Conformidade

Como já referimos, o conformismo refere-se ao processo que ocorre quando confrontado com uma situação assimétrica, quantitativa ou qualitativa, um sujeito ou um grupo adere ou

se submete à norma de um outro sujeito ou grupo.

Para se melhor compreender este conceito, iremos recorrer:

1) ao paradigma experimental clássico de Asch,

2) ao estudo que a partir desse paradigma Deutsch e Gerard realizaram, bem como

3) às experiências de Milgram sobre a submissão a uma maioria qualitativa.

Submissão a uma maioria quantitativa: Dependência informativa e dependência normativa

Submissão a uma maioria quantitativa

Solomon Asch, em 1951, que seguia uma orientação gestaltista, falava em efeitos da pressão implícita do grupo na distorção da percepção.

Nos seus estudos, Asch, utilizou a seguinte experiência:

apresentou a três grupos estudantes (constituídos por um mínimo de seis e um máximo de oito indivíduos) de três Universidades diferentes, dois cartões – um deles, sempre

apresentado à esquerda, continha uma linha considerada padrão; e o outro continha três linhas, das quais apenas uma era igual à padrão; esta prova era repetida num total de dezoito

ensaios. Os cartões eram colocados num quadro a um metro de distância dos sujeitos.

E foi dada a instrução aos sujeitos de que deveriam comparar as linhas dos dois cartões, após o que deveriam indicar qual era, das três, a linha padrão (cartão apresentado à direita) (ver Figura 2).

Nestes grupos, apenas um indivíduo é um verdadeiro sujeito experimental – e que será, de ora em diante, designado de sujeito ingénuo – os restantes 5 ou 7 membros do grupo são

cúmplices do experimentador.

Cada um dos sujeitos é convidado a fazer a sua avaliação, em voz alta e, propositadamente, o sujeito ingénuo é o último a falar. A experiência consiste, como já referimos,

num total de 18 ensaios e os cúmplices foram instruídos para darem unanimamente respostas erradas, em 12 cartões específicos.

O sujeito ingénuo encontra-se numa posição minoritária, isolado face a uma maioria unânime, que contradiz de forma consistente a evidência perceptiva, cometendo erros que

chegam a atingir os 5cm. Embora não haja qualquer pressão explícita do grupo o sujeito ingénuo é confrontado, implicitamente, com a unanimidade dos membros do grupo.

Quais foram, então, os resultados obtido por Asch?

Antes de respondermos a esta questão, convém referir que Asch convencionou, por questão de critério, chamar prova crítica a qualquer juízo para o qual a maioria dá uma resposta

errada e prova neutra a qualquer juízo crítico.

Verificou-se que nas doze provas críticas, a média de erros, isto é, de conformismo, situava-se entre quatro e cinco e apenas um em cada quatro sujeitos permanecia independente da maioria no conjunto da experiência.

Assim, Asch, esperava com esta experiência que os sujeitos realizassem um trabalho cognitivo substancial, consistindo em reorganizar as suas percepções em função das respostas da maioria. Para tentar saber quais eram as razões que levavam ao comportamento independente ou ao conformista, Asch, optou por, após a experiência, entrevistar os sujeitos.

E chegou à conclusão que: os sujeitos independentes se distinguiam pela confiança que demonstravam na sua própria percepção; pelo seu afastamento psicológico relativamente aos outros participantes que prejudicavam a sua qualidade de indivíduo único; e, por fim, por uma dúvida que prevalece sobre o seu próprio juízo.

Asch, interessou-se, mais pelos indivíduos conformistas, uma vez que são os mais susceptíveis de modificar o objecto do seu juízo. Apuradas as causas do comportamento de conformismo, verificou-se que alguns sujeitos aderiram à maioria por receio das represálias que uma desobediência poderia implicar.

A maior parte dos sujeitos, no entanto, reconhece ter seguido os juízos da maioria porque a unanimidade destes abonava em favor da exatidão. E só uma pequena minoria de

sujeitos deformaram a sua percepção, por se ter submetido inconscientemente à influência da maioria que, segundo eles, emitia juízos corretos. Era esta última categoria de sujeitos

que Asch esperava encontrar desde o início, pelo que o escasso número que dela fazem parte invalidou a sua tese gestaltista.

A explicação para que tal tenha sucedido pode residir no tipo de material utilizado – material estruturado; mais objectivo – se, por exemplo, tivesse sido utilizado material menos

estruturado – mais subjectivo –, tal como juízos de valor, opiniões, atitudes, talvez então se obtivessem reações mais conformes à perspectiva gestaltista.

Dependência informativa e dependência normativa Jones e Gerard (1967), após a entrevista e a introspecção dos sujeitos ingênuos, chegaram à conclusão que se gera

nos indivíduos uma duplo conflito. Por um lado, têm, espontaneamente, tendência para confiar nas suas próprias capacidades perceptivas, que raramente falharam até então,

mas hesitam devido às informações que lhes vêm dos outros membros (dos pares) do grupo. Por outro, estão sozinhos face a um grupo unânime que irá talvez julgá-los severamente.

De facto, no que diz respeito às capacidades perceptivas exigidas em provas como as de Asch, cada sujeito teve, obrigatoriamente, uma dupla aprendizagem antes de se apresentar nas provas: conhecer as suas próprias capacidades e ter confiança nos outros (Leyens, 1988, p. 87).

Para não falar daquilo que, neste momento, é para nós óbvio, cada um de nós foi igualmente treinado para obedecer às normas de grupo.

O sujeito de uma experiência de Asch sabe que a desobediência, voluntária ou não, pode e tem seguramente consequências tais como: ser ridicularizado pelos restantes membros do gurpo; perder o seu estatuto no seio do grupo a que, momentaneamente, pertence.

A propósito deste duplo conflito, Deutsch e Gerard (1955), posteriormente à experiência de Asch, realizaram uma série de outras experiências que evidenciam dois tipos de influência, ou dependência, que conduzem ao conformismo: a dependência informativa e a dependência normativa.

a) Dependência informativa

A dependência informativa refere-se à importância que as avaliações e opiniões dos outros representam para nós – é este, aliás, o princípio evidenciado pela Teoria da Comparação Social de Festinger (1954) – desde muito cedo que aprendemos a ter em atenção e a respeitar os juízos e opiniões dos outros e a compararmo-nos com os outros (referentes sociais); aliás, é do conhecimento geral que os primeiros comportamentos socializados da criança são feitos por imitação.

Leyens (1988) defende que a dependência informativa gera-se devido ao “... é o conflito cognitivo, em que o indivíduo procura reunir as informações pertinentes que posteriormente lhe irão permitir solucionar o problema com o qual foi confrontado” (p. 88, grifo dos autores).

Vejamos então como e quando surge a dependência informativa, como factor de conformismo.

O conformismo aumenta à medida que aumenta a importância numérica da maioria (Asch e, posteriormente, Deutsch et al., chegaram à conclusão de que é necessário um mínimo de três sujeitos no grupo maioritário para que se obtenha conformismo). Isto sucede porque todos nós acreditamos haver mais verdades na cabeça de vários indivíduos do que na de um só.

De acordo com este raciocínio, o número crescente da maioria, mais do que exercer uma pressão moral, acenturaria um conflito de informações. Deste modo, o sujeito ingénuo terá cada vez mais dificuldade em admitir que todos os outros estão equivocados, excepto ele; a sua educação não o preparou para recusar massivamente a opinião dos outros que não têm qualquer motivo para o induzir sistematicamente em erro. Os resultados das experiências de Asch (1951) e de Gerard et al. (1968) confirmam, segundo Leyens (1988), este raciocínio. Assim, por exemplo, nos grupos de controlo que não incluem qualquer cúmplice, os erros são quase inexistentes, quando é um único indivíduo a emitir juízos incorrectos, a influência é mínima; pelo contrário, o conformismo aumenta consideravelmente quando são três ou mais sujeitos cúmplices do experimentador.

. Quando aumenta a ambiguidade do estímulo (por exemplo, voltando às investigações de Asch, quando não há grandes diferenças nas linhas a comparar com a linha padrão) ou, ainda, quando os sujeitos devem responder fazendo apelo à sua memória – o ter que recorrer à memória aumenta o conformismo (Asch, 1951, Deutsch et al., 1955).

Leyens (1988) refere que quanto mais ambíguo for o estímulo mais o sujeito estará indeciso sobre a resposta a dar, mais tendência terá para tomar a maioria como referência e mais se conformará (p. 90).

A ambiguidade do estímulo tem ainda um efeito sobre outra dimensão da conformidade, a que se chamou aceitação pública (consiste em concordar, em voz alta, publicamente, com a norma do grupo) e aceitação privada (consiste em concordar dentro de si; em adoptar como sua a norma do grupo, em comportamentos futuros). A propósito destas aceitações, Leyens (1988) defende que não é porque o sujeito ingénuo se deixa influenciar pela maioria que ele vai interiorizar os seus juízos.

Em 1965, Vernon Allen dedicou um ensaio às condições de coincidência mais ou menos estreita entre aceitações pública e privada. A ambiguidade do estímulo é uma dessas condições. Assim, quanto mais elevada for a ambiguidade mais a maioria, mesmo não unânime, provoca no sujeito uma verdadeira adesão.

O hiato entre a aceitação pública e a aceitação privada confirma o aspecto de dependência normativa, presente na experiência de Asch. Parece evidente que um maior conformismo em situação pública, identificável, resulta de uma dependência relativamente às regras do grupo de referência; cede-se à maioria que não pode detectar-nos porque se teme o ridículo, porque há o medo de se ser rejeitado, etc.” (Leyens, 1988, p. 91).

Quando na situação experimental há mais do que um sujeito ingénuo, ou a maioria não responde de forma unânime e consistente – unanimidade da maioria –, baixa o conformismo (Asch).

Allen (1975) chegou à conclusão, após inúmeras experiências, que é a unanimidade (e o consenso) que interessa e não o apoio social (representado pelo cúmplice “diferente”). De facto, um cúmplice que emite juízos ainda mais incorrectos que a maioria reduz também ele o conformismo – dado que, havendo desacordo entre os “referentes sociais”, estes perdem o seu valor informativo.

b) Dependência normativa

No que se refere à dependência normativa, ela diz respeito aos riscos que o sujeito corre quando não segue as normas do grupo. Estes riscos podem ser de dois tipos: não aceitação ou mesmo exclusão do grupo.

Festinger (1950) preconizou, numa segunda teoria, algo que se aproxima muito desta problemática e que designou de “pressões para a uniformidade”. Este autor defende que os grupos exercem, voluntariamente ou não, pressões para a uniformidade: agindo de tal forma que os grupos sejam capazes de atingir os objectivos estipulados ou que os seus membros, momentanaemente afastados, sejam obrigados a reconhecer a sua culpa aquando da sua reintegração nos mesmos.

Leyens (1988) defende que a dependência normativa se refere ao “... conflito motivacional na medida em que a presença real ou simbólica no grupo está subordinada à adesão às normas, e às regras do grupo” (p. 88, grifo dos autores).

Já em 1952, Kelley, tinha evidenciado esses dois tipos de dependência ao enunciar a dupla função dos grupos de: pertença/referência – a função comparativa – e a função normativa/prescritiva.

Deutsch et al. (1955), no que concerna à dependência normativa, verificaram que:

O conformismo baixa quando as respostas do sujeito ingênuo não são conhecidas da maioria (por exemplo, quando escritas) e aumenta quando este dá respostas em voz alta, em situações de face a face.

O conformismo aumenta quando é induzida no sujeito ingênuo a ideia de que ele faz parte de um grupo, e que os resultados do seu grupo serão comparados com os de outros grupos.

Numa outra experiência, Linde e Patterson (1964) verificaram que o conformismo se manifestava com maior intensidade quando o grupo era homogêneo, sendo a maioria e a minoria constituída por paraplégicos, em cadeira de rodas, ou “normais” (entenda-se: sem handicaps físicos, não deficientes); pelo contrário, quando o grupo era heterogêneo (um paraplégico para vários indivíduos não deficientes, ou vice-versa) o conformismo manifestava-se menos. Isto é, se o grupo se constitui como grupo de referência adequada, ou, se se quiser, como referente social, então, o conformismo aumenta (é mais elevado).

Podemos, deste modo, afirmar, resumidamente, que os factores que levam a uma maior dependência informativa ou normativa contribuem, seguramente, para um reforço do conformismo. Destes factores foram citados: a importância numérica da maioria; a unanimidade da maioria; a ambiguidade do estímulo a percepcionar e, nesta, foi analisada a situação pública não anónima.

A acrescentar a estes factores há ainda mais dois, que se apresentam de seguida.

Temos que considerar que a natureza das relações entre o indivíduo susceptível de ser influenciado e o grupo de pressão tem uma importância capital – isto é, constituir-se como referente social para o sujeito. Logo, quanto mais o grupo representar as características de uma referência adequada, maiores são as probabilidades de êxito ao nível da influência.

E, por fim, sabe-se que a atracção pelo grupo desempenha, igualmente, um papel importante. O sujeito não ousa arriscar-se a perder o seu estatuto de membro resistindo ou opondo-se às pressões de que é alvo. Por exemplo, quando um sujeito é inserido num grupo que ele considera ser o ‘máximo’ e com o qual partilha muitas das principais regras, a probabilidade da sua aceitação pública (de que tinha um parecer diferente) se transformar numa verdadeira adesão é extremamente elevada. Pelo contrário, um indivíduo que se sinta profundamente atraído por um grupo, mas que não concorda com muitas das suas regras fundamentais, só muito dificilmente poderia assumir a aceitação pública como verdadeira adesão – ele estaria a vivenciar uma situação que designamos de dissonância cognitiva.

Submissão a uma maioria qualitativa – Efeito de Milgram

Ao contrário do que sucedeu nas experiências de Asch, Deutsh e Gerard em que o indivíduo se submetia ao grupo sem que se verificasse uma pressão explícita, nas experiências que Milgram iniciou a partir de 1961, sobre o conceito de submissão ao grupo, observou-se uma pressão explícita sobre o sujeito com a finalidade de o levar a obedecer à norma (Milgram, 1974).

Milgram desenvolveu um conjunto alargado de estudos sobre a obediência, procurando saber se os indivíduos obedeceriam a ordens de um estranho com relativamente pouco poder, que lhes exigia que inflingissem o que lhes parecia uma boa dose de dor a outra pessoa – um completo desconhecido.

Por forma a analisar os comportamentos de obediência, Milgram concebeu uma engenhosa simulação laboratorial, realizada nos laboratórios de Psicologia da Universidade de Yale.

Vejamos então quais os cenários apresentados, bem como os resultados obtidos nas experiências de Milgram sobre a submissão:

O autor colocou um anúncio num jornal local, oferecendo 4 dólares, bem como o pagamento dos transportes, aos indivíduos, do sexo masculino, que estivessem na disposição de participar num estudo sobre memória, a decorrer no laboratório de psicologia da Universidade de Yale.

Posteriormente, os sujeitos são informados que se trata de facto de um estudo para avaliar a intensidade da punição (no caso concreto, a aplicação de um choque eléctrico) necessária para alcançar uma maior aprendizagem.

Quando o sujeito chega ao laboratório é confrontado com a presença de um indivíduo que ronda os 50 anos, que aí aguardava o início da experiência. Na presença de ambos, o experimentador tira, aparentemente, à sorte (aleatoriamente) qual dos dois indivíduos irá desempenhar o papel de “estudante” e qual será o “professor”.

O aparelho que, supostamente, daria os electrochoques possuía trinta alavancas, a primeiro com a etiqueta “15 volts”, a segunda “30 volts”, até à útlima “450 volts”.

A tarefa consiste no seguinte: o “professor” (sujeito ingénuo) dirá séries de quatro palavras às quais associa outras quatro (por exemplo: azul/céu, dia/quente, alcóol/fogo, etc.). O “estudante” (sujeito cúmplice) terá que repetir as associações e completá-las, à medida que o “professor” for lendo as séries. Cada vez que errar ou não responder será punido com um choque eléctrico que pode variar entre os 15 e os 450 volts. Iniciando-se a punição pelo choque de mais baixa intensidade (15 volts) e sendo acrescido, a cada novo erro, de mais 15 volts, e assim sucessivamente, até se atingirem os 450 volts.

Isto significava que se um “estudante” desse muitos erros apanhava choques de grande intensidade. É óbvio que o “estudante” nunca apanhava choques eléctricos durante a experiência. E, o único choque eléctrico alguma vez usado era de muito fraca intensidade (45 volts, o equivalente a uma picadela de um insecto) e servia apenas para que o ““professor”” se convencesse que o aparelho era real.

Antes de se iniciar a experiência, era dito aos participantes verdadeiros que a responsabilidade pela saúde do “estudante” era exclusivamente do investigador.

Após as instruções, o “estudante” dirige-se para uma sala ao lado. O “professor” receberá a resposta e o feedback ao tratamento que aplicará ao “estudante” através de um altifalante. O feedback é realista dado que se trata das supostas reacções do “estudante” aos choques, as quais foram previamente gravadas e em que: aos 75 volts ele geme, aos 135 volts ele grita ainda mais alto, aos 150 volts diz que não pode continuar, aos 270 volts ouve-se um grito de agonia, e a partir dos 300 volts deixa de haver qualquer resposta audível.

Como já deve ter percebido, apesar da simplicidade da tarefa, o “estudante”, seguindo instruções prévias ao contexto da experiência, cometia muitos erros. Desta forma, os participantes depararam-se rapidamente com um dilema: deveriam continuar a castigar esta pessoa dando-lhe o que pareciam electrochoques dolorosos? Deveriam recusar-se a continuar? Se eles hesitavam, o experimentador pressionava-os a continuarem, apresentando-lhes gradativamente as seguintes instruções:

Continue, por favor;

A experiência exige que continue;

É absolutamente indispensável que continue;

Não tem alternativa, continue.

A experiência termina se, e após o quarto incitamento, o “professor” (sujeito ingénuo) se recusar a continuar.

Como os sujeitos eram pagos adiantadamente e eram todos voluntários, poderiamos prever que a maioria iria rapidamente recusar-se a cumprir as ordens do experimentador. Milgram verificou que 65% dos sujeitos mostrou obediência total – prosseguindo até ao choque final de 450 volts e que o choque médio, a partir do qual os sujeitos se recusam a continuar, é de 360 volts.

Em comparação, as pessoas num grupo de controlo, a quem não eram dadas estas ordens, geralmente usavam apenas os choques de reduzida intensidade.

É claro que muitos sujeitos protestaram e queriam que a sessão terminasse, mas quando lhes era ordenado que continuassem, contudo, a maioria submetia-se à influência do experimentador e continuava a obedecer.

Eles continuavam a obedecer mesmo quando a vítima batia na parede como se protestasse com os electrochoques (quando chegava ao nível dos 300 volts) e, após esse nível, deixassem de responder.

Milgram demonstrou que poderiam ser gerados resultados semelhantes, mesmo sob condições em que se esperava uma redução da obediência.

Quando o estudo passou a realizar-se num escritório localizado num edifício pouco agradável, os níveis de obediência mantiveram-se elevados (47,5% dos sujeitos vão até aos 450 volts);

Quando o experimentador não pode continuar e é substituído por um terceiro participante (cúmplice) na condução da experiência, 20% dos sujeitos vão até ao fim;

A autoridade do experiementador não é abalada no primeiro caso, mas é-o no segundo. De facto, nesta última série de experiências, quem faz o controlo não é o experimentador, que justamente se ausentou, mas um outro indivíduo cúmplice do experimentar, mas que é visto pelo sujeito ingénuo como um par (com o mesmo estatuto que ele próprio).

Quando é o experimentador o “estudante”, todos os sujeitos param aos 150 volts (máximo!!!), isto é, quando o experimentador pede pela primeira vez;

Quando ““professor”” e “estudante” estão na mesma sala, não podendo o primeiro ignorar as reacções de dor do segundo, 40% dos sujeitos mostra obediência total.

Mais surpreendentemente, cerca de 30% dos sujeitos obedeceu mesmo quando tinha de pegar na mão da vítima e pressioná-la contra um disco de metal;

Quando se afasta o ““professor”” do experimentador (agora num terceiro compartimento e dá as suas ordens pelo telefone) muitos sujeitos fingem obedecer mas, de facto, não aplicam choques eléctricos ou aplicam um muito mais fraco do que aquilo que lhe era exigido. Parece que a autoridade reduzida do experimentador pode explicar uma redução da obediência. Mas isso não impede que 20,5% dos sujeitos executem escrupulosamente a tarefa até aos 450 volts;

A tarefa do “professor” é agora partilhada por três sujeitos: o primeiro sujeito (“estudante” – cúmplice) lê os pares de palavras, o segundo sujeito (cúmplice) informa o terceiro sujeito (ingénuo) da resposta dada pelo “estudante”, por forma a que este aplique ou não a punição. Quando o segundo colaborador (cúmplice) se recusa a prosseguir após os 150 volts, o sujeito ingénuo, se ainda não parou, pára nos 210 volts ou, então, segue até ao fim (10% dos sujeitos);

. Numa das variantes deste estudo, a autoridade é representada por dois experimentadores que entram em desacordo – um não quer que a experiência prossiga após a aplicação de um choque de 150 volts, o outro quer continuar – em vinte casos dezoito não continuam;

. Quando não estão envolvidos directamente com a aplicação dos electrochoques, 92,5% dos sujeitos segue até ao fim.

Segundo Milgram, o que justifica a submissão ou obediência é o facto de os indivíduos deixarem de se considerar autónomos e responsáveis a partir do momento em que entram numa estrutura social hierarquizada. Milgram fala em estado do sujeito agente. Tal estado caracteriza-se pelo facto de o sujeito se considerar como um agente que executa uma ordem dada por uma autoridade (no caso, dada a natureza da experiência, conotada como científica) que admite e que é vista como inquestionável.

Por outro lado, na entrevista pós-experimental, os sujeitos não se consideravam pessoalmente responsáveis pelo sofrimento infligido aos supostos “estudantes”, visto que era o experimentador quem a tal os obrigava. Estaríamos, assim, em presença do chamado e tão conhecido efeito de diluição de responsabilidades.

Por outras palavras, os estudos de Milgram sugerem que pessoas vulgares estão dispostas, embora com alguma relutância, a fazer mal a um desconhecido inocente, se tal lhe for ordenado por alguém com autoridade.

Devemos agora colocar uma pergunta: porque é que ocorre esta obediência destrutiva?

Em primeiro lugar, as pessoas que detêm a autoridade retiram a quem obedece a responsabilidade das suas acções (“Estava só a cumprir ordens”);

Em segundo lugar, as pessoas que detêm a autoridade muitas vezes possuem dísticos visíveis ou símbolos do seu estatuto;

Uma terceira razão para a obediência é que, em muitas situações em que os alvos dessa influência possam resistir, envolve a escalada gradual das ordens da figura autoritária;

Finalmente e em quarto lugar, os acontecimentos em muitas situações que envolvem a obediência destrutiva ocorrem muito rapidamente: as manifestações transformam-se subitamente em motins ou as prisões em espancamentos em massa.

Mas como é que se processa a resistência à influência social? Vejamos algumas estratégias:

Em primeiro lugar, os indivíduos expostos às ordens de figuras autoritárias podem ser recordadas que são elas – e não as autoridades – os responsáveis pelos danos produzidos;

Em segundo lugar, aos indivíduos podem ser dadas indicações claras que, a partir de determinado ponto, a submissão total às ordens destrutivas é inadequada (exposição a modelos de desobediência);

Em terceiro lugar, os indivíduos podem considerar mais fácil resistir à influência de figuras autoritárias se elas questionarem a perícia e os motivos dessas figuras;

Finalmente e em quarto lugar, o simples conhecimento sobre o poder das figuras autoritárias para ordenar a obediência cega pode ser útil em si mesmo.

Conformidade é a condição de alguém ou grupo de pessoas, de alguma coisa ou um ser, ou de um conjunto deles, estar conforme (do lat., com- “junto” + formare “formar”, “dar forma” = com a mesma forma) o pretendido ou previamente estabelecido por si, por outrem ou entre diferentes pessoas ou grupos de pessoas.

Quando se trata de instituições governamentais que atuam na regulação prescritiva, estabelecendo requisitos ou exigências regulatórias para seus entes regulados, a conformidade se dará pelo atendimento destes entes àqueles requisitos ou exigências. O não atendimento das especificações ou requisitos exigíveis, pretendidos, prometidos ou previamente estabelecidos, configura o que usualmente se chama de “não conformidade”.

Dê exemplos:

No relacionamento entre pessoas ou grupos, as crenças ou comportamentos de cada um ficam sujeitos à submissão, por imposição, ou à imitação, por solicitação ou pela expectativas do(s) outro(s) a uma forma, através de processos sutis de influência mútua, mesmo subconscientes ou inconscientes, ou por pressão social ou individual, direta e aberta.

Um psicólogo de Harvard, Herbert Kelman (1958), identificou três tipos principais de influência social:

Concordância: é a conformidade pública, enquanto conservamos nossas próprias crenças privadas.

Identificação: é a conformidade a alguém de quem gostamos e respeitamos, tal como uma celebridade ou um tio favorito.

Internalização: é a aceitação da crença ou comportamento, tanto pública quando privadamente.

Embora a distinção de Kelman tenha sido muito influente, as pesquisas em psicologia social têm se concentrado principalmente em duas variedades principais de conformidade:

conformidade informacional ou influência social informacional

a conformidade normativa, também conhecida por influência normativa social.

Numerosos fatores, tais como tamanho do grupo, unanimidade, coesão, status, compromisso anterior e opinião pública ajudam a determinar o nível de conformidade do indivíduo em relação ao seu grupo.(Aronson, Wilson, e Akert, 2005) A conformidade contribui para a formação e a manutenção de normas sociais.

Conformismo

Quando a conformidade se dá por submissão, consciente ou inconsciente, é usual dizer-se que ocorreu uma situação de conformismo, a aceitação do individuo em manter o Status quo. Quando um indivíduo ou um grupo reclama ou reage à submissão, não se conformando a crenças ou comportamentos, ocorre o que usualmente se chama de inconformismo.

Segundo René Mucchielli, o conformismo é a atitude social que consiste em se submeter às opiniões, regras, normas, modelos que representam a mentalidade coletiva ou o sistema de valores do grupo ao qual se adere a torná-los seus. Esse processo, amplamente estudado em psicologia social, corresponde mudanças de opinião, de comportamento ou mesmo de percepção de um indivíduo ou grupo minoritário, em situações influência ou pressão social exercida por parte de outros indivíduos ou por um grupo dominante.

Segundo Solomon Asch, indivíduos ou grupos se tornam conformistas para evitar o conflito entre duas opiniões diferentes (aquela expressa pela maioria e aquela expressa ou representada mentalmente pelo indivíduo ou grupo minoritário)) e a rejeição pela maioria. Para Asch, o conformismo corresponde a um seguidismo, ou seja, o sujeito que se conforma não adere de facto à opinião da maioria. Ou seja, ele conserva a sua própria opinião mas assume publicamente a opinião da maioria. O conformismo também poderia ser engendrado por uma carência informacional, uma pressão normativa ou pela atratividade do grupo majoritário. Resulta que o indivíduo modifica seus comportamentos, atitudes e opiniões para harmonizá-los com os comportamentos e atitudes do grupo.

O conformismo permite também evitar sanções que são aplicadas aos desviantes da norma grupal .

Diferentemente de Asch, Serge Moscovici defende que o conformismo se distingue do seguidismo, que é a vontade de parecer conforme à norma, o que constitui uma modificação aparente e superficial dos comportamentos, sem mudança real da convicção interna.

Referências

Moscovici, Serge (1998). Psychologie Sociale. Presses Universitaires de France, 7ª ed. 1998, p. 26 apud THIRIOT, Samuel Vers une modélisation plus réaliste de la diffusion d’innovations à l’aide de la simulation multi-agents

Becker, G. S. (1974). A theory of social interactions. NBER working paper series, NBER. 57 apud THIRIOT, Samuel Vers une modélisation plus réaliste de la diffusion d’innovations à l’aide de la simulation multi-agents

MOSCOVICI, S. (1984). Psychologie Sociale. Presses Universitaires de France.].

Aronson, E., Wilson, T.D., & Akert, A.M. Social Psychology (5a. ed.). Upper Saddle River, NJ: Prentice Hall, 2005.

Asch, S. E. Opinions and social pressure. Scientific American, pp. 31-35, 1955.

Kelman, H. Compliance, identification, and internalization: three processes of attitude change. “Journal of Conflict Resolution”, 1, pp. 51-60, 1958

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conformidade

1.A EXPERIÊNCIA DOS CINCO MACACOS

OS CINCO MACACOS

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. Bem ao centro, havia uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, um jato de água fria era acionado contra os que estavam no chão.

Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e enchiam de pancada. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.

Então os cientistas substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.

Um segundo macaco veterano foi substituído e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao novato.

Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu.

Um quarto, e afinal o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas, então, ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se possível fosse perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:

- “Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui“.

http://www.sedentario.org/colunas/duvida-razoavel/os-cinco-macacos-50438

2. Experimento de aprisionamento de Stanford

O experimento da prisão de Stanford era uma experiência psicológica destinada a investigar o comportamento humano em uma sociedade a qual os indivíduos são definidos apenas pelo grupo. O experimento envolveu a atribuição, dos voluntários que concordaram em participar, os papéis de guardas e prisioneiros em uma prisão simulada. Foi realizado em 1971 por uma equipe de pesquisadores liderada pelo professor Philip Zimbardo, da Universidade Stanford. Os resultados inesperados foram tão dramáticos que teve que ser parado antes de sua conclusão.

Zimbardo visa algumas ideias do estudioso francês Gustave Le Bon do comportamento social, em particular a teoria da desindividualização, que argumenta que os indivíduos de um grupo coeso constituindo uma multidão, tendem a perder a sua identidade pessoal, consciência, senso de responsabilidade , alimentando o surgimento de impulsos anti-sociais. Este processo foi analisado pelo famoso experimento, realizado no verão de 1971 no porão do Instituto de Psicologia da Universidade de Stanford, em Palo Alto, onde foi fielmente reproduzido o ambiente de uma prisão.

Antecedentes

O experimento de aprisionamento da Universidade de Stanford foi um marco no estudo psicológico das reações humanas ao cativeiro, em particular, nas circunstâncias reais da vida na prisão. Foi conduzido em 1971, por um time de pesquisadores liderados por Philip Zimbardo, da Universidade de Stanford. Voluntários faziam os papéis de guardas e prisioneiros, e viviam em uma prisão “simulada”. Contudo, o experimento rapidamente ficou fora de controle e foi abortado. Problemas éticos cercando o experimento de aprisionamento da Universidade de Stanford geram comparações com a Experiência de Milgram, que foi conduzido em 1963, na Universidade de Yale, por Stanley Milgram - amigo de Zimbardo nos tempos do ensino médio. O experimento foi patrocinado pela Marinha Americana, para explicar os conflitos no sistema prisional da Corporação. Zimbardo e seu grupo procuravam testar a hipótese que guardas prisionais e seus cativos fossem auto-seletivos, com uma certa disposição que naturalmente levaria a péssimas condições em tal situação.

A Seleção

Os participantes foram recrutados através de um anúncio de jornal e receberiam US$ 15,00 por dia (US$ 76,00 em valores atualizados - 2006), para participar de um “experimento simulado de aprisionamento”. Dos 70 inscritos, Zimbardo e seu time selecionaram 24, que foram julgados como sendo mais estáveis psicológicamente e possuindo boa saúde.

Estes participantes eram, na sua maioria, brancos, de classe média, do sexo masculino. Foram formados dois grupos de igual número de “prisioneiros” e “guardas”. Uma vez que este experimento se tomou na época da Guerra do Vietnã a maioria dos jovens desejava ser prisioneiros se opondo a guerra, originando assim a necessidade da seleção. É interessante notar que o grupo dos prisioneiros, após terminado o experimento, pensavam que os “guardas” haviam sido escolhidos devido sua forma física e tamanho, mas na realidade eles foram escolhidos jogando cara-ou-coroa e não havia diferença objetiva de estatura entre os dois grupos.

A Prisão

A prisão, em si, localizava-se no subsolo do Departamento de Psicologia de Stanford, que fora convertido para esse propósito. Um estudante assistente de pesquisa era o “Diretor” e Zimbardo o “Superintendente”. Zimbardo criou uma série de condições específicas na esperança de que os participantes ficassem desorientados, despersonalizados e desindividualizados.

Os Guardas

Aos guardas eram entregues bastões de madeira e uniformes de estilo militar de cor bege, que foram escolhidos pelos próprios “guardas” em uma loja local. Eles também receberam óculos de sol espelhados para evitar o contato visual (Zimbardo teve essa idéia a partir de um filme). Diferentemente dos prisioneiros, os guardas trabalhariam em turnos e poderiam voltar para suas casas nas horas livres, porém alguns preferiam voluntariar-se para fazer horas-extras sem pagamento.

Os Prisioneiros

Os prisioneiros deveriam vestir apenas roupões ao estilo do oriente-médio, sem roupa de baixo e chinelos de borracha, tais medidas fariam com que eles adotassem posturas corporais estranhas - segundo Zimbardo - visando aumentar o desconforto e a desorientação. Eles receberam números ao invés de nomes. Estes números eram costurados aos seus uniformes e os prisioneiros tinham de usar meias-calças apertadas feitas de nylon em suas cabeças para simular que seus cabelos estivessem rapados, similarmente aos cortes utilizados na recruta militar. Além disso, eles eram obrigados a utilizar correntes amarradas em seus tornozelos como um “lembrete permanente” de seu aprisionamento e subjugação.

As Instruções

No dia anterior ao aprisionamento, os guardas foram convocados a uma reunião de orientação, mas não receberam nenhuma instrução formal. Apenas a violência física não seria permitida. Lhes foi dito que seria sua responsabilidade o funcionamento da prisão e que para tanto eles poderiam recorrer a qualquer meio que julgassem necessário. Zimbardo fez o seguinte discurso aos guardas durante a reunião: “Vocês podem gerar nos prisioneiros sentimentos de tédio, de medo até certo ponto, transmitir-lhes uma noção de arbitrariedade e de que suas vidas são totalmente controladas por nós, pelo sistema, por vocês e por mim, e não terão privacidade alguma... Nós vamos privá-los de sua individualidade de diversas maneiras. De um modo geral, isso fará com que eles se sintam impotentes. Isto é, nesta situação nós vamos ter todo o poder e eles nenhum. - do vídeo “The Stanford Prison Study”, citado em Haslam & Reicher, 2003. Aos participantes que seriam os prisioneiros, apenas foi dito para que eles esperassem em suas casas até serem “convocados” no dia que o experimento começaria. Sem qualquer outro aviso, eles foram “acusados” de roubo armado e presos pelo verdadeiro departamento de polícia local de Palo Alto, que cooperou nesta parte do experimento. Os prisioneiros passaram pelo processo de identificação regular da polícia, incluindo a tomada de impressões digitais e fotografias, e foram informados de seus direitos. Depois disso foram levados até a “prisão simulada” onde foram revistados, “higienizados” e receberam suas novas identidades (números).

A Crise

O experimento ficou rapidamente fora de controle. Os prisioneiros sofriam - e aceitavam - tratamentos humilhantes e sádicos por parte dos guardas e, como resultado, começaram a apresentar severos distúrbios emocionais. Após um primeiro dia relativamente sem incidentes, no segundo dia eclodiu uma rebelião. Guardas voluntariaram-se para fazer horas extras e trabalhar em conjunto para resolver o problema, atacando os prisioneiros com extintores de incêndio e sem a supervisão do grupo de pesquisa. Seguidamente, os guardas tentaram dividir os prisioneiros e gerar inimizade entre eles, criando um bloco de celas para “bons” e um bloco de celas para”ruins”.

Dividir para reinar

Ao dividirem os prisioneiros desta forma, os guardas pretendiam que eles pensassem que havia “informantes” entre eles. Estas medidas foram altamente eficazes e motins em grande escala cessaram. De acordo com os consultores de Zimbardo, a tática é similar à utilizada, com sucesso, nas prisões americanas reais.

Humilhações como punição

A “contagem” dos prisioneiros, que havia sido inicialmente instituida para os ajudar a se acostumarem com seus números de identificação, transformaram-se em cenas de humilhação, que duravam horas. Os guardas maltratavam os prisioneiros e impunham-lhes castigos físicos, como por exemplo exercícios que obrigavam a esforços pesados. Muito rapidamente, a prisão tornou-se um local insalubre e sem condições de higiene e com um ambiente hostil e sinistro. O direito de utilizar o banheiro tornou-se um privilégio que poderia ser - e freqüêntemente era - negado. Alguns prisioneiros foram obrigados a limpar os banheiros sem qualquer proteção nas mãos. Os colchonetes foram removidos para o bloco de celas dos “bons” e os demais prisioneiros eram obrigados a dormir no concreto, sem roupa alguma. A comida era frequentemente negada, sendo usada como meio de punição. Alguns prisioneiros foram obrigados a despir-se e chegou a haver atos de humilhação sexual.

O envolvimento do pesquisador

Zimbardo descreveu que ele mesmo estava se sentindo cada vez mais envolvido na experiência, que dirigiu e na qual foi igualmente participante ativo. No quarto dia, ele e os guardas, ao ouvirem um rumor sobre um plano de fuga, tentaram, alegando necessidade de maior “segurança”, transferir o experimento inteiro para um bloco prisional verdadeiro, pertencente ao departamento da polícia local e fora de uso. Felizmente a polícia local não acatou a idéia, e Zimbardo relatou ter-se sentido irritado e revoltado pelo que ele via como “falta de cooperação” das autoridades locais. À medida que o experimento prosseguia os guardas iam dando mostras de um crescente sadismo, especialmente à noite, quando eles pensavam que as câmeras estavam desligadas. Os investigadores afirmaram que aproximadamente um terço dos guardas apresentou tendências sádicas “genuínas”. Muitos dos guardas ficaram bastante desapontados quando a experiência foi terminada antes do previsto. Um dos pontos que Zimbardo ressaltou como prova de que os participantes haviam internalizado seus papéis é que, ao ser-lhes oferecida a “liberdade condicional” em troca do pagamento dos dias que faltavam para a experiência terminar, a maioria dos “prisioneiros” aceitou o acordo. Eles receberiam apenas pelos dias em que haviam participado. Porém, ao ser-lhes comunicado que a “liberdade condicional” havia sido rejeitada e que se eles fossem embora não receberiam nada, os prisioneiros permaneceram no experimento. Zimbardo alega que eles não tinham quaisquer razões para continuarem participando se estavam dispostos a prescindir do pagamento para abandonarem a prisão.

Um prisioneiro chegou a desenvolver rash cutâneo de origem psicossomática por todo o corpo, ao descobrir que não poderia deixar o experimento ou não receberia nenhum dinheiro. Zimbardo ignorou alegando que ele apenas estava “fingindo” estar doente para poder escapar. Choro incontrolável e pensamento desorganizado também foram sintomas comuns entre os prisioneiros. Dois deles sofreram tal trauma que tiveram de ser removidos e substituídos.

O horror e a greve

Um dos prisioneiros substitutos, com o número 416, ficou tão horrorizado com o tratamento que os guardas estavam dando que resolveu iniciar uma greve de fome. Ele foi trancado em um compatimento exíguo, que servia como “solitária”, durante três horas, enquanto os guardas o obrigaram a segurar as salsichas que tinha recusado comer. Os demais prisioneiros consideravam-no um “causador de problemas”. Para explorar esse sentimento, os guardas fizeram uma oferta: os prisioneiros poderiam abrir mão das suas mantas para que o substituto fosse libertado da solitária, ou ele seria mantido lá durante a noite toda. Os prisioneiros escolheram ficar com as suas mantas. Zimbardo interveio e o substituto pôde voltar para sua cela.

O final

Quando Zimbardo resolveu abortar o experimento, foi chamada uma pesquisadora que nada sabia do que havia sido feito para conduzir as entrevistas com os participantes. A pesquisadora em questão estava tendo um “relacionamento” com Zimbardo na época do experimento, e atualmente é casada com ele. Dentre todas as 50 pessoas que visitaram a “prisão”, a única pessoa que questionou a ética de tal experimento foi ela. O experimento, que havia sido planejado para durar duas semanas durou apenas seis dias.

O processo de desindividualização leva a uma perda de responsabilidade pessoal, que é a visão reduzida das conseqüências de suas ações, que enfraquece os controles com base em culpa, vergonha, medo, bem como aqueles que inibem a expressão do comportamento destrutivo. Desindividualização implica, portanto, uma sensação diminuída de si mesmo, e identificação e uma maior sensibilidade para as metas e as ações tomadas pelo grupo: o indivíduo pensa, em outras palavras, que suas ações são parte de aqueles cometidos pelo grupo.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Experimento_de_aprisionamento_de_Stanford

3.COERÇÃO

Coerção é o ato de induzir, pressionar ou compelir alguém a fazer algo pela força, intimidação ou ameaça.1

A mais óbvia forma de motivação de pessoas ou equipes é a coerção, onde evitar a dor ou outras consequências negativas tem um efeito imediato sobre suas vítimas.

Juridicamente, é o “direito de usar a força” por parte do Estado. A grande maioria das pessoas usa incorretamente o termo coação como sinônimo de coerção. Esse, substantivo feminino, deriva do verbo coagir. Aquele, também substantivo, deriva do verbo coar.

Quando tal coerção é permanente, é considerada escravidão. Embora a coerção seja considerada moralmente repreensível em muitas filosofias, ela é largamente praticada em prisioneiros ou na forma de convocação militar. Críticos o capitalismo moderno acusam que sem redes de proteção social, a “escravidão salarial” é inevitável. Já os liberais veem os impostos como uma coerção estatal.

Em gerenciamento de equipes, a coerção é considerada o pior tipo de comportamento. Envolve convencer outros participantes a agir usando ameaças ativas ou passivas. “Lembrar” um subordinado que executar uma determinada tarefa de maneira específica vai refletir na avaliação de performance é uma tática de coerção muito comum.

A pressão da coerção é acumulativa. Com o tempo, a coerção mina a autoridade da liderança, estimula a rebeldia, a falta de lealdade e a fuga de talentos. Se usada frequentemente, pode perder seu efeito intimidador, gerando comportamentos profissionalmente “suicidas” por parte de suas vítimas: isso ocorre quando a própria coerção passa a ser menos suportável do que as consequências da ameaça utilizada.

Outra consequência da coerção é que a pressão psicológica gerada no subordinado, com o tempo gera efeitos negativos na saúde do mesmo.

4. PENSAMENTO DE GRUPO

Pensamento de grupo é um tipo de pensamento exibido pelos membros de um grupo que tentam minimizar conflitos e chegar ao consenso sem testar, analisar e avaliar criticamente as idéias. Durante o pensamento de grupo, membros do mesmo evitam promover pontos de vista fora da zona de conforto do pensamento consensual. Uma variedade de motivos para isto pode existir, tais como o desejo de evitar ser encarado como ridículo, ou o desejo de evitar perturbar ou irritar outros membros do grupo. O pensamento de grupo pode fazer com que grupos tomem decisões precipitadas e irracionais, onde dúvidas individuais são postas de lado, por medo de perturbar o equilíbrio coletivo. O termo é freqüentemente usado em sentido pejorativo.

Origem[editar | editar código-fonte]

A expressão foi criada em 1952 por William H. Whyte, na revista Fortune:

“Sendo pensamento de grupo um neologismo — e, confessamente, cheio de significados — uma definição prática torna-se apropriada. Não estamos falando de mera conformidade instintiva — esta é, afinal, uma falha perene da humanidade. Do que estamos falando é de uma conformidade racionalizada — uma filosofia aberta, articulada, que assegura que os valores do grupo não são somente um expediente, mas corretos e bons também.”

Irving Janis, que produziu uma extensa obra sobre o assunto:

“Um modo de pensar no qual as pessoas se empenham quando estão profundamente envolvidas num círculo coeso, quando os esforços dos membros em prol da unanimidade sobrepujam suas motivações para avaliar realisticamente cursos de ação alternativos. ”

A expressão “pensamento de grupo” (groupthink em inglês) foi planejada como uma reminiscência de palavras da Novilíngua, tais como “duplipensar” e “duckspeak”, do livro 1984 de George Orwell.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Pensamento_de_grupo

5. SABEDORIA DAS MULTIDÕES

A Sabedoria das Multidões (The Wisdom of Crowds), primeiramente publicado em 2004, é um livro escrito por James Surowiecki sobre a agregação de informação em grupos, resultando em decisões que, como ele argumenta, são quase sempre melhores do que as que poderiam ser feitas por qualquer membro do grupo. O livro apresenta numerosos casos e anedotas para ilustrar seus argumentos, recorrendo à diversas áreas do conhecimento, principalmente economia e psicologia.

A primeira história do livro relata a surpresa de Francis Galton ao perceber que a multidão em uma feira do condado, supôs exatamente o peso de um boi quando a média de suas suposições foi calculada. A média estava mais perto do peso verdadeiro do boi do que as estimativas da maioria de membros da multidão, e também mais perto do que algumas das estimativas separadas feitas por peritos em gado. O título do livro é uma alusão ao trabalho de Charles Mackay “Extraordinary Popular Delusions and the Madness of Crowds”, publicação em inglês em 1843.

Tipos de sabedorias das multidões

Surowiecki estabelece as vantagens que ele observa em decisões descentralizadas em três tipos principais que ele classifica como:

Conhecimento

O julgamento do O Mercado que ele sustenta ser muito mais rápido e hábil e menos sujeito a forças políticas do que as decisões de especialistas ou de comissões de especialistas

Coordenação

A coordenação de comportamentos inclui, por exemplo a coordenação de movimento entre os freqüentadores de um restaurante popular que se movem através de filas, sem que haja, entre eles, colisões. O livro está repleto de exemplos de experiências econômicas, porém esta seção refere mais à natural ocorrência de otimização da calçada através do fluxo ordenado de pedestres. Ele examina como o senso comum consegue julgar reações específicas de outros membros.

Cooperação

Como grupos de pessoas formam redes de relacionamentos sem uma sistema central controlando seu comportamento ou diretamente reforçando suas obrigações. Essa seção é especialmente pro-mercado livre.

Quatro elementos necessários para a formação de massas sábias

Nem todas as massas (grupos) são sábias. Considere, por exemplo, multidões ou investidores alucinados numa bolha do mercado de ações. Veja Falhas na inteligência das massas (abaixo) para mais exemplos de massas não sábias. De acordo com Surowiecki, esses critérios-chave separam massas sábias das irracionais:

Diversidade de opiniões

Cada pessoa deve ter informações privadas mesmo se forem apenas uma interpretação excêntrica dos fatos conhecidos.

Independência

A opinião das pessoas não é determinada pelas opiniões daqueles ao seu redor.

Descentralização

As pessoas estão capacitadas a se especializar e extrair do conhecimento local.

Agregação

A existência de algum mecanismo para tornar julgamentos individuais em uma decisão coletiva.

Falhas na inteligência das massas

Surowiecki analisa situações em que as massas produzem um julgamento muito ruim, e argumenta que nesse tipo de situação sua cognição ou cooperação falham porque (num sentido ou outro) os membros da massa estão muito conscientes das opiniões dos outros e começam a imitar um ao outro e a se conformarem ao invés de pensar individualmente. Embora ele dê detalhes de experimentos com massas manejadas coletivamente por um orador persuasivo, ele afirma que a razão principal para que grupos de pessoas se conformem intelecutalmente é que o sistema de tomada de decisões tem um defeito sistemático.

Surowiecki afirma que o que acontece quando o ambiente de tomada de decisões não está preparado para aceitar uma massa, é que os benefícios vindos de julgamento individual e de informações pessoas são perdidos, e que o melhor que a massa conseguirá fazer é o melhor que se membro mais inteligente puder, ao invés de ter uma performance melhor (como ele mostra, de outra maneira, ser possível). Histórias detalhadas desse tipo de falhas incluem:

Muita centralização

O desastre com o ônibus espacial Columbia, em que ele culpa uma burocracia de gerenciamento hierárquico da NASA que estava totalmente fechada para as opiniões de engenheiros de hierarquia inferior.

Muita divisão

A Inteligência americana falhou em prevenir os Ataques de 11 de Setembro de 2001 parcialmente porque informações possuídas por uma subdivisão não estavam acessíveis a outras. O argumento de Surowiecki é que essas massas (dos analistas da inteligência, no caso) trabalham melhor quando eles escolhem por eles mesmos em que trabalhar e de que informações eles precisam. (Ele cita o isolamento do vírus do SARS como um exemplo de livre troca de informações liberada para laboratórios em todo mundo para coordenar a pesquisa sem um ponto central de controle.)

Muita imitação

Quando as escolhas são visíveis e feitas em sequência, uma “cascata de informação” pode acontecer de modo que apenas os poucos primeiros tomadores de decisão lucram algo observando as opções de decisão disponíveis: quando isso acotece é muito mais eficiente para todo o resto simplesmente copiar aqueles ao seu redor.

É possível estar muito conectado?

Surowiecki falou em Independent Individuals and Wise Crowds, or Is It Possible to Be Too Connected?.

A questão para nós todos é, como você pode ter uma interação sem cascatas de informação ou sem perder a independência que é um fator chave em um grupo inteligente.

Ele recomenda:

Mantenha seus laços frouxos - “Keep your ties loose”

Mantenha-se exposto ao máximo de informação possivel

Crie grupos que englobem vários níveis da hierarquia - “Make groups that range across hierarchies”

Tim O’Reilly[2] e outros discutem o sucesso do Google, wikis, blogging e Web 2.0 no contexto de a sabedoria das massas.

Perspectivas e questões sábias[editar | editar código-fonte]

Surowiecki discute o sucesso dos mercados de previsão (ou mercados de predicção). Similar ao método Delphi mas diferente de pesquisas de opinião, os mercados de previsão (informação) perguntam questões como “Quem você acha que será o ganhador das eleições?” e prevê o resultado satisfatoriamente bem. Interessantemente, se a questão é formulada “Em quem você irá votar” a questão será uma pesquisa de opinião. Quando as pessoas tem a oportunidade de expressar sua opinião relativa ao resultado ao invés de informar sua escolha, a opinião agregada (ou sabedoria coletiva) tende a ser correta.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sabedoria_das_Multid%C3%B5es

EXERCÍCIOS:

1.Segundo o experimento de Asch o que é um indivíduo conformista?

2.Após seus experimentos Asch fazia entrevistas com os sujeitos independentes, ou seja, que não eram conformistas e quais suas conclusões do por que não serem assim ?

3. Quais seriam as consequências da desobediência voluntária dentro de um grupo?

4. No texto diz: “O conformismo aumenta à medida que aumenta a importância numérica da maioria (Asch e, posteriormente, Deutsch et al., chegaram à conclusão de que é necessário um mínimo de três sujeitos no grupo maioritário para que se obtenha conformismo). Isto sucede porque todos nós acreditamos haver mais verdades na cabeça de vários indivíduos do que na de um só. De acordo com este raciocínio, o número crescente da maioria, mais do que exercer uma pressão moral, acenturaria um conflito de informações. Deste modo, o sujeito ingénuo terá cada vez mais dificuldade em admitir que todos os outros estão equivocados, excepto ele; a sua educação não o preparou para recusar massivamente a opinião dos outros que não têm qualquer motivo para o induzir sistematicamente em erro.” Lendo isso, o que você pensa sobre o poder da repetição ou do uso de atores, esportistas e outros que a publicidade e a propaganda utiliza todos os dias para nos convencer de algo. Pode ser chamada de conformisação da população através de dependência informativa. Elabore em 15 linhas

5.No texto diz : “No que se refere à dependência normativa, ela diz respeito aos riscos que o sujeito corre quando não segue as normas do grupo. Estes riscos podem ser de dois tipos: não aceitação ou mesmo exclusão do grupo. Festinger (1950) preconizou, numa segunda teoria, algo que se aproxima muito desta problemática e que designou de “pressões para a uniformidade”. Este autor defende que os grupos exercem, voluntariamente ou não, pressões para a uniformidade: agindo de tal forma que os grupos sejam capazes de atingir os objectivos estipulados ou que os seus membros, momentanaemente afastados, sejam obrigados a reconhecer a sua culpa aquando da sua reintegração nos mesmos.” Lendo isso, diga qual a relação com a idéia de sucesso na vida adulta. Elabore em 15 linhas