Marketing Político

O voto no Brasil

No Brasil, poucos estudos foram realizados sobre o comportamento do eleitor, porém devido à universalidade dos conceitos de marketing eleitoral, é possível utilizar boa parte das descobertas feitas em outros países.

São três as leis fundamentais do posicionamento do eleitor, segundo Cid Pacheco:

1. Lei da indiferença

Quando entra na cabina eleitoral decidido por determinado candidato, o eleitor põe fim a um difícil processo de tomada de decisão, muitas vezes iniciado alguns dias (ou horas) antes, quando ainda permanecia indiferente a qualquer candidato.

Por esse motivo, as pesquisa de opiniões realizadas meses antes da eleição devem ser analisadas com cuidado. Interrogado em relação a sua preferência, o entrevistado tende a responder o primeiro nome que lhe vem à cabeça. É uma escolha por notoriedade, não por uma preferência real e consolidada. No decorrer da campanha, o efeito da notoriedade se dissipa, à medida que o eleitor toma consciência do processo eleitoral, e se interessa por ele. A“redução gradual da indiferença” obedece cinco etapas distintas:

Indiferença ------> indefinição ------> indecisão ------> simpatia ------> adesão

2. Lei da procrastinação (ou máximo adiamento)

O eleitor adia, sempre que puder, sua decisão de voto para o período mais próximo possível da eleição. Esse adiamento deve-se à conhecida “lei do menor esforço”, inerente ao ser humano, pois a eleição representa um custo para o leitor. Por esse motivo, sua decisão ocorre, na maioria das vezes, a menos de trinta dias da eleição.

Essa lei é, na verdade, complementar a primeira e busca explicar o posicionamento tardio do eleitor, e queda gradual dos níveis de indiferença.

Ao iniciar a propaganda gratuita na televisão e no rádio, o eleitor-padrão começa a ouvir as propostas dos candidatos. Os eleitores entram gradualmente na fase de indefinição, seguidos da indecisão, mais tarde simpatia ou antipatia a algumas candidaturas, e finalmente tomam sua decisão, baseados na adesão ou rejeição a algum nome.

Entre a simpatia e a adesão, existe uma etapa intermediária: o voto útil. Quando os eleitores percebem que sua primeira escolha não tem chance na disputa, partem para uma segunda opção. Essa decisão geralmente é tomada nas últimas semanas e representa uma reordenação de forças, na qual o candidato competitivo, com menor rejeição, pode levar grande vantagem.

Finalmente, a adesão. Ao dirigir-se à cabina eleitoral, aproximadamente 90% das pessoas já têm os seus candidatos consolidados. Os restantes 10% indecisos são o número capaz de decidir uma disputa mais acirrada que só fará sua escolha no momento final, ou talvez continuando indeciso.

3. Lei da efemeridade

As idéias e aspirações da sociedade obedecem a um ciclo de vida determinado. Nascem, crescem, atingem seu apogeu, desgastam-se e afinal, desaparecem. Esses ciclos podem ter uma duração curta, de meses, ou mesmo durar anos.

A lei da efemeridade trata dos ciclos de curto prazo, aqueles mais importantes para o marketing eleitoral. Os ciclos se sobrepõem uns aos outros, porém, enquanto um está nascendo, outros estão em vias de desaparecer. Apenas um está no seu auge, encontrando ressonância na sociedade como um todo.

Tarefa de detectar os ciclos e avaliar sua importância cabe aos estrategistas de marketing, que para isso se utilizam principalmente da pesquisa qualitativa.

Na verdade, esta é a grande questão do marketing eleitoral: encontrar e abraçar o ciclo que deseja ascendendo e que deverá ser o mais importante no momento da campanha. Pegar uma idéia no apogeu significa dividi-la com outros, sob o risco de, muitas vezes, parecer oportunista. Pior destino aguarda os candidatos que pegam carona no ciclo em seu momento descendente. Geralmente chega à eleição obsoleta, sem despertar o menor interesse no indiferente.

Estratégia de marketing político

A estratégia de marketing político compreende análise, planejamento e controle da ação mercadológica.

Identificação de oportunidade

Antes de tudo, o aspirante político deverá decidir-se pelo ingresso na atividade política, comparando-o com as demais oportunidades que estão à sua frente.

Geralmente, as pessoas com grande necessidade de realização e sucesso pessoal lutam para ser “alguém na vida”, dedicando-se inteiramente à busca deste projeto amplo e indefinido. Não sabem bem como atingi-lo e não raramente fazem várias tentativas em atividades diferentes. A política é um caminho que exerce fascínio sobre muitos, especialmente os que gostam de estar à frente dos demais, que resistem a ser liderados, preferindo liderar, que têm necessidade do poder para realizar-se. Sente-se uma grande necessidade de cumprir um papel na sociedade, de preferência um papel de destaque e influência.

Para iniciar uma carreira ou função política é preciso considerar o preço, o alto preço, cobrado a todos quantos abrem sua vida privada para se tornarem uma personalidade pública, sujeita ao julgamento de suas atitudes por toda a população, independente de credo ou classe social.

Depois de pensar bem e tomar a decisão de ingressar na política, o aspirante deverá analisar o quadro partidário e optar por aquele partido que apresente o programa mais coerente com seus princípios, para que a sua ação política futura seja no partido, uma extensão de sua pessoa, dos seus pensamentos e atitudes.

No processo de escolha do partido não poderá faltar uma análise sobre o futuro no cenário nacional, estadual e local, pois muito dificilmente alguém fará sucesso em um partido que esteja na curva descendente, ou que não tenha nenhuma identificação com a comunidade base onde o principiante político está radicado. Ao ingressar no partido, ou ao mudar de partido, o político deve fazer uma análise das oportunidades dentro da agremiação, identificando suas necessidades em termos de candidatos e as chances pessoais no mercado eleitoral. É fundamental que o aspirante político conheça bem o partido, desde suas bases, suas principais lideranças nacionais, regionais e locais, seus canais decisórios, sua história e sua estratégia para chegar ao poder.

Análise do macroambiente

O macroambiente se modifica cada vez mais aceleradamente, de modo que os partidos e candidatos que desejarem estar consonantes com estas mudanças significativas devem estar sintonizados com o meio social. Primeiramente, devem-se identificar as forças do macroambiente que mais afetam o sistema de marketing, que em princípio são: ecologia, mercado, economia, política, concorrência, tecnologia e cultura.

Um político, para ser capaz de oferecer resultados concretos ao povo, deve ter grande sensibilidade para perceber o que não é percebido pela grande maioria das pessoas comuns. Deve compreender com clareza o que move as pessoas, o que as faz resistir às dificuldades e como constroem as suas crenças em um mundo melhor.

O poder tem sempre caminhos mais curtos, para os que sabem descobri-los. É necessário identificar quem abre as portas do poder dentro do sistema e ir direto a eles rapidamente, caso contrário, outro o fará. O macroambiente terá que ser analisado profundamente, pois este é o ponto de partida de todo o sistema. Para um bom desenvolvimento de sua estratégia eleitoral o candidato deverá proceder a uma análise geral do macroambiente nacional, estadual e local, para um bom desenvolvimento de sua estratégia eleitoral. Primeiramente terá de situar-se no contexto econômico de sua cidade, dentro da realidade nacional e regional, procurando identificar sua vocação econômica natural, de acordo com os anseios gerais de sua população.

A seguir deverá identificar aqueles elementos da cultura local, suas influências e manifestações na vida da comunidade, para saber respeitá-los e estimulá-los como meios de aproximar e valorizar as pessoas em seu habitat seja ele urbano ou rural.

Quanto ao mercado eleitoral, ou aos eleitores propriamente ditos, deverá ter uma noção de suas aspirações mais comuns, o que poderá ser aprofundado por pesquisas de opinião. Deverá identificar também a formação dos grupos de influência, que poderão ser decisivos na conquista da opinião pública. Sobre o ambiente político, precisa estar atento aos movimentos, fatos e notícias que ocorrem no dia-a-dia, acompanhando todas as manifestações comunitárias, de forma de posse delas, receber o clima e as expectativas políticas da população quanto aos candidatos e partidos que estão ou estarão disputando o pleito. Com isto o candidato poderá confirmar convicção ou alterar falsas verdades preestabelecidas.

Análise dos partidos

Todo o produto tem um ciclo de vida que obedece a três fases fundamentais que são: crescimento, maturidade e declínio. Assim como o ciclo dos produtos é os homens, as organizações, e também os partidos políticos.

Um partido em fase de crescimento enfrenta dificuldades de estruturação e expansão, principalmente num país como o nosso, de extensas áreas a serem cobertas. Nesta fase, o partido busca novas adesões para ampliar seu quadro e preparar lideranças para disputas eleitorais.

No período de maturidade, o partido terá dificuldade em administrar seus conflitos internos, pois geralmente nesta fase ele já está usufruindo o poder e a disputa por cargos e outros benefícios é muito intensa. Neste estágio é necessário reformular suas propostas e metas para manter-se, durante o maior tempo possível, no apogeu. Na sua maturidade, os partidos são procurados para ingresso, pelo efeito de atração do poder conquistado, ou na iminência de ser alcançado. A maioria tende a se posicionar a favor de quem está no comando.

Quando chega a fase do declínio, tudo é questionado e as mudanças terão que ser radicais para tratar de reverter este processo. As causas caem em descrédito e desaparecem os projetos de longo prazo. É uma etapa de debandada geral no partido, pois poucos se dispõem a arriscar suas carreiras políticas para acompanhar a sua agremiação até o final. Analisar os partidos significa medir sua força atual e projetar seu futuro, elaborando a nossa estratégia dentro deste quadro partidário.

Análise dos candidatos

Um político não nasce do dia para a noite, é produto de um processo que ao longo do tempo vai projetando uma imagem, pela qual passa a ser identificado junto ao eleitor.

Para conhecer os concorrentes deve-se estudar seu passado público e privado, identificando seus pontos fortes e fracos junto à opinião pública e seus correligionários. Devem ser analisadas as eleições de que participou, as estratégias de que se utilizou, seus públicos-alvo. É importante saber os recursos de que disporá para a campanha e, principalmente, os pontos fundamentais da estratégia que irá desenvolver na campanha que se aproxima.

E finalmente deve ser feita uma investigação no partido do concorrente para verificar se não há divisões e disputas interna de grandes proporções, avaliando a influência que este fato pode ter na campanha. O sucesso de uma candidatura pode resistir na capacidade de conhecer o adversário, pois muitas vezes uma eleição não é vencida pelo nosso candidato e sim perdida pelo seu oponente.

Pesquisa para fins políticos

A pesquisa de opinião para fins políticos é um meio pelo qual os partidos e candidatos recebem as informações básicas para o desenvolvimento da estratégia da campanha. Serão necessárias várias pesquisas que, antes e durante o desenvolvimento da campanha, irão oferecer um retorno para a avaliação e ajuste das diretrizes preestabelecidas. A primeira pesquisa terá como objetivo conhecer as expectativas, necessidades, interesse e valores da comunidade, bem como a imagem pública desfrutada pelos candidatos, em evidência para o pleito que se aproxima. As demais pesquisas deverão medir a preferência dos eleitores pelos candidatos, revelando a penetração de cada um nas diversas classes sócio-econômicas e áreas geográficas.

É preciso diferenciar a pesquisa de opinião da pesquisa promocional. A primeira reflete a opinião pública em dado momento, enquanto que a segunda surge com o objetivo de mascará-la e induzir a população a acreditar em valores e tendências não aceitos pela maioria. É por isso que devemos escolher bem os profissionais para este trabalho e saber interpretar corretamente as pesquisas divulgadas pelos meios de comunicação.

Um plano de pesquisa é fundamental para que a estratégia de campanha seja eficaz e seus objetivos sejam alcançados. O candidato que não conhece o pensamento de seu eleitorado terá reduzidas chances de sucesso. A pesquisa eleitoral é o meio mais eficiente descoberto até hoje para alcançar este conhecimento.

O candidato como produto

Um produto é um bem ou serviço disponível no mercado par ser comercializado visando satisfazer necessidades e desejos. Na atividade política a relação é estabelecida no campo das idéias, com mensagens, campanhas e promessas que somente poderão se transformar em bens públicos concretos como escolas e hospitais quando o candidato assumir o poder. Mesmo assim, estes bens públicos, materializados em prédios e equipamentos, fornecerão à população serviços de educação e assistência de saúde na forma de produtos intangíveis.

Um candidato é um produto formado pelo conjunto de seus atributos pessoais, suas idéias, seus planos e sua imagem pública. Deve ter presente que os eleitores não poderão testá-lo como o fazem com seu automóvel, poderão somente questioná-lo, endossando-lhe credibilidade através do voto. Um candidato constitui-se num bem intangível muito particular, porque carrega uma aura de forte emocionalidade, podendo as pessoas menos esclarecidas ser inconscientemente envolvidas, favorecendo o surgimento de oportunidades e ditadores em prejuízo da liberdade e da democracia.

Um produto-candidato também tem marca e embalagem que podem influir decisivamente na sua penetração junto ao eleitor. A marca do político é o seu partido, sua sigla ideológica, da qual deverão extrair toda a inspiração para desenvolver os seus ideais políticos. O perfil de um candidato é estudado com o objetivo de planejar a imagem que seja projetada junto aos eleitores. Os eleitores votam com base nesta imagem.

O político tem de trabalhar dia-a-dia para firmar-se junto ao eleitor. Nem sempre a imagem por ele projetada é recebida com o mesmo significado pelo eleitor, sob influência do meio, principalmente da imprensa que, muitas vezes, transmite as informações passíveis de diferentes interpretações. O conceito do candidato é o tema orientador principal ao redor do qual o interesse do eleitor será definido.

Um candidato terá que traçar o seu perfil condizente com as necessidades da população, mas que seja coerente com a sua personalidade, seu passado público e privado. Não deve violentar-se para agradar o eleitor, pois isto ficará latente aos olhos do povo, que o repelirá, classificando-o de falso, demagogo e oportunista. Embora seja necessário um posicionamento identificado com os eleitores, há sempre um espaço reservado à instituição, à criatividade e ao desafio, para ser desenvolvido, explorado por aqueles que se sentem capazes de fazê-lo.

Desenvolvimento da plataforma de governo

A plataforma é o conjunto ordenado de planos que o candidato e o partido elaboram com base no estudo das necessidades da população. Estes planos são vendidos aos eleitores na forma de promessas, de realização durante o exercício do poder.

Há duas regras fundamentais para o desenvolvimento de uma boa plataforma. A primeira é quando as promessas devem ir ao encontro das principais carências do povo e, portanto, não deve haver erros nessa identificação. A segunda estabelece a coerência da plataforma com o conceito do candidato, ou seja, um candidato não pode projetar uma imagem de defensor dos operários e prometer aos empresários lutar contra a lei de greve.

A plataforma deve saber embalar adequadamente os seus planos, para que sejam bem recebidos pela maioria da população. Uma plataforma nunca estará acabada, será constantemente aprimorada por novas sugestões ou adaptações que a mantenham viva e atualizada com a velocidade da comunidade.

Levantamento de recursos necessários

Quando um político decide participar de um pleito, deverá ter o volume de recursos que precisará despender para enfrentar a campanha. Os recursos não se restringem exclusivamente ao dinheiro, mas também a pessoas e à abdicação de suas atividades particulares que serão abandonadas durante algum tempo.

Geralmente o custo da campanha sobe na proporção inversa da popularidade do candidato, o que significa que os novos candidatos têm um custo maior para eleger-se pela primeira vez. Da mesma forma os candidatos mais populares gastam menos em propaganda e cabos eleitorais do que os candidatos mais elitizados. Ao levantar a verba necessária para a campanha, o candidato terá que planejar como conseguíla, seja por seus próprios meios, por simpatizantes ou grupos interessados na sua vitória. Hoje, no Brasil é comuns empresas e homens de influência adotarem candidatos financiando-lhes a ação política em troca de favores futuros. No entanto, o candidato que quiser ser independente jamais poderá comprometer-se com causas não identificadas com as necessidades da população, embora alguns ainda trilhem este caminho.

Formulação das diretrizes da campanha

As diretrizes constituem-se nas linhas políticas básicas de atuação do candidato e toda a sua equipe. No marketing político pode dividí-las em quatro grupos que são:

* os conceitos do candidato

Deve ser resumido de forma clara e objetiva. O candidato decidiu assumir a postura de defensor da industrialização no município. Como conceito secundário, projeta-se como democrata protetor dos pobres e das crianças. Quer popularizar ao máximo para que os eleitores o tenham como pessoa simples e despretensiosa. Defende os direitos humanos e a participação da mulher na sociedade com igualdade de direitos. É a favor do desenvolvimento de novas técnicas agrícolas para fixar o homem do campo.

* os canais de venda do candidato

Os canais de venda para a política são geralmente os mesmos para todos os concorrentes, ou seja, os partidos, meios de comunicação, cabos eleitorais, grupos de interesse e o próprio candidato.

As diretrizes de venda do candidato devem ser formuladas de acordo com a sua força em cada canal de distribuição de sua imagem. Um candidato com partido fortemente estruturado terá, como apoio principal na sua campanha, os tentáculos do próprio partido. Outro, cujo partido seja mais técnico, terá de utilizar com mais intensidade os meios de comunicação.

* a promoção do candidato

Com relação às diretrizes promocionais devemos considerar a necessidade de cobrir todo o mercado de uma maneira ou de outra. Os meios de comunicação devem complementar-se, evitando que o candidato use uma só forma de se comunicar com o eleitor.

* a sua postura quanto aos concorrentes

A postura do candidato em relação aos concorrentes também deve ficar bem clara para toda a equipe da campanha. A linguagem a ser utilizada para combater o concorrente deve ser uniforme para que funcione de forma acumulativa nos eleitores.

Plano marketing político

Com a crescente sofisticação da aplicação das modernas técnicas de marketing nas disputas eleitorais, torna-se cada vez mais importante para o candidato dirigir sua campanha de uma maneira científica, procurando maximizar suas chances de vitória em um cenário altamente competitivo. Há uma impressão mais ou menos generalizada de que o que conta é ter recursos e não necessariamente aspirações políticas no sentido clássico da palavra (representação dos interesses de segmentos da sociedade); a questão da representatividade do candidato vai a cada dia cedendo espaço a suspeita e ao descrédito que cercam os políticos brasileiros de uma maneira geral.

O planejamento permite determinar para onde sopra o vento, e qual a maneira de avançar com segurança. Um candidato está sujeito a muitas pressões ao longo da campanha; se não for capaz de avaliar e priorizar corretamente essas pressões, e quiser atender a todas (ou empurrá-las com a barriga), aí sua situação se complicará: se tudo virou prioridade, não há mais prioridades. Nessa altura, quando é comum começarem a faltar recursos materiais e humanos, o candidato sente que o “balão” da sua candidatura começa a murchar, sua atitude então é procurar colocar-lhe mais “ar” sem se preocupar em localizar os “furos” e fazer os remendos necessários. Provavelmente, ao final da eleição, ele estará vazio de esperanças e cheio de dúvidas, com a nítida sensação de ter corrido cada vez mais e avançado cada vez menos.

O segredo não é correr cada vez mais, mas sim correr de uma maneira constante, dentro de um rumo que já foi abalizado, identificado e considerado o melhor possível. O segredo é planejar o rumo e o ritmo da corrida.

Uma eleição se dá em um meio ambiente complexo, altamente competitivo, repleto de ameaças e com algumas oportunidades; por isso mesmo, uma nunca é igual à outra, fazendo da experiência um bom referencial, mas jamais uma regra a ser seguida.

Nesse ambiente hostil, em constante mutação, a lei básica para a sobrevivência é a mesma da natureza: sobrevivem aqueles que se adaptam, mas só vencem os que são capazes de interagir positivamente com o meio, tendo condições para decidir rapidamente frente a ameaças e oportunidades,obtendo vantagens competitivas em relação ao ambiente concorrencial em que atuam. É o planejamento que vai garantir essa interação através da “definição de um futuro desejado e dos meios eficazes para alcançá-lo”.

O plano contém as linhas gerais de ação da campanha (estratégia), o objetivo e o que tem de ser feito para alcançá-lo (os planos táticos ou operacionais). O plano não é um calhamaço de papéis bem encadernado destinado a ficar mofando em uma prateleira ou debaixo do travesseiro do candidato; tampouco cartão de apresentação para quando o candidato sair em busca de financiadores. Um plano é como um organismo vivo, que deve ser flexível para se adaptar a novas situações; não é o “livro de regras” mas um referencial para procedimentos.

O ideal é começar o trabalho de planejamento o mais cedo possível, mas a decisão de deflagrar o processo é o que importa, montando o sistema aos poucos de forma que ao final de algum tempo o fluxo descrito na figura acima possa ocorrer continuamente.

Quanto mais pessoas estiverem envolvidas no planejamento, mais eficiente ele será. As pessoas tendem a ter uma visão particular de cada variável envolvida no processo, gerando distorções que podem levar a erros de enfoque e comprometer todo o trabalho. Por isso é bom evitar a sua concentração nas mãos de uma só pessoa. Além disso, quem participa da elaboração de um plano passa a se sentir responsável pelo êxito dele, o que aumenta a motivação e o entusiasmo pela candidatura.

Entretanto, existe um certo número de informações com caráter sigiloso, o que não é justificativa para restringir as bases sobre as quais se assenta o processo. É como na construção de uma pirâmide: construindo bloco a bloco, de baixo para cima, o plano será consistente, eficiente e duradouro.

Definição de objetivos

Muitas vezes, pode-se concorrer em uma eleição para lançar um nome, visando outro pleito futuro (em muitos casos, a eleição dos constituintes de 1986 começou na disputa para as prefeituras de 1985). Em outras situações, o que se deseja é iniciar ou firmar um projeto político que só deverá vingar anos mais tarde, através de divulgação das idéias ou posições de um novo (ou pelo menos assim embalado) partido e por aí afora.

O candidato precisa fazer uma análise realista dos objetivos a que se propõe, tratando de separá-los entre os de curto, médio e longo prazo. O estabelecimento dessa seqüência permite ao candidato direcionar com maior eficiência sua linha de comunicação, visando obter um efeito de sinergia (o todo maior que a soma das partes) de uma eleição para outra, com possibilidades de realizar um trabalho mais frutífero junto às suas bases ou às que pretende vir a ter no período entre eleições.

Avantagem de um projeto de longo prazo razoavelmente elaborado é que, se o político também tiver princípios firmes, passa a ter coerência junto ao eleitorado, o que já contribui para uma melhor fixação da sua imagem. Obviamente, coerência é o primeiro passo para se obter credibilidade.

Quanto mais claramente estiverem definidos os objetivos, mais eficiente será o processo de planejamento, no qual a informação também desempenha papel de destaque. Como obter, processar, classificar e utilizar informações para fins eleitorais.

Planejamento da campanha

Merchandising Eleitoral

É o conjunto das atividades desenvolvidas nos bairros, municípios e estados, com o objetivo de dar destaque ao candidato, gerando mais votos.

Comício

Origem na Roma antiga. Um comício é sempre um evento marcante na comunidade, tem o poder de contagiar e impressionar as outras pessoas que dele não participam, por meio de imagens e fatos que marcam sua realização. Fazer um comício requer planejamento cuidadoso, para que se tenha a certeza de que este evento será uma demonstração de força eleitoral, e não o contrário.

Posicionamento estratégico

O primeiro estudo é em cima do adversário, estudando os principais assessores do candidato concorrente e o próprio candidato, no que diz respeito a suas táticas favoritas e ao seu estilo de operação. O planejamento estratégico se tornará cada vez mais importante para delinear a espinha dorsal da campanha e a forma como acioná-la.

Propaganda eleitoral

As campanhas eleitorais, a propaganda tem o papel de valorizar idéias e indivíduos mediante processos bem delimitados, e de promover a fusão da ideologia e da política. Não se trata de uma atividade parcial e passageira, mas da vontade política em movimento, um processo de conquista e de exploração. Cabe à propaganda eleitoral criar e produzir os símbolos, músicas, cores, tipo de material condizente com o público-alvo, estudos de mídia, formas de propagação das atividades oriundas das do marketing.

Regras básicas

1. Asimplificação

Frases curtas, símbolos simples e objetivos, slogan curto e condizente com o candidato e suas propostas, jingle de fácil e agradável memorização.

2. O inimigo único

A individualização do adversário oferece inúmeras vantagens. Temos de concorrer para vislumbrar o mais rápido possível, durante a campanha eleitoral, quem é o nosso principal adversário, sobre ele concentrar toda a nova artilharia, e não disparar para todos os lados.

3. Arepetição constante e uniforme

A repetição dos temas principais é de fundamental importância para sua memorização, assim como deve ser levada a sério a uniformidade dos elementos de propaganda. A qualidade fundamental de toda campanha eleitoral é a permanência do tema, aliada à variedade de apresentação.

Meios de divulgação

A. Televisão

É o maior veículo de massa que a propaganda eleitoral pode utilizar. Obviamente, a audiência destes programas não é a mesma da novela das oito, mas o “horário” tem obtido índices bastante razoáveis. Quando tiver oportunidade de falar na televisão, o candidato deve transmitir sua mensagem de forma concisa, com respostas objetivas, esperando que o repórter dirija a entrevista, para evitar que na edição da matéria não se perca boa parte do material gravado.

B. Rádio

Excelente para angariar eleitores, tanto nas zonas rurais quanto urbanas. Nas zonas rurais os lavradores costumam levar seus rádios para o trabalho, enquanto que nas zonas urbanas as donas de casa costumam ouvir sua estação preferida, enquanto arrumam a casa, assim como motorista, quando em trânsito. No rádio devem-se evitar temas complexos para evitar a dispersão de ouvintes. Procurar a analogia e “causas” para reforçar uma explicação. O rádio deve estimular a imaginação do ouvinte.

C. jornais e revistas

O uso de propaganda eleitoral em jornais e revistas é um assunto que ainda requer estudos mais aprofundados. Temos constatado que seu uso fica restrito ao reforço, ou então, à veiculação de uma mensagem altamente seletiva.

O papel das agências

O candidato deve procurar as agências que tenham criado suporte técnico-operacional para o atendimento de marketing político-eleitoral, que não deve ser usado apenas nas épocas de eleição, visto que uma gestão política bem trabalhada em nível de marketing facilita e barateia a eleição futura.

A contrapropaganda

Consiste em lançar conceitos, boatos e algumas verdades que não deveriam ser divulgadas, no intuito de abalar o moral e desestimular o inimigo ou adversário.

Algumas regras usadas na contrapropaganda

1. Atacar os pontos fracos

Encontrar um ponto fraco do adversário e explorá-lo.

2. Assinalar os temas do adversário

A propaganda adversa é “desmontada” nos elementos que a constituem. Isolados, classificados em ordem de importância, os temas do adversário podem ser mais facilmente combatidos. Retirados os elementos verbal e simbólico que os tornam impressionantes, os temas são reduzidos a seu conteúdo lógico, geralmente pobre, e, às vezes até contraditório; pode-se, então, atacá-los um a um, talvez, até opôlos uns aos outros.

3.Atacar e desconsiderar o adversário

O argumento pessoal tem maior eficácia, nesta matéria, que o argumento racional. Adivisão pessoal constitui arma clássica na tribuna parlamentar e nos comícios, bem como nas colunas de jornais e revistas: a vida privada, as mudanças de atitude política, as relações duvidosas são a munição preferida quando se emprega essa arma.

4. Evitar o ataque frontal à propaganda adversária quando esta for poderosa

Em geral, interpreta-se como sinal de fraqueza a discussão racional dos temas do adversário. Essa só é possível quando nos colocamos imediatamente dentro da perspectiva e da linguagem do adversário, o que sempre é perigoso.

5. Colocar a propaganda do adversário em contradição com os fatos

Não existe réplica mais eficiente que a baseada nos fatos. Se tivermos em mãos uma fotografia, vídeo ou testemunho que, embora sobre um único ponto, venha a contradizer a argumentação adversária, ela, no conjunto, acaba por desacreditar-se. Como arma de propaganda nada vale mais do que o desmentido pelos fatos.

6. Ridicularizar o adversário

Imitar seu estilo e sua argumentação atribui-lhe zombarias, pequenas histórias cômicas e os famosos “causos” são armas que devem ser utilizadas com inteligência e criatividade no combate aos adversários.

Bibliografia

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VECCHIO, Egidio e VECCHIO, Elizabeth. Política Participativa e Municipalismo. Rio de Janeiro: Vozes, 1992.

Exercícios:

.Explique com suas palavras a Lei da Indecisão.

2.O que significa voto útil?

3.Explique as fases de cresciemento de um partido e relacione com um partido atual.

4. Qual a diferença entre pesquisa de opinião pública e pesquisa promocional?

5.O candidato é um produto de marketing? Explique.

6.Quais são os elementos de um Planejamento de uma Campanha Eleitoral?

7. Existem 3 Regras básicas na Política. Quais são e o que elas dizem?

8. Cite todos os meios de divulgação do Marketing Político que você conhece.

9.O que é a Contrapropaganda e quais sua regras?

10. O Brasileiro vota em partido ou em pessoas? Justifique sua resposta.