Dissonância Cognitiva

Dissonância cognitiva é um termo da psicologia social, que se refere ao conflito entre duas ideias, crenças ou opiniões incompatíveis. Como esse conflito geralmente é desconfortável os indivíduos procuram acrescentar “elementos de consonância”, mudar uma das crenças, ou as duas, para torna-las mais compatíveis.2 Este efeito foi descrito pela primeira vez numa experiência realizada nos Estados Unidos por Leon Festinger e Carlsmith em 1959.

Trata-se da percepção da incompatibilidade entre duas cognições diferentes, onde “cognição” é definido como um qualquer elemento do conhecimento, incluindo as atitudes, emoção, crenças ou comportamentos. A dissonância ocorre a partir de uma inconsistência lógica entre as suas crenças ou cognições (por exemplo, se uma ideia implicar a sua contradição). A consciência ou a percepção de contradição pode tomar a forma de ansiedade, culpa, vergonha, fúria, embaraço, stress e outros estados emocionais negativos.

A teoria da dissonância cognitiva afirma que cognições contraditórias entre si servem como estímulos para que a mente obtenha ou produza novos pensamentos ou crenças, ou modifique crenças pré-existentes, de forma a reduzir a quantidade de dissonância (conflito) entre as cognições.

A dissonância pode resultar na tendência de confirmação, a negação de evidências e outros mecanismos de defesa do ego. Quanto mais enraizada nos comportamentos do indivíduo uma crença estiver geralmente mais forte será a reacção de negar crenças opostas.

Em defesa ao ego, o humano é capaz de contrariar mesmo o nível básico da lógica, podendo negar evidências, criar falsas memórias, distorcer percepções, ignorar afirmações científicas e até mesmo desencadear uma perda de contato com a realidade (surto psicótico).

Exemplos

O maior exemplo de causa da dissonância cognitiva é quando uma nova informação, argumento ou evidência pertinente vai de encontro à crença religiosa de alguma pessoa. Quanto mais tempo ela tiver acreditado, e quanto mais enraizada e importante aquela crença para a pessoa, na maioria dos casos a dissonância poderá levá-la simplesmente à forma mais rápida e direta de esquecer essa nova informação recebida. O poder do cérebro é tamanho que normalmente ele vai preferir ficar estagnado em crenças absurdas ao invés de se adaptar a toda uma nova linha de pensamento que custaria muito tempo e energia, além de ferir o ego se a pessoa foi educada desde pequena a crer em determinadas coisas (mesmo sendo provado que são falsas).

Uma poderosa causa de dissonância é o conflito entre uma crença e um elemento fundamental do autoconceito (“eu sou uma boa pessoa”). A ansiedade causada pela possibilidade de ter consciente e deliberadamente prejudicado algo ou alguém pode conduzir a criar justificações ou racionalizações adicionais ao ato.

Outros exemplos de crenças contraditórias, causadoras de dissonância:

A crença nos direitos dos animais é incompatível com a utilização de vestuário de peles ou com a alimentação omnívora.

Num processo de tomada de decisão na aquisição de um produto, entre a insatisfação e a satisfação de compra, uma decisão racional pode ser justificada pela necessidade ou utilidade da compra.

Transvaloração

Por outro lado, Nietzsche fala em transvaloração, entendendo por isso o processo pelo qual a dissonância cognitiva passa para a história. Em outras palavras, o modo pelo qual os valores vão mudando ao longo do tempo. Nos primeiros choques, a consciência rejeita as contradições de seus “princípios” assentados em convicções. Depois, começa a envergonhar-se de suas evidências, e por fim a admitir o que antes seria impossível. O processo de mudança é por isso lento e de alta ansiedade.

Como mudar crenças

Mudar crenças disfuncionais enraizadas é uma das principais partes da terapia e expor as ideias conflitantes diretamente gera uma dissonância cognitiva muito desconfortável e pouco eficaz para mudar crenças. Por isso, ao invés de dar ordens os psicoterapeutas frequentemente se focalizam em fazer perguntas que levem o paciente a refletir guiando para conclusões mais saudáveis, respeitando o papel ativo do paciente.3

Por exemplo: Ao invés de falar “Pare de beber! Bebida faz mal a saúde.” perguntar “Você já teve algum problema como consequência da bebida?” e “Você já pensou em parar de beber?”

http://pt.wikipedia.org/wiki/Disson%C3%A2ncia_cognitiva