já pregou a metade do sermão." (Wilmar Leitte)

"Ponha fogo no seu sermão ou ponha seu sermão no fogo." (John Wesley)

"É melhor ouvir apenas um sermão e meditar naquilo, do que ouvir dois sermões e não meditar em nenhum deles." (Thomas White)

Sermão da Montanha

"As parábolas de Jesus e o Sermão da Montanha, e este último, por exemplo, pode ser considerado dentro do campo literário uma verdadeira poesia, digna de reconhecimento universal. Sem embargo, são comparações e ensinamentos que visam trazer ao espírito do indivíduo a verdadeira essência da mensagem do Filho de Deus à humanidade: O amor." (Moisés Soares Alves) 

"A trave, apesar de ser infinitamente maior do que um cisco, não incomoda mais aos olhos dos que já se familiarizaram com a própria maldade." (Ket Antonio)

"Enquanto houver uma classe inferior, pertenço a ela; enquanto houver um elemento criminoso, sou parte dele; enquanto houver uma alma na prisão, não sou livre." (Eugenio Debs)

"Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade e só se salvasse "O sermão da montanha", nada estaria perdido." (Mahatma Gandhi)

"No Sermão do Monte não nos é recomendado: "Vivei deste modo e vos tornareis cristãos." Pelo contrário, somos ali ensinados: "Visto que sois cristãos, vivei deste modo." (Dr. Martyn Lloyd-Jones)


Mensagem Espírita

Que Fazemos do Mestre?

“Que farei então de Jesus, chamado o Cristo?” — Pilatos. (Mateus, 27:22.)

Nos círculos do Cristianismo, a pergunta de Pilatos reveste-se de singular importância.

Que fazem os homens do Mestre Divino, no campo das lições diárias?

Os ociosos tentam convertê-lo em oráculo que lhes satisfaça as aspirações de menor esforço.

Os vaidosos procuram transformá-lo em galeria de exibição, através da qual façam mostruário permanente de personalismo inferior.

Os insensatos chamam-no indebitamente à aprovação dos desvarios a que se entregam, a distância do trabalho digno.

Grandes fileiras seguem-lhe os passos, qual a multidão que o acompanhava, no monte, apenas interessada na multiplicação de pães para o estômago.

Outros se acercam dele, buscando atormentá-lo, à maneira dos fariseus arguciosos, rogando “sinais do céu”.

Numerosas pessoas visitam-no, imitando o gesto de Jairo, suplicando bênçãos, crendo e descrendo ao mesmo tempo.

Diversos aprendizes ouvem-lhe os ensinamentos, ao modo de Judas, examinando o melhor caminho de estabelecerem a própria dominação.

Vários corações observam-no, com simpatia, mas, na primeira oportunidade, indagam, como a esposa de Zebedeu, sobre a distribuição dos lugares celestes.

Outros muitos o acompanham, estrada a fora, iguais a inúmeros admiradores de Galileia, que lhe estimavam os benefícios e as consolações, detestando-lhe as verdades cristalinas.

Alguns imitam os beneficiários da Judeia, a levantarem mãos-postas no instante das vantagens e a fugirem, espavoridos, do sacrifício e do testemunho.

Grande maioria procede à moda de Pilatos que pergunta solenemente quanto ao que fará de Jesus e acaba crucificando-o, com despreocupação do dever e da responsabilidade.

Poucos imitam Simão Pedro que, após a iluminação no Pentecostes, segue-o sem condições até à morte.

Raros copiam Paulo de Tarso que se ergue, na estrada do erro, colocando-se a caminho da redenção, através de impedimentos e pedradas, até ao fim da luta.

Não basta fazer do Cristo Jesus o benfeitor que cura e protege. É indispensável transformá-lo em padrão permanente da vida, por exemplo e modelo de cada dia. (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 100)

Erguer e Ajudar

“E ele, dando-lhe a mão, a levantou...” — (Atos, 9:41.)

Muito significativa a lição dos Atos, quando Pedro restaura a irmã Dorcas para a vida.

Não se contenta o Apóstolo em pronunciar palavras lindas aos seus ouvidos, renovando-lhe as forças gerais.

Dá-lhe as mãos para que se levante.

O ensinamento é dos mais simbólicos.

Observamos muitos companheiros a se reerguerem para o conhecimento, para a alegria e para a virtude, banhados pela divina claridade do Mestre, e que podem levantar milhares de criaturas para a Esfera Superior.

Para isso, porém, não bastará a predicação pura e simples.

O sermão é, realmente, um apelo sublime, do qual não prescindiu o próprio Cristo, mas não podemos esquecer que o Celeste Amigo, se doutrinou no monte, igualmente no monte multiplicou os pães para o povo esfaimado, restabelecendo-lhe o ânimo.

Nós, os que nos achávamos mortos na ignorância e que hoje, por acréscimo da Misericórdia Infinita, já podemos desfrutar algumas bênçãos de luz, precisamos estender o serviço de socorro aos demais.

Não nos desincumbiremos, porém, da tarefa salvacionista, simplesmente pronunciando alguns discursos admiráveis.

É imprescindível usar nossas mãos nas obras do bem.

Esforço dos braços significa atividade pessoal. Sem o empenho de nossas energias, na construção do Reino Espiritual com o Cristo, na Terra, debalde alinharemos observações excelentes em torno das preciosidades da Boa Nova ou das necessidades da redenção humana.

Encontrando o nosso irmão caído na estrada, façamos o possível por despertá-lo com os recursos do verbo transformador, mas não olvidemos que, para trazê-lo de novo à vida construtiva, será indispensável, segundo a inesquecível lição de Pedro, estender-lhe fraternalmente as nossas mãos. (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro: FEB, capítulo 33)