Max Weber

Max Weber nasceu e teve sua formação intelectual no período em que as primeiras disputas sobre a metodologia das ciências sociais começavam a surgir na Europa, sobretudo em seu país, a Alemanha. Filho de uma família da alta classe média, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Seu pai era um conhecido advogado e desde cedo orientou-o no sentido das humanidades. Weber recebeu excelente educação secundária em línguas, história e literatura clássica. Em 1882, começou os estudos superiores em Heidelberg; continuando-os em Göttingen e Berlim, em cujas universidades dedicou-se simultaneamente à economia, à história, à filosofia e ao direito.

Concluído o curso, trabalhou na Universidade de Berlim, na qual idade de livre-docente, ao mesmo tempo em que servia como assessor do governo. Em 1893, casou-se e no ano seguinte, tornou-se professor de economia na Universidade de Freiburg, da qual se transferiu para a de Heidelberg, em 1896. Dois anos depois, sofreu sérias perturbações nervosas que o levaram a deixar os trabalhos docentes, só voltando à atividade em 1903, na qualidade de co-editor do Arquivo de Ciências Sociais (Archiv tür Sozialwissenschatt), publicação extremamente importante no desenvolvimento dos estudos sociológicas na Alemanha. A partir dessa época, Weber somente deu aulas particulares, salvo em algumas ocasiões, em que proferiu conferências nas universidades de Viena e Munique, nos anos que precederam sua morte, em 1920.

A Sociologia weberiana caracteriza-se por um dualismo racionalismo – irracionalismo:

- Racionalismo: rotina social; estabilidade; tradição; legalidade; continuidade; espírito científico e pragmático do ocidente, sacrificando a espontaneidade da vida aos cálculos e à seleção dos meios, para serem atingidos fins previamente escolhidos.

- Irracionalismo: crenças; mitos; sentimentos; ação carismática.

TEORIA DA AÇÃO

Para Weber a sociedade não seria algo exterior e superior aos indivíduos, como em Durkheim. Para ele, a sociedade pode ser compreendida a partir do conjunto das ações individuais reciprocamente referidas. Por isso, Weber define como objeto da sociologia a ação social.

O que é ação social?

Para Weber ação social é qualquer ação que o indivíduo faz orientando-se pela ação de outros. Por exemplo um eleitor. Ele define seu voto orientando-se pela ação dos demais eleitores. Ou seja, temos a ação de um indivíduo, mas essa ação só é compreensível se percebemos que a escolha feita por ele tem como referência o conjunto dos demais eleitores.

Assim, Weber dirá que toda vez que se estabelecer uma relação significativa, isto é, algum tipo de sentido entre várias ações sociais, teremos então relações sociais.

A ação social, é a conduta humana dotada de sentido. O sentido motiva a ação individual.

Para Weber, cada sujeito age levado por um motivo que se orienta pela tradição, por interesses racionais ou pela emotividade.

O objetivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida em que cada indivíduo age levando em conta a resposta ou reação de outros indivíduos.

A ação social gera efeitos sobre a realidade em que ocorre.

É o indivíduo que através dos valores sociais e de sua motivação, produz o sentido da ação social.

A transmissão destes valores comuns de uma geração para outra é chamada socialização, que é uma forma inconsciente de coerção social. Ex. de valores sociais: respeito, virgindade, honestidade, solidariedade, etc

Só existe ação social quando o indivíduo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com os demais.

A partir dessa definição, Weber afirmará que podemos pensar em diferentes tipos de ação social, agrupando-as de acordo com o modo pelo qual os indivíduos orientam suas ações. Assim, ele estabelece tipos de ação social:

1.Ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado.

2.Ação carismática: inova e inobserva tradições. Funda-se na crença de ser seu autor dotado de poderes sobre-humanos e sobrenaturais que agem, livremente, sem fazer caso de normas estabelecidas ou de tradições, estabelecendo novas normas e criando tradições.

3.Ação afetiva: orientada pelas emoções e sentimentos.

4.Ação social racional: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários.

5.Ação política: a finalidade ideal da ação política é a instituição e a perpetuação do poder. Para a instituição e a perpetuação do poder a ação política exerce três tipos de dominação que precisam ser legitimados: carismática, tradicional e legal.

Weber afirma que a Ciência Social que ele pretende exercitar é uma “Ciência da Realidade”, voltada para a compreensão da significação cultural atual dos fenômenos e para o entendimento de sua origem histórica.

O método compreensivo, defendido por Weber, consiste em entender o sentido que as ações de um indivíduo contêm e não apenas o aspecto exterior dessas mesmas ações.

Se, por exemplo, uma pessoa dá a outra um pedaço de papel, esse fato, em si mesmo, é irrelevante para o cientista social. Somente quando se sabe que a primeira pessoa deu o papel para a outra como forma de saldar uma dívida (o pedaço de papel é um cheque) é que se está diante de um fato propriamente humano, ou seja, de uma ação carregada de sentido. O fato em questão não se esgota em si mesmo e aponta para todo um complexo de significações sociais, na medida em que as duas pessoas envolvidas atribuem ao pedaço de papel a função do servir como meio de troca ou pagamento; além disso, essa função é reconhecida por uma comunidade maior de pessoas.

TIPO IDEAL

O tipo ideal é uma construção do pensamento e sua característica principal é não existir na realidade, mas servir de modelo para a análise de casos concretos, realmente existentes.

As construções de tipo ideal fazem parte do método tipológico criado por Max Weber. Ao comparar fenómenos sociais complexos o pesquisador cria tipos ou modelos ideais, construídos a partir de aspectos essenciais dos fenómenos.

TIPOS IDEAIS DE DOMINAÇÃO:

- Dominação carismática: legitimada pela fé e pelas qualidades sobrenaturais do chefe

- Dominação tradicional: legitimada pela crença sacrossanta na tradição

- Dominação legal: legitimada pelas leis a partir dos costumes e tornado possível pela burocracia, trazendo a especialização e a organização racional e legal das funções.

BUROCRACIA

O estado moderno, com suas inúmeras atribuições, reclama a existência de uma ampla estrutura organizacional, constituída por funcionários sujeitos à hierarquia e a regulamentos.

Popularmente, o termo burocracia apresenta em geral uma conotação pejorativa, associada à lentidão com que se cumprem os trâmites administrativos e à existência de estruturas, um tanto abstratas, que regem as atividades humanas sem levar em conta as circunstâncias concretas e as necessidades individuais.

Nas ciências sociais, entretanto, a noção de burocracia define, por um lado, a estrutura organizativa e administrativa das atividades coletivas, no campo público e privado, e, por outro, o grupo social constituído pelos indivíduos dedicados ao trabalho administrativo, organizado hierarquicamente, de forma que seu funcionamento seja estritamente regido por rigorosas regras de caráter interno, emanadas da legislação administrativa geral.

Foi no século XVIII, com a crescente importância assumida pelos organismos administrativos, que Jean-Claude Marie Vincent, senhor de Gournay, criou a palavra burocracia, a partir do francês bureau, “escritório”, e do grego kratia, “poder”. Somente em fins do século XIX, o tema passou a ser estudado dentro de uma perspectiva geral.

“O domínio legal é caracterizado, do ponto de vista da legitimidade, pela existência de normas formais. Do ponto de vista do aparelho, pela existência de um staff administrativo burocrático (grupo qualificado de funcionários pela aptidão e competência, que assiste a um dirigente em entidades públicas e privadas)”. Weber, portanto, define a burocracia como a estrutura administrativa, de que se serve o tipo mais puro do domínio legal.

Segundo Weber, são três as características da burocracia:

A estruturação hierárquica;

O papel desempenhado por cada indivíduo dentro da estrutura; e

A existência de normas reguladoras das relações entre as unidades dessa estrutura.

A divisão do trabalho em áreas especializadas é obtida pela definição precisa dos deveres e responsabilidades de cada pessoa, considerada não individualmente, mas como um “cargo”. Essa definição de cargo delimita determinadas áreas de competência, que não podem ser desrespeitadas em nenhuma hipótese, de acordo com os regulamentos pertinentes. Em situações extremas ou anômalas, recorre-se à consulta “por via hierárquica”, ao órgão imediatamente superior.

Essa via, segundo Weber, resulta da absoluta compartimentação do trabalho e da estruturação hierárquica dos diferentes departamentos, de forma racional e impessoal. A legitimação da autoridade não é pessoal, nem se baseia no respeito primário à tradição, como nas relações tradicionais entre superiores e inferiores, mas resulta do reconhecimento da racionalidade e da excelência dos processos estabelecidos. O respeito e a obediência são devidos não à pessoa, nem sequer à instituição, mas sim ao ordenamento estabelecido.

Para Weber, a característica básica de todo o sistema burocrático é a existência de determinadas normas gerais e racionais de controle, que regulam o funcionamento do conjunto de acordo com técnicas determinadas de gestão, visando o maior rendimento possível.

Na realidade, como reconhece Weber, nem todas as organizações administrativas apresentam-se com todas essas características, presentes, no entanto, na grande maioria delas.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Dicionário do pensamento marxista, Tom Bottomore. RJ: Jorge Zahar, 1988

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia: série Brasil. SP: Ática, 2004

ARANHA, Maria L. de Arruda. Filosofando: introdução à Filosofia. SP: Moderna, 1993

COSTA, Maria C. Castilho. Sociologia: introdução à ciência da sociedade. SP: Moderna, 1998

MARTINS, Carlos Benedito. O que é Sociologia. SP: Brasiliense, 1982

Meksenas, Paulo. Sociologia. SP: Cortez, 1994

FONTES:

http://www.iupe.org.br/ass/sociologia/soc-durkheim-escola_sociologica.htm

http://www.prof2000.pt/users/dicsoc/soc_p.html

http://www.direitonet.com.br/artigos/x/14/48/1448/

http://www.anpocs.org.br/cursosoc.doc

http://redebonja.cbj.g12.br/ielusc/turismo/disciplinas/admin1/grupos/burocrac.htm

http://smurf3.tripod.com/burocracia.html

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=8260

http://www.infonet.com.br/marcosmonteiro/sociologiajuridica/objetodasociologia.doc

 

LIVRO: “A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO”, DE MAX WEBER

A ética protestante e o “espírito” do capitalismo é um livro de Max Weber, um sociólogo alemão. Neste livro, Weber avança a tese de que a religião protestante influenciou o desenvolvimento do capitalismo. Tradicionalmente, na Igreja Católica Romana, a devoção religiosa estava normalmente acompanhada da rejeição dos assuntos mundanos, incluindo a ocupação econômica. Ele define o espírito do capitalismo como as ideias e hábitos que favorecem, de forma ética, a procura do ganho econômico. Weber afirma que tal espírito não é limitado à cultura ocidental mas que indivíduos noutras culturas não tinham podido por si só estabelecer a nova economia.

Weber mostrou que certos tipos de Protestantismo (em especial o Calvinismo) favoreciam o comportamento econômico racional e que a vida terrena (em contraste com a vida “eterna”) recebeu um significado espiritual e moral positivo. O Calvinismo trouxe a ideia de que as habilidades humanas (música, comércio, etc.) deveriam ser percebidas como dádiva divina e por isso incentivadas e que se deveria construir o reino de Deus na Terra e não ficar esperando pelo Céu prometido. O autor retrata suas observações quanto ao fato de em sua maioria, os homens de negocio, os grandes capitalistas, os operários de alto nível e o pessoal especializado do período pertencerem a religião protestante (calvinista), e através do isolamento de suas características em comum e estabelece um “tipo ideal de conduta religiosa”, que consiste na ética em pleno acordo coma filosofia do capitalismo. Daí tem origem a notável diferença entre o Catolicismo e o Calvinismo, na medida em que o último elimina e rejeita a “magia do mundo” representada por meio de símbolos, como por exemplo: cerimônias religiosas, músicas, sacerdotes etc. Desenvolvendo um individualismo de inclinação pessimista, o Calvinismo destrói qualquer tipo de manifestação subjetiva do ser por parte dos fiéis, pregando a descrença total nos homens ou até mesmo no mais íntimo amigo. Por outro lado, ocorre a irrupção de um acontecimento de grande importância para o desenvolvimento ético do Calvinismo, isto é, desaparece o ato da confissão.

Nesse caso, somente Deus é o confidente. As conseqüências lógicas deste fato estão no isolamento espiritual do puritano, porque ele se preocupa somente com a própria salvação. Tais elementos criam no indivíduo um medo extremado. Para a superação deste medo, o Calvinismo, pregando que o mundo existe apenas para a glorificação de Deus, recomenda a prática da ordem social do mundo consoante os desígnios divinos - eis, aqui, o apaziguador do conflito. A prática da ordem social resume-se em revestir as tarefas diárias de um caráter objetivo e impessoal. Surge, dessa forma, para os calvinistas, a organização racional do meio ambiente, além da completa eliminação do problema teocrático. A doutrina da predestinação em muito contribuiu para o êxito deste projeto. Na certeza da graça, concedida aos predestinados, estes se atiram numa intensa atividade profissional, adquirindo autoconfiança quanto à certeza da graça concedida, impedindo, dessa forma, qualquer tipo de sentimento que venha causar ansiedade religiosa. Os fiéis adquirem, enfim, a fé. Para os calvinistas, a fé deve, por meio das obras humanas, apresentar resultados objetivos. Consoante Weber, na prática, isto significa que Deus ajuda quem se ajuda. O objetivo era libertar os homens dos impulsos inferiores, dos vícios da bebibda, prostituição através do trabalho, por isso os Calvinistas eram pessoas empreendedoras que queriam construir o Reino de Deus na terra, construir o paraíso aqui, através da luta contra os desejos da cobiça, usura, luxúria. Para isso membros da Igreja Protestante deveriam atingir elevadas posições no interior da sociedade capitalista, necessitaram de certa posse prévia de capital estreitamente vinculada ao desenvolvimento de uma rigorosa formação educacional. Assim, alegando que o fator econômico estimula a autoridade no plano individual, foi possível ao Calvinismo, ranquear posições de prestígio. Ademais, elevadas parcelas do referido capital são empregadas numa dispendiosa educação, voltada, exclusivamente, para a manutenção da posse do capital.

Outro fator está diretamente ligado ao direcionamento do ensino superior. Se, por um lado, o ensino católico visa exclusivamente uma formação humanística (enfermagem, professores, filósofos, teólogos etc), desmotivando, desse modo, os estudantes rumo aos empreendimentos capitalistas, por outro lado, o ensino protestante fomenta, em seu currículo educacional, preparar indivíduos aptos a preencher os quadros especializados das empresas capitalistas (administradores, engenheiros, químicos, arquitetos, médicos, etc), nas quais eles conseguem obter sucesso profissional, pois atendem aos requisitos da nova ordem econômica estabelecida, os quais requerem, sobremaneira, mão de obra qualificada.

Quanto à proeminente tendência do racionalismo econômico imanente ao Protestantismo - algo ausente no catolicismo -, Weber nos chama a atenção para estes respectivos posicionamentos opostos. Na verdade, eles devem ser procurados no caráter intrínseco de cada religião: em primeiro lugar, o caráter mágico do Catolicismo, a indiferença ao mundo, pois acredita nas recompensas aos que reunciam as riquezas, num acentuado contraponto ao caráter obreiro do Protestantismo. As camadas sociais inferiores francesas, adeptas do Catolicismo, demonstravam intensos interesses nos prazeres da vida, característica tipicamente da mentalidade materialista. Weber estende-se noutros exemplos semelhantes. O Calvinismo promoverá ao estimular, entre os seus adeptos, a prática do comércio; requisito, aliás, poderoso, no que se refere ao desenvolvimento do capitalismo. Em suma, ocorre a conjugação de duas máximas: a propagação de uma intensa religiosidade aliada ao espírito mercantil da ocasião, cujos vínculos, isto é, entre “espírito de trabalho” e o “progresso”.

Max Weber, por meio de uma série de citações atinentes às regulamentações econômicas que rege a vida social dos norte-americanos, proclamadas por Benjamin Franklin, e satirizadas como a “fé” do yankee - em virtude do conteúdo presente em cada mandamento econômico que, em seu conjunto, atribui à moeda um exagerado endeusamento -, enfatiza que se um dos mandamentos econômicos (“tempo é dinheiro”, “crédito é dinheiro”, a honestidade financeira; a pontualidade nos pagamentos; a laboriosidade desenvolvida nas atividades profissionais dentre outras congêneres, etc) não for observado pelo fiel, o crente é acusado de infrator, além de não-cumpridor de seus deveres cívicos.

Em linhas gerais, o espírito do capitalismo exige não somente o acúmulo monetário, mas indivíduos inclinados a negócios, disciplinados, igualmente no que se refere à utilização racional do capital, bem como “trabalhadores conscientizados” a produzir cada vez mais, objetivando “melhorar de vida”, em detrimento à concepção de vida que se traduz em trabalhar para ganhar o suficiente para viver. Assim, o espírito capitalista e a determinação econômica inspiram uma luta constante partindo-se do princípio de que a classe dominante, isto é, a burguesia, é quem determina as medidas de aplicação salarial aos trabalhadores, são os últimos que exercerão. No caso do surgimento de uma reação contrária, por parte dos trabalhadores, frente a tais arbitrariedades emanadas do poder burguês, o espírito do capitalismo convence as consciências de que o trabalho deve ser concebido como um fim absoluto, ou melhor, como uma “vocação”, distanciando, desse modo, as preocupações dos trabalhadores com respeito às questões salariais. O referido mecanismo, nesse caso, deita raízes no processo educacional do protestantismo, que se torna um poderoso aliado do capitalismo, na medida em que a referida educação caracteriza-se por se mesclar com os conceitos fundamentais do protestantismo. Resumidamente, podemos nomear este mecanismo como uma tríade composta pelos seguintes termos: educação-econômico-religiosa, propiciando, desse modo, a formação de um quadro de funcionários com alto grau de concentração mental, fato que, conseqüentemente, determinará uma maior produtividade no mundo do trabalho.

Exercícios:

1.Qual o conceito de ação social para Max Weber?

2.Cite um Tipo Ideal de Dominação e dê exemplos.

3.Como se caracteriza a Burocracia para Max Weber?

4.O que quer dizer a palavra “coerção” e qual sua relação com a sociedade?