Decrescimento

Críticas ao PIB

Como medir a riqueza, e qual riqueza? 

O Produto Interno Bruto (PIB) está no primeiro plano da mídia e, hoje, serve de referência quase universal para a maioria das análises. Milhares de líderes de opinião e pessoas que ocupam a função de tomar decisões, no campo econômico, político ou científico, são, permanentemente, guiadas em suas decisões pelo PIB, que serve de bússola para seus atos. Consequentemente, continuamos tendo um interesse excessivo pelo crescimento do PIB – ainda popular entre alguns economistas e políticos. 

O PIB representa a soma de todas as riquezas finais produzidas em determinada região ou parcela da sociedade (qual seja, países, estados, cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano etc.). Ele avalia a contribuição produtiva das atividades econômicas. 

A fórmula clássica para expressar o PIB de uma região é a seguinte: 

Y = C + I + G + X - M 

 

Onde 

• Y é o PIB 

• C é o consumo 

• I é o total de investimentos realizados 

• G representa gastos governamentais 

• X é o volume de exportações 

• M é o volume de importações 

Afinal de contas, quanto mais cresce o PIB, maior a riqueza gerada pelo país em questão? Não é bem assim. O PIB é uma adição de bens e serviços vendidos e comprados, sem nenhuma distinção entre os que são ou não benéficos para a sociedade. Despesas com acidentes, poluição, contaminações tóxicas, criminalidade ou guerras são consideradas tão relevantes quanto investimentos em habitação, educação, saúde ou transporte público. Exemplos disso são economias oriundas da destruição, das guerras e acidentes ambientais, que movimentam bilhões de dólares e euros em custos diretos e indiretos e são contabilizadas erroneamente no verde, e não no vermelho, tais como o furação Katrina e a Guerra do Iraque, para citar exemplos mais recentes que serviram para girar a fortuna do PIB americano. 

Enfim, o cálculo do PIB, apesar de ser um “indicador de progresso”, não faz distinções entre o que é produtivo ou destrutivo, ou entre despesas que elevem ou rebaixem a condição humana. Nem sequer são computados o trabalho doméstico e voluntariado, que não são remunerados, por não envolverem transações monetárias. Muito menos inclui depreciações de recursos naturais. As estatísticas mostram, também, que o PIB não é significativamente correlacionado com vários dados, como o desemprego e as desigualdades econômicas, variáveis que são, no entanto, freqüentemente citadas como importantes para a sociedade “que vai bem”. 

Ou seja, as críticas ao PIB, como padrão aceito internacionalmente, derivam do fato de ser uma medição bruta de qualquer atividade econômica, independentemente de sua natureza, desde que gere fluxos monetários e desconsidere a depreciação do “capital natural” necessário para mantê-lo. 

Assim, podemos concluir que o crescimento do PIB não é necessariamente um dado positivo e que o importante é levar em conta a forma pela qual ele é obtido. 

O PIB tem recebido muitas críticas, que já vêm de alguns dos mais conhecidos economistas, incluindo os laureados com Nobel de Economia (por exemplo, Simon Smith Kuznets, Daniel Kahneman, Robert Solow, Joseph Stiglitz, Amartya Sen e Muhammad Yunus), mas é “claro, em sua defesa sempre poderá ser dito que não foi inventado para medir o progresso, o bem-estar ou a qualidade de vida, mas tão somente para medir o crescimento econômico, que é meio sem o qual não se atingem tais fins. Mas a armadilha não é desfeita, pois a ideia de riqueza que deu origem ao PIB foi excessivamente influenciada pela atmosfera da Segunda Guerra Mundial. Concepção que logo ficou anacrônica, por só dar importância à produção de mercadorias e ao capital físico. Daí que a única utilidade que talvez ainda lhe reste seja a de permitir comparação entre as produtividades nacionais do trabalho, desde que bem contadas as horas trabalhadas.” (Zeeli). 

A economista Hazel Henderson entende, por exemplo, que o padrão de riqueza das nações deve incluir, além de recursos financeiros, ativos da Natureza e os capitais social e intelectual dos povos. Sob esse aspecto, falha o PIB, porque não monitora a dilapidação do planeta, tampouco as condições de vida de sua população. Seria importante desenvolver, nessa perspectiva, indicadores que considerem o bem-estar dos povos. Só assim poderemos ter a verdadeira dimensão do progresso e introduzir novos critérios de decisão para a sociedade sustentável. 

Assim, definir em que consiste a riqueza de um país se tornou uma tarefa que exige o exame de vários aspectos econômicos, sociais e ambientais. Sob essa perspectiva, índices elevados de PIB não são mais garantia de desenvolvimento sustentável. 

Vejamos algumas das principais críticas atribuídas ao PIB. (Fonte: Jean Gadrey. Os Novos Indicadores de Riqueza). 

1.Tudo o que se pode vender e que tem um valor monetário agregado aumentará o PIB e o crescimento, o que não significa necessariamente desenvolvimento sustentável e aumento do bem-estar individual e coletivo. 

O PIB contabiliza de maneira positiva todas as formas de males e destruição (que, para ser compensadas, requerem a produção de bens e serviços reparadores ou defensivos: aumento de número de acidentes, progressão de doenças nascidas da insegurança alimentar, poluição...) da mesma maneira que computa os recursos em bem-estar comum (educação e participação em atividades culturais e de lazer de uma sociedade em que as pessoas são sadias, por exemplo). 

Ou seja, essas duas sociedades teriam o mesmo aumento no PIB, uma vez que o PIB computa todos os recursos em aumento do PIB, independentemente de sua finalidade. Seria preciso suprimir o aumento do PIB da primeira sociedade para melhor apreender a real criação de riqueza (aquela que contribui para o bem-estar). Pode-se aplicar a mesma ideia às despesas com a reparação dos danos ambientais ligados à atividade humana: poluição, esgotamento dos recursos naturais, que conduzam a uma diminuição do bem-estar. 

2. Em parte alguma se contabilizam as perdas de bem-estar provocadas pelo crescimento econômico, o que, embora não tenha valor comercial, pode ter um valor enorme para o nosso bem-estar e o das futuras gerações. 

A destruição, por exemplo, da Floresta Amazônica é uma atividade que faz avançar o PIB mundial (valor da madeira e do trator para derrubá-la etc.). Em parte alguma se contabilizam a perda do patrimônio natural que resulta disso, nem suas diversas consequências sobre o clima, a biodiversidade, o longo prazo e as necessidades das gerações futuras. Ou seja, o PIB não contabiliza as perdas do patrimônio natural, mas contabiliza positivamente sua destruição organizada. 

Além desses exemplos, nos quais não se contabilizam perdas de bem-estar, há outros em que não se contabilizam ganhos, isto é, contribuições essenciais ao bem-estar, dentre os quais destacamos alguns exemplos a seguir. 

3. Numerosas atividades e recursos que contribuem para o bem-estar não são contabilizados simplesmente porque não são comerciais ou porque não têm custo monetário direto de produção. 

O trabalho voluntário e o trabalho doméstico (aquele executado na esfera privada, majoritariamente por mulheres) são exemplos de contribuições esquecidas, que, por serem gratuitas e não remuneradas, não fazem parte das atividades que contribuem para a riqueza nacional no âmbito do PIB. Mas será que esses trabalhos não produzem riqueza e bem-estar do mesmo modo que o trabalho assalariado? São trabalhos invisíveis por excelência. Todavia, representam volumes enormes e contribuem para o bem-estar do mesmo modo que o trabalho assalariado. Estima-se que o tempo gasto para trabalho doméstico é da mesma grandeza, nos países desenvolvidos, que o tempo total do trabalho remunerado. Se decidíssemos, por exemplo, atribuir-lhe o mesmo valor monetário por hora de trabalho, isso poderia duplicar o PIB, representando montantes consideráveis de riquezas ignoradas. 

4. O PIB mede apenas as quantidades produzidas (outputs) e é indiferente aos resultados em termos de satisfação e de bem-estar pelo consumo desses bens (outcomes), que são mais importantes para avaliar o progresso. Essa medida não reflete o bem-estar de uma sociedade. 

Se, para obter taxas de crescimento elevadas, coagimos ou estimulamos as pessoas a trabalhar sempre mais e a ter menos lazer e tempo livre, esse fenômeno não será visto senão pelo ângulo do progresso do PIB, pois o PIB não leva em conta que o aumento do tempo livre é uma riqueza digna de ser contabilizada. Esse exemplo não foi tomado por acaso: nos Estados Unidos, a partir de 1980, o tempo de trabalho anual médio por habitante aumentou o equivalente a cinco horas por ano (240 horas), ao contrário do que aconteceu em quase todos os países europeus. Temos aí um bom exemplo de uma contribuição essencial ao bem-estar, o tempo livre, a qual não aparece nas contas da riqueza. 

5. A mensuração do PIB é também indiferente à partilha das riquezas contabilizadas, às desigualdades, à pobreza, à segurança econômica etc., que são, todavia, quase unicamente consideradas dimensões do bem-estar de uma sociedade. 

Não sabemos, simplesmente olhando a média do PIB, como essa renda é repartida entre as pessoas do lugar. O desenvolvimento econômico de um país é condição necessária, mas não é suficiente para que ocorra o desenvolvimento social e a melhoria nas condições de vida de sua população. Um mesmo crescimento de 2% a 3%, durante alguns anos, pode, conforme o caso, vir acompanhado de um aumento ou de uma redução das desigualdades sociais. É indiferente vivermos numa sociedade em que coexistem uma multidão de pobres e um punhado de gente rica? Será que um euro ou um dólar de crescimento a mais no bolso de um pobre não gera mais bem-estar que a mesma soma na carteira de um rico? 

Por exemplo, o crescimento do PIB do Japão foi cerca de 2,1%, durante os últimos cinco anos, enquanto o PIB dos Estados Unidos aumentou 2,9%. Entretanto, comparando o crescimento médio per capita entre os dois países, surge uma história diferente: os Estados Unidos mostram apenas 1,9% de crescimento, contra 2,1% dos cidadãos japoneses. A renda média per capita do Japão também é maior porque a população japonesa está diminuindo, enquanto a dos Estados Unidos está aumentando. Por sua vez, a Índia desfruta de um rápido crescimento de seu PIB, mas sua população também aumentou rapidamente, o que faz com que mais pessoas devam compartilhar essa renda. Mas também se deve assinalar que o uso da média per capita da renda mascara o modo de distribuição da renda. A média de renda de toda a população pode ocultar, por exemplo, que um país poderia ter uns poucos multimilionários com a maioria de seus cidadãos vivendo na pobreza. Definitivamente não basta produzir mais. 

Hoje, num mundo marcado pelo esgotamento dos recursos naturais e as desigualdades sociais, o trabalho essencial consiste em valorizar e preservar os valores humanos e ecológicos. Para tanto, é imperativo desenvolver e implementar novos indicadores de riqueza, que levem em conta não somente todos os bens e os produtos de uma nação, mas também todas as riquezas naturais e humanas de cada país. 

É preciso olhar o que (crítica 1), para quem (crítica 5), como estamos produzindo (críticas 2, 3 e 4) e qual seu saldo. É preciso rever como estamos computando essa riqueza. Uma riqueza que nos leve ao desenvolvimento sustentável. Um desenvolvimento para o bem-estar comum, como meio, e não como fim. 

Temos a obrigação de redefinir os próprios termos da riqueza. Só há possibilidade de desenvolvimento sustentável se uma profunda reinterrogação do pilar econômico vier a transformar a visão e a própria prática da economia. Não basta acrescentar a um pilar econômico, que permaneceria inalterado, um pilar ambiental e, para concluir, um pilar social. 

Referência

Informações levantadas na obra de Viveret, Jean Gadrey, Ladislau Dowbor, Jose Eli da Veiga e Hazel Henderson. 

http://www.compendiosustentabilidade.com.br/compendiodeindicadores/introducao/default.asp?paginaID=25&conteudoID=305&it_idioma=1

 

 

9. O Mito do Crescimento

“Em primeiro lugar, devemos lembrar que os economistas clássicos eram todos filósofos morais. Para eles, a economia era orientada para o bem comum, para a felicidade humana. Essa visão mudou quando surgiu o pensamento neoclássico, no fim do século 19. Nesse momento, aconteceu uma coisa curiosa: a economia deixa de ser filosófica e se torna extremamente matemática, movida por números. Quanto mais matemático, mais científico era considerado o pensamento na época. Do resultado do, então, novo olhar é que se construiu uma economia que pauta a realidade, e não o contrário. Produziu-se uma economia em que só existe o que pode ser transformado em números. Com isso, os economistas neoclássicos ficam sem saber o que fazer com as necessidades humanas, então as descartam. Passam a ignorá-las e a orientar-se pelas preferências, por medir a sociedade pelo que se compra no supermercado. Esse modelo permite muitos cálculos e números, só que está totalmente fora da realidade. E o neoliberalismo, tão enaltecido no fim do século 20, nada mais é do que filho dessa economia neoclássica, totalmente descolada da realidade.” (Manfred Max Neef) 

PERFORMANC E ECONÔMICA OU PROGRESSO SOCIAL? 

Sabe-se que a simples desaceleração do crescimento mergulha nossas sociedades no desespero devido ao desemprego e ao abandono dos programas sociais, culturais e ambientais que garantem um mínimo de qualidade de vida. Imaginem que catástrofe seria uma taxa de crescimento negativo! Da mesma forma que não há nada pior do que uma sociedade trabalhista sem trabalho, não há nada pior do que uma sociedade de crescimento sem crescimento. O crescimento pelo crescimento torna-se, assim, o objetivo primordial, senão o único da vida. 

Na maioria das sociedades, no mundo inteiro, ainda existe esse consenso de que o crescimento econômico contém em si a solução para uma ampla gama de problemas sociais: pobreza, poluição, recursos naturais limitados; todos esses males parecem ser resolvidos por meio de uma economia mais produtiva e mais abundante. É até possível identificar a sua origem no início do século XX, na obra do economista AC Pigou (1920), que se contentava com o pressuposto de que o bem-estar econômico acompanhava o bem-estar social. “There is a presumption that qualitative conclusions about the effect of an economic cause upon economic welfare will hold good also of the effect on total welfare.’’ 

Não é tarefa fácil ousar ir contra uma espécie de pensamento único, comum a quase toda a classe política e econômica, que afirma que nossa felicidade deve, obrigatoriamente, passar por mais crescimento, mais produtividade, mais poder aquisitivo e, portanto, mais consumo! 

O IMPACTO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO SOBRE OUTRAS FORMAS DE RIQUEZA CRESCIMENTO ECONÔMICO E O NOSSO BEM- ESTAR – A HIPÓTESE DO PATAMAR 

Segundo a teoria do Umbral, que o economista chileno Manfred Max-Neef criou com seus colegas, há 15 anos, o crescimento econômico está alinhado à qualidade de vida de uma sociedade somente até certo ponto. Depois disso, a tendência é que ele se torne maligno ao bem-estar das pessoas: o sistema econômico passa a ser antropofágico. 

Essa teoria foi comprovada em todos os países onde se realizou esse estudo, como Estados Unidos, Inglaterra, Holanda, Suécia, Áustria, Dinamarca, Chile e Tailândia. Todos eles tiveram um grande período de crescimento econômico e desenvolvimento, durante três décadas, até o ano de 1970. Após essa data, o nível de qualidade de vida da população começou a cair. Para obter esse resultado, comparou-se a curva de crescimento do PIB com a de outro índice, o GPI (Genuine Progress Indicator), que mede a qualidade de vida. Por meio de gráficos, percebeu-se que vem sendo cada vez mais frequente o GPI per capita diminuir enquanto aumenta o PIB per capita, fenômeno que levou Manfred Max-Neef a lançar a “Hipótese do Patamar: “até certo estágio da economia, o aumento das transações mercantis captadas pelo PIB parece refletir as evoluções da riqueza, do bem-estar ou da qualidade de vida. Depois dele, contudo, o comportamento do PIB não serve de maneira alguma como indicador de progresso material. 

A partir dos anos 1970, o crescimento econômico continua aumentando, enquanto o GPI apresentou queda. 

A elevação do nível de vida de que pensa se beneficiar a maioria dos cidadãos do hemisfério norte é cada vez mais ilusória. É claro que gastam mais, em termos de compra de bens e serviços, mas esquecem de deduzir a elevação superior dos custos. Esta última assume formas diversas, mercantis e não mercantis: degradação da qualidade de vida – não quantificada, mas sofrida (ar, água, meio ambiente) –, despesas de “compensação” e de reparação (medicamentos, transportes, lazer) que se tornaram necessárias na vida moderna, elevação dos preços dos artigos escassos (água engarrafada, energia, espaços verdes).

 

A economia que Manfred Max-Neef propõe se sustenta em seis postulados: 

1. A economia está para servir as pessoas, e não as pessoas, para servir a economia. 

2. O desenvolvimento se refere a pessoas, e não aos objetos. 

3. O crescimento não é o mesmo que o desenvolvimento, e o desenvolvimento não precisa necessariamente de crescimento. 

4. Nenhuma economia é possível à margem dos serviços que prestam os ecossistemas.

5. A economia é um subsistema de um sistema maior e finito, que é a biosfera, e, portanto, o crescimento permanente é impossível. 

6. Nenhum processo ou interesse econômico, sob nenhuma circunstância, pode estar acima da referência à vida. 

A atualidade é exatamente oposta a esses princípios e esse postulado. 

O IMPACTO DO CRESCIMENTO ECONÔMICO SOBRE OUTRAS FORMAS DE RIQUEZA CRESCIMENTO ECONÔMICO E RESPEITO PELO MEIO AMBIENTE 

O modo de desenvolvimento industrial – dos países ocidentais, apoiados na teoria econômica ortodoxa – tem, muitas vezes, negligenciado o impacto do crescimento econômico sobre outras formas de riqueza e bem-estar. Hoje, essa negligência está implícita na maior parte dos debates econômicos. Analistas têm, na realidade, há muito tempo, reconhecido a necessidade de levar em conta os efeitos da atividade econômica humana sobre os recursos naturais não renováveis. 

Para conciliar os dois imperativos contraditórios do crescimento e do respeito pelo meio ambiente, os especialistas pensam ter encontrado a poção mágica na ecoeficiência, peça central e, a bem dizer, a única base séria do “desenvolvimento sustentável”. Trata-se de reduzir, progressivamente, o impacto ecológico e a intensidade da retirada dos recursos naturais até atingir um nível compatível 

com a capacidade reconhecida de carga do planeta. 

É incontestável que a eficiência ecológica tem aumentado de maneira notável, mas, ao mesmo tempo, a perpetuação do crescimento desenfreado acarreta uma degradação global. 

NADA SE CRIA... 

• As baixas de impactos e de poluição por unidade de mercadoria produzida são sistematicamente invalidadas pela multiplicação do número de unidades vendidas (fenômeno ao qual se deu o nome de “efeito retorno”). 

NADA SE PERDE... 

• O sistema econômico não é um moto-perpétuo, que alimenta a si mesmo de forma circular, sem perdas. Ao contrário, é um sistema que transforma recursos naturais em rejeitos que não podem mais ser utilizados, como demonstrou Georgescu-Roegen, em seu livro A Lei da Entropia e o Processo Econômico. No final das contas, todos os indicadores demonstram que as retiradas continuam a crescer (BONAIUTI, Mauro. Nicholas Georgescu-Roegen: Bioeconomia Verso Un’altra Economia Ecologicamente e Socialmente Sostenible. 

Torino: Bollati Boringhieri, 2003). 

TUDO SE TRANSFORMA... 

• A "desmaterialização da economia" – pelo deslocamento do eixo da atividade econômica para o setor terciário, menos demandante de recursos naturais e, particularmente, de energia – acabou por se revelar uma ilusão. Segundo Serge Latouche, essa “nova economia” é, na verdade, relativamente imaterial ou menos material, porém, mais do que substituição da antiga economia pela nova, o que existe 

são relações de complementaridade entre ambas. 

Ou seja, rompemos o ciclo natural de vida do planeta, ele já não é mais respeitado (ver quatro condições sistêmicas do The Natural Step – ferramenta 6.13 da publicação Gestão do Conhecimento – Ferramentas de Gestão de Responsabilidade Socioambiental). • Não há preservação do potencial da natureza para a produção de recursos renováveis (por conta das altas concentrações de substâncias extraídas da crosta da terra pela sociedade). 

• Não há limite para o uso dos recursos não renováveis. 

• Não há respeito pela capacidade de autodepuração dos ecossistemas naturais (por conta da produção e da concentração de substâncias nocivas produzidas pela sociedade). 

Não é aqui o lugar de elencar os dramas que se avolumam, mas não é à toa que tivemos, pela primeira vez na história da humanidade, e concentrados numa década, gigantescos foros mundiais para avaliar: 

• o esgotamento ambiental do planeta (Rio-92); 

• o escândalo dos direitos humanos (Viena-93); 

• a explosão demográfica (Cairo-94); 

• os dramas sociais hoje insustentáveis (Copenhague-95); 

• a tragédia da mulher presa na engrenagem das transformações econômicas e da desestruturação familiar (Pequim-95); 

• o êxodo rural planetário que está gerando cidades explosivas no planeta (Istambul-96). 

O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, das Nações Unidas, qualifica de obscenas as fortunas de pouco mais de quatrocentas pessoas no mundo, que dispõem de mais riqueza pessoal do que a metade mais pobre da humanidade. Só 2% concentram metade da riqueza mundial; os 50% mais pobres da população respondem por apenas 1% da riqueza do planeta. Essa concentração de renda é considerada tão vergonhosa como a escravidão e o colonialismo, sem lugar numa sociedade civilizada (DOWBOR, Ladislau. Gestão social e transformação da sociedade. In: DOWBOR, Ladislau e KILSZTAJN, Samuel. Economia Social no Brasil. 1ª ed. São Paulo: Senac, 2011, v.1, p. 17-42). 

Depois de algumas décadas de desperdício frenético, parece que entramos na zona das tempestades – no sentido próprio e no figurado... As perturbações climáticas são acompanhadas pelas guerras do petróleo, que serão seguidas pela guerra da água (SHIVA, Vandana. La guerre de l’eau. Parangon, 2003), mas também por possíveis pandemias, desaparecimento de espécies vegetais e animais essenciais, como consequência de catástrofes biogenéticas previsíveis. 

A não ser que tenhamos, então, como alternativa, a fé inabalável dos economistas ortodoxos que pensam que a ciência do futuro resolverá todos os problemas, e que é concebível a substituição ilimitada da natureza pelo artifício. 

Referência 

Informações levantadas nos textos de Serge Latouche e Manfred Max-Neef. 

http://www.compendiosustentabilidade.com.br/compendiodeindicadores/introducao/default.asp?paginaID=25&conteudoID=306&it_idioma=1

 

 

 

Decrescimento (economia)

Decrescimento é um conceito econômico, mas também político, cunhado na década de 1970, parcialmente baseado nas teses do economista romeno e criador da bioeconomia, Nicholas Georgescu-Roegen as quais foram publicadas em seu livro The Entropy Law and the Economic Process (1971).

A tese do decrescimento baseia-se na hipótese de que o crescimento econômico - entendido como aumento constante do Produto Interno Bruto (PIB) - não é sustentável pelo ecossistema global. Esta idéia é oposta ao pensamento econômico dominante, segundo o qual a melhoria do nível de vida seria decorrência do crescimento do PIB e portanto, o aumento do valor da produção deveria ser um objetivo permanente da sociedade.

A questão principal, segundo os defensores do decrescimento - dos quais Serge Latouche é o mais notório - é que os recursos naturais são limitados e portanto não existe crescimento infinito. A melhoria das condições de vida deve, portanto, ser obtida sem aumento do consumo, mudando-se o paradigma dominante

http://pt.wikipedia.org/wiki/Decrescimento_(economia)

 

 

IDH + IPH + IDG + MPG

Pnud – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento 

O que é 

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), proposto pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), é importante por combinar três indicadores de base: a esperança de vida à nascença, o rendimento e o nível de educação. Apesar de ter sido publicado, pela primeira vez, em 1990, o índice foi recalculado para os anos anteriores, a partir de 1975. Aos poucos, o IDH tornou-se referência mundial. 

Origem 

O Pnud elabora e divulga, desde o início da década de 1990, o IDH para 175 países, com vistas a expressar em números e a tornar mais concreta a ideia de Desenvolvimento Humano, que parte do pressuposto de que, para aferir o avanço de uma população, não se deve considerar apenas a dimensão econômica, mas também outras características sociais, culturais e políticas que influenciam a qualidade da vida humana. A cargo do Pnud, o relatório foi idealizado pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq (1934-1998). Atualmente, é publicado em dezenas de idiomas e em 

mais de 100 países. 

Objetivo 

O objetivo da elaboração do Índice de Desenvolvimento Humano é oferecer um contraponto a outro muito utilizado, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a dimensão econômica do desenvolvimento. Criado por Mahbub ul Haq, com a colaboração do economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1998, o IDH pretende ser uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Não abrange todos os aspectos de desenvolvimento e não é uma representação da “felicidade” das pessoas, nem indica “o melhor lugar no mundo para viver”. É um importante instrumento para comparar as condições de vida entre os países. Também é usado na elaboração e na orientação de políticas e programas sociais. 

Conteúdo 

O IDH é um índice composto, baseado no enfoque das capacidades: todas as pessoas devem poder desfrutar uma vida longa e saudável, adquirir conhecimento e ter acesso aos recursos necessários a um padrão de vida decente. 

Como vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida digno não são coisas palpáveis e concebidas da mesma forma por todo o mundo, é necessário usar indicadores que permitam expressar essas condições de vida. 

• Esperança de vida ao nascer – número de anos que uma criança recém-nascida viveria, se os padrões de mortalidade existentes no tempo de seu nascimento se mantivessem os mesmos ao longo de sua vida. Valor mínimo: 25 anos Valor máximo: 85 anos 

• Taxa de alfabetização de adultos – porcentagem de pessoas acima de 15 anos de idade que são alfabetizadas, ou seja, que sabem ler e escrever pelo menos um bilhete simples. Valor mínimo: 0% Valor máximo: 100% 

• Taxa de escolarização bruta combinada – mede o percentual de alunos matriculados nos três níveis de ensino (fundamental, médio e superior), independentemente da idade, em relação ao número total de pessoas na faixa etária que oficialmente corresponde a cada um desses níveis de ensino. Valor mínimo: 0% Valor máximo: 100% 

Passo a passo 

Para cada indicador, são selecionados valores mínimos e máximos. 

Esses valores são fixos e se baseiam nas tendências de comportamento dos indicadores para os próximos 25 anos. A diferença entre o valor observado e o valor mínimo corresponde ao avanço já realizado por uma sociedade naquele indicador, especificamente. A diferença entre o valor máximo e o valor mínimo corresponde ao percurso completo a ser percorrido por uma sociedade naquele indicador, especificamente. 

Para cada indicador, calcula-se o seguinte índice: 

                (valor observado – valor mínimo) 

Índice = ----------------------------------------------------- 

                 (valor máximo – valor mínimo) 

O valor resultante, um número puro, mostra qual o caminho já percorrido pela sociedade, em proporção a todo o caminho a percorrer, em um determinado indicador. 

PONDERAÇÃO 

São compostos, então, três índices, e todos terão o mesmo peso (1/3) na composição do IDH: 

• Índice de Esperança de Vida – Composto exclusivamente pelo indicador Esperança de vida ao nascer; 

• Índice de Educação – composto pelos indicadores Taxa de Alfabetização de Adultos, com peso de 2/3, e Taxa de escolarização bruta combinada, com peso de 1/3; 

• Índice do PIB – composto exclusivamente pelo indicador PIB per capita*. 

Valor mínimo: 100 dólares PPC 

Valor máximo: 40 mil dólares PPC 

CÁLCULO 

Todas as três dimensões/aspectos do IDH são igualmente valiosas e desejáveis. Por isso, todos os índices que as representam têm o mesmo peso (1/3) na composição do IDH. 

Método de Agregação: Somam-se os três índices, com igual peso, e se divide por 3. 

O valor dos três índices varia de 0 a 1. Portanto, o valor do IDH também varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1 for o valor do IDH, maior será o nível de desenvolvimento humano de uma cidade, região ou país. 

Para complementar as informações sobre o desenvolvimento humano no mundo, o Pnud desenvolveu outros índices, além do IDH: 

• IPH-1: Índice de Pobreza Humana para os países em 

desenvolvimento 

• IPH-2: Índice de Pobreza Humana para os países 

mais ricos 

• IDG: Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Gênero 

• MPG: Medida de Participação segundo o Gênero 

VALORES 

Baixo desenvolvimento humano: IDH inferior a 0,5 

Médio desenvolvimento humano: IDH entre 0,5 e 0,8 

Alto desenvolvimento humano: IDH superior a 0,8 

Observação 

O IPH-1 e o IPH-2 consideram as mesmas dimensões do IDH em seus cálculos — uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um padrão de vida digno —, com o acréscimo de outra dimensão: a exclusão social. 

Resultados 

É um índice-chave dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas 

(http://www.pnud.org.br/odm/) e, no Brasil, tem sido utilizado pelo Governo Federal e pela administração municipal: o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), que pode ser consultado no Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil (http://www.pnud.org.br/atlas/), é um banco de dados eletrônico com informações socioeconômicas sobre os 5.507 municípios do País, os 26 Estados e o Distrito Federal.

O IDH-M é construído da mesma forma que o IDH, com base nas mesmas dimensões: vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida digno. Os indicadores utilizados no IDH-M não são os mesmos do IDH: 

• Índice de Longevidade – indicador Esperança de vida ao nascer no município; 

• Índice de Educação – indicadores Taxa de alfabetização de adultos, com peso de 2/3, e Taxa de freqüência bruta à escola dos habitantes do Município, com peso de 1/3. 

• Índice de Renda – indicador Renda per capita familiar média do município. 

CRÍTICAS 

O IDH ainda é limitado, pois não leva em conta o que se poderia chamar de efeitos colaterais do que se chama progresso, como desemprego, aumento da criminalidade, novas necessidades de saúde, poluição ambiental, desagregação familiar, entre outros. 

Frase 

‘‘Devo reconhecer que não via, no início, muito mérito no IDH em si, embora tivesse tido o privilégio de ajudar a idealizá-lo. A princípio, demonstrei bastante ceticismo ao criador do Relatório de Desenvolvimento Humano, Mahbub ul Haq, sobre a tentativa de focalizar, em um índice bruto desse tipo – apenas um número –, a realidade complexa do desenvolvimento e da privação humanos. (...) Mas, após a primeira hesitação, Mahbub convenceu- -se de que a hegemonia do PIB (índice demasiadamente utilizado e valorizado que ele queria suplantar) não seria quebrada por nenhum conjunto de tabelas. As pessoas olhariam para elas com respeito, disse ele, mas quando chegasse a hora de utilizar uma medida sucinta de desenvolvimento, recorreriam ao pouco atraente PIB, pois, apesar de bruto, era conveniente. (...) Devo admitir que Mahbub entendeu isso muito bem. E estou muito contente por não termos conseguido desviá-lo de sua busca por uma medida crua. Mediante a utilização habilidosa do poder de atração do IDH, Mahbub conseguiu que os leitores se interessassem pela grande categoria de tabelas sistemáticas e pelas análises críticas detalhadas que fazem parte do Relatório de Desenvolvimento Humano.’’ Amartya Sen, Prêmio Nobel da Economia em 1998, no prefácio do RDH de 1999. 

Referências 

Ranking de municípios no Brasil 

www.pnud.org.br

www.pnud.org.br/idh/

www.pnud.org.br/atlas/ranking/IDH-M%2091%2000%20Ranking%20decrescente%20(pelos%20dados%20de%202000).htm

RESULTADOS EM NÚMEROS

Os indicadores e a metodologia usados no ano de 2008 foram revisados e aperfeiçoados em relação aos de 2007. A maior alteração se deu por conta de uma grande atualização do Banco Mundial e da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) nos dados que compõem o Produto Interno Bruto per capita: o novo cálculo fez com que o PIB de 70 países fosse revisado para baixo e o de 60 outras nações, para cima. Por conta dessas diferenças metodológicas, o IDH não pode ser comparado ao divulgado em anos anteriores. Entretanto, para permitir a identificação de tendências, o Pnud usou os novos métodos para recalcular o IDH de 2005 e de outros sete anos de referência: 1980, 1985, 1990, 1995, 2000, 2003 e 2004. 

O índice varia de 0 a 1. A Islândia continua no topo da lista do IDH, com 0,968, seguida de perto por Noruega (com 0,968, mas com número inferior no cálculo de cinco casas decimais) e por Canadá (0,967). Na ponta de baixo, o pior IDH permanece sendo o de Serra Leoa (0,329); a penúltima colocação fica com a República Centro-Africana (0,352) e a antepenúltima, com a República Democrática do Congo (0,361). 

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil aumentou entre 2005 (0,802) e 2006 (0,807), e o País ficou na 70ª posição, em um ranking de 179 nações e territórios – maior número já considerado, dois a mais que no ano passado. O fator mais relevante para a melhoria do País foi o avanço no índice relativo à taxa de alfabetização; PIB per capita e longevidade, outros dois indicadores que compõem o índice, também cresceram. 

O resultado mantém o País entre as nações de alto desenvolvimento humano (IDH maior ou igual a 0,800), grupo em que havia entrado já no Relatório de Desenvolvimento Humano do ano passado. No ranking atual, o Brasil aparece abaixo da Albânia (69º) e acima de Cazaquistão (ambos com 0,807, com pequena desvantagem ou vantagem no cálculo com cinco casas decimais). O País também supera Equador (72º), Rússia (73º), Ilhas Maurício (74º) e Bósnia-Herzegóniva (75º).

O Brasil demonstrou expansão desde o início da década de 1980, mas foi a partir de 1995 que começou a se aproximar mais dos outros países. Isso ocorreu até 2000, quando o crescimento perdeu força, mas, a partir de 2003, voltou a acelerar. 

http://www.pnud.org.br/pobreza_desigualdade/reportagens/index.php?id01=2388&lay=pdedevelopment report 2005hdr.undp.org/reports/global/2005/pdf/presskit/HDR05_PKE_HDI.pdf Human

 

O IDH Ambiental 

Se a ONU passasse a incorporar a variável ambiental na avaliação feita, anualmente, pelo Pnud, uma espécie de dança das cadeiras seria promovida entre as nações. Os Estados Unidos despencariam no ranking, enquanto o Brasil subiria alguns degraus. O IDH Ambiental, um índice híbrido calculado pelos técnicos do BNDES, é uma combinação dos indicadores que compõem o IDH e das variáveis do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA). No ranking do IDH Ambiental, o Brasil sobe do 54º para o 39º lugar. Maiores poluidores do mundo, os Estados Unidos, por sua vez, despencam do oitavo lugar no IDH tradicional para a 15ª posição no IDH Ambiental. Potência emergente, a China está no 129º lugar no indicador ambiental. 

Fonte: O Globo, 25/3/2007, Economia, p. 33 e 34. 

O Índice de Pobreza Humana 

O que é 

O Índice de Pobreza Humana (IPH) mede as carências no desenvolvimento humano básico em termos do percentual de pessoas cuja expectativa de vida não atinge os 40 anos, do percentual de adultos analfabetos e do estabelecimento de condições econômicas para um padrão de vida aceitável em termos do percentual de pessoas sem acesso a serviços de saúde e água potável e do percentual de crianças menores de 5 anos com peso insuficiente.

 

Origem 

Indicador derivado do IDH e elaborado desde 1997, pelo Pnud. 

Objetivo 

O IPH mede as privações no desenvolvimento humano. Assim, enquanto o IDH mede o progresso global de um país na realização do desenvolvimento humano, o IPH reflete a distribuição do progresso e mede o acumulado de privações que ainda existe. O IPH é construído para os países em desenvolvimento (IPH-1) e para os países industrializados (IPH-2). Foi projetado um índice distinto para os países industrializados porque a privação humana varia com as condições sociais e econômicas da comunidade e para aproveitar a maior disponibilidade de dados nesses países. 

Conteúdo 

O IPH-1 e o IPH-2 consideram as mesmas dimensões do IDH em seus cálculos (vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e padrão de vida digno), com o acréscimo de uma quarta dimensão no IPH-2: a exclusão social medida pela taxa de desemprego de longo prazo. O IPH-1 mede a privação nas mesmas dimensões básicas que o desenvolvimento humano, como o IDH. 

As variáveis utilizadas são: 

• Vida longa e saudável. A percentagem de pessoas nascidas hoje que não deverão ultrapassar os 40 anos; 

• Conhecimento. A percentagem de adultos analfabetos; 

• Padrão de vida digno. A carência na provisão de bens e serviços básicos – que podem ser adquiridos por meios públicos ou privados –, refletida pela percentagem de pessoas sem acesso aos serviços de saúde e de água potável e pela percentagem de crianças com peso deficiente. 

O IPH-2 foca a privação nas mesmas dimensões que o IPH-1. 

As variáveis são: 

• Vida longa e saudável. A percentagem de pessoas nascidas hoje que não deverão ultrapassar os 60 anos; 

• Conhecimento. A percentagem de pessoas cuja capacidade para ler e escrever não é suficiente para ser funcional; 

• Padrão de vida digno. A proporção de pessoas com privação de renda (com renda disponível inferior a 50% da renda média das famílias); 

• Exclusão Social. A proporção do desemprego de longa duração (12 meses ou mais). 

Resultado 

Países em desenvolvimento: 

No Índice de Pobreza Humana (IPH) calculado apenas para países em desenvolvimento, o Brasil aparece na 20ª posição, num total de 103 países e territórios. 

O país em melhor posição é o Uruguai (1ª colocação), e o pior, Níger. 

Esse indicador mede a privação em três aspectos: 

• Curta duração da vida (calculada como possibilidade de se viver menos de 40 anos); 

• Falta de educação elementar (calculada pela taxa de analfabetismo de adultos); 

• Falta de acesso a recursos públicos e privados (calculada pela porcentagem de pessoas sem acesso a serviço de água potável e pela porcentagem de crianças com peso inferior ao recomendado). 

Quanto melhor a posição nesse ranking, menor a pobreza humana apresentada pelo país ou território. 

NOTA: Devido à falta de dados dos países em desenvolvimento, o IPH foi calculado apenas para 78 países. 

Países ricos: 

Apesar de ter uma das maiores rendas per capita do mundo, os EUA apresentam o pior Índice de Pobreza Humana entre os países ricos. O resultado do estudo mostra que a Suécia é o país que mais evoluiu nesse aspecto, ficando à frente de Noruega, Finlândia, Holanda, Dinamarca, Alemanha, Luxemburgo, França, Espanha e Japão. A Itália é o 11o país nessa classificação, seguida por Canadá, Bélgica, Austrália, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos, em 17o lugar. 

O Pnud explica que a renda per capita do sueco é menor que a do americano, mas a Suécia tem menos adultos analfabetos funcionais e menos pobres que os EUA. Segundo as estatísticas, 7,5% da população sueca entre 16 e 65 anos é analfabeta funcional, enquanto nos EUA esse número supera os 20%. Enquanto na Suécia 6,3% da população vive abaixo da linha da pobreza (com US$ 11 diários, que é o ponto de referência para esse grupo de países), nos EUA essa estatística chega a 13,6%. 

Referências 

www.pnud.org.br 

http://www.dhnet.org.br 

IDG + MPG 

A igualdade entre homens e mulheres é uma parte importante do progresso humano, mas isso não se reflete no Índice de Desenvolvimento Humano nem no Índice de Pobreza. As desigualdades de gênero medem-se no Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Gênero (IDG) e na Medida de Participação Segundo o Gênero (MPG). 

O Índice de Desenvolvimento Ajustado ao Gênero (IDG) leva em conta as mesmas dimensões do IDH, mas penaliza as desigualdades entre homens e mulheres. Quanto maior a disparidade entre os sexos no desenvolvimento humano básico, menor o IDG de um país, comparado com o seu IDH. O IDG é simplesmente o IDH descontado ou ajustado para baixo pela desigualdade entre os sexos. 

No ranking com 140 países, o Brasil fica em 52o, logo à frente de Belarus (53o) e Ilhas Maurício (54º) e logo atrás de Romênia (51o) e Malásia (50o). No entanto, como o ranking do IDH possui 177 países, se acrescentarmos os países que estariam à frente do Brasil na lista do IDH à lista do IDG, o País acaba ficando na 64a posição, ou seja, apenas uma posição atrás da sua posição no ranking do IDH. Isso indica uma virtual igualdade de gênero no País (as mulheres vivem mais e possuem mais escolaridade, porém a renda menor reduz as condições de vida das mulheres). Assim como na lista do IDH, no IDG o líder é a Noruega, e o último colocado, Níger. 

 

A Medida de Participação Segundo o Gênero (MPG) revela se as mulheres tomam parte ativa na vida econômica e política. Incide nas desigualdades entre homens e mulheres em áreas-chave da participação econômica e política, bem como na tomada de decisões. Verifica a quota de assentos no parlamento ocupados por mulheres, de legisladores femininos, de funcionários superiores e gestores e de profissionais liberais e técnicos femininos. Também inclui a disparidade entre homens e mulheres em matéria de rendimentos, refletindo a independência econômica. 

Os países nórdicos e a Holanda encabeçam a MPG, enquanto os países da região árabe estão entre os que têm classificações mais baixas. Um alto rendimento não garante a igualdade do gênero: o Japão classifica-se abaixo das Filipinas e do Botsuana no que se refere à MPG. 

 

http://www.compendiosustentabilidade.com.br/compendiodeindicadores/indicadores/default.asp?paginaID=26&conteudoID=312&it_idioma=1

http://decrescimentobrasil.blogspot.com.br/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Decrescimento_(economia)

http://www.cartacapital.com.br/blogs/outras-palavras/para-compreender-o-201cdecrescimento201d-3687.html

http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Os-erros-da-tese-do-decrescimento-economico/7/30212

http://www.scielo.br/pdf/se/v27n1/11