Parábola do Joio e do Trigo

Perguntas e Respostas

1) O que se entende por parábola? E joio?

As parábolas nada mais são do que ensinamentos paralelos a uma lição principal. É a apresentação de uma realidade concreta que evoca, por comparação, uma realidade superior, notadamente moral e espiritual.

O joio – do grego zizanion (cizânia) significava uma gramínea anual que parecia muito com trigo até que amadurecesse.

2) Como está posta esta parábola?

"Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas trigo, recolhei-o no meu celeiro." (Evangelho segundo São Mateus 13:24-30)

3) O que podemos dizer acerca do reino dos céus?

O "reino dos céus" é uma figura de linguagem usada por Jesus. Não se refere a um lugar circunscrito, mas ao estado de espírito daqueles que põe em prática as leis naturais impressas por Deus em nossa consciência, notadamente a lei de justiça, amor e caridade.

4) Como interpretar a semeadura do trigo?

É uma continuação da "parábola do semeador". Na parábola do semeador, há uma situação hipotética, em que a semente cai em terrenos de diversas qualidades. Aqui, há um tipo específico de semente, a do trigo. Com o trigo podemos fazer farinha, e da farinha, o pão, o macarrão etc. É um produto necessário à manutenção da vida humana. Devemos associá-lo ao bem.

5) Os trabalhadores dormiram por negligência?

Os trabalhadores do campo adubaram a terra, cavaram os buracos, jogaram as sementes de trigo e cuidaram de regar as plantinhas tenras. Depois desse esforço, foram dormir, descansar pelo dia trabalhado. Os inimigos, porém, esperaram a noite vir, trabalharam no escuro e jogaram a erva daninha. É um chamamento à vigilância. "É pelo descuido do lavrador que a colheita se perde, é pelo descuido do professor que o aluno se torna ocioso, é pelo descuido da educação que os delinquentes juvenis surgem. Assim, para que o bem se conserve e se dilate haverá necessidade de esforço constante".

6) Devemos arrancar o joio ou deixá-lo crescer com o trigo?

Nesta parábola, o joio deve crescer junto com o trigo. Por quê? Porque estas ervas são parecidas. Caso tencionássemos tirar o joio, poderíamos, por engano, arrancar também o trigo. Neste caso, Jesus está nos dizendo que o mal deve conviver com o bem, sem, contudo, que o bem seja conivente com o mal. O mal deve ser sempre combatido. Há, porém, a necessidade de esperar o momento certo, pois qualquer coisa que é feita fora de hora pode não produzir os seus frutos.

7) A que nos remete esta parábola?

Esta parábola remete-nos à lei de causa e efeito. Todos somos livres para semear; a colheita, porém, é obrigatória. Podemos semear tanto o trigo quanto o joio. É como a opção entre o bem e o mal. Se nossos atos optarem pela prática do bem, a recompensa futura será mais liberdade; caso optemos pelo mal, estaremos prisioneiro do mesmo.

8) A condição humana está mais para o trigo ou para o joio?

O mal é inerente à imperfeição humana. Na Terra, somos todos mais ou menos imperfeitos; por isso, a necessidade de compaixão de uns para com os outros. A convivência com o mal é a resignação da alma ante uma situação irremediável. O homem de bem deve combater o mal, mas sempre de acordo a mansuetude; a guerra e a violência podem produzir mais guerra e violência.  (https://sites.google.com/view/aprofundamentodoutrinario/par%C3%A1bola-do-joio-e-do-trigo?authuser=0 )


Texto Curto no Blog

Parábola do Joio e do Trigo

Problema: deve-se arrancar o joio ou deixá-lo crescer junto ao trigo?

As parábolas nada mais são do que ensinamentos paralelos a uma lição principal. É a apresentação de uma realidade concreta que evoca, por comparação, uma realidade superior, notadamente moral e espiritual. O joio – do grego zizanion (cizânia) significava uma gramínea anual que parecia muito com trigo até que amadurecesse.

O texto bíblico. "Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo; mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se. E, quando a erva cresceu e produziu fruto, apareceu também o joio. Então, vindo os servos do dono da casa, lhe disseram: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde vem, pois, o joio? Ele, porém, lhes respondeu: Um inimigo fez isso. Mas os servos lhe perguntaram: Queres que vamos e arranquemos o joio? Não! replicou ele, para que, ao separar o joio, não arranqueis também com ele o trigo. Deixai-os crescer juntos até à colheita, e, no tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, atai-o em feixes para ser queimado; mas trigo, recolhei-o no meu celeiro." (Evangelho segundo São Mateus 13:24-30)

A parábola do joio e do trigo é uma continuação da “parábola do semeador”. Na parábola do semeador, há uma situação hipotética, em que a semente cai em terrenos de qualidades distintas. Aqui, há um tipo específico de semente, a do trigo. Com o trigo podemos fazer farinha, e com a farinha, o pão, o macarrão etc. É um produto necessário à manutenção da vida humana. Devemos associá-lo ao conceito de bem.

Os trabalhadores do campo adubaram a terra, cavaram os buracos, jogaram as sementes de trigo e cuidaram de regar as plantinhas tenras. Depois desse esforço, foram dormir, descansar pelo dia trabalhado. Os inimigos, porém, esperaram a noite vir, trabalharam no escuro e jogaram a erva daninha. É um chamamento à vigilância. “É pelo descuido do lavrador que a colheita se perde, é pelo descuido do professor que o aluno se torna ocioso, é pelo descuido da educação que os delinqüentes juvenis surgem. Assim, para que o bem se conserve e se dilate haverá necessidade de esforço constante”.

Nesta parábola, o joio deve crescer junto com o trigo. Por quê? Porque estas ervas são parecidas. Caso tencionássemos tirar o joio, poderíamos, por engano, arrancar também o trigo. Neste caso, Jesus está nos dizendo que o mal deve conviver com o bem, sem, contudo, que o bem seja conivente com o mal. O mal deve ser sempre combatido. Há, porém, a necessidade de esperar o momento certo, pois qualquer coisa que é feita fora de hora pode não produzir seus frutos desejados.

Esta parábola remete-nos à lei de causa e efeito. Todos somos livres para semear; a colheita, porém, será obrigatória. Podemos semear tanto o trigo quanto o joio. É como a opção entre o bem e o mal. Se optarmos pela prática do bem, a recompensa futura será mais liberdade; caso optemos pelo mal, estaremos prisioneiro do mesmo.

O mal é inerente à imperfeição humana. Na Terra, somos todos mais ou menos imperfeitos; por isso, a compaixão que cada um de nós deve nutrir para com o seu próximo. A convivência com o mal é a resignação da alma ante uma situação irremediável. O homem de bem deve combater o mal, mas sempre pelo lado da mansuetude e não pelo da guerra, da violência. (http://sbgespiritismo.blogspot.com/2009/12/parabola-do-joio-e-do-trigo.html)


Em Forma de Palestra

Parábola do Joio e do Trigo

1. Introdução

O objetivo deste estudo é, com o auxílio da literatura espírita, ampliar a nossa capacidade de interpretar o texto desta parábola, influenciada pelo simbolismo e interposição da dogmática católica.

2. O Texto Bíblico

"Propôs-lhe outra parábola, dizendo: o reino dos céus é semelhante ao homem que semeia boa semente no seu campo;

mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.

E quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio.

E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu no teu campo boa semente? Por que tem então joio?

E ele lhes disse: um inimigo é quem fez isso. E os servos disseram: queres pois que vamos arrancá-lo?

Porém ele lhe disse: Não; para que ao colher o joio não arranques também o trigo com ele.

Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo ajuntai-o no meu celeiro". (Mateus, 13, 24 a 30)

Explicação da Parábola do Joio

"Então, tendo despedido a multidão, foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio no campo.

E ele, respondendo, disse-lhes: o que semeia a boa semente é o filho do homem;

O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno;

O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos.

Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo

Mandará o filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade.

E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.

Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça". (Mateus, 13, 36 a 43)

3. A Semente e o Campo

Jesus utilizava-se de uma figura material conhecida para despertar algum conhecimento de ordem moral. O campo mencionado é a Humanidade. O semeador terá de arrotear o campo para que a semente possa frutificar, ou seja, deverá em primeiro lugar preparar coração daquele que depois irá ouvir a palavra divina. O Espírito Irmão X, em Boa nova, oferece-nos alguns subsídios para um melhor entendimento. Ele diz: "O discípulo da Boa Nova tem de servir a Deus, servindo à sua obra neste mundo. Ele sabe que se acha a laborar com muito esforço num grande campo, propriedade do Pai, que o observa com carinho e atenta com amor nos seus trabalhos. Imaginemos que esse campo estivesse cheio de inimigos: por toda a parte, vermes asquerosos, víboras peçonhentas, tratos de terra improdutiva. É certo que as forças destruidoras reclamarão a indiferença e a submissão do filho de Deus; mas o filho de coração fiel a seu Pai se lança ao trabalho com perseverança e boa-vontade. Entrará em luta silenciosa com o meio, sofrer-lhe-á os tormentos com heroísmo espiritual, por amor do reino que traz no coração plantará uma flor onde haja espinho, abrirá uma senda, embora estreita, onde estejam em confusão os parasitos da Terra; cavará pacientemente, buscando as entranhas do solo, para que surja uma gota d'água onde queime um deserto". (Xavier, 1977, p. 47)

Emmanuel, em Fonte Viva, tece alguns comentários sobre a noção de campo. Ele nos diz: "Transferindo a imagem para o solo do Espírito, em que tantos imperativos de renovação convidam os obreiros da boa vontade à santificante lavoura da elevação, somos levados a reconhecer que o servidor do Evangelho é compelido a sair de si próprio, a fim de beneficiar corações alheios.

É necessário desintegrar o velho cárcere do "ponto de vista" para nos devotarmos ao serviço do próximo.

Aprendendo a ciência de nos retirarmos da escura cadeia do "eu", excursionaremos através do grande continente denominado "interesse geral". E, na infinita extensão dele, encontraremos a "terra das almas", sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir a benefício de todos". (Xavier, cap. 64, s.d.p.)

4. Vigilância 

Diz a parábola que dormindo os homens, o inimigo se apodera do campo. Aqui é um chamamento à vigilância. E precisamos dela em todos os instantes de nossa vida. É pelo descuido do lavrador que a colheita se perde, é pelo descuido do professor que o aluno se torna ocioso, é pelo descuido da educação que os delinquentes juvenis surgem. Assim, para que o bem se conserve e se dilate haverá necessidade de esforço constante.

"É verdade indiscutível que marchamos todos para a fraternidade universal, para a realização concreta dos ensinamentos cristãos; todavia, enquanto não atingirmos a época em que o Evangelho se materializará na Terra, não será justo entregar ao mal, à desordem ou à perturbação a parte de serviço que nos compete.

Para defender-se de intempéries, de rigores climáticos, o homem edificou o lar e vestiu-se, convenientemente. Semelhante lei de preservação vigora em toda esfera de trabalho do mundo. E no serviço de construção cristã do mundo futuro, é indispensável vigiar o campo que nos compete.

O apostolado é de Jesus; a obra pertence-lhe. Ele virá, no momento oportuno, a todos os departamentos de serviço, orientando as particularidades do ministério de purificação e sublimação da vida, contudo, ninguém se esqueça de que o Senhor não prescinde da colaboração de sentinelas". (Xavier, 1972, cap. 132)

Consultar também o capítulo 21, do livro Boa Nova, psicografado por F. C. Xavier.

5. Deixar o Joio Crescer junto com o Trigo

"Quando Jesus recomendou o crescimento simultâneo do joio e do trigo, não quis senão demonstrar a sublime tolerância celeste, no quadro das experiências da vida.

O Mestre nunca subtraiu as oportunidades de crescimento e santificação do homem e, nesse sentido, o próprio mal, oriundo das paixões menos dignas, é pacientemente examinado por seu infinito amor, sem ser destruído de pronto.

Importa considerar, portanto, que o joio não cresce por relaxamento do Lavrador Divino, mas sim porque o otimismo do Celeste Semeador nunca perde a esperança na vitória final do bem...

... O joio surge ameaçando o serviço...

... Jesus, porém, manda aplicar processos defensivos com base na iluminação e na misericórdia. O tempo e a bênção do Senhor agem devagarzinho e os propósitos inferiores se transubstanciam.

O homem comum ainda não dispõe de visão adequada para identificar a obra renovadora. Muitas plantas espinhosas ou estéreis são modificadas em sua natureza essencial pelos filtros amorosos do Administrador da Seara, que usa afeições novas, situações diferentes, estímulos inesperados ou responsabilidades ternas que falem ao coração; entretanto, se chega a época da ceifa, depois do tempo de expectativa e observação, faz-se então necessária a eliminação do joio em molhos...

... E, em vista do joio ser atado, aos molhos, uma dor nunca vem sozinha..." (Xavier, 1972, cap. 107)

6. Explicação da Parábola (por Mateus) sob a Ótica Espírita

Na explicação da parábola, o apóstolo Mateus usa as palavras "Anjo", "diabo", "fornalha de fogo" e "ranger de dentes". São termos da teologia dogmática que precisam ser reexaminados sob o ângulo do Espiritismo. Na dogmática católica há alusão ao Céu, ao Inferno e ao Purgatório. Estes termos, de acordo com o Espiritismo, não são lugares circunscritos, uma região fixa no Espaço, mas estados da alma. Nesse sentido, toda e qualquer situação em que nos encontramos podemos estar no céu ou no inferno, pois depende de nossa percepção interior daquilo que se nos apresenta.

Para mais informações, consultar o livro Céu e Inferno, de Allan Kardec.

7. A Influência Espiritual 

A predominância do maligno faz-nos refletir sobre a influência espiritual de que somos partícipes. Assim:

Vingança, desespero, paixões e desânimo são algumas das causas da fixação mental. Nosso cérebro funciona à semelhança de um dínamo. Dado o primeiro estímulo, interno ou externo, o que passa a contar é a manutenção de nosso pensamento num mesmo teor de idéia. Quanto mais tempo permanecermos num assunto, mais as imagens do tema se cristalizarão em nosso halo mental.

O fenômeno da sugestão mental é oportuno. Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelha. Nesse sentido, somos herdeiros dos reflexos de nossas experiências anteriores, porém, com a capacidade de alterar-lhe a direção. Acionando a alavanca da vontade, poderemos traçar novos rumos para a libertação de nosso espírito.

8. Conclusão

Vigilância e oração atenuam as investidas do maligno. Através delas, pomo-nos em sintonia conosco mesmos, tornando-nos cada dia mais auto-conscientes. Percebendo claramente nossas reações do cotidiano, criamos condições para arrancar o joio sem prejudicar a colheita do trigo.

9. Bibliografia Consultada

XAVIER, F. C. Boa Nova, pelo Espírito Humberto de Campos. 11. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1977.

XAVIER, F. C. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1972.

XAVIER, F. C. Fonte Viva, pelo Espírito Emmanuel. Rio de Janeiro, FEB, s.d.p.

São Paulo, abril de 2000.



Mensagem Espírita

Joio

"Deixai crescer ambos juntos até à ceifa e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar." - Jesus. (Mateus, 13:30.)

Quando Jesus recomendou o crescimento simultâneo do joio e do trigo, não quis senão demonstrar a sublime tolerância celeste, no quadro das experiências da vida.

O Mestre nunca subtraiu as oportunidades de crescimento e santificação do homem e, nesse sentido, o próprio mal, oriundo das paixões menos dignas, é pacientemente examinado por seu infinito amor, sem ser destruído de pronto.

Importa considerar, portanto, que o joio não cresce por relaxamento do Lavrador Divino, mas sim porque o otimismo do Celeste Semeador nunca perde a esperança na vitória final do bem.

O campo do Cristo é região de atividade incessante e intensa. Tarefas espantosas mobilizam falanges heroicas; contudo, apesar da dedicação e da vigilância dos trabalhadores, o joio surge, ameaçando o serviço.

Jesus, porém, manda aplicar processos defensivos com base na iluminação e na misericórdia. O tempo e a bênção do Senhor agem devagarinho e os propósitos inferiores se transubstanciam.

O homem comum ainda não dispõe de visão adequada para identificar a obra renovadora. Muitas plantas espinhosas ou estéreis são modificadas em sua natureza essencial pelos filtros amorosos do Administrador da Seara, que usa afeições novas, situações diferentes, estímulos inesperados ou responsabilidades ternas que falem ao coração; entretanto, se chega a época da ceifa, depois do tempo de expectativa e observação, faz-se então necessária a eliminação do joio em molhos.

A colheita não é igual para todas as sementes da terra. Cada espécie tem o seu dia, a sua estação.

Eis por que, aparecendo o tempo justo, de cada homem e de cada coletividade exige-se a extinção do joio, quando os processos transformadores de Jesus foram recebidos em vão. Nesse instante, vemos a individualidade ou o povo a se agitarem através de aflições e hecatombes diversas, em gritos de alarme e socorro, como se estivessem nas sombras de naufrágio inexorável. No entanto, verifica-se apenas a destruição de nossas aquisições ruinosas ou inúteis. E, em vista do joio ser atado, aos molhos, uma dor nunca vem sozinha. (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 107.)

Vigilância 

"Vigiai, pois, porque não sabeis a que hora virá o vosso Senhor." – Jesus (Mateus, 24:42).

 Ninguém alegue o título de aprendiz de Jesus para furtar-se ao serviço ativo na luta do bem contra o mal, da luz contra a sombra. 

A determinação de vigilância partiu dos próprios lábios do Mestre Divino. 

Como é possível preservar algum patrimônio precioso sem vigiá-lo atentamente? O homem de consciência retilínea, em todas as épocas, será obrigado a participar do esforço de conservação, dilatação e defesa do bem. 

É verdade indiscutível que marchamos todos para a fraternidade universal, para a realização concreta dos ensinamentos cristãos; todavia, enquanto não atingirmos a época em que o Evangelho se materializará na Terra, não será justo entregar ao mal, à desordem ou à perturbação a parte de serviço que nos compete. 

Para defender-se de intempéries, de rigores climáticos, o homem edificou o lar e vestiu-se, convenientemente. 

Semelhante lei de preservação vigora em toda esfera de trabalho no mundo. As coletividades exigem instituições que lhes garantam o bem-estar e o trabalho digno, sem aflições de cativeiro. As nações requerem "casas" de princípios nobilitantes, em que se refugiem contra as tormentas da ignorância ou da agressividade, do desespero ou da decadência. 

E no serviço de construção cristã do mundo futuro, é indispensável vigiar o campo que nos compete. 

O apostolado é de Jesus; a obra pertence-lhe. Ele virá, no momento oportuno, a todos os departamentos de serviço, orientando as particularidades do ministério de purificação e sublimação da vida, contudo, ninguém se esqueça de que o Senhor não prescinde da colaboração de sentinelas. (XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 132.)

Semeadores 

“Eis que o semeador saiu a semear.” — Jesus. (MATEUS, capítulo 13, versículo 3.) 

Todo ensinamento do Divino Mestre é profundo e sublime na menor expressão. Quando se dispõe a contar a Parábola do Semeador, começa com ensinamento de inestimável importância que vale relembrar. 

Não nos fala que o semeador deva agir, através do contrato com terceiras pessoas, e sim que ele mesmo saiu a semear. 

Transferindo a imagem para o solo do espírito, em que tantos imperativos de renovação convidam os obreiros da boa-vontade à santificante lavoura da elevação, somos levados a reconhecer que o servidor do Evangelho é compelido a sair de si próprio, a fim de beneficiar corações alheios. 

É necessário desintegrar o velho cárcere do “ponto de vista” para nos devotarmos ao serviço do próximo. 

Aprendendo a ciência de nos retirarmos da escura cadeia do “eu”, excursionaremos através do grande continente denominado “interesse geral”. E, na infinita extensão dele, encontraremos a “terra das almas”, sufocada de espinheiros, ralada de pobreza, revestida de pedras ou intoxicada de pântanos, oferecendo-nos a divina oportunidade de agir a benefício de todos. 

Foi nesse roteiro que o Divino Semeador pautou o ministério da luz, iniciando a celeste missão do auxílio entre humildes tratadores de animais e continuando-a através dos amigos de Nazaré e dos doutores de Jerusalém, dos fariseus palavrosos e dos pescadores simples, dos justos e dos injustos, ricos e pobres, doentes do corpo e da alma, velhos e jovens, mulheres e crianças. 

Segundo observamos, o semeador do Céu ausentou-se da grandeza a que se acolhe e veio até nós, espalhando as claridades da Revelação e aumentando-nos a visão e o discernimento. Humilhou-se para que nos exaltássemos e confundiu-se com a sombra a fim de que a nossa luz pudesse brilhar, embora lhe fosse fácil fazer-se substituído por milhões de mensageiros, se desejasse. 

Afastemo-nos, pois, das nossas inibições e aprendamos com o Cristo a “sair para semear”. (XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. Brasília: FEB, 2013. Capítulo 64.)