Francis Bacon

Nascido em Londres em 1561, filho de Sir Nicholas Bacon, lorde tabelião da rainha Elisabeth, Francis Bacon gozou do privilégio de ser introduzido na corte desde pequeno. Em 1584 foi eleito para a Câmara dos Comuns, onde permaneceu cerca de vinte anos; sua carreira política tornou-se em todo caso rápida e brilhante a partir de 1603, ou seja, com a ascensão ao trono de Jaime I, culminando na nomeação como lorde chanceler em 1618.

Em 1620 publicou sua obra mais famosa, o Novum Organum que, nas intenções do autor, deveria substituir o Organon aristo-télico; a obra era apresentada como a segunda parte de um projeto enciclopédico, a Instauratio Magna, da qual no mesmo ano foram publicadas a introdução e o plano geral. Em 1621, porém,

Bacon foi acusado de corrupção e condenado e, embora a culpa lhe fosse logo perdoada pelo rei, sua carreira política estava acabada para sempre. Em 1624 revê o texto da Nova Atlântida, onde prefigurava uma ativa comunidade dos doutos e dos cientistas. Morreu no dia de Páscoa, em 9 de abril de 1626.

Com Bacon tem início na história do Ocidente uma “nova atmosfera intelectual”. Ele indagou e escreveu sobre a função da ciência na vida e na história humana; formulou uma ética da pesquisa científica que se contrapunha de modo claríssimo à mentalidade de tipo mágico que, ainda em seus tempos, era largamente dominante; tentou teorizar nova técnica de pesquisa da realidade natural; lançou as bases da moderna enciclopédia das ciências, que se tornará um dos empreendimentos mais importantes da filosofia européia.

1.Bacon: o filósofo da era industrial

No Novum Organum, que é sua obra mais conhecida, escreve Francis Bacon: “É preciso considerar ainda a força, a virtude e os efeitos das coisas descobertas, que não se apresentam tão claramente em outras coisas como nestas três invenções, que eram desconhecidas para os antigos e cuja origem, embora recente, é obscura e inglória: a arte da impressão, a pólvora e a bússola. Com efeito, essas três coisas mudaram a situação do mundo todo, a primeira nas letras, a segunda na arte militar, a terceira na navegação; provocaram mudanças tão extraordinárias que nenhum império, nem seita, nem estrela parece ter exercido maior influência e eficácia sobre a humanidade do que essas três invenções.”

II.Os escritos de Bacon e seu significado

•Ensaios (1597), análises eruditas sobre a vida moral e política, é a primeira obra de Bacon. De 1602 é O parto masculino do tempo, um escrito polêmico contra os filósofos antigos, medievais e renascentistas; de 1603 é um escrito de caráter autobiográfico, e outras obras se sucedem até 1608, quando iniciou o Novum Organum, publicado depois em 1620, no qual Bacon retoma conceitos já elaborados em obras precedentes e apresenta perspectivas de um novo método filosófico.

III.“Antecipações da natureza” e ‘’interpretações natureza”

Conforme Bacon, ciência e poder coincidem, no sentido de que se pode agir sobre fenômenos apenas quando se conhecem suas causas. Para remediar os defeitos do saber de seu tempo, tecido de axiomas abstratos e de lógica silogística.

Escreve Bacon no início do primeiro livro do Novum Organum: “Ministro e intérprete da natureza, o homem faz e entende o que observa da ordem da natureza, com a observação das coisas ou com a obra da mente — ele não sabe nem pode nada mais que isso.”

Antecipação da natureza. É o processo “temerário e prematuro” da razão, de que o homem comumente faz uso em relação à natureza. Trata-se de um procedimento muito útil para induzir ao consenso, porque suas noções típicas são tiradas de poucos exemplos muito familiares e “imediatamente agarram o intelecto e preenchem a fantasia”; porém, justamente por isso, suas noções são em primeiro lugar “falsas”, e chegam a constituir os ídolos, os preconceitos errados dos quais todo intelecto que queira ser científico deve absolutamente se libertar. Mediante as antecipações, não se pode obter nenhum progresso nas ciências.

Bacon via o saber de sua época como entretecido de axiomas que, sendo produzidos precipitadamente a partir de poucos e insuficientes exemplos, sequer arranham a realidade, servindo apenas para alimentar disputas estéreis. E a lógica silogística, pressupondo tais axiomas tão pouco fundamentados, é “mais danosa que útil”, dado que serve somente “para estabelecer e fixar os erros que derivam da cognição vulgar, mais do que servir à busca da verdade”.

Pois bem, sendo assim, Bacon propõe-se “reconduzir os homens aos próprios particulares, respeitando sua sucessão e sua ordem, de modo que eles se obriguem a renegar por algum tempo as noções e comecem a se habituar com as próprias coisas”.

E, com tal objetivo, ele logo distingue entre:

a)antecipações da natureza e b) interpretações da natureza.

a)As antecipações da natureza são noções construídas e obtidas “de modo prematuro e temerário”: são noções que alcan-

çam fácil concordância, “porque, extraídas de poucos dados, sobretudo daqueles que se repetem habitualmente, logo ocupam o intelecto e preenchem a fantasia; em suma, são noções produzidas com método equivocado”.

b)As interpretações da natureza, ao contrário, são resultado “daquele outro modo de indagar, que se desenvolve a partir das próprias coisas, segundo os modos devidos”: “recolhidas de dados diversos e muito distantes entre si, elas não podem logo atingir o intelecto; por isso, parecem difíceis e estranhas à opinião comum, quase semelhantes aos mistérios da fé”.

Entretanto, são as interpretações da natureza e não suas antecipações que constituem o verdadeiro saber: o saber obtido com o verdadeiro método.

As antecipações subjugam a concordância, mas não levam “a novos particulares”; as interpretações subjugam a realidade e, precisamente por isso, são fecundas. E subjugam a realidade e são fecundas exatamente porque existe um método — do qual falaremos adiante — que é um “novum organum”, um instrumento novo e verdadeiramente eficaz para alcançar a verdade.

Se o que foi dito é verdadeiro, então fica claro que, pondo junto o saber do passado — saber feito de antecipações —, não se estaria contribuindo de modo algum para o progresso das ciências.

A primeira urgência, portanto, é a da instauração do saber, “começando pelos próprios fundamentos da ciência”.

E essa premente e radical tarefa tem duas fases:

a)a primeira (a pars destruens) consiste em limpar a mente dos ídolos (idola) ou falsas noções que invadiram o intelecto humano;

b)a segunda (a pars construens) consiste na exposição e na justificação das regras do único método que, sozinho, pode levar a mente humana ao contato com a realidade e que, sozinho, pode estabelecer um novum commercium mentis et rei.

Examinemos estas duas fases em seus núcleos e em suas articulações essenciais.

IV. A teoria dos “idola”

•A primeira função da teoria dos ídolos é a de tornar os homens conscientes das falsas noções que obscurecem sua mente e barram o caminho para a verdade. Os gêneros de ídolos que assediam a mente são quatro:

1)os ídolos da tribo, fundados sobre a própria natureza humana e dependentes do fato de que o intelecto humano mistura sempre a própria natureza com a das coisas, deformando-a e transfigurando-a;

2)os ídolos da caverna, que derivam do indivíduo singular, e precisamente da natureza específica da alma e do corpo do indivíduo singular, ou então de sua educação e de seus hábitos, ou ainda de outros casos fortuitos;

3)os ídolos do foro ou do mercado, dependentes dos contatos recíprocos do gênero humano, que se insinuam no intelecto por via das combinações impróprias das palavras e dos nomes;

4)os ídolos do teatro, que penetram na alma humana por obra das diversas doutrinas filosóficas e das péssimas regras de demonstração.

Significado da teoria dos “idola”

“Os ídolos e as falsas noções que invadiram o intelecto humano, nele lançando raízes profundas, não só sitiam a mente humana, a ponto de tornar-lhe difícil o acesso à verdade, mas também (mesmo quando dado e concedido tal acesso) continuam a nos incomodar durante o processo de instauração das ciências, quando os homens, avisados disso, não se dispõem em condições de combatê-los à medida do possível.”

A primeira função da teoria dos ídolos, portanto, é a de tornar os homens conscientes das falsas noções que congestionam sua mente e barram-lhe o caminho para a verdade.

Desse modo, a identificação dos ídolos é o primeiro passo que se deve realizar para tornar possível libertar-se deles.

Todavia, quais são esses ídolos? Pois bem, Bacon responde a essa pergunta dizendo que eles são de quatro gêneros e os chama, com belas imagens didáticas:

1)ídolos da tribo;

2)ídolos da caverna;

3)ídolos do foro;

4)ídolos do teatro.

Tais “ídolos” são eliminados aprendendo conceitos adequados, alcançados com método justo, ou seja, mediante a indução,

da qual falaremos. Todavia, uma identificação preliminar deles constitui grande vantagem para sua eliminação.

Os “idola tribus”

Os ídolos da tribo se fundamentam sobre a própria natureza, e sobre a própria família humana ou “tribo”.

O intelecto humano mistura sua própria natureza com a das coisas, deformando-a e desfigurando-a.

Assim, por exemplo, o intelecto humano é levado por sua natureza a supor nas coisas “uma ordem maior” do que aquela que efetivamente nelas se encontra, ou seja, paralelismos, correspondências e relações que na realidade não existem.

Ou ainda: “Quando encontra alguma noção que o satisfaz, porque a considera verdadeira ou porque convincente e agradável, o intelecto humano leva todo o resto a validá-la e coincidir com ela. E mesmo que a força ou o número das instâncias contrárias seja maior, no entanto, ou não são levadas em conta por desprezo ou são confundidas com distinções e rejeitadas, não sem grave e danoso prejuízo, desde que isso conserve imperturbável a autoridade das suas afirmações primeiras.”

Em suma, um vício do intelecto humano é o que hoje chamaríamos de equivocada tendência verificacionista, contrária à justa atitude falsificacionista, com base na qual, se queremos o progresso da ciência, devemos estar prontos a descartar uma hipótese, conjectura ou teoria quando observamos fatos contrários a ela.

Mas as tendências perniciosas do intelecto não são somente as que supõem ordens e relações que um mundo complexo não tem ou então as que não levam em conta os casos contrários. O intelecto, de fato, também tende a atribuir com facilidade as qualidades de algo que o impressionou a outros objetos que, no entanto, não têm essas qualidades. Em suma, “o intelecto humano não é apenas luz intelectual, mas também sofre a influência da vontade e dos afetos, o que faz com que as ciências sejam como se quer. Isso ocorre porque o homem crê que é verdadeiro aquilo que ele prefere, rejeitando por isso as coisas difíceis, pela impaciência de pesquisar; a realidade pura e simples, porque deprime as suas esperanças; as verdades supremas da natureza, por superstição; a luz da experiência, por soberba e presunção [...]; os paradoxos, para ficar com a opinião do vulgo; e o sentimento ainda penetra no intelecto e o corrompe por muitos outros modos, freqüentemente imperceptíveis”.

E há também os obstáculos dos sentidos enganosos, que são obstáculo porque amiúde “a especulação se limita [...] ao aspecto visível das coisas, deixando de lado ou reduzindo a muito pouco a observação daquilo que nelas há de invisível [...]”.

Além disso, “por sua própria natureza, o intelecto humano tende para as abstrações e imagina como estável aquilo que, no entanto, é mutável”.

São esses, portanto, os ídolos da tribo.

3.Os idolas specus

Os ídolos da caverna “derivam do indivíduo singular. Além das aberrações comuns ao gênero humano, cada um de nós tem uma caverna ou gruta particular na qual a luz da natureza se perde e se corrompe, por causa da natureza própria e singular de cada um, por causa de sua educação e das conversações com os outros, por causa dos livros que lê e da autoridade daqueles que admira e honra ou por causa da diversidade de impressões, à medida que elas encontrem o espírito já ocupado por preconceitos ou então descongestionado e tranqüilo”. O espírito dos indivíduos singulares “é variado e mutável, quase fortuito”. Por isso, escreve Bacon, Heráclito estava com a razão quando disse: “Os homens procuram as ciências em seus pequenos mundos, não no mundo maior, que é idêntico para todos.”

Os ídolos da caverna, portanto, “têm [...] sua origem na natureza específica da alma e do corpo do indivíduo, em sua educação e seus hábitos ou então em outros casos fortuitos”. Assim, por exemplo, pode ocorrer que alguns se afeiçoem às suas especulações particulares “porque se acreditam seus autores e descobridores ou porque a elas dedicaram todo o seu engenho e a elas se habituaram”. Ou então, baseando-se em alguma parcela de saber por eles construída, os indivíduos a extrapolam, propondo sistemas filosóficos inteiramente fantásticos. E há ainda aqueles que se deixam tomar de admiração pela antiguidade, enquanto outros, pela atração da novidade; “poucos são aqueles que conseguem manter-se num caminho intermediário, ou seja, sem desprezar aquilo que é justo na doutrina dos antigos e sem condenar aquilo que foi corretamente descoberto pelos modernos”.

4.Os idolas fori

Os ídolos do foro ou do mercado derivam da comunhão e das relações que os homens têm entre si. Na realidade, escreve Bacon, “a relação entre os homens ocorre por meio da fala, mas os nomes são impostos às coisas segundo a compreensão do vulgo. E basta essa informe e inadequada atribuição de nomes para perturbar extraordinariamente o intelecto. E, naturalmente, para retomar a relação natural entre o intelecto e as coisas, também não têm valor todas aquelas definições e explicações das quais freqüentemente os doutos se servem para se precaver e se defender em certos casos”.

Em outros termos, Bacon parece excluir exatamente aquilo que hoje nós chamamos hipóteses ad hoc, isto é, hipóteses cogitadas e introduzidas nas teorias em perigo com o único objetivo de salvá-las da crítica e da refutação.

Entretanto, diz Bacon, “as palavras fazem grande violência ao intelecto e perturbam os raciocínios, arrastando os homens a inumeráveis controvérsias e vãs considerações”.

Na opinião da Bacon, os ídolos do foro são os mais incômodos de todos, “justamente porque estão ligados à linguagem”. Os homens “acreditam que sua razão domina as palavras; mas ocorre também que as palavras retrucam e refletem sua força sobre o intelecto, o que torna a filosofia e as ciências sofísticas e inativas”.

Os ídolos que, por intermédio das palavras, penetram no intelecto, são de duas espécies: são nomes de coisas inexistentes (como, por exemplo, a “sorte”, o “primeiro móvel” etc.), ou são nomes de coisas que existem, mas confusos, indeterminados e impropriamente abstraídos das coisas.

5.Os idola theatri

Os ídolos do teatro “penetraram no espírito humano por meio das diversas doutrinas filosóficas e por causa das péssimas regras de demonstração”.

Bacon os chama de ídolos do teatro porque considera “todos os sistemas filosóficos que foram acatados ou cogitados como fábulas preparadas para serem representadas no palco, boas para construir mundos de ficção e de teatro”. Encontramos fábulas não somente nas filosofias atuais ou nas “seitas filosóficas antigas”, mas também em “muitos axiomas e princípios das ciências que se afirmaram por tradição, fé cega e desleixo”.

Bacon particularmente classifica três tipos de ídolos do teatro, que estão na origem da falsa filosofia: a) ídolos sofistas, baseados sobre experiências comuns não suficientemente provadas, e depois integradas artificiosamente pela inteligência; b) ídolos empíricos, baseados sobre poucos experimentos acurados, mas com a pretensão de sobre eles construir sistemas filosóficos; c) ídolos supersticiosos, baseados sobre uma mistura acrítica da filosofia com a teologia e com as tradições.

Bacon não pretende com isso menosprezar os antigos nem atingir sua respeitabilidade. Nós, diz ele, nos ocupamos de novo método, um método desconhecido dos antigos, que permite a gênios menos fortes que os antigos ir bastante além dos seus resultados: “Diz-se que até um manco, se colocado no caminho certo, pode ultrapassar um corredor que esteja fora do caminho; porque é verdade que, quanto mais veloz corre, quem está fora do caminho mais se perde e erra.”

E assim chegamos ao ponto em que podemos tratar daquilo que, para Bacon, constitui a) o verdadeiro objetivo da ciência e b) o verdadeiro método da pesquisa.

A indução por eliminação e o “experimentum crucis”

Uma vez purificada a mente dos ídolos e fixado o verdadeiro escopo do saber no conhecimento das formas da natureza, o método para alcançar tal escopo se compõe de dois procedimentos:

1)extrair os axiomas da experiência;

2)derivar experimentos novos dos axiomas.

Os axiomas são assim tirados da experiência mediante a indução por eliminação da hipótese falsa, que suplanta a indução tradicional de tipo aristotélico, conduzida por simples enumeração de casos particulares. A indução por eliminação é precedida de uma importante classificação que registra:

a)nas tábuas de presença, todos os caos em que o fenômeno indagado se apresenta;

b)nas tábuas da ausência, os casos afins aos precedentes em que, porém, o fenômeno não se apresenta;

c)nas tábuas dos graus, todos os casos em que o fenômeno se apresenta segundo maior ou menor intensidade.

• Depois da compilação das três tábuas, começa a operação de verdadeira e própria exclusão ou eliminação das hipóteses falsas de explicação do fenômeno, até que se chegue a uma primeira vindima, isto é, a uma primeira hipótese coerente com os dados expostos nas três tábuas e avaliados por meio do processo seletivo de exclusão. A primeira vindima é assumida depois como hipótese-guia para a pesquisa posterior, isto é, dela deduzindo os fatos que ela implica e prevê, e experimentando se tais fatos se verificam também em condições técnicas experimentais (ou instâncias prerrogativas), entre as quais assumem particular relevo as instâncias da cruz. De tal modo. Bacon iniciava um caminho dirigido a unir de modo sempre mais firme a faculdade experimental e a faculdade racional.

1.Crítica à indução aristotélica

Purificada a mente dos “ídolos” e fixado no conhecimento das formas da natureza o verdadeiro objetivo do saber, é preciso ver agora através de qual método tal objetivo pode ser alcançado.

Bacon afirma que o objetivo é alcançável realizando-se um procedimento de pesquisa composto de duas partes: “A primeira consiste em extrair e fazer surgir os axiomas da experiência, a segunda em deduzir e derivar novos experimentos dos axiomas.” Mas que fazer para extrair e fazer surgir os axiomas da experiência?

Para Bacon, o caminho a seguir é o da indução, mas a “indução legítima e verdadeira, que é a própria chave da interpretação”, e não a indução aristotélica.

Conforme diz Bacon, a indução aristotélica é uma indução por simples enumeração de casos particulares, “passando muito rapidamente sobre a experiência e sobre os particulares”. A partir de poucos particulares, secundando a má tendência da mente a subir imediatamente de escassas experiências aos princípios mais abstratos, ela “constitui logo de início conceitos tão gerais quanto inúteis”.

Em poucas palavras: a indução de Aristóteles deslizaria sobre os fatos, ao passo que a indução proposta por Bacon, que é uma sobre as quais se deve basear a nova indução

Indução por eliminação. O método indutivo tradicional, que remonta a Aristóteles, caracteriza-se segundo Bacon pela simples enumeração dos fenômenos, razão pela qual se julga com base a um número de fenômenos inferior ao necessário e apenas em base aos que se têm ao alcance da mão: este método, que procede silogisticamente do mais particular ao mais universal, saltando os anéis intermediários, leva a conclusões precárias e constantemente expostas ao perigo de teses contraditórias.

A verdadeira indução científica, que faz “uso de muitas coisas às quais até o momento nenhum mortal jamais pensou”, deve ao contrário analisar os fenômenos da natureza a partir dos experimentos, mediante as devidas eliminações e exclusões dos casos em que o fenômeno em questão está ausente ou não está presente de modo pleno, para chegar às causas e aos axiomas sempre mais gerais que expressamente a ele se referem.

A indução por eliminação é “a própria chave da interpretação”, e nela “sem dúvida é depositada a maior esperança” indução por eliminação, estaria em condições de captar a natureza, a forma ou a essência dos fenômenos.